°°°° Narradora. °°°°°°° Horas depois. °°°°Mason permaneceu no hospital pelas horas seguintes, sempre atento a quem entrava, alimentando uma esperança silenciosa de que Lívia pudesse ser encontrada e trazida para lá. A cada movimento, seu olhar perscrutava os corredores, na expectativa de ver um rosto familiar ou ouvir uma notícia que pudesse acalmar a tempestade em sua mente.Ele enviou para Dylan todas as informações que tinha sobre Summer, pedindo que rastreasse qualquer parente que pudesse estar na região. Horas depois, um casal de idosos, aparentando estar na faixa dos setenta ou oitenta anos, entrou no hospital. Eles pareciam angustiados, buscando informações sobre a neta, após receberem uma ligação informando que ela havia sofrido um acidente.Mason os observou à distância, sentindo um alívio discreto ao perceber que a ruiva tinha quem se importasse com ela, além do lixo que ele conheceu na Flórida, o qual Samantha, em uma de suas péssimas escolhas, havia apresentado como famí
°°°° Lívia Carter °°°° A dor era quase insuportável, espalhada por cada músculo, por cada articulação. Cada tentativa de movimento fazia com que o pânico se intensificasse, sufocando-me. Pisquei várias vezes, tentando clarear a visão turva, mas o ambiente ao meu redor permanecia indistinto, envolto em escuridão. O frio era cortante, e a sensação de estar amarrada, presa, fez meu coração bater descompassado. Um cheiro rançoso de mofo impregnava o ar, misturando-se com algo mais que me enjoava, embora eu não conseguisse identificar o que era. O medo crescia dentro de mim, uma corrente implacável que eu não podia controlar.E então eu ouvi as vozes.No início, eram apenas sussurros distantes, mas, à medida que se aproximavam, tornavam-se mais claras. Eu podia ouvir a tensão, a raiva, a desesperança. E então, a voz de James ecoou no local.– Você me obrigou a fazer isso! – James gritava, a voz cheia de fúria e desespero. – Eu entreguei minha própria irmã para você! Você disse que meu fi
°° Narradora °°°°Lívia sentiu um alívio momentâneo. Apesar do repúdio que a dominava, ela percebeu que, ao menos naquele instante, Leonard havia de fato caído em seus truques. As mãos dele ainda estavam próximas ao seu rosto, e o toque repulsivo se misturava com o medo que ela tentava esconder. Ela sabia que não podia baixar a guarda; qualquer deslize poderia ser fatal.Do outro lado da sala, James os observava com olhos arregalados, ainda tentando entender o que sua irmã acabara de fazer. Ele sabia que, mesmo sem compreender completamente, Lívia havia acabado de salvar a vida de seu filho. O arrependimento o corroía por dentro ao se lembrar de que era por sua culpa que todos estavam naquela situação. Cada decisão que tomara parecia agora ser um erro irreparável.Leonard se afastou lentamente de Lívia, um sorriso brotando em seus lábios enquanto ele começava a andar de um lado para o outro da sala, murmurando coisas indescritíveis. Seu comportamento errático deixava claro que ele est
°°°° Narradora°°°°Uma semana depois...James olhava para o teto imerso na escuridão, implorando silenciosamente para que seu tormento chegasse ao fim. Seu corpo estava machucado, com ossos quebrados e hematomas visíveis por toda parte. Naquele momento, ele já não era mais o mesmo — uma casca vazia do que fora um dia.Dias antes, após conseguir escapar daquele lugar deserto onde Leonard o havia deixado para morrer, James reuniu forças para chegar à estrada mais próxima. Lá, pediu ajuda a um casal que passava de carro, alegando que havia sido sequestrado e que conseguira escapar. Com essa história, conseguiu convencer o casal a levá-lo até o hospital centro e logo depois a delegacia do condado.Chegando lá, James encenou um drama convincente, com lágrimas e até desmaios. Mas o destino parecia brincar com ele, pois, naquele mesmo momento, Christopher estava na delegacia, buscando informações sobre o desaparecimento de Lívia. Os cartazes com o rosto dela já estavam espalhados por todos o
