Capítulo: Feitiço quebrado, almas unidas
Aquela luta estava realmente deixando a casa de Angel uma bagunça - imaginem o pior dos piores quartos bagunçados existentes - Willian se surpreendia cada vez mais com a capacidade de luta corporal de Angel, aquela mulher se escondia nas sombras sem deixar rastros. E aquilo frustrou o alfa já que perdia 50% da sua capacidade de luta. E tinha mais uma coisa que incomodou o lobo desde que entrou pela porta da casa e fitou Angel.
Seus olhos azuis falsos o deixavam inquieto.
— Você vai vir comigo! — tentou aplicar um sonífero em Angel, mas a loba era esperta, acabou dando alguns passos para a sombra e ali ficou. Agradeceu aos céus por preferir lugares escuros, sua casa era escura, sempre foi. A iluminação baixa a fazia se esquecer da luz e focar somente na escuridão. Era gostoso.
— Acho que não — Angel deu um salto o derrubando no chão imobilizado. Riu achando graça do Alfa, em que mundo, um estranho entra na sua casa, destrói um vaso raro que foi presente do seu padrinho centenário, deixa sua casa de cabeça pra baixo e ainda pede para que vá com ele, para sabe-se-lá onde! Apenas um idiota faria isso: Willian Toledo.
Querendo ver até onde o alfa iria, abaixou-se até altura do ouvido de Willian e proferiu as seguintes palavras:
— Estará preso a mim! — Willian não entendeu as palavras da guerreira. Quando abriu a boca para questionar a frase sem sentido da mulher, um rosnado de raiva saiu dos lábios de Angel antes de cair em cima de Willian desacordada.
— E aí, Willian? — disse Michelangelo bravo com seu Alfa, o loiro cruzou os braços e bufou indignado, em uma das mãos, uma seringa. O cheiro do sedativo fez o Alfa ficar zonzo por uns instantes, mas os resmungos do amigo o manteve acordado — Você é muito egoísta, hein! Pega toda diversão só pra você.
Observou o corpo desacordado da jovem sobre seu corpo. Suspirou empurrando a mulher para o lado sem se importar caso ela se machucasse. Aquela mulher tinha feito pior com si.
— Cala boca, Michelangelo! — se levantou do chão sentindo seus ossos estalarem, soltou alguns gemidos dolorosos ao tocar seu abdômen. Michelangelo arregalou os olhos ao ver o estrago do Alfa e da moça desconhecida.
Realmente, Willian só estava o pó!
— Cara?! A garota- Está sem nenhum arranhão... E você- — caiu na gargalhada, Michelangelo amava rir da desgraça dos outros. A risada do lobo ecoou por toda casa, até os lobos que ficaram do lado de fora ouviram a risada escandalosa e única do beta da alcateia.
—Michelangelo! — Willian rosnou severo ao se agachar para pegar sua mais nova prisioneira no colo.
A Guerreira Negra
(...)
Angel acordou com uma imensa dor de cabeça, não sabia onde estava, nem ao certo que horas eram.
Só sabia de uma coisa — Essa maldita dor de cabeça — grunhiu de raiva, olhando ao seu redor, estava presa. Era de se esperar, pensou.
Riu alto ao notar tamanha idiotice, mas... Ela estava rindo de si mesma? Ela estava presa, e mesmo assim estava debochando da cara de Willian. Era automático, Angel era Angel e nem ela mesma conseguia se entender.
O tamanho da seriedade, a situação em que estava e mesmo assim, a loba não conseguiu segurar a risada.— Ora, se a bela adormecida não acordou — Willian tinha acabado de chegar na sala e logo foi alertado por um de seus guardas que relataram sobre a maluca que estava rindo que nem idiota, mesmo estando presa.
— E pode apostar que não foi você quem me beijou — debochou entortando a cabeça para o lado, sorrindo.
Até mesmo presa, ela não larga de ser irônica, pensou Willian sorrindo de maneira enigmática. Com passos calmos, se aproximou da mulher sentada na cadeira de ferro.
— Vamos fazer assim...— Angel começou a falar, mantendo a atenção de Willian sobre si — Você me solta e eu não destruo a sua alcateia, vou embora e todos vivem felizes, ye!
A sala foi preenchida pela gargalhada de Willian — Louca, debochada e piadista? Coitada, minha querida, você não está em condições de propor nada aqui — sorriu se aproximando ainda mais.
