° Mason Miller °°°° 24 horas depois... O tempo parece se arrastar enquanto a culpa e o medo me corroem por dentro. Eu deveria ter sido mais vigilante; baixei a guarda e expus Lívia ao perigo. Se ela não sobreviver, nunca me perdoarei. As últimas 24 horas foram cruciais para a sua sobrevivência. A cidade onde estávamos não tinha um hospital decente, apenas uma emergência improvisada onde os médicos fizeram o possível para estabilizá-la. Minha mente estava em frangalhos durante todo o processo, com balas atravessando seu corpo e tornando ainda mais difícil para os médicos manterem a situação sob controle. Lívia se esforçou para proteger o garoto, mas não foi o suficiente. Ele também foi atingido, mas está em estado melhor do que o dela. Tenho certeza de que ela ficaria aliviada por isso. Após a estabilização inicial, ela foi transferida para a cidade vizinha, onde consegui que tanto ela quanto o garoto fossem admitidos em um hospital particular. Foi um verdadeiro caos dar entrada em
°°°° Mason Miller. °°°° °°° Quinta semana °°°° Cinco semanas se passaram desde que Lívia foi internada, e o peso da ausência dela tem sido um tormento constante. Cada dia sem sua presença é uma batalha árdua. Não consigo me lembrar da última vez que comi ou dormi direito. Summer, com sua característica preocupação, comentou que eu havia perdido peso visivelmente. O sofrimento é uma sombra constante, e não consigo encontrar alívio. Estou no hospital dia e noite, enquanto Christopher cuida das empresas, que, neste momento, não têm importância para mim. O que importa é Lívia. Na noite passada, vivi uma das conversas mais difíceis e dolorosas que já enfrentei. Estava sentado na poltrona ao lado da cama de Lívia, com o coração pesado, esperando que ela finalmente despertasse. O quarto estava silencioso, quebrado apenas pelo som dos aparelhos médicos e o meu próprio respirar carregado de ansiedade. A porta se abriu suavemente, e eu levantei os olhos para ver Arthur, o pai de Lívia,
°°°° Narradora °°°° °°°° Sexta Semana. °°°° O hospital estava envolto em silêncio, interrompido apenas pelo som dos monitores e passos suaves dos enfermeiros no corredor. A sala em que Lívia estava internada parecia suspensa no tempo, como se o mundo lá fora tivesse parado, aguardando o momento em que ela finalmente abriria os olhos.O médico, um homem com olhar cansado e voz serena, olhou para Mason, que parecia mais velho do que sua idade indicava, com olheiras profundas e a barba por fazer. — Fizemos tudo o que podíamos, senhor Miller. A senhorita Carter está estável, e nossos médicos estão atentos a qualquer mudança no quadro. Retiramos os sedativos agora que ela se estabilizou. Agora, só podemos esperar que ela acorde.Essas palavras trouxeram uma fagulha de esperança ao coração de Mason, algo que ele agarrava com todas as forças. Ele se apegava à possibilidade de ver Lívia acordar, sorrir, viver.Nos últimos dois meses, Mason havia abandonado tudo: trabalho, vida social, até
°°°° Lívia Carter °°°° A sensação de um peso esmagador me envolvia, como se o próprio ar fosse denso demais para respirar. Eu flutuava em um mar de escuridão, ouvindo ecos distantes, vozes que pareciam vir de longe, mas que ao mesmo tempo estavam perto demais. Por vezes, a escuridão cedia e, mesmo sem abrir os olhos, eu sentia a presença de pessoas ao meu redor. Eu ouvia os soluços de minha mãe, o choro abafado do meu pai e, todas as noites, a voz trêmula de Mason. Ele sussurrava meu nome, me implorava para acordar, como se sua própria vida dependesse disso.Era como estar presa em um pesadelo, tentando desesperadamente alcançar a superfície, mas sendo puxada de volta para as profundezas. Cada vez que eu sentia que conseguia me aproximar da luz, algo me impedia de despertar completamente. Eu gritava por dentro, queria abrir os olhos, falar, tocar quem estivesse por perto, mas meu corpo simplesmente não respondia. A angústia era insuportável, uma tortura lenta e silenciosa.Então, hou
