°°°° Narradora°°°°Uma semana depois...James olhava para o teto imerso na escuridão, implorando silenciosamente para que seu tormento chegasse ao fim. Seu corpo estava machucado, com ossos quebrados e hematomas visíveis por toda parte. Naquele momento, ele já não era mais o mesmo — uma casca vazia do que fora um dia.Dias antes, após conseguir escapar daquele lugar deserto onde Leonard o havia deixado para morrer, James reuniu forças para chegar à estrada mais próxima. Lá, pediu ajuda a um casal que passava de carro, alegando que havia sido sequestrado e que conseguira escapar. Com essa história, conseguiu convencer o casal a levá-lo até o hospital centro e logo depois a delegacia do condado.Chegando lá, James encenou um drama convincente, com lágrimas e até desmaios. Mas o destino parecia brincar com ele, pois, naquele mesmo momento, Christopher estava na delegacia, buscando informações sobre o desaparecimento de Lívia. Os cartazes com o rosto dela já estavam espalhados por todos o
°°°° Narradora °°°°° Mason afastou-se com passos pesados, os músculos dos ombros tensos enquanto tentava dominar a raiva que ainda o consumia. Ele respirou fundo, mas o ódio queimava, fazendo seus punhos tremerem. Virou-se bruscamente para Christopher, o dedo em riste e a voz carregada de desprezo. — Vá embora, Christopher! — rosnou Mason, a fúria escorrendo em cada palavra. — Se você não tem estômago pra isso, então some da minha frente e me deixa fazer o que precisa ser feito. Eu vou achar Lívia, com ou sem sua ajuda! Christopher deu um passo à frente, os olhos faiscando com a mesma intensidade. — Você acha que isso aqui é o quê? Um maldito filme de vingança? — rebateu Christopher, a voz firme, mas cheia de ira. — Eu estou tão fodido quanto você, mas não vou ficar aqui assistindo enquanto você perde o controle e se transforma num maldito assassino! Os irmãos se encararam, a tensão entre eles quase física, como uma corda prestes a se romper. Os gritos enchiam o ar, cada um tenta
°° Lívia Cárter °°°°**Já faz uma semana que estou vivendo em um inferno cotidiano que parece não ter fim. Não tenho a menor ideia de onde estou ou como chegamos a este lugar. A última coisa de que me lembro é de termos escapado daquele lugar repugnante onde Leonard me manteve amarrada noites atrás. Momentos depois, sem qualquer explicação, simplesmente desmaiei e perdi a consciência. Quando acordei, estávamos em outra casa isolada, longe de tudo e de todos. Não sei em que momento Leonard nos trouxe para cá.Sim, NOS trouxe. Evan — não sei se esse é realmente o nome do garoto, mas é assim que tenho o chamado desde que o conheci. O mais irônico é não saber o nome do meu próprio sobrinho e nunca tê-lo conhecido nos últimos quatro ou cinco anos. Nesses últimos dias, Evan mostrou-se um garoto esperto e incrivelmente adorável. Nunca fui muito apegada a crianças e jamais pensei em ter filhos, mas sinto que seria capaz de fazer qualquer coisa por aqueles grandes olhos verdes.Esses olhos ver
°°°° Narradora °°°°°Os primeiros raios de sol surgiram no horizonte, anunciando o início de um novo dia. Lívia não havia conseguido dormir a noite toda. Seu ódio por Leonard queimava em seu peito como um fogo constante, alimentando seus pensamentos e estratégias. Cada passo que ela tomaria precisaria ser calculado com precisão cirúrgica. Qualquer erro, por menor que fosse, poderia custar a vida de Evan e, mais ainda, a dela própria.Após o café da manhã, Leonard se levantou da mesa e saiu da cabana. Lívia fingiu estar distraída, mas seus olhos o seguiam com atenção, sua mente fervendo de aversão enquanto ele se afastava. Cada gesto dele parecia carregado de arrogância e poder, e ela se forçava a observar cada movimento com cautela, odiando cada segundo em que era obrigada a suportar a presença dele.Leonard caminhou em direção à caminhonete, e o sangue de Lívia gelou ao perceber o que ele estava fazendo. Quando o viu abrir a parte de trás do veículo e puxar a arma debaixo do forro pr
