Após a saída de Helga, Francisco olhou para Renatta e falou baixo:— Quer comer alguma coisa? Posso buscar pra você.— Não precisa, você deveria descansar um pouco. — Disse Renatta.— Tudo bem. Ah, lembrei: o Teatro da Cidade C vai ter uma apresentação. Consegui dois ingressos com um amigo. Quer ir comigo?A mão de Renatta, que estava repousada sobre a perna, se apertou levemente. Depois de um breve momento de hesitação, ela assentiu:— Claro, quando vai ser?— Na próxima sexta-feira. Passo para te buscar, e aproveitamos para jantar juntos.— Tá bom.Enquanto conversavam, as luzes da sala de eventos subitamente se apagaram. Em seguida, um facho de luz iluminou o palco, revelando uma mulher de vestido longo azul-claro, que caminhou lentamente até o centro da cena. Ela tinha um porte elegante, traços faciais impecáveis e um sorriso autoconfiante que a tornava irresistível.Ao se posicionar diante do microfone, ela sorriu ligeiramente:— Boa noite a todos. Sou Larissa. Agradeço a presença
Com o final da fala de Ian, as pessoas ao redor deram sorrisos irônicos. Afinal, antes, quando Lorenzo ainda era presidente do Grupo Marques, sua personalidade distante já tinha desagradado muitos; agora, todos queriam aproveitar a oportunidade para pisar nele enquanto estava em baixa.Lorenzo olhou para o copo de bebida que Ian lhe oferecia com uma expressão impassível, sem demonstrar qualquer reação. Ele havia marcado com Ian em outra sala reservada, mas o garçom o trouxe para a festa de aniversário de Larissa, obviamente sob ordens de Ian, que claramente queria humilhá-lo publicamente.Ao ver que Lorenzo não pegava o copo, os olhos de Ian brilharam com uma ponta de irritação, e ele resmungou em um tom frio: — Lorenzo, eu te chamei de "Sr. Lorenzo" por consideração, mas não pense que pode se dar ao luxo de me desrespeitar. Hoje, você vai beber isso de qualquer jeito, a menos que não queira continuar em Cidade C!— Já que Sr. Ian não tem interesse em cooperar, vou me retirar. — Diss
Ao verem que era Renatta, todos ao redor ficaram surpresos. Ian, suando de dor, cerrou os dentes e sibilou: — Renatta, como ousa fazer isso comigo? Não vou deixar isso passar!Mas Renatta nem lhe deu atenção e se virou para oferecer um lenço a Lorenzo:— Enxugue-se. Lorenzo pegou o lenço: — Obrigado. — De nada. Renatta então olhou para Ian com um semblante frio e disse: — Só porque abriu uma empresinha já acha que pode agir com arrogância? Não precisa me ameaçar; pode me processar. A partir de agora, o Grupo Borges e o Grupo Pires não têm mais nenhuma parceria. Ian soltou uma risada sarcástica:— Quem você pensa que é? Não passa de uma filha adotiva da família Borges! A família Borges jamais encerraria a parceria com o Grupo Pires por sua causa! — É mesmo? Então posso te informar que, de fato, o Grupo Borges não terá mais nenhuma ligação com o Grupo Pires. Uma voz gelada ecoou da entrada, e o rosto de Ian empalideceu ainda mais ao ver quem era. — Sr. Filipe... como p
No rosto de Larissa não havia sinal de descontentamento com uma voz suave, ela disse: — Que tal trocar, só por precaução? Afinal, aconteceu algo assim na minha festa de aniversário, e me sinto um pouco culpada. Lorenzo franziu a testa:— Realmente, não é necessário. Agradeço pela gentileza, Srta. Larissa. Dizendo isso, Lorenzo olhou diretamente para Renatta:— Obrigado por hoje. Ao encontrar o olhar de Lorenzo, Renatta percebeu uma leve suavidade em seus olhos, e Larissa, ao notar isso, teve um brilho momentâneo no olhar, enquanto suas mãos, ao lado do corpo, se contraíam involuntariamente. — Fiz o que precisava ser feito. Afinal, foi por ajudar a família Borges que você deu a Abelo a oportunidade de fazer isso. — Respondeu Renatta. Lorenzo sentiu uma pontada de tristeza. Ele acreditava que Renatta o ajudara por ainda nutrir algum sentimento por ele, mas agora percebia que tudo não passara de uma ilusão de sua parte. — Tenho alguns compromissos. Vou indo. — Disse Lorenzo.