°°°° Lívia Carter °°°° Um novo dia nasceu, e os primeiros raios de sol invadem o quarto do hospital, preenchendo o ambiente com uma luz suave e acolhedora. Abro os olhos lentamente, sentindo a calma do momento. Quando me viro, percebo que Mason dormiu ao meu lado na cama, sua presença reconfortante.Eu o observo dormir por um breve tempo, admirando a serenidade em seu rosto, algo que raramente vi. Ele parece mais jovem, mais leve, como se o peso das preocupações do mundo estivesse temporariamente afastado. Sinto um calor no peito ao vê-lo assim, tão próximo e tão vulnerável.Minutos se passam e, aos poucos, Mason começa a despertar. Seus olhos se abrem, encontrando os meus com um sorriso preguiçoso.— Bom dia — ele murmura, a voz rouca de sono.— Bom dia — respondo suavemente, incapaz de conter um sorriso. — Parece que você dormiu bem.— Melhor do que nos últimos dias, sem dúvida — ele admite, esticando-se antes de se sentar na cama.Mason se levanta e me ajuda a me levantar, sendo c
°°°° Mason Miller °°°°Observo a comoção entre Lívia e sua mãe, que se abraçam e choram por longos minutos. Desde que Lívia acordou ontem, seus pais não haviam conseguido visitá-la. Ambos estavam mergulhados em uma montanha de compromissos legais, presos entre juízes, papéis e advogados. A chegada dos pais da esposa de James, vindos da Itália, desencadeou ainda mais problemas. Eles vieram para reconhecer o corpo da filha, que não tinha família nos Estados Unidos. O mais chocante é que eles sequer sabiam que sua filha havia se casado e tido um filho. Pelo que parece, ela havia cortado relações com eles há muito tempo, e, por isso, desconheciam completamente a vida que ela levava.Ao chegarem ao país e descobrirem que tinham um neto, e que agora o pai da criança também estava morto, entraram imediatamente na justiça, exigindo a guarda total de Evan. Alegaram que, na Itália, ele seria melhor cuidado do que se permanecesse com os avós paternos. A notificação desse processo chegou aos pais
°°°° Lívia Carter °°°°Dez dias depois...Já faz alguns dias que recebi alta do hospital. Segundo Mason, os médicos e até Summer, eu fiquei internada por quase dois meses. Eu deveria estar comemorando, não é? Estou bem, estou viva e, graças a Deus, nunca mais verei Leonard em minha vida. Meus pais me contaram sobre isso há pouco tempo, e o alívio que senti ao saber de seu destino não tem comparação.Voltar para casa, ou melhor, para a casa dos meus pais, não foi exatamente um mar de rosas. Tentei convencer Mason de que estava pronta para retornarmos a Miami, que sentia falta da minha vida e do meu apartamento. Mas, ao invés de apoiar minha decisão, meus pais insistiram que ainda não estou totalmente recuperada e que seria bom ter alguém por perto, caso meu estado piorasse.Tentei argumentar que tenho dinheiro suficiente para contratar uma cuidadora, mas nem mesmo Mason, que é tão inteligente, percebeu que isso é verdade. Afinal, foi ele mesmo quem me mimou meses atrás com mais de doze
°°°° Lívia Carter °°°°Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. Observei o semblante de Mason e pude perceber que um turbilhão de emoções estava tomando conta dele. Sabia, lá no fundo, que as palavras que saíssem da minha boca a partir daquele momento poderiam mantê-lo vivo ou, por algum motivo, levá-lo à ruína. Era uma responsabilidade que eu nunca havia pedido.— Meus pais sabem... sobre o que você fez, James? — perguntei com a voz controlada, aguardando a resposta.— Não... Eles estavam devastados, e eu não tive coragem de...— Ótimo, então não conte. — Falei calmamente, tomando um gole de café e notando o espanto em seu rosto. — Sabe, Mason, eu acredito que colhemos o que plantamos. Não concordo com o que você fez com James, mas também não concordo com o que James fez comigo. Ele tinha uma escolha. Podia ter ficado na cidade, feito a coisa certa e denunciado Leonard, que seria rapidamente preso novamente. Ele não precisava envolver sua esposa e filho em um jogo doent