Capítulo 2

EU ACORDEI COM ALGUÉM ME chamando, quando abri os olhos, vi que era a aeromoça, me avisando que o avião pousaria. Eu tinha adormecido ouvindo uma música que gosto muito: "Waiting for a girl like you", estava tão relaxada que até esqueci que estava em um avião.

Quando senti que a aeronave tocou o solo, fiquei aliviada de ter dormido a viagem toda, pois não vi nada e nem senti medo. De repente a porta do avião se abriu, e como eu estava bem perto dela, saí rapidamente e sem olhar para trás.  Fui direto em direção a saída do aeroporto de Salvador, a fim de pegar um taxi.  Assim que eu me aproximei do primeiro da fila, o motorista desceu do carro, pegou minha mala e colocou atrás, perguntando qual o meu destino.

— O senhor poderia me levar em uma locadora de veículos? 

— Sim, há uma locadora de carro não muito longe daqui. Sim senhorita.  

— Obrigada! O Senhor poderia me informar como chegar na ilha de Boipeba?

— A Senhorita está indo para ilha de Boipeba?

— Sim, vou ficar uns dias por lá!

— Então não vai precisar de veículo, já que lá não circulam carros, apenas jumentinho, bicicletas e cavalos — informou o motorista enquanto saía das dependências do aeroporto.

Meu Deus, onde eu fui me meter? A única coisa que sei andar é de bicicleta, vou ter que comprar uma!

— Entendi. Então o senhor poderia me levar em uma loja? Para comprar uma bicicleta? E o senhor pode me esperar?

— Sim, e depois vou deixar a senhorita no porto para você pegar uma lancha e ir para ilha de Boipeba!

— Agradeço mais uma vez!

Ele parou em uma loja, eu saí do carro e fui comprar uma bike. Escolhi uma bicicleta de sete marchas, já que eu não tinha ideia de como era lá.  Assim que eu retornei ao carro, o senhor desceu e amarrou a minha nova bike em cima, na sequência, nós entramos no veículo, e ele me levou até o porto. Agradeci e paguei a ele que me deu seu cartão dizendo que se eu precisasse era só ligar. Agradeci, mas ele se lembrou de me mostrar a lancha que eu tinha que pegar. Agradeci novamente, e notei que a lancha já ia sair e com as malas e a bicicleta nas mãos, comecei a correr e gritar para o cara da lancha me esperar, quando percebi que ele me ouviu, corri mais rápido, mas ao subir na lancha, meu pé enroscou em alguma coisa que eu não conseguia ver, pois tinha muita coisa na minha frente, fazendo com que eu caísse na água.  Quando dei por mim, percebi alguém pulando e me pegando pela cintura, só que não deu para ver quem era, e outra pessoa que estava na lancha me puxou da água, e o rapaz que pulou na água pegou minha mala que estava toda molhada, e minha bicicleta e colocou dentro da lancha, e depois subiu.

Quando realmente consegui ver seu rosto, pois ele se aproximou de mim para entregar a mala e a bicicleta, fiquei paralisada diante de tanta beleza. Confesso que senti meu coração disparar. Era um rapaz moreno, corpo sarado, não muito alto, cabelos pretos e cacheados, mas seus olhos...! Que olhos! Eram verdes.

‘Que homem mais lindo!’ Pensei perdida em meus pensamentos.  Mal ouvia o que ele falava.

— A Senhorita está bem? — perguntou ele de novo.

— Sim, obrigada por me ajudar! Meu nome é Sarah! Posso saber o seu?

— De nada, foi um prazer! Meu nome é Noah! Você está indo a passeio para a ilha?

— Não, vim receber uma herança que se encontra aqui. 

— Moro nesta ilha desde que nasci e conheço tudo por lá e também conheço todos, e... Sinceramente não sei o que poderia herdar por lá! A não ser que seja uma mansão abandonada que foi construída há muito tempo. Quando eu nasci, a tal casa já estava lá. E nunca vi seus donos, mas até que está bem conservada, só que fica um pouco afastada da vila.

— É exatamente esta mansão que herdei do meu avô, foi o pai dele quem construiu em 1949.

— Ouvi alguns boatos na ilha de que os donos viriam mesmo para cá, mas não acreditei muito, já que nunca ninguém veio atrás dessa mansão.

— É, pois estou aqui! E vim conhecer minha herança! Desculpe a curiosidade, mas vocês vivem de quê na ilha?

— Vivemos de artesanato, vendemos nosso trabalho na cidade grande ou para os turistas. 

Percebi que a lancha parou e olhando melhor, notei que chegamos.