Angel sorriu de lado, mal sabia ele da capacidade dela destruir uma alcateia com seus poderes, mas pelo visto, nem deles precisaria. Podia ver apenas de olhar para o Alfa estupido que comandava aquele lugar.
O poder concebido pelos deuses, mais poderoso que a magia negra e a branca juntas. E Angel o tinha em suas mãos, na verdade, por todo corpo.
— Willian, Willian...— Angel negou rindo, seu olhar se voltou para o homem, o mesmo a olhou curioso. Os olhos dela-
— Você ...— não disse mais nada, somente caminhou em direção a Angel e enfiou o dedo nos olhos dela retirando as lentes sem qualquer pingo de cuidado. Finalmente matando sua inquietude desde que a viu pela primeira vez.
— Ei, ei! Tira essa mão daí, merda! — Angel gritou xingando o homem, seus olhos ardiam e os dedos de Willian em suas orbes lhe causavam arrepios — Tira esse dedo sujo do meu olho, inferno! Eu vou lá saber onde você enfiou esse dedo?! Vou te processar!
Mesmo com os impropérios de Angel, Willian tirava suas lentes azuladas, jogando-as fora logo em seguida. Quando ergueu seus olhos para fitar a mulher, acabou se surpreendendo ao ver um par de olhos vermelhos sangue.
O Alfa paralisou por um instante, sem saber o que fazer ou como reagir aqueles olhos.
— Tudo bem, agora chega! — decidiu-se por fim, agarrou o primeiro canivete que tinha sobre uma mesa próxima e apontou para o rosto da mulher. Ela estava começando a ficar irritada com a situação, mas não deixou transparecer — Vai me dizer o que você é! Agora, já!
— Se não o que? — Angel estava irritada, mas também não perderia a chance de irritar os outros, principalmente o imbecil parado ali na sua frente.
— Se não, você vai morrer — disse simples, rodopiando o canivete entre seus dedos.
Angel riu, negando novamente e apontando com a cabeça, na direção da arma na mão de Willian — Com essa coisinha é?
Uma ardência veio de suas coxas. Sério mesmo que ele havia me cortado? indagou-se em pensamentos, olhando com calma para o corte aberto em sua perna. Voltou-se para o Alfa Toledo, o mesmo não estava com uma cara tão boa.
— É sério mesmo? — Willian ignorou o sarcasmo de Angel. Mas daquela vez, a mulher falava sério. Ela suspirou fechando os olhos por um segundo. O que é dele está guardado, balbuciou sem fazer um único som.
— Escuta aqui… — Willian agarrou o rosto de Angel, forçando a olhá-lo — Qual seu nome?
Willian não estava com paciência e Angel não estava ajudando, nem queria mesmo.
— Eu sou Regina George e você? — a mulher pagou bem caro pela ironia dessa vez, agora com uma chicotada nas costas. Grunhiu de dor, mas riu em seguida.
Aquilo não era nada.
— Para que quer saber? — Angel perguntou olhando os olhos negros de Willian — Vai mudar alguma coisa na sua vidinha patética?
— Eu preciso saber!— rosnou mostrando toda sua dominância, Angel sorriu convencida ao vencer parcela da dominância do Alfa.Combatendo-a com a própria presença.
— Angel — Willian queria mais e mais descobrir sobre aquela mulher. Por isso continuou.
— Angel do que? — cruzou os braços, impaciente, bufou.
A loba suspirou, revirando os olhos, começando a ficar cansada daquele lenga-lenga insuportável, estar na presença daquele homem lhe incomodava.
— Angel Trindad — a voz saiu grave e carregada.
Willian arregalou os olhos, sua pele empalideceu ao ver a jovem com o semblante frio. Ela não mentia.
— Você é uma Trindad... Impossível os Trindad morrerem junto com a alcateia.
Seu ponto fraco, Angel não suportava ouvir de sua família, fazia os parecer fracos. E de uma coisa ela tinha certeza, eles não eram fracos, nunca foram.
— SIM, MERDA! A PORRA DE UMA TRINDAD BEM AQUI NA SUA FRENTE. VIVINHA DA SILVA. QUE FOI, QUER UM AUTÓGRAFO? JÁ QUE SABE QUE TEM UMA TRINDAD NA SUA FRENTE PODE COMEÇAR A BOSTEJAR SOBRE MINHA FAMÍLIA, MAS SAIBA QUE SE EU SAIR, VOCÊ MORRE!
Willian não esperava essa reação de Angel, nem ela mesma, mas ele a entendia.
