ANNABELLA Com os olhos fixos na imagem a minha frente, fico contemplando a sua beleza. Sua expressão era calma, e vê-lo tão próximo a mim, pude observar melhor os traços em torno da sua face. Henrico tinha uma beleza estupenda, semelhante as dos príncipes que sempre lia nos livros escrito por autoras francesas.Ao contrário do meu esposo que acabou dormindo, mesmo cansada e dolorida, não consegui me entregar ao sono. Era a primeira vez que dormia com alguém no mesmo ambiente que não fosse a Betha e depois de tudo que fizemos horas atrás, mil coisas se passavam pela minha cabeça.Depois da dor infernal que senti, ao ponto de cogitar que seria partida ao meio, um misto de sensações apoderou-se de todo o meu ser, algo dentro de mim vibrava a cada toque dele em meu corpo e mesmo completamente exausta, o meu corpo ainda reagia com a mesma intensidade da primeira vez que ele me possuiu. Eu nunca imaginei que pudesse ser tão despudorada e descarada no auge da paixão, implorando para ele con
ANNABELLANervosa... Dolorida... E com o coração pesado, pois é assim que eu me encontro depois de tudo que aconteceu. Sozinha nesse quarto imenso, e, deitada sobre a enorme cama, coberta pela colcha macia de seda. Estou olhando para o teto, enquanto destrinchava os acontecimentos das últimas horas em minha cabeça.O jeito como ele avançou em cima de mim e segurou em meu pescoço, era como estivesse possuído. Suas órbitas azuis brilhavam com tanta intensidade, sua expressão era assustadora, uma mistura de ódio e confusão, como se estivesse dominado por um misto de sensações ruins. Era como se o homem a minha frente estivesse travando uma luta interna que estava o consumindo por dentro. Quanto ele intensificou o aperto em volta do meu pescoço frágil. Eu senti meus pulmões em chamas, funcionando aos espasmos, minha respiração se tornou escassa e logo uma imensa escuridão me envolveu. Não sei quanto tempo eu permaneci desacordada, mas logo senti algo forte invadindo minhas narinas, e mesm
HENRICOAlguns dias depois...Deixei o castelo assim que surgiram os primeiros raios do sol. Ontem a chuva caiu torrencialmente por toda tarde. À noite houve trovões terríveis e, novamente as lembranças surgiram em minha cabeça, e bastou meus olhos se fecharem, para que os pesadelos voltassem a me atormentar, porém, a voz de um anjo me arrancou das profundezas do meu tormento. Suas órbitas estavam fixas em minha direção, uma mistura de medo e preocupação estava visível através do seu olhar, no entanto, a necessidade de tê-la junto ao meu corpo, me fez puxá-la para mais perto de mim. O seu cheiro, a sua pele, tudo nela me fascina e por mais que eu tente negar, ela é a única que após tantos anos, foi capaz de me proporcionar novamente sentir, mesmo, que seja por algumas horas, uma sensação de paz.Anna, não é só um rosto bonito, a sua simplicidade, a sua inocência são algo que a torna única. Aproveitando que já estávamos acordados, passei o restante da noite me perdendo no meio das suas
HENRICOOntem, depois que cheguei ao castelo, encontrei James que já estava me guardando com as informações que pedi. Aproveitei para resolver com ele, alguns assuntos pendentes e, assim que terminamos e ele foi embora, aproveitei para checar as informações sobre o desgraçado do meu sogro. Como já havia sido informado, o maldito, desde que voltou para a Escócia, começou com o vício dos jogos e bebidas, e praticamente perdeu tudo que havia dado para o pagamento das dívidas. Como consequência, caiu em uma emboscada e, por pouco não acabaram com sua miserável vida, o que seria a melhor solução. Os homens que James enviou para Escócia, descobriram que quando encontraram o infeliz desacordado, tinha um bilhete em cima do seu corpo com o nome de Annabella.Senti o ódio inflamando em minhas veias, meu coração disparou, e o meu corpo inteiro estava em chamas. Não me importa o que farão com aquele maldito viciado, mas se alguém cogitar em encostar em um fio de cabelo dela, vão saber o motivo p
