Capítulo 2

Capítulo 2

Max entrou em sua sala pisando duro, cada passo refletindo a irritação que o consumia. O dia mal havia começado, e antes mesmo de pôr os pés em seu escritório, Júnior já o confrontava no saguão, atormentando sua mente com problemas legais que precisavam ser resolvidos. No entanto, por mais que esses assuntos fossem importantes, a maior parte de sua irritação não se devia a isso. Era algo mais profundo, algo que ele ainda estava tentando processar, o que sentiu ao ver aquela jovem ruiva.

Ela tinha que ser uma das modelos da FashionTech Colt, pensou. A empresa tinha uma política rígida em relação à seleção de modelos, e todas eram extraordinariamente belas. Muitas delas tiravam o fôlego dos funcionários, que tentavam, na maioria das vezes, disfarçar o interesse. Mas alguns não resistiam e acabavam se envolvendo, com resultados variados, alguns com sucesso, outros completamente ignorados.

Max não queria ser um desses homens. Ele nunca temeu se apaixonar, isso só havia acontecido uma vez em sua vida, com a mãe de seu filho, Daniel. "Que Deus a tenha", pensou brevemente. Desde então, ele se fechou para o amor, preferindo focar nos negócios, onde tinha o controle absoluto.

Mas aquela mulher... A ruiva que cruzou o saguão da empresa com uma confiança que o desarmou completamente. Ela fez com que ele perdesse toda a estabilidade que cultivou ao longo dos anos, e o pior de tudo: ele estava à beira de ceder ao impulso irracional de ir até a sala de ensaio para procurá-la.

Max entrou na sala, ainda absorto em seus pensamentos, e passou direto por sua secretária sem cumprimentá-la. Alice, uma mulher impecável, sempre havia sido atenciosa e eficiente, e sua beleza era inegável.

Max sabia que ela tinha interesse nele, era óbvio pelos olhares e pelos gestos sutis. Ele a admirava por ser persistente, mas ao mesmo tempo, por não sufocá-lo com esse interesse. No entanto, por mais bonita que fosse, Alice nunca despertou nele o que aquela mulher ruiva conseguiu em um instante.

— Senhor Colt? — a voz de Alice o trouxe de volta ao presente.

— Sim, Alice — respondeu ele, sem olhar para ela, enquanto se sentava e observava a mesa. Estava coberta por uma quantidade exorbitante de papéis e cartas, todos meticulosamente organizados, mas ainda assim intimidadores. Max sabia que ficaria o dia todo ocupado com aquilo, sem contar as reuniões agendadas. Estava considerando almoçar no refeitório da empresa ou até mesmo em sua sala, só para não perder tempo.

— Eu trouxe os documentos que o senhor solicitou para a reunião das duas horas. Precisa de algo mais?

Max acenou, um gesto breve e automático, ainda sem desviar o olhar da pilha de papéis à sua frente. Mas, por mais que tentasse se concentrar no trabalho, sua mente vagava de volta para a jovem ruiva. Ela o desestabilizou de uma maneira que ele não conseguia ignorar, e o pensamento de que poderia estar ali, em algum lugar do prédio, o deixava inquieto.

— Senhor Colt, está tudo bem? — perguntou Alice, agora com uma ponta de preocupação na voz.

— Sim, está — respondeu, mais bruscamente do que pretendia. Ele sabia que estava mentindo para si mesmo. Não estava nada bem.

Finalmente, Max tomou uma decisão. Ele se levantou de repente, os olhos fixos na porta. Alice o observou com curiosidade e uma pitada de surpresa.

— Preciso verificar algo, volto em breve — disse ele, saindo rapidamente da sala sem dar mais explicações.

Caminhou com passos largos pelos corredores, ignorando as saudações dos funcionários. Sentia o coração bater acelerado no peito, como se estivesse prestes a fazer algo proibido. E, de certa forma, estava. O Max de sempre jamais teria se permitido ser guiado por um impulso tão irracional, mas aquele dia estava sendo tudo menos comum.

Ao chegar à área de ensaios, Max parou na porta. Pôde ouvir a música suave que tocava lá dentro, uma melodia envolvente que combinava perfeitamente com o ambiente. Inspirou fundo e, com uma determinação que há poucos minutos não tinha, empurrou a porta e entrou.

Seus olhos foram imediatamente atraídos para o centro da sala. Lá estava ela. A ruiva, agora vestida com um minúsculo biquíni que deixava muito pouco para a imaginação, desfilava pela passarela com uma graça hipnotizante. O coração de Max deu um salto, e ele sentiu o sangue ferver em suas veias.

Ela não era apenas bonita; era absolutamente estonteante. O biquíni realçava cada curva de seu corpo, e o modo como se movia, com uma confiança quase predatória, o deixou completamente desarmado. Max, que sempre se orgulhara de seu autocontrole, sentiu-se pela primeira vez em muito tempo à mercê de um desejo avassalador.

Ele tentou se afastar, dar meia-volta e sair dali antes que fizesse algo de que pudesse se arrepender, mas seus pés pareciam presos ao chão. Os olhos não conseguiam se desviar dela, e ele a observou, fascinado, enquanto ela terminava o desfile.

Quando ela finalmente chegou ao final da passarela e se virou, seus olhares se encontraram mais uma vez. E naquele momento, Max soube. Soube que estava completamente perdido.

Antes que ela saísse de cena, ele perguntou ao coordenador que estava por perto, com um tom que não deixava espaço para questionamentos:

— Qual é o nome dela?

O coordenador, sem saber o que se passava na cabeça do poderoso CEO, respondeu de imediato:

— Natasha. Natasha Miller, senhor.

Maximilian Colt sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Natasha. Agora ele tinha um nome para a mulher que o deixara completamente desnorteado. E sabia, com uma certeza perturbadora, que esse não seria o último encontro dos dois.

Natasha Miller. O nome reverberou na mente de Max como uma melodia perigosa, uma que ele sabia que não conseguiria tirar da cabeça tão cedo. Ele observou cada movimento dela, enquanto ela se preparava para sair da passarela. A confiança com que ela desfilava agora se estendia para fora do palco, e ele sabia que estava vendo uma mulher que dominava o ambiente ao seu redor.

Quando Natasha terminou o desfile, ela pegou uma toalha que estava próxima, enxugou delicadamente o suor do pescoço, e se preparou para sair da sala. Max, ainda paralisado no lugar, sentiu seu corpo reagir involuntariamente ao que seus olhos viam.

Ela passou por ele, não sem antes lançar um breve olhar de canto, como se soubesse exatamente o efeito que tinha sobre ele. E então, como se para selar o momento, Natasha começou a caminhar em direção à porta, seus quadris se movendo em um ritmo que parecia desenhado para seduzir. Cada passo que ela dava, cada rebolado sutil de seu traseiro perfeito, fazia o coração de Max martelar mais forte.

Ele se sentiu completamente desnorteado, como se a gravidade tivesse mudado, e a única coisa que o mantinha ancorado na realidade fosse ela. Max tentou manter a compostura, mas a maneira como o corpo dela se movia, a forma como o tecido do biquíni abraçava suas curvas, o fez novamente afrouxar a gravata. Era como se o ar na sala tivesse ficado subitamente denso, sufocante.

Natasha saiu da sala, deixando um rastro de perfume e uma tensão palpável no ar. Quando a porta se fechou atrás dela, Max ainda estava ali, incapaz de se mover, sua mente dominada pelo desejo e pela confusão. Ele sabia que aquilo era perigoso, mas o que não sabia era como sair dessa teia na qual havia se enredado tão rapidamente.

E, no fundo, parte dele nem queria sair.

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