— Não vou chamar a sua família que morreu em luta de fraca... E você? Digo, para estar viva, você deve ter fugido enquanto os seus morreram um após o outro, não é? — provocou com um sorriso lascivo nos lábios.
Angel sentiu os olhos dilatarem, se ela já odiava Willian, agora ela o imaginava morto.
— Como você ousa? — murmurou baixo, os punhos cerrados e olhar preso na ferida da sua coxa, aquela merda nem doía mais. As únicas coisas que passavam pela cabeça de Angel, eram aquelas malditas imagens passando e repassando. A culpa piscava em sua mente e ia se manchando de sangue, assim como o chão da sua vila naquele dia.
— É uma boa teoria, você não acha? Os mais fracos tendem a fugir quando se sentem ameaçados — Willian sorriu ao ver Angel perder o controle, ele não a queria deixar fora do controle, realmente ele a entendia, mas precisava ver a marca em seu pulso.
— Fraca? — sussurrou lentamente, a pele começando a pinicar de nervosismo, as bochechas rubras e a respiração — FRACA? MORRA SEU MALDITO MESQUINHO! ACHA QUE UMA CRIANÇA TERIA FORÇAS PARA LUTAR COM A MERDA DE UMA ESTACA ATRAVESSADA NO SEU CORPO?!
O grito esganiçado cortou a sala, as pernas da mulher tremiam e ela batia os pés com força no chão. As mãos presas batiam contra algemas com força, o líquido vermelho começou a escorrer pelos braços esbranquiçados da loba enfurecida.
Não existia mais Angel ali. O corpo parou de se mexer em súbito, o rosto devagar foi se levantando e os olhos demonstravam claramente a presença do espírito loba.
Trevas havia acordado.
Mas Willian já tinha o que queria, ele viu a marca em seu pulso.
A garota, realmente, era uma Trindad.
(...)
Angel - Trevas no caso - continuou olhando fixamente para Willian que ainda estava perplexo pela descoberta. Os olhos predatórios da loba descontrolada fitava todo o corpo do Alfa, tentando achar pontos de fraqueza, imaginando como seria afundar suas presas ali e o matar lentamente.
Willian nem percebia a intenção assassina de Trevas sobressair a sua, a confusão vencia qualquer outra coisa naquele momento.— Im-pos-sí-vel — disse sílaba por sílaba ao fitar a garota à sua frente. Chocado demais para sentir qualquer coisa, poderia levar uma surra que nem sentiria.
Trevas franziu o cenho, agora quem estava confusa era ela e Angel que apenas via tudo em seu consciente.
Impossível o que? Esse cara é retardado? Ambas pensaram juntas, revirando os olhos.
— Espere aqui! — Willian fez um gesto inocente com as mãos, como se pedisse para ela realmente esperar por ele. Trevas olhou bem pra cara dele como se o que ouviu fosse besteira.
— Como se eu pudesse sair daqui né idiota?! — grunhiu irritada se contorcendo na cadeira.
Willian ignorou Angel ainda abestado.
— Michelangelo! traga a mais forte bruxa, macumbeira que achar — disse entrando bruscamente na sala de estar da casa, encontrando o loiro esparramado no sofá assistindo One Piece, mas pouco se importou com a carranca confusa e engraçada de Michelangelo, correu para a biblioteca no andar de cima.
Michelangelo olhou para a escada com o semblante perdido, mas acabou se levantando, desligou a TV e sem dizer nada, saiu.
— Mas que porra é essa? — indagou-se já no carro. Negou sabendo das loucuras do seu amigo — Vamos apenas fazer, como dizia a mamãe conversa de louco não se contraria. Só sorria e acene, Micky, sorria e acene.
Deu partida no carro, percorrendo pelas ruas calmas da vila, logo entrando na estrada de chão que levava até a cidade. Mas parando para pensar, o loiro resmungou.
— Onde é que eu vou achar uma macumbeira? — se perguntou no meio do caminho — Argh, Willian desgraçado! Por que diabos eu aceitei ser seu braço direito?! Merda, sabia que devia ter lido as letras pequenas antes de concordar.
(...)
Angel já estava impaciente. Há mais de uma hora ela fitava seu corte em sua coxa, o sangue que antes escorria, agora estava seco. Tinha recuperado o controle de seu corpo fazia alguns minutos e sentia uma imensa vontade de deitar e dormir até não querer mais. Todavia, sentia seu corpo reclamar a todo instante.
