Renatta manteve uma expressão serena enquanto se aproximava da mesa de centro e abria a caixa. Dentro, havia um longo vestido de seda verde-claro, tomara que caia, com uma rosa de seda verde bordada no lado esquerdo do busto. Pétalas feitas de pequenos cristais brilhavam como gotas de orvalho, dando à flor uma aparência vívida.— Esse vestido é lindo! Você vai ficar maravilhosa com ele. Já até pensei no penteado que combina. — Exclamou Helga, empolgada.Percebendo que Renatta parecia pouco animada, Helga franziu o cenho:— O que foi? Não gostou do vestido?— É bonito.— Então, você não gosta de quem mandou?Renatta colocou o vestido de volta na caixa, lançando um olhar irritado para Helga:— Para de adivinhar coisas. Só estou de mau humor porque você me acordou cedo demais.Helga ficou sem palavras por um instante, olhando-a meio sem graça.— Vou preparar algo para o café. Quer? — Perguntou Renatta.Renatta já estava a caminho da cozinha, e Helga apressou-se para acompanhá-la:— Claro!
— Ouvi dizer que abriu um restaurante de frutos do mar ali na Rua do Sul. Vamos comer uma paella? — Sugeriu Helga.— Vamos. — Concordou Renatta.Assim que chegaram à entrada do restaurante, encontraram Abelo. Ele estava acompanhado de uma mulher jovem e encantadora, e os dois conversavam alegremente, mostrando bastante intimidade. Renatta lançou um olhar para Helga, mas ela manteve o rosto impassível.— Vamos entrar. — Disse Helga.Helga agiu como se nem tivesse visto Abelo, puxando Renatta até uma mesa e sentando-se sem cerimônia. Assim que se acomodaram, Helga pegou o cardápio e, sem hesitar, pediu vários pratos. Só então passou o cardápio para Renatta:— Veja o que quer comer.Renatta observou o rosto da amiga e perguntou em voz baixa:— Está tudo bem?Helga a olhou com expressão de dúvida:— Por que não estaria? Não me diga que está falando do Abelo?— Sim.— Eu e ele não temos mais nada a ver há tempos. Achei estranho você ficar me olhando daquele jeito... até pensei que meu rímel
Percebendo os olhares de muitos homens recaírem sobre ela na sala de festas, Helga esboçou um leve sorriso e entrou com naturalidade. Assim que se sentaram, um homem veio cumprimentá-la:— Srta. Helga, esta noite está tão deslumbrante que quase não a reconheci.Helga ergueu as sobrancelhas e pegou a taça de vinho que ele lhe entregava, dando um gole suave:— Sr. Rosário, troca de companhia todo dia. Aposto que já perdeu a conta e mal se lembra de como eu sou.Rosário riu:— A Srta. Helga me faz uma injustiça. Nenhuma daquelas mulheres chega aos seus pés.Helga esboçou um sorriso, mas seu olhar era distante e despreocupado:— Se não me engano, quando entrei, o senhor estava com uma beldade ao lado. Se ela ouvir isso, com certeza ficará magoada.— Apenas uma acompanhante. Não significa nada. Será que tenho a honra de lhe pedir uma dança?— Claro.Helga pousou a taça, levantou-se e pegou a mão de Rosário, seguindo com ele para o centro da pista.Assim que a música acabou, Rosário se afast
Após a saída de Helga, Francisco olhou para Renatta e falou baixo:— Quer comer alguma coisa? Posso buscar pra você.— Não precisa, você deveria descansar um pouco. — Disse Renatta.— Tudo bem. Ah, lembrei: o Teatro da Cidade C vai ter uma apresentação. Consegui dois ingressos com um amigo. Quer ir comigo?A mão de Renatta, que estava repousada sobre a perna, se apertou levemente. Depois de um breve momento de hesitação, ela assentiu:— Claro, quando vai ser?— Na próxima sexta-feira. Passo para te buscar, e aproveitamos para jantar juntos.— Tá bom.Enquanto conversavam, as luzes da sala de eventos subitamente se apagaram. Em seguida, um facho de luz iluminou o palco, revelando uma mulher de vestido longo azul-claro, que caminhou lentamente até o centro da cena. Ela tinha um porte elegante, traços faciais impecáveis e um sorriso autoconfiante que a tornava irresistível.Ao se posicionar diante do microfone, ela sorriu ligeiramente:— Boa noite a todos. Sou Larissa. Agradeço a presença
