°°°° Narradora °°°° °°°° Sexta Semana. °°°° O hospital estava envolto em silêncio, interrompido apenas pelo som dos monitores e passos suaves dos enfermeiros no corredor. A sala em que Lívia estava internada parecia suspensa no tempo, como se o mundo lá fora tivesse parado, aguardando o momento em que ela finalmente abriria os olhos.O médico, um homem com olhar cansado e voz serena, olhou para Mason, que parecia mais velho do que sua idade indicava, com olheiras profundas e a barba por fazer. — Fizemos tudo o que podíamos, senhor Miller. A senhorita Carter está estável, e nossos médicos estão atentos a qualquer mudança no quadro. Retiramos os sedativos agora que ela se estabilizou. Agora, só podemos esperar que ela acorde.Essas palavras trouxeram uma fagulha de esperança ao coração de Mason, algo que ele agarrava com todas as forças. Ele se apegava à possibilidade de ver Lívia acordar, sorrir, viver.Nos últimos dois meses, Mason havia abandonado tudo: trabalho, vida social, até
°°°° Lívia Carter °°°° A sensação de um peso esmagador me envolvia, como se o próprio ar fosse denso demais para respirar. Eu flutuava em um mar de escuridão, ouvindo ecos distantes, vozes que pareciam vir de longe, mas que ao mesmo tempo estavam perto demais. Por vezes, a escuridão cedia e, mesmo sem abrir os olhos, eu sentia a presença de pessoas ao meu redor. Eu ouvia os soluços de minha mãe, o choro abafado do meu pai e, todas as noites, a voz trêmula de Mason. Ele sussurrava meu nome, me implorava para acordar, como se sua própria vida dependesse disso.Era como estar presa em um pesadelo, tentando desesperadamente alcançar a superfície, mas sendo puxada de volta para as profundezas. Cada vez que eu sentia que conseguia me aproximar da luz, algo me impedia de despertar completamente. Eu gritava por dentro, queria abrir os olhos, falar, tocar quem estivesse por perto, mas meu corpo simplesmente não respondia. A angústia era insuportável, uma tortura lenta e silenciosa.Então, hou
°°°° Lívia Carter °°°° Um novo dia nasceu, e os primeiros raios de sol invadem o quarto do hospital, preenchendo o ambiente com uma luz suave e acolhedora. Abro os olhos lentamente, sentindo a calma do momento. Quando me viro, percebo que Mason dormiu ao meu lado na cama, sua presença reconfortante.Eu o observo dormir por um breve tempo, admirando a serenidade em seu rosto, algo que raramente vi. Ele parece mais jovem, mais leve, como se o peso das preocupações do mundo estivesse temporariamente afastado. Sinto um calor no peito ao vê-lo assim, tão próximo e tão vulnerável.Minutos se passam e, aos poucos, Mason começa a despertar. Seus olhos se abrem, encontrando os meus com um sorriso preguiçoso.— Bom dia — ele murmura, a voz rouca de sono.— Bom dia — respondo suavemente, incapaz de conter um sorriso. — Parece que você dormiu bem.— Melhor do que nos últimos dias, sem dúvida — ele admite, esticando-se antes de se sentar na cama.Mason se levanta e me ajuda a me levantar, sendo c
°°°° Mason Miller °°°°Observo a comoção entre Lívia e sua mãe, que se abraçam e choram por longos minutos. Desde que Lívia acordou ontem, seus pais não haviam conseguido visitá-la. Ambos estavam mergulhados em uma montanha de compromissos legais, presos entre juízes, papéis e advogados. A chegada dos pais da esposa de James, vindos da Itália, desencadeou ainda mais problemas. Eles vieram para reconhecer o corpo da filha, que não tinha família nos Estados Unidos. O mais chocante é que eles sequer sabiam que sua filha havia se casado e tido um filho. Pelo que parece, ela havia cortado relações com eles há muito tempo, e, por isso, desconheciam completamente a vida que ela levava.Ao chegarem ao país e descobrirem que tinham um neto, e que agora o pai da criança também estava morto, entraram imediatamente na justiça, exigindo a guarda total de Evan. Alegaram que, na Itália, ele seria melhor cuidado do que se permanecesse com os avós paternos. A notificação desse processo chegou aos pais