Seus cabelos negros estavas grudentos e cheios de nós, seu rosto marcado, sua perna ferida, seus braços ensanguentados. Estava horrível.
— Se eu tiver um fungo na cabeça. Willian vai ficar sem a cabeça dele — resmungou irritada para o nada.
“Ei! Acho melhor não. Como iremos aproveitar aquele corpinho sem a cabeça?” Angel arregalou os olhos, se engasgando com a saliva, desde quando sua loba havia virado uma pervertida?
— Drogas! Eles devem ter exagerado nas drogas, só pode ser pra você estar pensando em algo assim nessas horas! — rosnou ouvindo o som da risada de Trevas.
Ela já estava ficando fraca, mas foi aí que ela se lembrou de algo importante.
— Ah merda! Como foi que não lembrei disso antes? — xingou-se de tudo quanto era nome, enquanto tentava alcançar a adaga que estava no cano de sua bota — Ah peguei! — comemorou cortando a corda de sua mão e de seus pés.
Estava dolorida e com frio. O ar condicionado estava torando naquela sala, e para variar, estava de short e uma camiseta fina.
— Quem mandou não colocar uma calça? — resmungou batendo nas pernas para mantê-las aquecidas. Suspirou olhando ao redor, acariciando as coxas, principalmente a machucada. Arrancou a camiseta e a cortou com a adaga, com o que sobrou dos trapos, colocou de volta, cobrindo os seios e o outro pedaço, fez um torniquete simples e apertou bem antes de começar a inspecionar o local.
Achou a porta e não se surpreendeu ao encontrá-la fechada.
— Ah, eu não quero nem saber! — emburrada, pegou a cadeira que estava sentada e meteu na janela, amassando o metal. Meteu o pé no metal e continuou assim até elas caírem do outro lado. Viu que estava num corredor muito bem iluminado, aquela casa não era como sua.
O dono com certeza queria colocar o Sol dentro da casa, chegou até queimar seus olhos, poderia até pegar um bronze com tanta luz que emanava dali.
— Puta que me pariu cem vezes — praguejou irritada tapando os olhos sensíveis com os braços, jogou a primeira coisa que viu nas lâmpadas.
— Bem melhor! — sorrindo orgulhosa com o trabalho, continuou andando pelo corredor.
Lembrou-se de uma música legal que ouviu de seu celular, começando a cantarolar enquanto andava despreocupadamente pelo corredor escuro — Save me…
E continuou assim até encontrar uma porta de ferro espesso. Revirou os olhos ao forçá-la a abrir.
— Ei! o que faz aí? — um guarda a pegou no flagra. Assustou-se com a voz e socou o cara por reflexo. Quando notou, o homem estava apagado no chão, com o nariz sangrando.
— Merda, que susto — suspirou abaixando e pegando as chaves do cinto do lobo, abriu a porta, trancando-a logo em seguida.
Andando poucos passos, encontrou mais uma porta, agora branca.
— O que? Esse cara é um tipo de maníaco das portas? Sério, deve ter uma porta no- — arrombou a porta sem se importar com quem estaria atrás dela. Avistou uma escadaria de mármore branca, detalhada com o corrimão dourado.
Tinha a vista do hall de entrada e da sala de estar e uma televisão enorme. Os sofás negros e as almofadas brancas dando um contraste bonito na sala. Por trás da escadaria havia uma porta transparente a qual levava para o jardim, outra porta que ela pensou ser a entrada da cozinha.
Aspirou o ar e logo sentiu o perfume viciante de Willian, deu de ombros seguindo aquela trilha, levando-a direto para a biblioteca.
(...)
Há mais de uma hora Willian estava trancado naquela biblioteca.
— Não... Não — murmurava ao folhear as páginas dos livros antigos, ele procurava pelo símbolo de Angel. Aquela era a segunda biblioteca mais completa de todas as alcateias existentes, mesmo tendo instintos agressivos por causa da herança do fogo, os Toledos destacavam-se pela variedade de escrituras antigas. Tinham enciclopédias datadas antes mesmo da formação da Aliança Secular, união entre os cinco mundos. Focou-se novamente, voltando a procurar pelo livro da alcateia das Sombras.
Até que um livro com as folhas amareladas e capa vermelha sangue com letras enormes na frente escritas em dourado, caiu fazendo um estrondo em toda biblioteca, Willian revirou os olhos se agachando para pegar o livro se surpreendendo ao ver o desenho de Angel.
