Parte 151...MarcoQuando eu disse isso, a expressão dele mudou. Creio que o velho está ciente que não tem uma bobinha dentro de sua casa. Mas Don Alfredo sempre foi um homem esperto, faz grandes negócios. Ele sabe bem quem está por baixo de suas asas, só precisa ser lembrado disso.— Muito bem, Marco... Fale logo - estalou os dedos e um dos homens se aproximou — Vá até minha filha e diga que venha até aqui. Se ela não quiser vir, traga-a nem que seja pelo cabelo.Paola me olhou e fez uma cara de quem não gostou, mas fiz sinal para que mantivesse a boca fechada.Fiz um resumo do que Marcello me contou sobre o acordo por baixo dos panos entre ele e Carolina. O velho chegou a ficar vermelho. Não escondi detalhes e quero mesmo que fique com raiva da sujeira da filha, assim como eu de Marcello. Os dois precisam ser punidos.— Sua filha estava com a ideia de usar meu nome e minha influência para tirar seu poder e dominar tudo, tendo ela como a cabeça da máfia Los Reyes, é claro. Marcello e
Parte 152...MarcoEu tinha uma ideia, mas não sabia que Carolina poderia ser tão fria dessa forma. Até eu me enganei, achando que era apenas mais uma fútil que gostava da posição que tinha. Porém, Carolina tinha planos maiores. — Você vai se casar Carolina... Mas será com outro e vai ficar em observação a partir de agora - o pai apontou o dedo para ela.— Eu não vou me casar com outro! - ela gritou abrindo os braços — Eu não sou menor de idade, não pode mandar em mim.Outro tapa e outra queda. A humilhação só aumentava. Ela olhou para mim com ódio, dava quase para sentir. Sentou tirando o cabelo dos olhos e respirou fundo várias vezes, tentando controlar a irritação.Não vou dizer que achei ruim, ao contrário.— E ainda me deve, Carolina - eu disse e me aproximei.— Não devo nada a você, Marco!— É claro que me deve - me abaixei — O que achou que eu iria fazer, quando descobrisse o que fez com Isabela?— Não fale o nome daquela puta em minha casa! - começou a espernegar e gritar — T
Parte 153...MarcoPaola me olhava com uma pergunta expressa no ar. Quando entramos no avião eu expliquei a ela que levaria Eduardo e o juiz já para realizar o casamento de Carolina.E possivelmente, o dela também!— Eu não vou me casar com esse aí! - Carolina apontou o dedo para Eduardo.— Você vai e depois irá direto para sua nova casa - Don Alfredo a agarrou pelo braço — E quando eu precisar de você, aí sim terá permissão de sair de lá, acompanhada.— Eu não vou morar com ele - tentou puxar o braço — Não vou... Não pode me obrigar!— Já estou fazendo isso, filha minha - fez um gesto com os dedos e os seguranças a seguraram pelos braços — Você... Venha logo, vamos começar logo com isso.Estava claro que o velho não estava nada feliz com o que descobriu da própria filha, mas não o culpo. Pra mim foi péssimo ter sido traído pelos meus homens, o que dirá por sua filha.Pelo menos ela se dê por feliz que eu estou conseguindo resolver, sem precisar dar a lição definitiva que ela merece.
