°°°° Lívia Carter °°°° — Por favor, eu preciso de ajuda — disse, com o coração batendo descompassado e lágrimas nos olhos, minha voz cheia de pânico.— Por favor, ajude-nos! — exclamei novamente, a voz tremendo. — Fui sequestrada, meu sobrinho também. Ele está atrás de nós. Por favor, você precisa nos ajudar!A idosa olhou com um olhar confuso e murmurou algo em espanhol que eu não conseguia entender. O desespero se intensificou e me agachei na frente da mulher, segurando Evan com força. O garoto começou a chorar novamente, o que só aumentava minha angústia.— Por favor, entenda! — implorei, com as mãos tremendo. — Nós não somos daqui. Fomos sequestrados. O homem que está atrás de nós é perigoso, está armado, e irá nos matar se nos encontrar. — Tentei dizer cada frase o mais calmo possível, na esperança de que aquela senhora entendesse. No entanto, minhas súplicas pareciam não ser compreendidas.Ela observou meu desespero por um momento antes de gritar algo em seu idioma local. Não c
°°°° Leonard Jenkins °°°°Ela sumiu.O pensamento me atinge como um raio, e em um instante, tudo que sinto é uma explosão de ódio fervente dentro de mim. Meu corpo treme de fúria, o coração martelando com uma violência que quase me cega. Eu deveria saber. Eu deveria ter percebido! Mas não, eu, um completo idiota, confiei nela!Num acesso de raiva, lanço longe a sacola de doces que comprei para Evan. Ela cai com um estalo seco, espalhando os doces pelo chão. IMBECIL! Como eu pude ser tão estúpido a ponto de acreditar que ela ficaria quieta, que realmente estava do meu lado? Uma onda de desprezo por mim mesmo se mistura ao ódio que já me consome.Meus olhos varrem a multidão, frenéticos, buscando qualquer sinal dela. Cada rosto que vejo só alimenta a minha ira. — Onde está, Lívia?— Tento enxergá-la, procurá-la desesperadamente, mas cada segundo que passa sem encontrá-la é como uma faca sendo cravada ainda mais fundo em meu peito. Eu grito mentalmente, me maldizendo por ter sido tão to
°°°° Narradora °°°° O clima de tensão naquela casa se dissipara, levando embora a atmosfera pesada que antes a envolvia. Mason ainda estava dentro da casa, sentado no simples sofá de dois lugares, com Lívia ao seu lado. Ela lhe contava como foram os últimos dias na presença de Leonard, e ele sentia um alívio ao saber que ela não fora submetida a nenhum tipo de tortura. No entanto, a raiva crescia em seu peito ao ouvir Lívia revelar que, durante aqueles dias, não pôde evitar o toque de Leonard, pois não podia arriscar sua vida, nem a de Evan. Mason escutava atentamente, enquanto sua mente já planejava o que faria com Leonard quando finalmente o encontrasse. Ele havia dado ordens específicas para que alguns de seus homens permanecessem protegendo a casa, enquanto outros deveriam vasculhar a cidade em busca do desgraçado que ousara encostar em Lívia. E, quando Mason pusesse as mãos nele, Leonard imploraria pela morte. Mas Mason não lhe daria esse alívio; nas mãos dele, Leonard sofreria
° Mason Miller °°°° 24 horas depois... O tempo parece se arrastar enquanto a culpa e o medo me corroem por dentro. Eu deveria ter sido mais vigilante; baixei a guarda e expus Lívia ao perigo. Se ela não sobreviver, nunca me perdoarei. As últimas 24 horas foram cruciais para a sua sobrevivência. A cidade onde estávamos não tinha um hospital decente, apenas uma emergência improvisada onde os médicos fizeram o possível para estabilizá-la. Minha mente estava em frangalhos durante todo o processo, com balas atravessando seu corpo e tornando ainda mais difícil para os médicos manterem a situação sob controle. Lívia se esforçou para proteger o garoto, mas não foi o suficiente. Ele também foi atingido, mas está em estado melhor do que o dela. Tenho certeza de que ela ficaria aliviada por isso. Após a estabilização inicial, ela foi transferida para a cidade vizinha, onde consegui que tanto ela quanto o garoto fossem admitidos em um hospital particular. Foi um verdadeiro caos dar entrada em
