A Maldição da Princesa de Gelo (definitiva)
A Maldição da Princesa de Gelo (definitiva)
Por: G Barrenha
Uma Notícia Inesperada

Ponto de vista de Neri Hofirman

Olá, meu nome é Neri Hofirman, atualmente sou o líder da família Hofirman e o responsável por proteger aquilo que os seres humanos chamariam de Mundo Mágico, ou Mundo Sobrenatural, um lugar cheio de magia, demônios, anjos, magos e criaturas que fazem parte da ficção que é existente somente em livros e filmes; um mundo onde até mesmo os contos de fadas e deuses mitológicos são reais.

Não pense você que eu nasci e cresci nesse mundo cheio de maravilhas e coisas fora do comum. Até o fim do ensino fundamental eu era apenas um garoto comum com cabelos arrepiados e grandes óculos retangulares; um garoto simples de quinze anos de idade que vive em uma cidadezinha no interior de um país de primeiro mundo... Pelo menos era o que eu pensava... Vamos que eu vou te contar a minha história!

Eu havia acabado de terminar o ensino fundamental em uma escola pública, não fazia nem mesmo dois meses desde que eu havia completado os meus 15 anos de idade. Aquele teria sido o aniversário mais entediante da minha vida, se não fosse pela minha melhor amiga, Elizabeth Neve, uma garota extrovertida, da mesma idade que a minha que eu conhecia desde os meus 7 anos. Ela era diferente, não somente pelo seu jeito otimista e extrovertido de ser, mas principalmente pelos seus cabelos tão brancos quanto à neve, o que dava mais força ao seu sobrenome, e seus olhos mais azuis e brilhantes do que as águas que são vistas no Caribe, ela parecia uma boneca de porcelana, com uma pele tão rosada quanto. Ela sempre estava comigo tentando deixar meu humor mais alegre e otimista, o que, na maioria das vezes, não dava certo.

Como eu dizia, se não fosse por ela meu aniversário de 15 anos teria sido o mais entediante da minha vida, ela me levou ao cinema, a uma lanchonete e de noite ainda fizemos uma maratona da minha saga de filmes favorita até às 5 da manhã, e como as férias haviam acabado de se iniciar, obviamente... Nós dois dormimos até bem mais tarde jogados no sofá de casa.

Aí você me pergunta: "Onde as suas famílias estiveram no seu aniversário?".

Para falar a verdade, eu não sei... Meus pais e minha irmã mais velha saíram um dia antes dizendo que "iriam resolver um problema que eles já deveriam ter resolvido há muito tempo" e só voltaram um dia depois do meu aniversário. Já a família da Elizabeth... Bom... Sua mãe morreu assim que deu à luz a ela, o pai dela está sempre viajando a trabalho e só volta para casa duas vezes por ano, e seu irmão mais velho... Bem, desde que completou os quinze anos, ele foi para uma escola que aparentemente só o permitia voltar para casa durante as férias. Faz cerca de cinco anos que ele estava lá, e só havia voltado para casa umas duas vezes apenas. E digamos que ele não gostava muito da Elizabeth, sempre que o via, ele estava a tratando como alguém "insignificante", sempre sendo frio e ignorante com ela, até mesmo quando ela era só uma criança pequena (o que fazia eu me sentir mal por ela sempre que isso acontecia).

Tirando nossas famílias, só temos um ao outro, o que faz com que passemos o tempo todo juntos.

Como eu dizia antes, eu já havia terminado o ensino fundamental, as férias de verão estavam quase acabando e a Elizabeth estava animada como sempre.

Era dois de fevereiro quando eu estava em minha casa, na sala de estar, tentando passar o meu tempo jogando videogame e a Elizabeth tentava me convencer de que seria legal acampar no meio de uma floresta próxima aos limites da cidade.

- Vaaaaai! Você tem que concordar comigo que esse cronograma que eu fiz é super legal! – Ela disse sentada ao meu lado enquanto segurava três folhas de caderno onde ela havia escrito aquilo que chamou de "Cronograma de Férias".

