Carlota, dentro daquele escritório, via-se cada vez mais irritada, estava com pressa e a forma com que o diretor falava, a deixava ainda mais incomodada. Não gostava de pessoas fúteis, e sentia-se enojada com aqueles comentários “puxa-saco”, então novamente via-se obrigada a respirar fundo para não ser grosseira. – Então, a que se deve sua visita ao nosso colégio? Falacci questionou, finalmente chegando no ponto em que a mulher queria tratar. – Precisava sanar uma situação duvidosa... – Carlota explicou abrindo sua bolsa de mão, retirou um documento que havia imprimido após a conversa com a sobrinha e colocou sobre a mesa. – Que tipo de comissão foi feita para tratar da expulsão dessa moça? – Sinto muito por essa situação vergonhosa... – O diretor respondeu sentindo-se incomodado, sabendo que coisas como aquelas poderiam estreitar os laços entre o colégio e os acionistas. – Infelizmente, a senhorita Andrade apresentou uma conduta inapropriada. – E os outros envolvidos? Carlota torn
“Valorize alguém que cozinhe para você...” Carlota refletiu consigo mesma, um sorriso curto desenhando-se em seu rosto, apoiou o cotovelo na superfície de vidro da mesa e deslizou as unhas cumpridas pelos lábios sem batom enquanto observava seu parceiro cortar legumes. De repente, ele parou, inclinando-se para o lado e fitando o celular que parecia vibrar sobre o balcão de mármore, seus olhos passaram rapidamente pela tela e sorriu de canto como se as mensagens fossem do seu agrado. Em seguida, voltou-se na direção de sua observadora e aproximou-se, encurtando a distância entre os dois para beijá-la. – O cliente teve um contratempo... – Ele explicou acariciando os cabelos ruivos da parceira que ainda estavam úmidos. – Parece uma ótima oportunidade para descansar um pouco, podemos visitar as quedas d 'água. Carlota ouviu aquelas palavras sentindo seu coração palpitar de felicidade, era sempre caloroso quando ele tomava a iniciativa de propor passeios como aqueles, porém, infelizmente
Mona apoiou o queixo na mão esquerda, sorrindo ao pousar seus olhos na cena que tinha à frente, para ela, era realmente uma graça ver o semblante antes depressivo de Antony transformando-se em um sorriso bobo enquanto conversava com Mariana que finalmente havia conseguido retornar ao colégio sem mais complicações. – Não aguentava mais ver esse idiota chorando pelos cantos... – Matteo resmungou, surgindo às costas da moça e assustando-a. Mona corou ao perceber sua aproximação repentina, mas sorriu concordando e voltou sua atenção novamente aos dois pombinhos que trocavam anotações sobre a disciplina de matemática, gesto que parecia o mais próximo de namoro que ela conhecia. – Não foi justo o que fizeram com ela... – A moça sussurrou apertando os punhos enquanto um pensamento ruim lhe vinha à mente. E de repente, seu rosto esquentou novamente ao sentir uma das mãos do rapaz pousando sobre suas costas em um gesto simples, mas que a fez lembrar-se que, na última vez que tiveram uma con
A apresentação do seminário estava próxima, e com a situação envolvendo a expulsão de um dos integrantes, o desenvolvimento do trabalho foi deixado à parte, fazendo com que tivessem pouco tempo para o terminar, e como a data de entrega se aproximava, os jovens viram-se obrigados a destinar mais tempo para fazer a conclusão. Ficar na cafeteria à noite não estava nos planos de Mona, muito menos, chegar à mansão depois das 23h. Agradeceu ao chofer timidamente, desculpando-se por fazê-lo trabalhar até tão tarde, e em seguida, caminhou pelo salão principal enquanto olhava ao redor. Olhou ao redor, instintivamente procurando pela prima e esperando algum tipo de provocação. Ainda estava muito incomodada com a possibilidade de Pietra ter causado a confusão que quase resultou na expulsão de sua amiga, mas temia estar errada, e por isso, não a confrontava. Suspirou sonolenta, e quando estava pronta para subir a longa escadaria em direção ao seu quarto, ouviu algo que