— Chegamos moça. Vem que te ajudo descer! — Então ele pegou minha mala, a bicicleta e me ajudou descer. Notei que a ilha não era muito grande, e de onde eu estava parecia que era enorme.

Observei que tinham muitas casinhas bem pequenas e algumas barracas, onde vendiam artesanato e até barraquinha de comida que são feitas na hora. Andamos pelas barracas, até comprei algumas coisas feitas da casca do coco, pois pelo que percebi é o que mais tem nesta ilha: "coco", nós seguimos ruas afora e vi uma placa que diziaSEJA BEM VINDO À ILHA DE BOEPEBA, NA VILA DE MORERÉ.

— Obrigada pela ajuda, Noah! Só não sei como chegar nesta mansão.

— De nada! Vamos que eu te levo até lá, pois não tenho nada para fazer agora!

— Se não for te atrapalhar, eu aceito sua companhia sim!

Apesar de ele ser um completo desconhecido para mim, algo me dizia que eu poderia confiar nesse rapaz. 

— Mas acho que antes você deveria passar no mercadinho para comprar alguma coisa para você comer mais tarde, já que é uma mansão abandonada, você não vai encontrar nada para comer à noite.

— Verdade Noah, não tinha pensado nisso, não sei nem o que vou encontrar lá!

— Vou te levar em mercadinho que tem aqui pertinho e também é o único!

Então Noah me levou para um lugar muito pequeno, escrito: Mercadinho Moreré,

e entrei. Noah me esperou lá fora com as malas e a bicicleta. Lá dentro não tinha muita opção para comprar, pois só tinham apenas quatro prateleiras com mercadorias. Peguei um pacote de pão Puma, geleia de morango, fatias de mussarela, água de coco, um pacotinho de miojo, algumas bolachas, uma garrafinha de água e copos plásticos. Não sabia o que eu encontraria lá, então peguei também alguns talheres que eram vendidos avulsos e uns dois pratos. Passei no caixa e paguei. Tudo coube em três sacolas. Sorte minha que a bolsinha que carrego com meu celular é de plástico por fora, pois eu guardei todo meu dinheiro lá e quando caí na água, não molhou nem o celular e nem o dinheiro.

— Sarah, comprou tudo que precisava?

— Sim comprei!

— Me espera aqui, que eu já volto. Não vou demorar — ele nem me esperou responder e já saiu. Minutos depois, o cara apareceu com uma bicicleta que tinha um cestinho na frente e um grande atrás, então ele ajeitou minha compra no cesto da frente e minha mala atrás.

— Me segue, vamos de bicicleta, pois é mais rápido — disse ele, me ajudando a tirar as embalagens que tinha na minha bicicleta. Depois ele subiu na dele e eu na minha, e nós seguimos em frente.

Eu tinha que prestar atenção no caminho, então eu foquei nos detalhes... Passamos por três casinhas brancas, alguns lotes vagos, um ipê amarelo e, por último; um barzinho pequeno. Aliás, tudo ali era de baixo porte e bem simples. O bar em questão era todo pintado de azul, entretanto a pintura parecia gasta e um tanto desbotada. Aquele local era sem dúvida, um ponto de referência para mim, pois o caminho que nós passamos só tinha as três casas brancas e este bar azul, o restante se dividia em elementos da natureza, como a árvore sem flores, fácil de me confundir.  Logo depois do bar havia uma estrada de terra...  estreita que só dava para ir a pé, de bicicleta ou de cavalo. Só que eu não sabia andar de cavalo, só de bicicleta mesmo. Quando nós chegamos na estrada, eu olhei no relógio só para saber a distância da vila até a mansão.

— Está tudo bem, Sarah? Parece que já está cansada. Não podemos ir devagar, pois logo vai escurecer, aí não vamos conseguir enxergar nada nesta estrada, eu me esqueci de falar. Você deveria ter comprado uma lanterna, pois pode precisar. Você quer mesmo passar a noite nessa mansão? Tem uma pousada do outro lado da ilha, podemos ir para lá e você passa a noite e a manhã cedo te trago para cá! O que você acha?

— Não obrigada, quero ir para a mansão, afinal eu não tenho medo de escuro e nem de ficar sozinha, e o meu celular é uma lanterna, caso precise de uma.

— Ok, você quem manda! — brincou ele, fazendo continência. Em seguida, comentou meio tímido: — Posso passar essa noite com você, aí amanhã poderemos dar uma ajeitada na casa, caso precise!

