— Mestre Abelo, o que faremos agora? — Perguntou Naro.Ao encontrar o olhar inseguro de Naro, Abelo permaneceu em silêncio por um momento e depois falou em tom baixo:— Desta vez, Alberto encontrou as provas e ainda as entregou à polícia. Receio que não poderei te proteger.Nos últimos anos, Naro esteve sempre ao lado de Abelo. Apesar da relação de chefe e subordinado, eles se tratavam como irmãos. Abelo cuidava dele melhor do que do próprio irmão, Adam. Durante o período em que Abelo esteve em coma após o acidente, foi Naro quem permaneceu fielmente ao seu lado, esperando por seu despertar.Naro ficou surpreso por um instante, mas logo balançou a cabeça e disse:— Mestre Abelo, desde o dia em que comecei a seguir você, eu já estava preparado para sacrificar a minha vida. Dessa vez, eu assumo toda a culpa para salvar a família Timelo. Não tenho medo da prisão. Mesmo que eu morra lá dentro, não terei arrependimentos.Os dedos de Abelo se apertaram em torno dos documentos que segurava. D
Ao ver a expressão calma de Alberto, Abelo finalmente deixou cair sua máscara de hipocrisia, e seu olhar para Alberto se tornou sombrio e frio:— Alberto, não precisa bancar o santo. Na época em que a família Timelo foi expulsa de Cidade C, a sua família Borges teve grande participação nisso.— Eu admito. — Respondeu Alberto, mantendo os olhos fixos nele, sem qualquer sinal de arrependimento, apenas tranquilidade. — Não sinto que devo nada à família Timelo. O que aconteceu com eles foi consequência dos próprios atos. Pode dizer ao Figgo que, se ele apenas deseja que a família Timelo volte para Cidade C, serei o primeiro a apoiar. Mas se a intenção dele é virar tudo de cabeça para baixo, não ficarei de braços cruzados!Alberto se levantou e foi embora imediatamente após dizer isso. Só quando o café sobre a mesa já estava frio, Abelo pegou a xícara e tomou de um só gole, levantando-se em seguida. Seus olhos refletiam insatisfação e raiva. A família Timelo, desprezada por todos, foi forç
Percebendo o tom de cobrança na voz de Figgo, o olhar de Abelo ficou ainda mais frio.— Desta vez foi só um imprevisto. Na próxima, eu farei um plano perfeito. — Explicou Abelo.Se não fosse por aquele acidente de carro que o deixou em coma por tanto tempo, esse plano já teria sido executado há tempos, e Alberto não teria encontrado nada.— Eu sempre confiei na sua capacidade, espero que não me decepcione. — Disse Figgo.Abelo soltou uma risada sarcástica:— Pai, seu segundo filho e o bastardo já estão mortos. Agora, mesmo que você tentasse ter outro herdeiro para a família Timelo, já seria tarde demais. De agora em diante, não preciso de seus conselhos sobre o que devo ou não fazer. Se acha que estou errado, faça você mesmo.Figgo franziu a testa, sua voz soando ainda mais fria:— O que você quer dizer com isso? Eu sou seu pai. Será que eu não tenho o direito de lhe dar um conselho? Não pense que só porque você foi para Cidade C, eu não tenho mais controle sobre você.— Claro que não.