ANNABELLANo dia seguinte...Acordei bem cedo, porém, continuei deitada. Henrico saiu ainda nem era sete horas da manhã, precisava resolver alguns assuntos no centro da cidade, os quais foram adiados pelo ocorrido de ontem. Confesso que fiquei desnorteada, perdida, o pânico me dominou ao vê-lo vindo em minha direção com aquela arma e, quando ele levou o dedo em direção ao gatilho, meu corpo inteiro paralisou. Depois que tudo passou, eu fiquei intrigada como aquela cobra enorme foi parar ali, pois Maria me disse que também achou estranho.Minutos depois, arrumada, fui até a cozinha e, junto com Betha, tomei o meu café, quando terminei, a minha mãezinha estava ajudando na cozinha, pois Amélia e as outras funcionárias estavam limpando o castelo. Eu não era louca de ir novamente ao jardim, então resolvi voltar para o meu quarto e, procurar um livro para ler, subi os degraus da escada e quando cheguei próximo ao corredor que dava acesso aos meus aposentos, ouvi um barulho vindo do outro la
HENRICOO desespero tomou conta de mim. Quando me agachei para pegar Anna e vi seu vestido sujo de sangue, o choque da realidade caiu como um soco no meu estômago.Não! Não! Isso não pode estar acontecendo.Institivamente me abaixei e a peguei cuidadosamente, e, assim que a acomodei em meus braços, em passos cautelosos, caminhei em direção ao nosso quarto. Minutos acabaram se tornando uma eternidade, a sensação que eu tinha era que nunca chegaria ao maldito cômodo.Quando enfim adentrei o ambiente, a coloquei sobre a cama e praticamente saí correndo igual um louco em direção ao primeiro andar do castelo. Depois de algum tempo, me detive ao ver a imagem a minha frente e, a dúvida pairou sobre mim. Essa velha só pode ter pacto com o demônio ou ela deve ter uma ligação muito mais forte, do que eu cogitei a princípio, com a minha mulher, porque assim que surgi no topo da escada, ela apareceu praticamente desesperada em minha frente. Antes que minha voz ecoasse no ambiente, ela se manifest
ANNABELLADesorientada, as palavras dele ecoavam na minha cabeça. Meus batimentos estavam acelerados, minhas pernas trêmulas. A minha sorte é que eu estava em cima da cama, se tivesse em pé, certamente teria caído no chão.Um misto de sensações apoderou-se de todo o meu ser, medo, alegria, era tanta coisa que minha cabeça já estava latejando. O único som no ambiente vinha da nossa própria respiração e, sem que eu pudesse controlar, várias imagens surgiram em minha frente como se estivesse se passando uma retrospectiva desde o momento que o Duque de Gordon entrou em minha vida. Um simples olhar que resultou em sensações que nunca tinha sentido antes, porém, esse homem que despertou sensações boas, também é o responsável pelas ruins. Henrico é um labirinto cheio de segredos a sua volta, um homem que possui duas faces. A sensação que eu tenho, é como se ele estivesse dentro da luz e ao mesmo tempo na escuridão, o anjo e o demônio travando uma lutar que parece não ter fim.Estou com medo.
HENRICOSeis anos atrás...Graças aos desgraçados que estavam me roubando, tive que deixar Chester e vim pessoalmente para Londres averiguar o tamanho do prejuízo. Não queria ter deixado Isabel, porém, há dias ela vem se sentindo indisposta e não achei prudente fazer uma viagem tão longa. Com tantos funcionários a sua disposição, sei que ela estará bem.Não sabendo o que iria encontrar pela frente, cogitei que passaria algumas semanas fora de casa, no entanto, resolvi tudo e sem nada mais para fazer, era chegada a hora de retornar para os braços daquela que há dois anos mudou a minha vida. Desde cedo, como o único filho do Duque de Gordon Henrico I, tive que assumir todo o império que o meu pai construiu com tanto esforço.Embora sendo um homem que comandava tudo com mãos de ferro, ele sempre me ensinou a ser justo, que todos aqueles que estavam ao nosso redor deveriam receber de forma digna pelo seu trabalho, porém, jamais perdoamos quem ousar nos roubar como se tudo que construímos