— Não precisa! Você já fez muito por mim hoje! Eu vou ficar bem — respondi amavelmente. Então, nós pedalamos mais um pouco, e eu logo avistei vários coqueiros e no meio deles um portão enorme. Nós dois nos aproximamos do portão, e Noah abriu, pois só estava encostado. Entramos em um caminho de pedras brancas, o qual fazia uma curva que ia parar no pé de uma escada. Não teve como não notar as estilosas luminárias margeando o caminho, apesar de estarem sem lâmpadas.   Minutos depois, nós chegamos ao pé da escada e subimos sete degraus.  A frente da casa era branca, mas estava bem encardida, enquanto as portas e janelas eram azuis. Certamente a parte de fora precisava de uma boa reforma! Foquei então no jardim, em frente à casa, mas só tinha mato e coqueiros altos, então lembrei de olhar no relógio para saber a distância daqui até na vila e vi que só levou meia hora, então deduzi que nem é tão longe assim.

Calados, nós chegamos em frente da porta da casa, e Noah tentou abri-la, mas estava trancada. Foi então que pensei: se a papelada da residência já está no meu nome e está lá dentro, é porque eles tinham certeza que eu viria, então a chave da casa deve estar escondida em algum lugar aqui na entrada. Sem pensar, eu me abaixei para olhar embaixo do tapete velho que tinha na porta, mas como não tinha nada lá, me levantei e dei de cara com Noah me olhando sem entender nada.

— Noah, me ajuda procurar a chave? Aposto que deve estar escondido em algum lugar! — Ele, ainda calado, sorriu concordando, então nós  começamos a procurar. Eu já tinha olhado debaixo do tapete, mas não tinha nada, além de poeira. Olhei os vários vasos de flor, mas as florezinhas, coitadinhas já tinham morrido. Remexi no interior dos vasinhos, em meio aos ramos secos, junto ao Noah até que ouvi:

— Sarah, eu achei, está aqui! — exclamou, mostrando-me um molho de chave meio enferrujada. Reparei ainda que havia várias chaves! Para que serviam? Pensei com meus botões, olhando a casa toda, imaginando quantas portas trancadas ali existia. 

— Onde você achou Noah?

— Neste vaso do lado da porta!

— Que estranho, pois foi o primeiro vaso que olhei e não achei nada!

–—Deve ser por que a chave estava quase caindo do vaso, pois quando olhei na primeira vez não vi nada, mas olhando de novo, vi bem no cantinho um metal e quando coloquei a mão, senti que era a chave na beirada quase caindo.

— Deve ser por isso que não achei! — respondi, aliviada e ansiosa ao mesmo tempo. Peguei a chave que estava na mão dele e fui tentar abrir a porta, mas tive que tentar uma por uma. 

Tentei uma e nada, tentei outra ainda; nada, quando ia tentar mais uma, Noah pegou o molho da minha mão.

— Me deixa tentar um pouco?

— Pode sim, vamos ver se o senhor tem sorte — brinquei entregando a chave para ele, que sorrindo escolheu uma e colocou na fechadura. Nossa que sortudo! A chave virou na hora.

— Acho que sou um cara de sorte — disse ele, sorrindo para mim. Que sorriso mais lindo, céus! Deixou-me de pernas bambas.

— Meu Deus! Que casa linda! 

Até parece que alguém andou pintando ela por dentro, já que a parede parecia que tinha acabado de ser pintada, com um tom de erva doce, pois estavam limpinhas. A sala era enorme e tinha uma linda lareira no meio da parede da sala, só que acho que é só de enfeite, já que nessa região faz muito calor. Em um canto da sala tinha um barzinho enorme com taça e bebidas, o qual estava bem empoeirado, logo as bebidas devem estar envelhecidas.  Pensei, checando os rótulos das garrafas de Balantine’s e vinhos escoceses. Na parede tinha vários quadros de paisagem e notei também que tinha um sofá coberto com lençol e uma mesinha no centro da sala também coberta. No outro canto da sala tinha uma escada enorme, acho que deve ter mais de vinte degraus.

— Noah, obrigada por me trazer até aqui!  Só que daqui uma hora vai escurecer então acho melhor você ir! E se, não for abuso, gostaria de ver você amanhã cedo para a gente conversar, afinal você é o único que conheci aqui.  Porém, só se não for te atrapalhar!

— Imagina Sarah! Será um prazer! Assim que eu entregar umas encomendas, eu volto, mas acho que até às dez horas estarei de volta, aí venho aqui, pode ser neste horário?

— Pode sim! — respondi agradecendo o carinho e a companhia dele. Antes de partir, Noah colocou minha mala e a compra na mesinha da sala e minha bicicleta num canto.