Parte 154...Marco— Ótimo! - Don Alfredo bateu as mãos e os dois que haviam segurado Carolina a levaram para fora entre gritos e chutes — Agora os dois... Pode continuar, rápido! - fez um gesto com a mão para o juiz.Paola ficou ao lado de Adrian e depois das poucas palavras do juiz, apenas para constar que a cerimônia foi seguida, os dois assinaram o livro, assim como Carolina e Eduardo antes.— Pronto, está feito. Agora se me dá licença, Don Alfredo, tenho que continuar com meus negócios. Espero que Carolina não seja mais um problema para mim - olhei para Eduardo que esperava no canto. Era até engraçado. Parecia que era um menino esperando o pai mandar que fizesse alguma coisa — Eduardo vai ficar aqui por um tempo até que seu contador repasse a ele as informações necessárias para as entregas. Depois ele voltará para Roma.— Está bem... Entendo... - ele olhou para Paola — E sua irmã, ficará aqui conosco?— Ficar aqui, não... Vou voltar com meu irmão para Roma - ela deu de ombro — As
Parte 155...MarcoAgora o escritório estava em silêncio. Acabei dando uns gritos para que me fizesse entender pelos soldados que estavam fazendo uma entrega perigosa no porto de Miami.Agora que Roberto tinha passado informações importantes para a polícia de Miami, nós tivemos que mudar muita coisa, mas ainda assim estamos tendo problemas.Mais um motivo para que eu não aceite a traição de Marcello, já que ele sabia que o filho estava fazendo isso e ainda levando uma bom pagamento por trás.Bateram na porta e Paola entrou, com uma cara séria e parecendo determinada. Já sei o que ela quer.— Se veio reclamar de ter se casado, você poderia ter dito que não - ergui a mão — Agora está feito e se eu ligar para desfazer isso, o velho é capaz de mandar alguém me matar, só de raiva - dei risada — Ou então mandar que eu enviei você para ficar com Carolina.— Deus me livre! - ergueu as sobrancelhas rindo — Prefiro ir para o inferno.— Então sobre o que é?— Sobre Isabela, é claro - ela puxou a
Parte 156...Marco— Eu nunca pude ser um homem comum, Paola. Desde pequeno eu já sabia disso.Ela tocou meu rosto com carinho.— Mas você pode ser um homem comum para sua vida pessoal, não tem que ser esse Don que manda em todos, que grita e manda fazer atrocidades. Pode ter os dois lados.Eu concordei com a cabeça. No passado já tinha pensado nisso, mas não consegui. As coisas sempre são mais complicadas do que o normal para mim. Minha vida é cheia de atribulações e situações malucas.— Que tal começar fazendo isso agora? - eu franzi os olhos e me abaixei — Não force Isabela a voltar com você... Deixe que ela decida, mas evite manipular a mente dela também - eu fechei a cara — Marco, eu sei que você faz isso... Eu conheço bem o irmão que tenho. Não é porque eu te amo, que não vou ver seus defeitos.— Eu não tenho defeitos - forcei um bico.— Ah, não... - ela riu alto — Você é o único homem do mundo que nasceu perfeito.Rimos juntos e eu a abracei apertado. Sentia falta disso, de nos
Parte 157...Marco* Marco *Com o que tive que resolver antes de sairmos, quando chegamos ao local do castelo as estrelas já estavam altas no céu. Procuramos um local que fosse adequado para mim, já que Paola insistia que eu deveria esperar e deixar que ela fosse sozinha ao castelo para encontrar com Isabela. Aceitei, mesmo achando que eu poderia muito bem esperar dentro do carro.Encontramos um hotel pequeno, mas que parecia acolhedor e entramos para conferir. Seria um bom lugar para aguardar, pelo menos a acomodação era boa.— Assim que você chegar me avise - eu disse com ansiedade e determinação — Sabe que cada minuto conta e fico mais estressado.— Confie em mim - ela segurou meu ombro — Você já teve muitos aborrecimentos. Eu vou até lá e espero que ela queira me receber - fiz uma cara de descaso — Claro que tenho que aceitar se ela não quiser me ver, não é Marco - fez um bico — Eu não posso forçar minha presença agora e sabe-se lá o que as amigas falaram a ela sobre mim, quando
Parte 158...IsabelaEu não estava muito certa de como receber a irmã de Marco, depois do que as meninas me contaram, sobre ela ter ido vigiar o apartamento, depois que eu supostamente morri.Ela deve ser como o irmão, manipuladora. Quando entrei na biblioteca, ela estava sentada em uma poltrona perto das portas abertas que davam para o jardim lateral. Quando ela me ouviu entrar, ficou de pé. Parecia nervosa.— Isabela... — Então você é a irmã de Marco - sentei na poltrona em frente dela — Sente-se... Eu não sou perigosa... Assim como a noiva de seu irmão.Eu soltei essa porque realmente me sinto magoada. Ainda me dói ter sido magoada dessa forma, como uma tonta, iludida por um homem que fingiu ser outra pessoa para mim.— Ela já não é mais noiva dele - voltou a sentar — Carolina se casou com outro. Meu irmão está livre do compromisso e pode ficar com você agora.Eu franzi a testa. Como pode isso?— Eu sei que você está machucada... De várias formas, por dentro e por fora... Mas não