°°°° Narradora °°°°° Mason afastou-se com passos pesados, os músculos dos ombros tensos enquanto tentava dominar a raiva que ainda o consumia. Ele respirou fundo, mas o ódio queimava, fazendo seus punhos tremerem. Virou-se bruscamente para Christopher, o dedo em riste e a voz carregada de desprezo. — Vá embora, Christopher! — rosnou Mason, a fúria escorrendo em cada palavra. — Se você não tem estômago pra isso, então some da minha frente e me deixa fazer o que precisa ser feito. Eu vou achar Lívia, com ou sem sua ajuda! Christopher deu um passo à frente, os olhos faiscando com a mesma intensidade. — Você acha que isso aqui é o quê? Um maldito filme de vingança? — rebateu Christopher, a voz firme, mas cheia de ira. — Eu estou tão fodido quanto você, mas não vou ficar aqui assistindo enquanto você perde o controle e se transforma num maldito assassino! Os irmãos se encararam, a tensão entre eles quase física, como uma corda prestes a se romper. Os gritos enchiam o ar, cada um tenta
°° Lívia Cárter °°°°**Já faz uma semana que estou vivendo em um inferno cotidiano que parece não ter fim. Não tenho a menor ideia de onde estou ou como chegamos a este lugar. A última coisa de que me lembro é de termos escapado daquele lugar repugnante onde Leonard me manteve amarrada noites atrás. Momentos depois, sem qualquer explicação, simplesmente desmaiei e perdi a consciência. Quando acordei, estávamos em outra casa isolada, longe de tudo e de todos. Não sei em que momento Leonard nos trouxe para cá.Sim, NOS trouxe. Evan — não sei se esse é realmente o nome do garoto, mas é assim que tenho o chamado desde que o conheci. O mais irônico é não saber o nome do meu próprio sobrinho e nunca tê-lo conhecido nos últimos quatro ou cinco anos. Nesses últimos dias, Evan mostrou-se um garoto esperto e incrivelmente adorável. Nunca fui muito apegada a crianças e jamais pensei em ter filhos, mas sinto que seria capaz de fazer qualquer coisa por aqueles grandes olhos verdes.Esses olhos ver
°°°° Narradora °°°°°Os primeiros raios de sol surgiram no horizonte, anunciando o início de um novo dia. Lívia não havia conseguido dormir a noite toda. Seu ódio por Leonard queimava em seu peito como um fogo constante, alimentando seus pensamentos e estratégias. Cada passo que ela tomaria precisaria ser calculado com precisão cirúrgica. Qualquer erro, por menor que fosse, poderia custar a vida de Evan e, mais ainda, a dela própria.Após o café da manhã, Leonard se levantou da mesa e saiu da cabana. Lívia fingiu estar distraída, mas seus olhos o seguiam com atenção, sua mente fervendo de aversão enquanto ele se afastava. Cada gesto dele parecia carregado de arrogância e poder, e ela se forçava a observar cada movimento com cautela, odiando cada segundo em que era obrigada a suportar a presença dele.Leonard caminhou em direção à caminhonete, e o sangue de Lívia gelou ao perceber o que ele estava fazendo. Quando o viu abrir a parte de trás do veículo e puxar a arma debaixo do forro pr
°°°° Lívia Carter °°°° — Por favor, eu preciso de ajuda — disse, com o coração batendo descompassado e lágrimas nos olhos, minha voz cheia de pânico.— Por favor, ajude-nos! — exclamei novamente, a voz tremendo. — Fui sequestrada, meu sobrinho também. Ele está atrás de nós. Por favor, você precisa nos ajudar!A idosa olhou com um olhar confuso e murmurou algo em espanhol que eu não conseguia entender. O desespero se intensificou e me agachei na frente da mulher, segurando Evan com força. O garoto começou a chorar novamente, o que só aumentava minha angústia.— Por favor, entenda! — implorei, com as mãos tremendo. — Nós não somos daqui. Fomos sequestrados. O homem que está atrás de nós é perigoso, está armado, e irá nos matar se nos encontrar. — Tentei dizer cada frase o mais calmo possível, na esperança de que aquela senhora entendesse. No entanto, minhas súplicas pareciam não ser compreendidas.Ela observou meu desespero por um momento antes de gritar algo em seu idioma local. Não c