— Porra, achei! — agarrou o livro e correu para a mesa mais próxima, começando a leitura.
'O símbolo significa Trevas, ser, alma, coração pertencente das trevas, mas não é uma alma e sim o filho de Trevis, o Deus soberano das Trevas.'
'A alcateia dos Trindad são guerreiros e filhos das Trevas com as sombras da Lua.'
'Há histórias que relatam a tentativa de um ser que tentou se apoderar desse poder morreu com o espírito demônio a possuindo.'
'Esse símbolo é a morte após a vida, essa alcateia como todas as outras possui seus poderes. Como a alcateia do fogo, da água, do ar e da terra.'
Willian estava perplexo com as escrituras daquele livro, ponderoso para descobrir todos os segredos da Alcateia das Sombras continuou lendo.
'A alcatéia inteira é poderosa e invejada pelas alcateias ao seu redor, seu povo não era fraco, mas eram poucos, eram sagrados com poderes divinos correndo em seu sangue.'
'Suas características eram iguais ao mesmo tempo diferentes com olhos negros e cabelos também da mesma cor, permaneciam isolados nas sombras, era um segredo puxando o outro formando uma bola de mistérios que ninguém conseguiu desvendar.'
'Aquele grande poder tinha uma fórmula para conseguir seus poderes....'
Willian folheava as folhas em busca do restante, mas percebeu que alguém já havia arrancado a folha do livro.
— Mas.... Era a fórmula! — respirou fundo tentando se acalmar. Voltou-se ao livro mais uma vez.
'O ser que tiver um dos Trindad em suas mãos poderá usá-los para benefícios próprios.'
Benefícios próprios?
Pensou Willian ao quebrar a cabeça pondo-se a ler novamente.
'Diz a profecia da Alcateia que a pessoa diferente dos olhos estranhos seria a companheira do alfa das chamas.'
'Em união entre a Luz e as Trevas.'
Um momento! O Alfa jogou o livro longe. Merda! Willian era o Alfa luz, do fogo!!
Seria ela a estranha? A garota das Trevas?
Justo ela? Praguejou sua má sorte.
E ali, esparramado em cima da mesa, ele ainda estava se torturando.
— Justo ela? — bateu sua cabeça com força na madeira da mesa, choramingando logo em seguida — É sério, o que eu fiz para merecer isso?
Se perguntou com uma voz chorosa. Angel via a cena encabulada, tinha achado a biblioteca tinha poucos minutos e por cinco minutos ela ficou estática, perto da porta de entrada escancarada, apenas observando aquela cena estranha.
Esse cara deve ter um sério problema mental, pensou arqueando a sobrancelha. Andou lentamente até Willian, que estava na mesma, Angel teve até medo de ter contagioso.
— Sério?! A mesa não fez nada para você afiar seu chifre nela! — Willian levantou seu olhar e viu a pessoa que não havia saído dos seus pensamentos desde que havia encontrado ela pela primeira vez.
— O que diabos está fazendo aqui? — perguntou incrédulo, assustado e em pânico.
— Vim fazer uma visitinha ao meu amiguinho — deu de ombro se aproximando mais, com as mãos cruzadas nas costas.
Willian revirou os olhos se levantando e a deixando para trás com cara de tacho.
— Ei! Aonde vai? — perguntou acompanhando os passos de Willian.
— Se for mesmo minha companheira, eu me jogo da primeira ponte que me aparecer!
Angel ficou confusa ao ouvir as palavras do homem à frente, mas seguiu-o mesmo assim.
Willian saiu da casa se transformando em um lindo lobo cinza de olhos vermelhos.
Angel sentiu algo se quebrar dentro de si, seu feitiço para que seu companheiro não a encontrasse estava sendo quebrado.
Gemeu de dor ao sentir seus ossos quebrarem, lutou contra sua loba para ela não se transformar.
Angel nunca se transformou na frente de desconhecidos, somente sua família e Maggie sabia como era sua loba.
— Não... Eu não vou me transformar! — rosnou se pondo de pé.
O lobo arregalou os olhos ao ver Angel negar a transformação de sua loba.
— Já que não vai se transformar pelo menos me fale se é ou não é! — uma voz sombria ordenou, Angel tentou se negar mais uma vez mas a sua loba a controlou libertando seu cheiro.
Os olhos de ambos ficaram na cor amarela ao mesmo tempo, carregado de luxúria e desejo. Companheirismo.