- Elizabeth - eu disse enquanto pausava o game que estava jogando e olhava para ela – Já estamos no fim das férias, não vai dar para fazer tudo o que está nessa lista! E mesmo que desse... Você sabe que sempre que tentamos fazer alguma coisa que já esteja programada, nunca dá certo...

- Ta! Eu sei ma-

- Nunca...

- Talv-

- Da...

- A gente po-

- Certo...

- E se-

- Nunca...

- Cala a boca e me escuta! - Ela reclamou enquanto se colocava de pé - Eu sinto que dessa vez vai dar certo!

- Você disse a mesma coisa nas últimas 5 vezes... - eu respondi com o maior "ânimo" que possuía naquele momento.

- Por que você é sempre tão pessimista?! - Ela disse desanimada enquanto se jogava no sofá ao meu lado e largava as folhas no chão.

Eu estava procurando uma resposta para a pergunta dela quando minha mãe entrou na sala, uma mulher de 35 anos de idade com uma estatura menor que a minha, com cabelos negros tão lisos quanto os da Elizabeth, sua pele era branca e seus olhos tão escuros quanto seus cabelos. Eu me parecia com ela, fisicamente claro, pois ela era tão otimista quanto à própria Elizabeth.

- Vocês não estão brigando, né? Sabem que eu não gosto disso - Sim, minha mãe ficava chateada toda vez que eu e a Elizabeth brigávamos, claro, não que isso houvesse ocorrido muitas vezes, talvez fosse porque ela sempre quis que nós dois ficássemos juntos (não apenas como amigos).

- Não mãe, não estamos brigando, só estava dizendo para a Eliza-

- Senhora Hofirman! - Elizabeth me interrompeu se colocando de pé - Tenta convencer o Neri que vai ser legal acampar!

- Seria bem legal - minha mãe disse concordando com ela.

- Isso! – Elizabeth comemora levantando os braços como sinal de vitória.

- Qual é mãe?! - Eu falei indignado enquanto me colocava de pé - Acampar?! Sério?! O mato é cheio de mosquitos, insetos e... Aranhas... - desde pequeno, eu não gostava de aranhas, mas parece que quanto mais velho eu ficava, mais esse "desgosto" crescia, ao ponto de se tornar um pavor fora do normal (PS: não tenho orgulho disso!).

- Essa é a sua chance de perder esse medo de aranha - minha mãe me respondeu.

- Não é medo! - Eu falei cruzando os braços - É só... Um desgosto...

- É, só um desgosto - disse Elizabeth contendo o riso.

A conhecia bem o suficiente para saber que ela havia se lembrado do dia que fomos a um parque e eu fiquei passando mal quando uma teia de aranha quase grudou no meu rosto.

- Você não presta, sabia? - Eu disse para ela a olhando com desaprovação.

- Aí! - Ela respondeu enquanto fingia uma dor no peito - Quase me importei com a sua opinião!

- Bom, já chega - minha mãe interrompeu a atuação dela - Só vim avisar que o jantar está pronto, não me intrometer no relacionamento de vocês - ela disse saindo em direção à cozinha com um leve sorriso no rosto.

- Mãe! - Eu reclamei desconfortável enquanto sentia o meu rosto queimar.

- Relacionamento?! – Elizabeth repetiu enquanto seu rosto ficava vermelho, e ao perceber que eu havia olhado para ela, rapidamente se virou, ficando de costas para mim.

- Mãe! – Mary, minha irmã mais velha, gritou enquanto descia as escadas de madeira que davam para o andar térreo da casa, onde estávamos. Minha irmã era sete anos mais velha, mas era do mesmo tamanho que eu, mas ao contrário de mim que se parecia com a nossa mãe, ela se parecia com o meu pai, com a pele negra e longos cabelos cacheados que chegavam em sua cintura - O jantar já está pronto?!

- Sim - eu respondi tentando me recompor.

- Pelo visto a mamãe já falou de vocês dois, não é? - Ela disse enquanto olhava para a Elizabeth, que tentava fingir estar tudo bem, mas continuava vermelha.

- Sim - Elizabeth respondeu sem graça - Mas não foi nada demais!

- Aham, claro - Mary riu enquanto colocava um de seus braços em volta dos ombros da Elizabeth a puxava para a cozinha - Vamos lá, hora do jantar!