O final de semana finalmente havia chegado, e pela primeira vez em anos, Carlota sentiu-se ansiosa por uma viagem, mesmo tendo sido ideia sua. Acordou mais cedo que o normal, pouco antes das cinco e seguiu em direção à garagem, poderia beber algum café, mas não quis acordar as funcionárias. Entrou em seu carro esportivo, conferiu as compras no banco de trás e o funcionamento, satisfeita, seguiu seu caminho em direção à casa de Lorenzo.Parou em frente ao edifício e mandou algumas mensagens, esperando que ele descesse, o que não demorou muito.– Então você realmente veio... – Lorenzo comentou com um sorriso largo, vestia roupas leves e trazia consigo uma pequena mala de viagem.– Eu disse que viria! Carlota reclamou um tanto contrariada, mas sorriu também, enlaçando os braços ao redor do pescoço alheio quando ele entrou no carro, e o beijou brevemente. – Sabe o quanto é importante para mim.Lorenzo não respondeu, surpreso por ouvi-la ser tão honesta.– Precisamos ir logo... – A mulher
O grande dia finalmente havia chegado. Carlota estava nervosa e quase não podia acreditar que estava se casando novamente, fitava seu reflexo no espelho, o vestido perolado sem muitos detalhes chamativos, e a maquiagem recém-feita, mas diferente do momento anterior, estava sorridente. Ainda sentia o gosto agridoce de quanto sentaram-se diante da mãe para que ele fizesse o pedido, tão sério, tão direto, era como se tivesse ensaiado cada uma daquelas palavras. Inicialmente, planejava fazer uma cerimônia simples e com poucos convidados, contudo, depois de refletir um pouco, e levada pelo desejo de “gritar” aos familiares mesquinhos e àquela sociedade aristocrática que tanto deslocava-se, optado por um casamento cerimônia enorme, pela manhã, e contando com a presença até mesmo da imprensa. A escolha do horário era a parte mais sincera de tudo, pois, refletia seu recente estado de espírito, que havia mudado completamente desde o momento em que seu coração uniu-se por completo ao
Qual foi a surpresa de Carlota quando a sobrinha pediu para continuar frequentando a casa de sua nonna. Mona queria morar com ela, queria muita na verdade, porém, sentia que haviam algumas coisas que estaria deixando inacabadas caso fosse embora imediatamente pois, além de enfim, estar se dando bem com a nonna, Pietra também parecia estar abrindo uma brecha. Então, naquele meio tempo, ela havia transitado entre as duas residências, como numa guarda compartilhada, e um sentimento de satisfação consigo mesma crescia a cada dia, pois podia observar a saúde da avó melhorando aos poucos depois de mais algumas transfusões de medula óssea, dessa vez, voluntariamente. Pietra ainda a olhava com desconfiança, relutante, mas às vezes, quando distraída, se pegava olhando a outra com certa admiração. Contudo, com a aproximação, Mona pôde também perceber o quanto a relação da outra com a mãe era tóxica, e começou a se perguntar se as reações tão explosivas dela, não eram, na verdade, uma espécie
Mona, mesmo que tentasse não demonstrar, ficou muito preocupada com a reação do namorado. Era óbvio que ele estava tentando esconder algo que não queria lhe contar, e por mais curiosa que estivesse, ela decidiu respeitar a privacidade dele, esperando que, quando estivesse mais à vontade, Matteo lhe contasse. E no fim, praticamente nem comeram direito depois daquele acontecimento, saindo antes mesmo de pedir uma sobremesa. Caminharam um pouco pela calçada, ambos em silêncio, imersos em seus próprios pensamentos, até que, de repente, o rapaz pareceu ver algo interessante. – Espera um pouco, por favor… – Pediu tocando gentilmente no ombro da namorada, e lhe lançou um sorriso curto antes de correr para o outro lado da rua. Quando voltou, trazia consigo dois sorvetes de casquinha, ambos dos sabores prediletos de sua amada, sorrindo como um pedido de desculpas tímido. Essa era outra coisa que Mona havia descoberto sobre ele com o tempo, seu jeito “desleixado” era na verdade, uma forma de