— Meu
— Minha!
Rosnaram ao mesmo tempo, um para o outro ainda se encarando.
A garota de cabelos negros caiu de joelhos sentindo algo escorrer de seu nariz.
Era sangue. O feitiço havia sido quebrado, mesmo sendo muito forte tirou as energias de Angel e de sua loba. Antes de desmaiar só sentiu ser erguida em braços fortes e ser carregada para dentro novamente.
(...)
— Meu Deus e todos os santos! Onde diabos vou achar uma macumbeira, bruxa sei lá que porra! — Michelangelo estava realmente desesperado, xingando Willian de todos os nomes possíveis — Vou pedir aumento de salário. E aí dele se não aumentar aquela mixaria!
Murmurou ao desviar de uma velhinha que passava no meio da rua.
— MINHA SENHORA, PRA ISSO QUE SERVE A FAIXA DE PEDESTRES! PARA OS PEDESTRES ANDAREM EM SEGURANÇA E NÃO SEREM ATROPELADOS! PELO AMOR DA SANTA LUA! — gritou irritado vendo a senhorinha provocar um quase acidente — Aí, não aguento mais! Férias! Cem anos de férias e cinquenta caixas de calmantes.
— Velha caduca! — resmungou ainda puto da vida com a senhorinha da rua, xingou ao virar em uma rua sem saída e no final uma pequena floresta.
— Willian tá me devendo uma caixinha de cerveja por me fazer entrar nesse matagal — estacionou o carro de qualquer forma e entrou na floresta praguejando tanto seu amigo.
— Belo amigo você foi arrumar em Micky! Enquanto ele tá lá no aquecedor, quentinho, você tá aqui num frio de tirar o Pica-pau do oco!
Michelangelo olhou para frente se deparando com uma casa velha caindo aos pedaços.
— Ô de casa?! Tem alguém aí?! — gritou fazendo um escândalo, lá de dentro saiu uma mulher com a pele meio azulada. Ele franziu a sobrancelha estranhando o tom de pele da mulher.
— Eu hein, pegou a febre azul?! — riu pelo nariz de sua piada ridícula. Apenas posso dizer uma coisa: vergonha alheia.
— Oh, seja bem vindo, Michelangelo — a mulher deu um sorriso pequeno acenando levemente com a cabeça.
O loiro arregalou os olhos. Como essa doida sabe meu nome? É macumba na certa, vim no lugar certo!
Ele assentiu engolindo seco, fazendo sua pose de "Dá licença que o Beta fodão tá na área”
— E você seria? — pigarreou falando grosso, tossindo logo em seguida por causa da garganta arranhada, praguejou.
Sentiu um arrepio correr pelo seu corpo ao vê-la sorrir ainda mais.
— Sou Magnólia. Por favor senhor Michelangelo, siga-me — nome esquisito da porra, pensou o loiro ao dar de ombros e entrar na casa.
— A que devo a honra de Michelangelo, o beta do alfa dos Toledo, em minha humilde residência? — caindo aos pedaços, senhora, resmungou em pensamentos.
— Meu alfa pediu ajuda de uma macumbei... Digo, uma feiticeira para quebrar um feitiço.
Magnólia já sabia que a visita do homem a frente seria sobre a companheira do alfa.
Teve visões sobre a Guerreira Negra.
— Então o alfa quer minha ajuda para quebrar o encanto de sua companheira?
Michelangelo olhou para ela tentando entender o que ela tinha dito.
— Bom, é que ela não é bem- — foi cortado com as palavras rápidas de Magnólia.
— É sim! — sorriu enigmática ao ver a confusão nos olhos do loiro.
— Que seja! Só precisamos da sua presença — a mulher assentiu fitando o homem.
— Sim... Quando iremos?
— Agora de preferência.
Os dois então deixaram a floresta pegando o caminho para a alcatéia dos Toledo.
(...)
Willian olhava o corpo agora limpo de Angel depositado em cima de sua cama, seu lobo parecia explodir de alegria enquanto ele se explodia em amargura.
Como minha companheira pode ser uma assassina? Se perguntava a todo momento olhando cada cicatriz do corpo pálido. Ele nem percebeu seus movimentos involuntários, quando se deu conta estava tocando os cabelos negros da moça. Sorriu de leve ao sentir o cheiro dos cabelos dela.Cheiravam a morangos silvestres.
— Por que? Por que você? — suspirou sem saber o que fazer com aquela informação.
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