Com o final da fala de Ian, as pessoas ao redor deram sorrisos irônicos. Afinal, antes, quando Lorenzo ainda era presidente do Grupo Marques, sua personalidade distante já tinha desagradado muitos; agora, todos queriam aproveitar a oportunidade para pisar nele enquanto estava em baixa.Lorenzo olhou para o copo de bebida que Ian lhe oferecia com uma expressão impassível, sem demonstrar qualquer reação. Ele havia marcado com Ian em outra sala reservada, mas o garçom o trouxe para a festa de aniversário de Larissa, obviamente sob ordens de Ian, que claramente queria humilhá-lo publicamente.Ao ver que Lorenzo não pegava o copo, os olhos de Ian brilharam com uma ponta de irritação, e ele resmungou em um tom frio: — Lorenzo, eu te chamei de "Sr. Lorenzo" por consideração, mas não pense que pode se dar ao luxo de me desrespeitar. Hoje, você vai beber isso de qualquer jeito, a menos que não queira continuar em Cidade C!— Já que Sr. Ian não tem interesse em cooperar, vou me retirar. — Diss
Ao verem que era Renatta, todos ao redor ficaram surpresos. Ian, suando de dor, cerrou os dentes e sibilou: — Renatta, como ousa fazer isso comigo? Não vou deixar isso passar!Mas Renatta nem lhe deu atenção e se virou para oferecer um lenço a Lorenzo:— Enxugue-se. Lorenzo pegou o lenço: — Obrigado. — De nada. Renatta então olhou para Ian com um semblante frio e disse: — Só porque abriu uma empresinha já acha que pode agir com arrogância? Não precisa me ameaçar; pode me processar. A partir de agora, o Grupo Borges e o Grupo Pires não têm mais nenhuma parceria. Ian soltou uma risada sarcástica:— Quem você pensa que é? Não passa de uma filha adotiva da família Borges! A família Borges jamais encerraria a parceria com o Grupo Pires por sua causa! — É mesmo? Então posso te informar que, de fato, o Grupo Borges não terá mais nenhuma ligação com o Grupo Pires. Uma voz gelada ecoou da entrada, e o rosto de Ian empalideceu ainda mais ao ver quem era. — Sr. Filipe... como p
No rosto de Larissa não havia sinal de descontentamento com uma voz suave, ela disse: — Que tal trocar, só por precaução? Afinal, aconteceu algo assim na minha festa de aniversário, e me sinto um pouco culpada. Lorenzo franziu a testa:— Realmente, não é necessário. Agradeço pela gentileza, Srta. Larissa. Dizendo isso, Lorenzo olhou diretamente para Renatta:— Obrigado por hoje. Ao encontrar o olhar de Lorenzo, Renatta percebeu uma leve suavidade em seus olhos, e Larissa, ao notar isso, teve um brilho momentâneo no olhar, enquanto suas mãos, ao lado do corpo, se contraíam involuntariamente. — Fiz o que precisava ser feito. Afinal, foi por ajudar a família Borges que você deu a Abelo a oportunidade de fazer isso. — Respondeu Renatta. Lorenzo sentiu uma pontada de tristeza. Ele acreditava que Renatta o ajudara por ainda nutrir algum sentimento por ele, mas agora percebia que tudo não passara de uma ilusão de sua parte. — Tenho alguns compromissos. Vou indo. — Disse Lorenzo.
As mãos de Renatta apertaram o volante involuntariamente. Ela sabia que esse momento chegaria, mas, ao ouvir as palavras de Francisco, sentiu uma ponta de hesitação em seu coração:— Essa questão... Deixa eu pensar um pouco, está bem? Sinto que está indo rápido demais. Além disso, o Grupo Borges ainda tem muitas pendências, e, no momento, não consigo focar nisso... Francisco ficou em silêncio, e a quietude preencheu o carro. Só quando pararam em frente à casa da família Pereira, ele se virou para encará-la:— Você acha que está rápido demais ou nunca pensou realmente em um futuro comigo? Renatta franziu o cenho, levantando o olhar para encarar os olhos questionadores de Francisco:— Nosso noivado foi muito repentino... Na época, achei que sua perna não fosse se recuperar e que o noivado facilitaria meu cuidado com você, mas agora... Antes que pudesse terminar a frase, Francisco a interrompeu diretamente:— Agora que estou bem, você não quer dar um passo adiante, é isso? — Não é