Como Mona havia machucado seu tornozelo no meio daquela briga, Matteo a ajudou enquanto desciam a longa escada da saída de emergência, e quando finalmente pararam em frente à entrada do colégio, ficaram diante da escuridão da noite, deixando a menina ainda mais angustiada. – Tem certeza que não quer uma carona, Mona? O rapaz perguntou com um semblante preocupado, não queria deixar a moça ir sozinha num táxi Mona o encarou preocupada, não queria dever um favor a ele no mesmo dia em que se conheceram, mas ao mesmo tempo, também não queria levar uma bronca por, além de ter se envolvido naquela confusão, ainda precisar do chofer. “Eu ‘tô’ muito ferrada.” Pensou consigo mesma, passando as mãos pelos cabelos, tentando arrumá-los, e soltou um longo suspiro enquanto tentava acenar para um táxi. Enquanto fazia isso, caminhava sem olhar para o chão, o que a fez tropeçar e quase caiu, até fechou os olhos imaginando a queda, mas para a sua surpresa, ficou suspensa no ar, e quando abriu os olho
Os pensamentos de Carlota estavam longe enquanto seus longos dedos desenhavam pequenos círculos no abdômen trabalhado do parceiro, estava com a cabeça apoiada em seu peito e podia ouvir seus batimentos cardíacos lentamente se acalmando após o ato que haviam acabado de fazer. E como estavam em completo silêncio, apenas ouvindo a respiração um do outro, pôde perceber uma estranha movimentação do lado de fora que chamou sua atenção, empertigou-se, ficando inquieta e se enrolou no lençol de linho branco, pronta para descobrir do que se tratava. – Você ouviu isso? Questionou erguendo-se da cama, dividindo-se entre olhar na direção da janela e nos olhos do parceiro. – Parecem pessoas conversando… O fitou por alguns segundos, percebendo que também estava em alerta, então se ergueu-se da cama e enrolada apenas no lençol, caminhou em direção a grande janela da varanda, de onde tinha uma boa visualização do jardim. Estava assustada, temia que fosse obra de algum criminoso e caso estivesse arm
Quando a manhã chegou, Mona acordou se sentindo indisposta depois uma noite quase insone, seus olhos ainda estavam um pouco inchados e sentia a garganta arranhar depois de ter chorado tanto, suspirou se encolhendo enquanto apertava seus olhos doloridos e enfiou o rosto nos cobertores brancos, tentando voltar a dormir. Se sentia- sendo embalada pelo calor dos cobertores, quase conseguindo realmente dormir, quando ouviu passos ecoando dentro do quarto, imaginou que se tratava da ama – que vinha ao seu quarto todas as manhãs para ajudá-la a se vestir –, quis cumprimenta-la, mas sequer conseguiu erguer a cabeça, era como se seu corpo tivesse perdido todas as forças. – Senhorita, decidiu fazer birra hoje? Olivia questionou com um rindo baixo enquanto tentava puxar a menina de debaixo das cobertas, porém, seu sorriso sumiu assim que se deparou com a vermelhidão e as olheiras que se espalhavam pelo rosto e pescoço de Mona. – Meu Deus! O que aconteceu? – Estou tão cansada... – A jovem murmu
Quando estava se sentindo melhor, depois de dormir mais um pouco e tomar os medicamentos calmantes receitados pela médica, desceu a longa escadaria, estranhando a pouca movimentação na casa, olhou em volta e se surpreendeu ao se deparar com a nonna sentada no sofá lendo um livro com o gato no colo. Quando seus olhos se encontraram, para a surpresa da menina, a senhora a fitou com atenção, chamando-a para perto com um simples gesto. Mona era uma jovem observadora, por isso, já havia percebido que todas as pessoas se dirigiam à nonna somente falando em italiano – sua língua natal –, e imaginou que isso se devesse aos antigos hábitos de manter a tradição em um país distante. Então, sabendo disso, se esforçou para pronunciar as palavras da forma mais correta que conseguisse, rezando silenciosamente para que ela aprovasse o resultado de suas aulas particulares. – Buona serata (Boa tarde)! Exclamou com um sorriso tímido, e parou um pouco, pensando nas palavras corretas que precisaria trad