Estávamos todos reunidos à mesa quase terminando de jantar, meus pais, eu, minha irmã e a Elizabeth. Antes de conhecer a Elizabeth, a mesa de jantar tinha apenas 4 cadeiras, mas depois do primeiro dia que ela jantou em casa, meus pais compraram uma mesa nova com 5 cadeiras ( o que eu achei desnecessário, já que podiam só ter pego outra cadeira), desde então, ela começou a tomar café, almoçar e jantar em casa todos os dias. Já almocei na casa dela a seu pedido em uma das vezes que seu irmão havia voltado para a casa durante as férias, mas ele parecia não ter gostado muito da ideia.

Estava tudo indo bem, as conversas estavam sendo bem-humoradas como sempre e, algumas vezes, até mesmo chatas quando o meu pai falava sobre esportes ou política, ele era um homem negro e alto, com cabelos bem curtos e, se assim posso dizer, meio "forte".

- Amanhã o pai da Elizabeth virá trazer uma notícia para vocês dois - meu pai disse rapidamente.

Aquela frase fez com que qualquer outro assunto que estivesse sendo falado na mesa fosse trocado por um silêncio extremamente desconfortável. Houve uma troca de olhares entre Elizabeth e eu.

- Meu... Pai? - Ela perguntou, parecia surpresa e ao mesmo tempo desnorteada com aquela informação repentina.

- O pai dela?! - Eu perguntei após quase ter me engasgado com um pedaço de carne que estava comendo - Faz mais de dois anos que ele não volta para casa! Achei até que ele tinha morrido- AI! - Não tinha me dado conta do que eu iria dizer até a Mary me dar um chute por baixo da mesa e apontar com a cabeça o estado em que a Elizabeth se encontrava - Ah... Quer dizer... Sobre o que ele quer conversar?

- Acho melhor deixar para conversar sobre isso amanhã quando ele chegar, não é? - Minha mãe interrompeu antes que algo mais fosse dito fora de hora (ela era muito boa nisso).

- Bom – Elizabeth disse em um tom que raramente ouvia saindo da sua boca - Se ele... Vai vir, então... É melhor eu voltar para casa.

- Nem pensar nisso! - Falei erguendo a voz, o que fez com que todos olhassem para mim, pude sentir meu rosto ficar vermelho de constrangimento.

- Neri tem razão - minha mãe disse suavemente enquanto colocava a mão sobre a cabeça da Elizabeth - Você vai dormir aqui hoje, está bem?

- Está bem... - ela disse enquanto sorria de maneira desajeitada.

- De qualquer forma ela teria que voltar para casa dela e pegar algumas roupas - minha irmã falou.

- Ela dorme tanto aqui que já falei para trazer algumas peças de roupa e deixar no meu guarda-roupa - eu disse para Mary, que começou a rir.

- Só falta vocês usarem um par de alianças de casamento, porque o mesmo guarda-roupa vocês já usam!

- Pai! - Eu reclamei - Olha a Mary!

- Fazer o que se é verdade - meu pai respondeu concordando com ela.

- Senhor Hofirman! – Elizabeth exclamou constrangida.

Quando terminamos de jantar, Elizabeth e eu fomos para o meu quarto, eu estava deitado no chão em um colchão e ela na minha cama. Normalmente quando ela dormia em casa minha mãe me fazia dormir no chão, ela dizia que era para eu ser o mais "cavalheiro" possível com a Elizabeth.

O quarto estava todo escuro, a não ser pela luz branca do luar que estava transpassando a cortina da janela, o que fazia com que os cabelos da Elizabeth brilhassem.

- Neri? - Me chamou Elizabeth bem baixinho, acho que ela pensou que eu talvez já houvesse adormecido.

- Eu... – Respondi em mesmo tom

- O que você acha que o meu pai vai falar para nós amanhã? - Seu tom de voz parecia preocupado, o que não me deixava muito feliz.

- Não faço a menor ideia... – respondi pensativo - Talvez seja com relação à escola onde vamos fazer o ensino médio quando as aulas voltarem...

- Mas... - ela fez uma pausa por um momento – E se nossos pais não nos deixarem na mesma escola?