°°°° Mason Miller. °°°° °°° Quinta semana °°°° Cinco semanas se passaram desde que Lívia foi internada, e o peso da ausência dela tem sido um tormento constante. Cada dia sem sua presença é uma batalha árdua. Não consigo me lembrar da última vez que comi ou dormi direito. Summer, com sua característica preocupação, comentou que eu havia perdido peso visivelmente. O sofrimento é uma sombra constante, e não consigo encontrar alívio. Estou no hospital dia e noite, enquanto Christopher cuida das empresas, que, neste momento, não têm importância para mim. O que importa é Lívia. Na noite passada, vivi uma das conversas mais difíceis e dolorosas que já enfrentei. Estava sentado na poltrona ao lado da cama de Lívia, com o coração pesado, esperando que ela finalmente despertasse. O quarto estava silencioso, quebrado apenas pelo som dos aparelhos médicos e o meu próprio respirar carregado de ansiedade. A porta se abriu suavemente, e eu levantei os olhos para ver Arthur, o pai de Lívia,
°°°° Narradora °°°° °°°° Sexta Semana. °°°° O hospital estava envolto em silêncio, interrompido apenas pelo som dos monitores e passos suaves dos enfermeiros no corredor. A sala em que Lívia estava internada parecia suspensa no tempo, como se o mundo lá fora tivesse parado, aguardando o momento em que ela finalmente abriria os olhos.O médico, um homem com olhar cansado e voz serena, olhou para Mason, que parecia mais velho do que sua idade indicava, com olheiras profundas e a barba por fazer. — Fizemos tudo o que podíamos, senhor Miller. A senhorita Carter está estável, e nossos médicos estão atentos a qualquer mudança no quadro. Retiramos os sedativos agora que ela se estabilizou. Agora, só podemos esperar que ela acorde.Essas palavras trouxeram uma fagulha de esperança ao coração de Mason, algo que ele agarrava com todas as forças. Ele se apegava à possibilidade de ver Lívia acordar, sorrir, viver.Nos últimos dois meses, Mason havia abandonado tudo: trabalho, vida social, até
°°°° Lívia Carter °°°° A sensação de um peso esmagador me envolvia, como se o próprio ar fosse denso demais para respirar. Eu flutuava em um mar de escuridão, ouvindo ecos distantes, vozes que pareciam vir de longe, mas que ao mesmo tempo estavam perto demais. Por vezes, a escuridão cedia e, mesmo sem abrir os olhos, eu sentia a presença de pessoas ao meu redor. Eu ouvia os soluços de minha mãe, o choro abafado do meu pai e, todas as noites, a voz trêmula de Mason. Ele sussurrava meu nome, me implorava para acordar, como se sua própria vida dependesse disso.Era como estar presa em um pesadelo, tentando desesperadamente alcançar a superfície, mas sendo puxada de volta para as profundezas. Cada vez que eu sentia que conseguia me aproximar da luz, algo me impedia de despertar completamente. Eu gritava por dentro, queria abrir os olhos, falar, tocar quem estivesse por perto, mas meu corpo simplesmente não respondia. A angústia era insuportável, uma tortura lenta e silenciosa.Então, hou
°°°° Lívia Carter °°°° Um novo dia nasceu, e os primeiros raios de sol invadem o quarto do hospital, preenchendo o ambiente com uma luz suave e acolhedora. Abro os olhos lentamente, sentindo a calma do momento. Quando me viro, percebo que Mason dormiu ao meu lado na cama, sua presença reconfortante.Eu o observo dormir por um breve tempo, admirando a serenidade em seu rosto, algo que raramente vi. Ele parece mais jovem, mais leve, como se o peso das preocupações do mundo estivesse temporariamente afastado. Sinto um calor no peito ao vê-lo assim, tão próximo e tão vulnerável.Minutos se passam e, aos poucos, Mason começa a despertar. Seus olhos se abrem, encontrando os meus com um sorriso preguiçoso.— Bom dia — ele murmura, a voz rouca de sono.— Bom dia — respondo suavemente, incapaz de conter um sorriso. — Parece que você dormiu bem.— Melhor do que nos últimos dias, sem dúvida — ele admite, esticando-se antes de se sentar na cama.Mason se levanta e me ajuda a me levantar, sendo c