°°°° Lívia Carter °°°° — Por favor, eu preciso de ajuda — disse, com o coração batendo descompassado e lágrimas nos olhos, minha voz cheia de pânico.— Por favor, ajude-nos! — exclamei novamente, a voz tremendo. — Fui sequestrada, meu sobrinho também. Ele está atrás de nós. Por favor, você precisa nos ajudar!A idosa olhou com um olhar confuso e murmurou algo em espanhol que eu não conseguia entender. O desespero se intensificou e me agachei na frente da mulher, segurando Evan com força. O garoto começou a chorar novamente, o que só aumentava minha angústia.— Por favor, entenda! — implorei, com as mãos tremendo. — Nós não somos daqui. Fomos sequestrados. O homem que está atrás de nós é perigoso, está armado, e irá nos matar se nos encontrar. — Tentei dizer cada frase o mais calmo possível, na esperança de que aquela senhora entendesse. No entanto, minhas súplicas pareciam não ser compreendidas.Ela observou meu desespero por um momento antes de gritar algo em seu idioma local. Não c
°°°° Leonard Jenkins °°°°Ela sumiu.O pensamento me atinge como um raio, e em um instante, tudo que sinto é uma explosão de ódio fervente dentro de mim. Meu corpo treme de fúria, o coração martelando com uma violência que quase me cega. Eu deveria saber. Eu deveria ter percebido! Mas não, eu, um completo idiota, confiei nela!Num acesso de raiva, lanço longe a sacola de doces que comprei para Evan. Ela cai com um estalo seco, espalhando os doces pelo chão. IMBECIL! Como eu pude ser tão estúpido a ponto de acreditar que ela ficaria quieta, que realmente estava do meu lado? Uma onda de desprezo por mim mesmo se mistura ao ódio que já me consome.Meus olhos varrem a multidão, frenéticos, buscando qualquer sinal dela. Cada rosto que vejo só alimenta a minha ira. — Onde está, Lívia?— Tento enxergá-la, procurá-la desesperadamente, mas cada segundo que passa sem encontrá-la é como uma faca sendo cravada ainda mais fundo em meu peito. Eu grito mentalmente, me maldizendo por ter sido tão to
°°°° Narradora °°°° O clima de tensão naquela casa se dissipara, levando embora a atmosfera pesada que antes a envolvia. Mason ainda estava dentro da casa, sentado no simples sofá de dois lugares, com Lívia ao seu lado. Ela lhe contava como foram os últimos dias na presença de Leonard, e ele sentia um alívio ao saber que ela não fora submetida a nenhum tipo de tortura. No entanto, a raiva crescia em seu peito ao ouvir Lívia revelar que, durante aqueles dias, não pôde evitar o toque de Leonard, pois não podia arriscar sua vida, nem a de Evan. Mason escutava atentamente, enquanto sua mente já planejava o que faria com Leonard quando finalmente o encontrasse. Ele havia dado ordens específicas para que alguns de seus homens permanecessem protegendo a casa, enquanto outros deveriam vasculhar a cidade em busca do desgraçado que ousara encostar em Lívia. E, quando Mason pusesse as mãos nele, Leonard imploraria pela morte. Mas Mason não lhe daria esse alívio; nas mãos dele, Leonard sofreria
° Mason Miller °°°° 24 horas depois... O tempo parece se arrastar enquanto a culpa e o medo me corroem por dentro. Eu deveria ter sido mais vigilante; baixei a guarda e expus Lívia ao perigo. Se ela não sobreviver, nunca me perdoarei. As últimas 24 horas foram cruciais para a sua sobrevivência. A cidade onde estávamos não tinha um hospital decente, apenas uma emergência improvisada onde os médicos fizeram o possível para estabilizá-la. Minha mente estava em frangalhos durante todo o processo, com balas atravessando seu corpo e tornando ainda mais difícil para os médicos manterem a situação sob controle. Lívia se esforçou para proteger o garoto, mas não foi o suficiente. Ele também foi atingido, mas está em estado melhor do que o dela. Tenho certeza de que ela ficaria aliviada por isso. Após a estabilização inicial, ela foi transferida para a cidade vizinha, onde consegui que tanto ela quanto o garoto fossem admitidos em um hospital particular. Foi um verdadeiro caos dar entrada em