O Cubo Mágico
Capítulo cinco
Pará mudou depois da morte do Beto. Até a ocupação resolveu continuar com as filas de ajuda em consideração ao companheiro. A tragédia o mudou profundamente! Foi ficando descuidado e as doses cada vez maiores de cocaína pura foram tirando sua sensibilidade. Matando seu instinto de sobrevivência e de perigo que é a essência da vida no crime. Um bandido sem instinto não dura muito e o dele era apurado por anos de vida bandida. Cresceu apurando seus instintos mais animais e, a tragédia com o amigo o fez perder a noção e o levou para morte e junto, todo o bando.
Depois de tudo acontecido eu me sentia culpada por não ter percebido. Por não ter tomado conta melhor do meu homem. Essa culpa,vo
DE FRENTE NO MORRO – A SEGUNDA GUERRACapítulo seisVendo aquele lugar maldito ficando para atrás, com Aninha dormindo serena enquanto o ônibus ia seguindo, lembrei, mesmo sem querer de todas as notícias que saíram no jornal. Os homens trouxeram vários e os colocaram ao pé da cama, lá no barracão , no alto do Morro do Grotão, e uns dias depois tive condições e coragem para lê-los. Foi um massacre. Alemão me disse que a casa ficou toda furada. Que nem um queijo suíço. Do lado de fora podia-se ver lá dentro, tamanho eram o buracos dos tiros. Por isso não acredito que meu homem e o bando tenham conseguido sair. Os jornais mostravam e diziam que os corpos foram encontrados espalhados pela mata atrás da casa. Não seria
A GUERRA FINALEPÍLOGOContinuei na minha correria trabalhando no Hotel Nacional. Ganhava uma boa grana, e eu ia mais para casa agora. A temporada de verão era muito serviço e me deixava cansada por demais. O cara do departamento pessoal tinha sido transferido e isso diminuiu meu consumo de cocaína.Já havia se passado uns quatro meses desde o acontecido no Vidigal e meu envolvimento com o tráfico de drogas na favela da Rocinha parecia que tinha chegado ao fim. Só parecia.Fui promovida no trabalho a chefe das garçonetes e com isso meu horário mudou. Pegava às cinco da tarde agora e saía à uma da manhã. Com isso voltei a frequentar a porra da madrugada. Agora eu também bebia cerveja e a cocaína vinha junto no pacote
ROMANCE DE RAQUEL SANTOS OLIVEIRA A NÚMERO UM ROMANCE BASEADO EM FATOS REAIS Dedico esse livro a Júlio Ludemir, meu mestre. A ti não necessitaria escrever. É sua a dedicatória, os capítulos, as linha
A OCUPAÇÃO – OPERAÇÃO MOSAICO ICapítulo doisNão tinha nenhuma ilusão. Nem esperanças. Sabia que estavam todos mortos! A maldita caçada tinha, finalmente, concluído sua missão: acabar com o tráfico de drogas da favela da Rocinha e com o seu poder bélico. Foi o que em verdade incomodou o sistema. Diziam as notícias que o governador que estava fora do país se sentiu afrontado como cidadão carioca. Aquela porra de homenagem em cima da laje, que foi filmada e fotografada por várias revistas e flagrada pela televisão motivou toda a desgraça. A imprensa estava acampada na Rocinha devido aos últimos acontecimentos. Muitos confrontos e mortes. A Rua Dois cheirava a sangue. Pareciam abutres.- Od
O INÍCIO DO FIM Capitulo Três. Na manhã seguinte, comprei as roupas num shopping próximo. Todas brancas para serem usadas na hora do enterro do Beto Brabo, com braçadeiras pretas, sinal do luto. A ordem era para um minuto de silêncio, mas o ódio e a revolta pelo acontecido fizeram Pará dar aquela rajada. Colocou a Jovelina para cantar onde era para fazer silêncio. Todos que estavam armados na Rua Dois, naquele momento, fizeram a mesma coisa. Menor B tropeçou e quase caiu da laje. Foi uma saraivada de tiros de vários calibres que durou muitos minutos e rendeu muitas reportagens em revistas, jornais e na TV. A Rua Dois tremeu e isso afrontou a sociedade carioca. Descumpriram a ordem do Santo! Tremi! Não era nada bom descumprir a ordem de Ogum! A Rua
A Origem – A Afilhada do Bicheiro Capítulo Quatro Lembrar dessas coisas sempre me remetiam ao passado. Aos meus tempos de menina. Sempre! Olhar para aqueles olhões profundamente pretos do Pará me faziam voltar ao barracão de jogo de bicho onde passei o fim de minha infância e toda a minha adolescência. Por quase dez anos foi meu lar e minha família. Acho que a única que tive! Fui vendida ainda menina. Nove anos eu tinha quando, minha avó, viciada no jogo do bicho e na roleta, me levou enganada até a parte baixa da favela onde eu não conhecia nada e me vendeu. Desconhecia aqueles caminhos e, como um gato no saco, me vi perdida. Naquela época quando queriam se livrar de ninhadas de gatos ou do gato adulto que já não era mais tão bonitinho colocavam em um saco e deixavam no lugar mais longe possível para que não consegu