Na manhã seguinte, depois de repousar por quase um dia inteiro e tido um momento tão aconchegante com a avó, Mona acordou se sentindo muito mais disposta, mesmo que seu corpo ainda doesse um pouco. E como ninguém mais sabia sobre o que havia acontecido na noite do “trote”, na quarta-feira, ambas as adolescentes se encontravam no carro que as levaria para o colégio. Sentadas lado a lado, as primas não trocavam uma única palavra – tão parecidas em aparência, mas divergentes em personalidade –, e a sensação de incômodo era evidente em seus rostos, não sendo para menos, afinal, nenhuma delas suportava mais a presença da outra. Mona, quando finalmente chegou ao colégio, sorriu sentindo seu humor revigorado, estava animada para rever os amigos que havia feito, mesmo que tivesse aproveitado pouco da companhia deles, e em sua mente, se questionava se poderiam fazer as atividades complementares juntos, assim como via nas novelas. Era um pensamento ingênuo, mas que ainda persistia em
Mona suspirou, colocando o lanche de lado, fitou seus próprios joelhos, notando que o hematoma sumia lentamente e puxou as meias para cima, arrumando-as para que ficassem alinhadas, rindo consigo mesma enquanto observava que estava ficando tão perfeccionista quanto a ama, porém, logo, sua atenção se voltou à porta metálica, de onde podia ouvir passos na escadaria. “Quem será?” Perguntou-se, pegando seu lanche novamente, saboreando o gosto apimentado do molho de churrasco misturado à salada e o pão, e sorriu de canto quando a porta se abriu revelando que se tratava de Matteo que caminhava de cabeça baixa, parecendo pensativo. – Porque estão escondidas? Questionar um tanto surpreso quando se deparou com as duas moças, seus cabelos negros estavam molhados e parecia ofegar um pouco, dando a entender que provavelmente estava treinando minutos antes. – Não seria melhor perguntar o que você está fazendo aqui? Mona questionou curiosa enquanto estreitava os olhos para o rapaz que parecia ten
Olivia caminhava pelas ruas de paralelepípedos, olhando ao redor com curiosidade enquanto tentava proteger-se dos raios solares com uma sombrinha que quase não conseguia manter sobre sua cabeça devido às várias crianças que passavam correndo e esbarrando nos “visitantes”. Era uma ruela minúscula em que sequer dava para passar um carro, em ambos os lados havia pequenos comércios alimentícios caseiros que dividiam espaço com as barraquinhas de salgados e lanches rápidos, mas todos pareciam conviver de maneira aceitável. Ergueu os olhos, fitando o emblema “Restaurante dos Andrade”, e pensou consigo mesma que aquele era o lugar que procurava, fechou a sombrinha guardando-a dentro da bolsa e entrou no pequeno estabelecimento que parecia ser administrado apenas por uma família. – Bom dia! Uma moça jovem e sorridente a cumprimentou, seus cabelos longos e encaracolados estavam presos em um rabo de cavalo baixo, e usava um avental escuro sobre a camiseta branca. – Há algo em que posso ajudá-l
Os grandes olhos azuis de Mona fixavam-se no reflexo à sua frente enquanto arrumava seus cabelos que pareciam estar perdendo um pouco da cor, havia retocado a raiz semanas antes, mas suas madeixas claras pareciam estar tendo certa resistência à tinta escura e tentava expulsá-la de todo modo. “Deveria colocar um pouco de maquiagem?” Questionou-se enquanto deslizava a ponta dos dedos pela pele branca e límpida, mordendo o lábio inferior enquanto tentava descobrir como deveria se arrumar para um evento esportivo, em vista de que era a primeira vez que participava de um. – Já escolheu o que vai vestir? Olivia questionou, aparecendo pelas suas costas segurando alguns vestidos que julgava adequados ao clima, e abriu um sorriso de canto enquanto a fitava. – Que mal pergunte, sua prima vai também? “Só se for de volta para o inferno.” Mona pensou consigo mesma, franzindo o nariz e expondo, sem querer, o quanto a ideia de terem mais tempo juntas a incomodava. A verdade era que, mesmo já tendo