- Você sabe que eles não vão fazer isso... - eu respondi, mas estava tão inseguro quanto ela com relação a este assunto.

- Aposto 10 reais que eles vão nos deixar em escolas diferentes! - Ela disse se sentando na cama.

Elizabeth sempre teve a incrível capacidade de brincar até mesmo em momentos sérios, o que me levou muitas vezes a brigar com ela, mas se isso estava fazendo ela se sentir melhor, eu preferiria entrar na brincadeira.

- Nós dois sabemos que você é péssima em apostas – falei me sentando também.

Isso era sério, enquanto eu tinha uma sorte fora do normal, Elizabeth tinha um azar fora do comum. A única vez que ela ganhou de mim em uma aposta foi quando eu disse que ela não conseguiria tomar dois copos de milk-shake em menos de dois minutos; ela conseguiu, mas no dia seguinte não saiu de casa pois ficou com dor de barriga.

- Não sou não! - Ela disse discordando de mim com os braços cruzados - Das últimas vezes você só ganhou de mim por pura sorte!

- Acho que você quis dizer todas às vezes, não é? – Soltei uma leve risada.

- Cala a boca - ela disse se deitando de costas para mim.

Um silêncio estranho havia tomado conta do quarto, a conhecia bem o suficiente para saber que estava chateada; "Ela está mesmo preocupada com isso?" pensei enquanto suspirava. Não sei por que estava surpreso, pois desde mais nova, ela se preocupava com coisas pequenas; por exemplo quando ela pisou na pata de um cachorro e ficou pedindo desculpas durante trinta minutos para ele enquanto lamentava. Comecei a escutar ela a fungar, Elizabeth estava chorando, detestava vê-la chorar, seu rosto ficava tão vermelho que parecia que todo o sangue do corpo dela estava concentrado nele, e os seus olhos mudavam de um azul claro para um cinza como de uma nuvem em uma tempestade.

- Elizabeth - Eu disse me colocando de joelhos aos pés da cama - Você sabe que seu pai não vai nos separar...

Ela se virou para mim. Mesmo com o quarto escuro pude ver o seu rosto vermelho, e pela primeira vez eu vi seus olhos cinza brilhando, como se fossem fluorescentes, uma leve e estranha brisa gelada começou a pairar no ambiente.

- Vai ficar tudo bem, confie em mim... - foi tudo que eu consegui dizer enquanto colocava minha mão em seu rosto e secava uma lágrima que saía de seus olhos.

Ela não me disse nada, mas o sorriso que ela me mostrou foi o suficiente. Todas as vezes que ela sorria para mim eu me sentia diferente, me sentia bem, nunca a disse isso, mas eu amava vê-la sorrir.

- Uuuuuhhmm! - Pude ouvir um coro atrás de mim. Quando me virei já sabendo quem era, pude ver a porta entreaberta com três pessoas nos olhando, meu pai, minha mãe e minha irmã.

- Ei! Um pouco de privacidade seria bom! – Gritei enquanto jogava o meu travesseiro na porta, que se fechou com uma batida.

Pude os escutar rindo no corredor, detestava quando eles faziam isso.

- Acho que é melhor a gente dormir – Elizabeth falou baixinho enquanto ria da situação.

- Concordo com você - eu disse no mesmo tom.

Já era manhã e nós dois havíamos sido acordados pela luz do Sol que entrava pela janela, uma leve brisa fazia com que a cortina se mexesse suavemente. Nos colocamos de pé e fomos até a cozinha onde minha mãe já estava terminando de preparar a refeição, um doce aroma de café havia tomado conta do ambiente, o que aumentava cada vez mais a minha fome.

A refeição havia sido bem divertida, com meu pai criticando os jogadores do seu time favorito que haviam perdido um jogo de basquete dois dias atrás e com a Mary que (assim como em todas as manhãs) tentava repetidamente (e com várias falhas) fazer truques de mágicas, como a trágica tentativa de tentar descobrir qual carta meu pai havia pegado.

Estava tudo indo bem, até ouvirmos o som da campainha ecoar pela casa, Elizabeth e eu nos entreolhamos pois já sabíamos o que viria a seguir.