— Sarah, então já que não precisa de minha companhia, já vou indo, a casa é linda, tchau até amanhã.

Noah abriu a porta e saiu fechando em seguida. Não seria nada mal um gato como ele ficar aqui comigo, só que eu não o conhecia muito bem ainda, então preferi ficar sozinha. Quando peguei a chave que Noah me entregou, eu apanhei um esmalte na minha bolsa a tiracolo marquei um "S" com esmalte vermelho. Respirei fundo enquanto acenava para o belo rapaz que, distraído, se distanciava caminho à fora pedalando avidamente. Em seguida, entrei e tranquei a porta com a chave, pois eu estava sozinha.

Passei por aquela grande escada e do outro lado ficava a enorme sala de jantar, e pensei que daria para fazer uma festa com muitos convidados, pois espaço tinha. Era maior que a sala de jantar da casa de Nadya. Percebi que havia alguns móveis cobertos. Eu precisava procurar alguma coisa para acender, vela, lanterna ou sei lá, alguma coisa, tentar a sorte, pois era uma casa abandonada, só que não parecia abandonada por dentro.  

Atravessei a sala de jantar e cheguei a uma porta que não tinha maçaneta e era uma porta grande. Percebi que era só empurrar que ela abria.   Quando entrei, meu queixo caiu, pois, uma cozinha planejada enorme, desfilou diante dos meus olhos surpresos. Tinham muitos armários e gavetas, tinha até um fogão, só que não era novo e a geladeira era bem antiga, tudo embutido e tinha também um balcão enorme que saía da parede, fazendo uma volta no meio da cozinha. Era a cozinha dos sonhos de qualquer mulher, mas acho que nada aqui funciona, nem mesmo o fogão e nem a geladeira.

   Nem precisa ser curiosa como eu, para explorar tudo ali, e foi exatamente o que fiz; abri a geladeira, e vi que por dentro ela estava encardida...  Mas que estranho, pois quando abri a luz acendeu! Então está ligada!  Mas por que estaria ligada? Puxei a gaveta de legumes e levei um susto, já que tinha algumas frutas, uma garrafinha de leite, queijo fresco e uma garrafa de água. Que estranho! Sendo uma casa abandonada como poderia a geladeira estar abastecida?  Será que já morou alguém aqui? Bom, pelo que fui informada nunca ninguém morou nessa casa. E essas coisas não me parecem estragadas, mas sim fresquinhas.

 Continuei procurando nas gavetas alguma coisa para acender, pois estava escurecendo. E se a geladeira está ligada é porque tem força. Será que alguma luz acende? Então olhei para cima e vi que não tinham lâmpadas no bocal, então eu continuei procurando nos armários e na gaveta do meio. Achei um isqueiro velho e tentei acende-lo, com muito custo ele acendeu.  E no último armário para minha surpresa tinha um lampião, só que esse não era velho! Acho que alguém já esteve aqui. Pensei meio arrepiada, mas enfim, foco em acender o lampião. Eu nunca acendi um lampião, mas não devia ser difícil, então fui tentando até conseguir.

Senti um alívio, pois já estava escurecendo. Resolvi ficar ali mesmo na sala e deixar para conhecer o restante da casa amanhã.

Tirei o lençol branco que cobria a mesinha e o sofá, a mesinha era inteirinha de vidro e o sofá era antigo, mas não estava tão velho. Já que eu não sabia como encontraria essa casa, eu vim preparada. Como minha mala era grande, coloquei muita coisa nela:  três jogos de lençol, duas toalhas de banho e de rosto e duas toalhas de mesa. Forrei o sofá com meu lençol e a mesinha com a toalha de mesa, e como a mesinha era pequena, a toalha foi até o chão. Eu me sentei no chão mesmo e preparei um lanche com mussarela, pois já estava com fome e comi tomando minha água de coco. Eu só espero não sentir vontade de ir ao banheiro, já que ainda não sei onde é!

Terminei de comer e me deitei no sofá, peguei meu celular para ver se tinha sinal, graças a Deus aqui tem! Então liguei para Nadya, e no terceiro toque minha amiga atendeu. 

— Poxa Sarah, por que demorou tanto para me ligar? Já estava ficando preocupada, pois você saiu às dez e meia daqui, e só foi me ligar agora às sete horas da noite!

— Me desculpa Nadya! Você nem imagina a dificuldade para se chegar até aqui.  Só consegui te ligar agora.

— Nossa Sarah, por quê? Conta tudo... De como foi sua viagem de avião e o caminho até aí?