As mãos de Renatta apertaram o volante involuntariamente. Ela sabia que esse momento chegaria, mas, ao ouvir as palavras de Francisco, sentiu uma ponta de hesitação em seu coração:— Essa questão... Deixa eu pensar um pouco, está bem? Sinto que está indo rápido demais. Além disso, o Grupo Borges ainda tem muitas pendências, e, no momento, não consigo focar nisso... Francisco ficou em silêncio, e a quietude preencheu o carro. Só quando pararam em frente à casa da família Pereira, ele se virou para encará-la:— Você acha que está rápido demais ou nunca pensou realmente em um futuro comigo? Renatta franziu o cenho, levantando o olhar para encarar os olhos questionadores de Francisco:— Nosso noivado foi muito repentino... Na época, achei que sua perna não fosse se recuperar e que o noivado facilitaria meu cuidado com você, mas agora... Antes que pudesse terminar a frase, Francisco a interrompeu diretamente:— Agora que estou bem, você não quer dar um passo adiante, é isso? — Não é
Renatta mordeu o lábio, indecisa:— Eu também não sei... mas é uma espécie de intuição. Além disso, se eu não investigar isso agora, provavelmente sempre vou ter essa desconfiança em relação a ele. Seria bom se pudéssemos eliminar qualquer suspeita.— Entendi. Vou designar alguém para investigar o Francisco. — Disse Filipe, fazendo uma pausa antes de continuar. — Renatta, se não há confiança entre vocês, mesmo que acabem se casando, dificilmente vão durar. Casamento é para a vida toda; você precisa ter certeza disso.— Eu sei. — Respondeu Renatta, suspirando.Após encerrar a ligação, Renatta soltou um suspiro pesado. Se realmente ficasse comprovado que Francisco não tinha nada a ver com o desaparecimento de Fabíola, ela poderia dar uma chance para os dois e ver até onde poderiam chegar.Ao ver as horas, percebeu que já não conseguiria voltar a dormir. Levantou-se, lavou o rosto e foi preparar o café da manhã. Enquanto comia, uma manchete de entretenimento chamou sua atenção:[Grupo Pir
Renatta ficou surpresa por um instante, mas logo franziu a testa:— Ela é a herdeira da família Cabral. Como poderia se apaixonar por um homem à primeira vista?Quanto mais poderosa a família, mais rígida a criação dos filhos e maior o foco nos interesses. Embora o amor impulsivo exista para pessoas assim, Larissa não parecia o tipo que agiria por impulso, muito menos se apaixonaria de forma tão escancarada por um homem depois de uma noite.Além disso, Lorenzo já não era mais o presidente do Grupo Marques. Se Larissa realmente estivesse interessada nele, a família Cabral jamais aprovaria a união. E, conhecendo a personalidade de Larissa, ela certamente não faria algo assim tão público, a não ser que houvesse algo de valor por trás disso.Provavelmente, a única coisa que Lorenzo poderia oferecer para despertar o interesse de Larissa era o fato de ser o filho legítimo de Lertino.Pensando nisso, Renatta olhou para Filipe e disse:— Parece que a família Cabral pretende se aliar à família
O sorriso no rosto de Larissa congelou, e por um instante ela pareceu desconfortável, mas logo recuperou a compostura:— Sr. Lorenzo, como você sabe que não vai gostar de mim? Justamente porque adoro desafios impossíveis, vamos fazer uma aposta. Você vai acabar se apaixonando por mim!Lorenzo lançou-lhe um olhar frio:— Ter confiança é bom, mas excesso de confiança… é pura tolice.O sorriso de Larissa se aprofundou:— Sr. Lorenzo, está com medo de apostar comigo?— Só acho desnecessário. Agora, pode se retirar.Era evidente que Larissa tinha um propósito específico. Aproximar-se dele não passava de uma estratégia para usar a influência da família Amorim e rapidamente consolidar sua posição em Cidade C. Porém, com o poder da família Cabral, ela certamente reconquistaria seu espaço mais cedo ou mais tarde, ainda que levasse um pouco mais de tempo. Então, por que tanta pressa?Percebendo sua resistência, Larissa deu uma risadinha e se levantou:— Sr. Lorenzo, de verdade, acredito que serí