°°°° Lívia Carter °°°°Dez dias depois...Já faz alguns dias que recebi alta do hospital. Segundo Mason, os médicos e até Summer, eu fiquei internada por quase dois meses. Eu deveria estar comemorando, não é? Estou bem, estou viva e, graças a Deus, nunca mais verei Leonard em minha vida. Meus pais me contaram sobre isso há pouco tempo, e o alívio que senti ao saber de seu destino não tem comparação.Voltar para casa, ou melhor, para a casa dos meus pais, não foi exatamente um mar de rosas. Tentei convencer Mason de que estava pronta para retornarmos a Miami, que sentia falta da minha vida e do meu apartamento. Mas, ao invés de apoiar minha decisão, meus pais insistiram que ainda não estou totalmente recuperada e que seria bom ter alguém por perto, caso meu estado piorasse.Tentei argumentar que tenho dinheiro suficiente para contratar uma cuidadora, mas nem mesmo Mason, que é tão inteligente, percebeu que isso é verdade. Afinal, foi ele mesmo quem me mimou meses atrás com mais de doze
°°°° Lívia Carter °°°°Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. Observei o semblante de Mason e pude perceber que um turbilhão de emoções estava tomando conta dele. Sabia, lá no fundo, que as palavras que saíssem da minha boca a partir daquele momento poderiam mantê-lo vivo ou, por algum motivo, levá-lo à ruína. Era uma responsabilidade que eu nunca havia pedido.— Meus pais sabem... sobre o que você fez, James? — perguntei com a voz controlada, aguardando a resposta.— Não... Eles estavam devastados, e eu não tive coragem de...— Ótimo, então não conte. — Falei calmamente, tomando um gole de café e notando o espanto em seu rosto. — Sabe, Mason, eu acredito que colhemos o que plantamos. Não concordo com o que você fez com James, mas também não concordo com o que James fez comigo. Ele tinha uma escolha. Podia ter ficado na cidade, feito a coisa certa e denunciado Leonard, que seria rapidamente preso novamente. Ele não precisava envolver sua esposa e filho em um jogo doent
°°°° Lívia Carter °°°°— VOCÊ ENLOUQUECEU? — Minha voz saiu mais alta do que pretendia. Respiro fundo, tentando controlar a avalanche de emoções enquanto olho para Mason, que estava sentado na minha cama com aquele olhar bobo de minutos atrás, me observando como se eu fosse uma obra de arte.Eu sei que sou, de fato, uma obra de arte, mas isso não vem ao caso agora. Como alguém simplesmente solta uma bomba dessas às 01h30 da madrugada e espera que eu reaja de outra forma? Meu olhar pousa no belo homem à minha frente. Mason é, sem dúvidas, um tremendo pedaço de mau caminho, mas se eu já desconfiava que ele não batia bem da cabeça, agora tenho plena certeza.— Você me disse que eram apenas documentos para a extensão do meu contrato de trabalho — digo, a indignação pulsando em cada palavra, enquanto ele coça a nuca, visivelmente buscando uma resposta. — Mason, como assim, de repente, eu recebo um e-mail pedindo minha participação em uma reunião da empresa, onde eu vou estar como uma das
°°°° Lívia Carter °°°°— Você não poderia ter feito isso. — ele diz, parando em minha frente. Seus olhos me observando com uma intensidade nunca vista por mim antes. — Dê-me uma boa razão para não perdoar seu irmão? — pergunto com curiosidade, querendo descobri a que ponto aquela conversa nos levaria. — MASON MATOU SEU IRMÃO... — Ele diz em um tom mais alto que o necessário. — Abaixe seu tom de voz CHRISTOPHER. Tudo oque menos preciso agora é ter de inventar outra história para Evan. — digo com certa raiva e me ponho em pé em frente ao mesmo que me olha atônito.— James tirou a própria vida, Christopher. Não tente achar chifre em cabeça de cavalo. O que está feito, está feito, e suas acusações contra Mason não vão trazer meu irmão de volta. — Digo com firmeza e o observo se aproximar. Suas mãos tocam meu rosto, me obrigando a encará-lo enquanto seus olhos mostram um misto de sentimentos.— Eu jamais mentiria para você, Lívia. — Há seriedade em suas palavras, mas falta verdade em s