- Eu atendo! - Disse Mary largando sobre a mesa um baralho que ela usaria para, como ela mesma disse, "queimar e fazer reaparecer dentro do lava louças".

- Tudo vai ficar bem, certo? – Elizabeth perguntou baixinho enquanto segurava a manga da minha camiseta.

- Sim - eu respondi, mas pela primeira vez em muito tempo não sabia se conseguiria cumprir o que eu havia dito para ela.

Pude escutar o som da porta sendo aberta destrancada; não sabia dizer se o meu coração estava acelerado ou se havia parado de bater de vez.

- Olá senhor Neve! – Mary falou com uma voz gentil – Pode entrar, estão todos na cozinha!

O tempo parecia estar mais devagar, talvez fosse apenas impressão minha, mas o ambiente da cozinha parecia ficar mais e mais tenso conforme o senhor Neve se aproximava. Como eu havia dito antes quando recebemos a notícia de que ele viria para cá, já fazia mais de dois anos desde que ele não via a Elizabeth, foram dois anos sem dar notícias, dois anos no qual a Elizabeth ficou com o coração angustiado por não vê-lo.

Eu mal havia percebido, mas ele já estava na porta, Jack Neve, um homem tão alto quanto o meu pai, ele tinha a aparência semelhante à da Elizabeth, com cabelos brancos penteados para trás e com olhos tão claros quanto. Seu olhar permanecia penetrante como sempre, ele estava vestido como um empresário importante, com um terno preto e uma gravata vermelha.

- Olá Elizabeth... - ele disse com uma voz grave e fria.

Tínhamos todos ido para a sala de estar, Elizabeth e eu estávamos sentados no sofá e os demais nas poltronas que ficam espalhadas pelo cômodo, eu percebi que estava tão preocupado com o assunto a ser conversado quanto a Elizabeth, que a essa altura estava apertando o meu braço tão forte que pensei que teria de amputá-lo por falta da circulação de sangue.

- Bom - começou o senhor Neve - Creio que seja uma surpresa para vocês dois me verem aqui - ele disse enquanto olhava para Elizabeth e eu.

- Você sumiu por dois anos... - ela disse sem tirar os olhos do chão.

- Eu sei - ele respondeu sem muito entusiasmo - Mas você precisa entender que era tudo para deixar você segura.

- Segura?! - Ela se colocou de pé, parecia desapontada e ao mesmo tempo muito, muito triste – Segura do que?! Dos perigos da adolescência?! – Ela fez uma pausa antes de retomar o seu desabafo - O meu irmão precisava de um pai para usar como exemplo e o senhor simplesmente desapareceu...

Ela estava mesmo irritada por que o pai não foi tão próximo do irmão?!

Até hoje eu buscava compreender o porquê dela sempre tentar ser próxima do irmão mais velho, mas nunca havia entendido o motivo. Desde pequena, quando a conheci, eu sempre a vi sendo desprezada por ele. Meufrin, seu irmão mais velho, que nos últimos cinco anos só a havia visto duas vezes, nunca demonstrou nenhum sentimento por ela, nunca demonstrou saudade ou o menor carinho; porém, mesmo assim ela continuava a se importar com ele só pelo fato de o seu pai não ser próximo o suficiente?!

- Elizabeth - Meu pai falou de uma maneira tão séria que chegou a ser surpreendente – Existe algo que precisamos contar para vocês dois...

- Alex... Tem certeza disso? - Minha mãe perguntou para o meu pai, ela parecia preocupada.

- O papai tem razão mãe - Mary se intrometeu na conversa - Mais cedo ou mais tarde eles iriam descobrir... E de qualquer forma, eles iriam para WallBright esse ano, não é?

Aquele assunto estava me deixando confuso, Elizabeth me olhou e percebi que ela estava do mesmo jeito.

- Será que dá para vocês explicarem o que está acontecendo, por favor? - Eu pedi enquanto puxava Elizabeth, para ela se sentar.

O senhor Neve respirou fundo e se colocou de pé.

- Precisamos que vocês entendam algo, nós não somos simples famílias.