— No avião não vi nada e nem senti, pois fechei os olhos e coloquei o fone no ouvido e acabei dormindo. Quando acordei o avião já estava pousando e no caminho para cá, o motorista do taxi me disse que nesta ilha não circulam carros.  Tive que parar em uma loja e comprar uma bicicleta, pois só bicicleta, jumentinho e cavalo circulam por aqui, depois ele me deixou no porto para pegar uma lancha e ir para ilha. No entanto você acredita que quando fui subir na lancha, não vi o que tinha no chão, a mala estava na minha frente, enrosquei meu pé e caí dentro do mar.

— Não acredito que você caiu no mar!

— Sou desastrada, você me conhece, mas me deixa terminar de contar.

— Conte logo, fiquei curiosa para saber o que aconteceu.

— Como eu estava dizendo, um rapaz muito bonito chamado Noah, que estava na lancha, pulou na água e me ajudou a ir para lancha. Depois que chegamos à ilha tive que ir comprar algumas coisas para comer na casa! Já que é uma casa abandonada não deveria ter nada. Na ilha tem muitas casinhas brancas fofas, e o povo vive de artesanato que é vendido em barracas. E tem também barracas de comidas típicas da ilha, mas ainda não conheço. Não sei o que é.

— Nossa Sarah! Esse lugar parece ser lindo, mas continue amiga!

— É lindo sim. Então Noah me acompanhou até aqui, ele até se ofereceu para me fazer companhia, só que eu não conheço ele direito ainda, então achei melhor ele ir embora, só que ele volta amanhã.

— Hummm, parece que tem alguém se interessando por esse Noah! Mas me conta como é a casa?

— Bom Noah é um rapaz interessante e diferente dos outros que já conheci! A casa é linda, precisa de reformas por fora, mas por dentro, onde estou agora, está perfeita, o resto ainda não conheci, só conheci a sala, a sala de jantar e a cozinha. A cozinha é perfeita, acho que esta casa é maior que a sua. Você precisa vir para cá para conhecer.

— Podemos combinar em um final de semana.

— Seria legal Nadya, vamos combinar sim.

— Quantos dias acha que vai ter que ficar aí, Sarah?

— Bom, se eu for vendê-la, as papeladas demoram mais ou menos um mês para ficar pronta e vou ter que reformar por fora, então eu acho que vai mais ou menos de dois a três meses, se correr tudo bem.

— Nossa, é bastante tempo, vou sentir sua falta aqui! Mas nós vamos combinar, quando estiver quase tudo organizado na casa, eu passo um fim de semana com você.

— Então combinado assim, amiga! Eu te deixo informada de tudo aqui!

— Sarah, eu vou ter que desligar ok? Amanhã nós conversamos mais, pois tenho uma balada para ir com a Fer e eu ainda não me arrumei. 

— Vai lá amiga. Amanhã conversamos, boa noite e se divirta por mim! Dá um beijo na Fer por mim — após se despedir, Nadya desligou. Fer é a prima da Nadya, e sempre que dá, ela sai com a gente, pois além de ter a mesma idade que eu, nós nos damos muito bem.

   Fiquei ali no meio do nada, sozinha na sala de uma casa abandonada. Coloquei o lampião em cima da lareira, pois como era alto iluminaria toda sala e fui em direção ao barzinho, eu queria olhar de que ano eram as garrafas de vinho. A primeira que peguei era de 1999, não era tão antiga como pensei, a segunda era de 2002. Nossa é mais nova ainda! Comecei a ficar curiosa, então olhei as próximas... 2005, 2008, 2011.

     Meu Deus, que estranho! A última é de 2013! E se já estamos em março de 2014, agora tenho quase certeza que alguém esteve aqui, pois se essas garrafas fossem do pai do meu avô, seriam bem velhas!

— TUM! TUM! TUM! ...

Ai meu Deus, tem alguém andando no andar de cima! Pensei quando meu coração quase saltava pela boca. Mal respirava de nervoso.  E agora? O que eu faço?

—TUM! TUM! TUM! ...

Ai meu Deus de novo, não sei o que fazer sozinha nesse lugar! Comecei a andar de um lado para o outro, só que eu estava com tanto medo, que me sentei no sofá e fiquei quietinha sem me mexer, mal respirando, pois tinha medo que me ouvisse.

— TUM! TUM! TUM! PLAM!

De novo e dessa vez bateu a porta! Coloquei a mão no rosto e comecei a chorar baixinho. Bom eu queria chorar, mas as lágrimas não desceram, pois eu tinha medo que me ouvisse. O jeito foi rezar para que essa noite passasse logo.

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