Capítulo 3

O acônito agia rápido. A escuridão me engoliu por completo.

— Alfa Rei! Sim, exatamente assim!

— Serei sua ômega perfeita para sempre!

Suas vozes cortaram através da minha névoa induzida pela droga.

Algo estava diferente esta noite. Em vez de dormir até o amanhecer, estava acordada. Presa em meu corpo inútil, ouvindo tudo.

Cada gemido. Cada rosnado. Cada rangido da nossa cama.

Este não era meu parceiro gentil. Este era um Alfa Rei dominante e brutal que nunca conheci. Aquele que me tratava como pedra lunar frágil guardava sua verdadeira paixão para uma ômega.

Um gemido meu durante o acasalamento e ele parou imediatamente, aterrorizado de machucar sua preciosa Luna.

Pensei que isso significava amor. Que tola!

Os gemidos de Sarah contaram a verdade.

Meu parceiro gentil era uma mentira. Sua verdadeira natureza se revelou na forma como ele tratava sua ômega.

Lutava para me mover. Nada respondeu. Nem mesmo um dedo se mexeu.

— A reclamação enfraquece seus poderes. — Explicou a Deusa da Lua. — Mas você será mais forte em seu novo reino.

Mistério resolvido. O acônito não conseguia mais nocautear completamente minha loba enfraquecida.

— Diga-me, Alfa Rei. — A voz ofegante de Sarah cortou fundo. — Quem é melhor: sua Luna ou sua ômega? — Seus feromônios inundaram nossa toca.

— Nunca se compare a ela! — Aiden rosnou, gélido.

Mas nossa cama rangeu com mais força. Suas ações falaram mais alto que seu protesto.

Cada som da nossa cama de acasalamento me apunhalou. Este deveria ser um espaço sagrado.

Seus cheiros contaminaram minha toca. Sete anos mantendo-a pura, arruinada em minutos.

O chá de acônito parecia diferente esta noite: mais intenso, mais doloroso.

Como se minha gravidez estivesse lutando contra o veneno.

Nossa criança não nascida lutava junto comigo, ambas presas nesta traição.

O instinto materno me dizia que estas drogas estavam matando nosso filhote lentamente.

Cada dose enfraqueceu a pequena centelha de vida dentro de mim.

— Mate-a! — Minha loba se enfureceu contra as drogas. — Faça-o escolher, agora!

Mas nós duas sabíamos a verdade. Ele tinha feito suas escolhas.

Escolhendo cada vez que me entregou aquele chá drogado.

Escolhendo cada vez que a trouxe escondida para nossa cama.

Escolhendo cagar no nosso vínculo de parceiros noite após noite.

Memórias cortaram como vidro quebrado.

Aquelas noites de lua cheia quando "apenas sua Luna" podia domar sua fera.

As horas que ele passou plantando flores lunares "só para me ver sorrir."

Aqueles ataques de pânico à meia-noite onde eu era sua "única âncora."

Apenas mais uma maldita atuação em seu jogo doentio.

— Demos tudo a ele. — Minha loba choramingou. — Nosso poder. Nosso futuro. Nossa vida.

Desperdicei anos domando sua escuridão.

Aos treze anos, ele quase matou um filhote por causa de palavras.

Noite após noite, ensinei-o a transformar raiva em força.

Mostrei-lhe como mascarar a crueldade com graça de Alfa.

Tudo que fiz foi ensiná-lo a mentir melhor.

O poder da Deusa da Lua surgiu. Uma escolha final.

Eu poderia me livrar dessas drogas agora mesmo.

Poderia pegá-los no ato.

Ele rastejaria. Imploraria. Provavelmente despedaçaria Sarah para fazer cena.

Mas confiança? Perdida para sempre.

Paz? Não em seus braços.

Nossa cama? Para sempre manchada com sua traição.

Não.

Deixaria a Deusa levar tudo.

Deixá-lo-ia apodrecer sozinho com sua culpa.

— Apenas um buraco para preencher. — A voz de Aiden gotejou desprezo. — Fale da minha parceira novamente e você nunca mais verá estes aposentos.

Sarah não retrucou. Apenas choramingou como um animal de estimação treinado: — Mas Alfa Rei, quem mais deixaria você brincar esses jogos?

— Boa ômega. — Ele acariciou sua cabeça como um cachorro. — Vá escolher seu prêmio.

Outra loba entrou quando eles terminaram. Martha, mãe de Sarah e nossa governanta "leal".

Quando amanheceu, finalmente podia me mover. Nossos aposentos pareciam imaculados.

Mas aquele cheiro de ervas permanecia.

O mesmo cheiro que questionei anos atrás.

Quando ainda estava cega.

Ele gaguejou alguma besteira sobre incenso lunar especial: — Para ajudar sua loba a descansar.

Eu acreditei. Embriagada com hormônios do vínculo de parceiros enquanto eles usavam acônito e ervas de limpeza para esconder sua fodinha.

O salão da Alcateia fedia a café da manhã quando me arrastava para baixo.

Sarah estava espreitando perto das escadas.

A gola de seu uniforme de ômega estava baixa. Marcas frescas de acasalamento pontilharam seu pescoço como uma coleira da vergonha.

Ela me pegou olhando. Puxou a gola ainda mais para baixo.

— Que noite selvagem. — Seu sussurro chegou direto aos meus ouvidos de loba. — Ele fode você assim, Princesa Beta?

Pura vitória vazava através de seu falso cheiro submisso. Ela sabia exatamente o que as drogas faziam comigo.

— Por que você não está trabalhando? — Aiden apareceu, olhos vermelho-sangue. Interpretando seu papel: um Alfa cruel que desprezava ômegas.

— Sim, Alfa Rei! — Sarah puxou sua gola para cima. Passou correndo por ele como uma coelha assustada.

Mas eu vi. O jeito como ela se certificou que seu cabelo acariciasse o rosto dele.

Meu primeiro erro? Pensar que nossa toca precisava de mais vida.

Martha me manipulou perfeitamente. De joelhos, chorando sobre sua filha recém-transformada em loba.

— Apenas um canto na ala dos servos, Luna. É tudo que precisamos.

Pobres lobos sem-teto, pensei. Dei a Sarah um quarto de hóspedes em nossa ala. Recebi a víbora em meu ninho.

Foi minha bondade que trouxe Sarah aqui? Ou Aiden plantou sua vadia bem debaixo do meu nariz?

Não que isso importasse agora.

A Deusa da Lua estava me apagando pedaço por pedaço.

Minhas coisas desapareciam a cada hora.

— Contagem regressiva para a reclamação: um dia.

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