Salve! Capitão artista. Pronto para se mudar? – Marine perguntou como se fosse a coisa mais comum do mundo abrigar um estranho em sua casa.
Coloquei minha pequena mochila no banco de trás, sentei e já coloquei o cinto.
– Muito bem! – Exclamou. – Difícil ver alguém por aqui com esse hábito.
A despeito da preguiça, levantei assim que abri os olhos. Eu era hóspede da minha amiga e não convinha levantar mais tarde do que ela. Os pesadelos não me deixaram aproveitar a cama macia e estável. Embora tivesse tido uma noite mal dormida, consegui descansar bastante.Levantei decidido a não sofrer tanto quanto o velho pescador de Hemingway, a começar pela aparência. Nem me toquei que poderia tomar outro
Marine me deixou em frente ao Clube e saiu apressada. Olhei o carro se afastando e senti um aperto no coração. Esta paixão súbita não combinava com minha racionalidade e muito menos com a minha falta de prática em relações estáveis. Tentava de várias formas dizer para eu mesmo ser apenas uma atração física, e logo que consumasse o fato, a paixão ganharia a dimensão correta; apenas um desejo passageiro. Enquanto isto não acontecia, suspirava.A prioridade agora era conseguir um tr
O restante da tarde ocorreu como já era esperado. Levar combustível para os esquecidos, orientar os atrapalhados com a carta náutica e rebocar os avariados. Antes do final do expediente, o empresário interessado em minhas habilidades marítimas chegou para me entrevistar. Eu dei uma geral rápida em mim mesmo e fui até o restaurante, animado com o encontro. Voltei a pé para o apartamento e no caminho resolvi agradecer a hospedagem preparando um jantar. Ela não é do tipo de comer duas folhas de alface para fazer média. Era outra qualidade dela. Dava gosto vê-la comer. Educadamente, porém, determinada como um estivador. Minha tarefa não seria fácil e teria que usar da criatividade para impressionar.Desci e fui ao mercado próximo que não tinha nada de sofisticad13
Sem dúvida, o Kamilah era o barco que mais chamava atenção na marina. Uma lancha Azimuth de 68 pés; vinte metros de comprimento por quase seis de largura. Uma verdadeira obra de arte da engenharia naval italiana. Dava para ver que estava completamente equipada com os mais modernos sistemas de navegação disponíveis. Radar, sonar e rádio de última geração. Chutei por baixo que o valor de uma embarcação como aquela estaria perto de três milhões de dólares. Quando Marine chegou, eu ainda estava no restaurante do Iate Clube conversando com o Aldo e o Badejo. Já estávamos planejando as próximas etapas do conserto no Cutty Sark. Ela estava usando um lindo vestido curto de verão, estampado de flores e uma sapatilha. Suas pernas chamavam a nossa atenção, não só pelo formato, como pela tonalidade. Um bronzeado diferente do comum; um dourado que me enfeitiçava. Outra coisa notável era o seu jeito elegante de andar.15
Acordei com o corpo todo dolorido. Ter trabalhado agachado e fazendo força para lixar e polir tudo que foi preciso, mexeu em alguns músculos inativos já há algum tempo. Enzo ainda roncava quando resolvi levantar. O ambiente estava um sossego. A segunda-feira em um iate clube tem um significado diferente do que aquele da cidade. Ao vestir a calça social e os sapatos que o João Badejo me emprestou, a tarefa principal do dia ficou mais em evidência: providenciar o uniforme que o Samir pediu para usar. Não conhecia nada da cidade e encont
A tarde já ia terminando e o vento que começava a refrescar o mormaço também nos empurrava para a ação.Em um pulo, ela levantou-se e propôs:– Hoje tem uma palestra que sou