- Sim, porque os nossos sobrenomes são os mais esquisitos que podem existir - eu respondi, mas ninguém que estava na sala pareceu gostar da piada, a não ser a Elizabeth que teve de segurar a risada.

- Você tem noção do peso que carregamos por causa dos nossos sobrenomes?! - Ele me perguntou visivelmente alterado.

- Alex! - minha mãe interrompeu.

- Tudo bem senhor Neve - ele disse se colocando de pé - Deixe que agora eu explico para eles.

Meu pai se aproximou de nós, se ajoelhou na nossa frente e seriamente ele disse:

- Crianças-

- Não somos mais crianças - eu interrompi, o que fez ele me olhar com um olhar estranho.

- Tudo bem... Jovens! - ele disse.

- Melhor assim, obrigado!

- Chega um momento na vida de uma garota e de um garoto que o corpo começa a mudar-

- Sinto em informar que o senhor está dando essa notícia tarde demais... – Elizabeth falou cruzando os braços.

- Ele está dando a notícia errada na verdade... - Mary disse colocando a mão no rosto.

- Ok, ok, era só para descontrair! - Meu pai disse sem graça - Tudo bem... – ele parou por um momento - Vocês conhecem as histórias mitológicas, os contos de fadas e esse tipo de coisa que existe em livros e filmes, certo?

- Certo - respondemos ao mesmo tempo.

- Então... - ele nos olhou como se estivesse procurando as palavras certas - Estas coisas não fazem parte apenas da ficção... Esse mundo de magias e criaturas extraordinárias é real...

Eu confesso que tentei conter o riso, por que ele estava sério, mas falava de um assunto tão sem sentido que não deu para segurar a risada, ainda mais quando Elizabeth e eu trocamos olhares. Assim como eu, ela estava se contendo, mas ao nos olharmos começamos a rir tanto que a minha barriga doía.

- Ai! Sério! – Falei enquanto tentava parar de rir e enxugava uma lágrima que escorria em meu rosto – Essa foi boa! Não sabia que o senhor estava querendo fazer stand up!

- Mas falando sério – Elizabeth disse se recompondo também – O assunto é sobre a escola?! Por que se for e-

- Ele está falando sério. – O senhor Neve interrompeu com uma voz que pareceu penetrar o meu ser.

- Hum? – Eu soltei sem querer ao escutar sua frase, todo aquele momento cômico havia simplesmente sido dizimado com simples palavras. Dirigi o meu olhar para a minha mãe, se eles estivessem brincando eu conseguiria ver, já que a minha mãe era péssima quando se trata de mentir; mas para a minha surpresa ela não parecia estar mentindo – Mãe, é sério isso?!

Pude vê-la balançar a cabeça positivamente.

Ok, eu estava decidido! Assim que aquela conversa acabasse, eu ligaria para um hospital psiquiátrico e pediria para vir buscar todos que estavam naquela casa! Eles precisavam de tratamento urgente.

- Aham, claro, tudo isso é... Coisa de doido! - Eu disse enquanto me colocava de pé e atravessava a sala de estar com uma clara expressão de incredulidade no rosto - Vocês simplesmente vêm do nada, falam que monstros e magia existem e querem que nós dois acreditemos nisso?! Só podem estar ficando louc-

Não havia dado tempo de completar minha fala. Quando me virei para eles, tudo que eu vi foi à mão da Mary vindo em minha direção. No momento em que ela encostou no meu rosto, um grande cansaço tomou conta de mim, depois disso eu apenas senti o impacto contra o chão. Meu corpo estava pesado, o mundo a minha volta parecia estar em câmera lenta, minha visão turva não me permitia ver com clareza, tudo que eu conseguia ouvir era a voz da Elizabeth que parecia desesperada, ela havia gritado o meu nome antes de ficar em silêncio. A última coisa que eu vi antes de tudo ficar escuro foi a Elizabeth caindo desacordada em minha frente.

Olá, tudo bem com você?!

Fico feliz que tenha começado a ler essa história que eu tanto tenho me esforçado para escrever! Espero que fique até o final!

Não esquece de curtir e comentar, em! (^^)

Já aproveita para me seguir lá no I*******m, faço alguns posts falando do livro e algumas ilustrações de vez e quando: @g_barrenha

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