Finalmente, a pessoa do outro lado da linha falou:— Helga, estou com saudade de você.A voz de Abelo soou rouca, com a última palavra carregando um tom levemente suplicante. Por um breve instante, Helga teve a impressão de que voltara aos tempos em que estavam apaixonados. Mas foi só uma ilusão.Um traço de sarcasmo passou pelo olhar de Helga, enquanto ela respondia com uma calma gélida:— Abelo, você não está com saudade de mim. Você só está de mau humor agora e precisa de alguém para te fazer companhia, nada mais.Dizendo isso, desligou o telefone sem hesitar. Ela não queria mais se envolver naquele jogo. Além disso, tudo o que ele fizera pelas costas a fez perceber que nunca o conheceu de verdade, e agora ele lhe causava medo.Logo, o celular tocou de novo com o nome de Abelo na tela. Helga não atendeu, apenas observou a chamada cair com um olhar impassível.Após três tentativas, o celular parou de tocar.Helga deu uma risadinha amarga, pensando consigo mesma que já esperava por is
— Você realmente... não sente mais nada por mim? — Perguntou Abelo.Nos olhos de Helga passou um brilho de impaciência:— Você teria algum sentimento por alguém que não se importa com os outros e ainda usa os projetos da empresa para fazer ameaças?Nos olhos de Abelo surgiu um olhar triste:— Eu só... queria te ver de novo...— Mas esse seu jeito só me dá repulsa. E nem venha dizer que se importa comigo. Se você realmente se importasse, aquele dia em que fiquei esperando por você debaixo de uma nevasca na porta da família Timelo, você não teria me deixado lá sem a menor consideração. Quando eu te implorei para poupar o Grupo Borges, por que você me negou sem pensar duas vezes? Você só quer me ver agora porque o Naro foi preso, e não tem mais ninguém que possa te confortar, então lembrou de mim.— O seu “sentimento” só me dá nojo. Se pudesse voltar no tempo, eu jamais me apaixonaria por você de novo!Abelo abaixou o olhar e, depois de um longo silêncio, soltou uma risada amarga:— Então
Lígia balançou a cabeça, mas logo sorriu e entregou a boneca que tinha nos braços para Renatta:— Já que você é minha amiga, venha brincar comigo.Enquanto falava, Lígia pegou outra boneca que estava em cima da cama e exclamou, sorrindo:— Vamos trocar a roupa das bonecas!— Claro.Os olhos de Renatta se encheram de lágrimas novamente, e Lígia, parecendo perceber, virou-se para ela:— Por que você está chorando? Não quer brincar com esse jogo? Que jogo você quer jogar? Eu brinco com você! Não chore! Chorar não fica bem!Renatta secou as lágrimas e balançou a cabeça:— Não estou triste, estou feliz.Lígia ficou um momento confusa, como se não entendesse bem aquela resposta:— Não é para rir quando estamos felizes?— Sim, é para rir.Renatta respirou fundo, empurrando a tristeza para longe, e sorriu para Lígia:— Isso mesmo, quando estamos felizes, temos que sorrir!Lígia brincou por mais um tempo, mas logo começou a sentir sono. A babá, que havia ficado esperando, se aproximou:— Srta.
Lorenzo desligou o telefone e lançou um olhar sério para Renatta, dizendo:— Se a Lígia realmente foi hipnotizada, significa que ela deve ter descoberto algumas provas dos crimes da família Timelo. Por isso, eles mandaram alguém hipnotizá-la.Renatta assentiu com a cabeça:— Sim, mas pode ser que eu esteja errada.— De qualquer forma, é um caminho a seguir.Os olhos de Lorenzo estavam fixos nos de Renatta, e ela, um pouco desconcertada, desviou o olhar:— Já estou fora há muito tempo. Acho melhor eu voltar. Se tiver alguma novidade sobre a Lígia, me avise.— Claro, eu te acompanho até a saída.Os dois caminharam juntos até a porta, em silêncio. Quando chegaram à entrada da casa, Lorenzo falou devagar:— Tome cuidado.— Vou sim.Renatta entrou no carro e partiu. Lorenzo ficou ali, parado, observando o carro dela desaparecer ao longe antes de voltar para dentro da casa. Assim que se sentou no sofá, o celular tocou. Ao ver que era Lertino, seus olhos brilharam com um toque de frieza:— O
Parecendo não perceber a frieza de Renatta, a voz de Francisco, sempre com um tom amigável, voltou a soar:— Minhas pernas estão melhorando muito. Acho que em breve vou poder voltar para Cidade C.— Certo, avise-me com antecedência quando for voltar, assim eu te busco no aeroporto. —Respondeu Renatta.Houve um breve silêncio do outro lado, e então Francisco, com um tom cuidadoso, sugeriu:— Agora que a situação da família Borges está resolvida, será que você poderia vir ficar comigo um tempo? Se você estivesse por perto, acho que minha recuperação seria bem mais rápida.— Tenho estado bastante ocupada ultimamente. Vou pensar no caso.Mal terminou de falar, Francisco se apressou em responder:— Tudo bem, não precisa se preocupar. Se você realmente estiver muito atarefada, eu consigo me virar sozinho.Percebendo a decepção na voz dele, Renatta mordeu os lábios, sentindo um leve peso na consciência. Afinal, ainda não tinha certeza se o acidente tinha ou não relação com Francisco. Se, no f