Capítulo 6

Capítulo: Batalha no Império Vampiro

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  | ANGEL |

— O que foi que você fez com ela? — perguntou Willian sem acreditar. Seus olhos fixos nos meus, queimando como o inferno. Fechei os olhos, inclinando-me para trás, a nuca descansando no encosto do sofá. Não respondi o Alfa a princípio, apenas o ignorei esperando a tontura ir embora. 

Como pensei, não devia ter usado tanto poder estando tão fraca.

Ouço um bufar em meu consciente, Trevas não estava nada contente, seu mau humor era refletido no meu - que já não era um dos melhores - e agora ao saber da intenção de Willian, piorou uns 120%.

— Nada — resmungou, abrindo os olhos, fitando o teto forrado e o lustre antigo brilhando — Ela procurou e achou o que queria.

— Achou? — o rosnado irritado de Willian chamou minha atenção. Quando desviei meus olhos para ele, me assustei vendo-o próximo demais. Afastei de súbito, mas não havia para onde ir — E o que diabos ela achou para você agir dessa forma e machucá-la?

Aquilo me irritou, mas me irritou muito. Fez até a dor passageira em minha cabeça ir embora. Meus olhos queimaram sobre o homem, ainda sério e esperando minha resposta.

Sorri de lado, um sorriso mortal — Ela achou o que você mandou ela procurar, não é? — o vi engolir seco, perdendo a pose — Mandou a bruxa para descobrir meus pecados, meus poderes… Estou certa?

Willian vacilou por um segundo, seus olhos oscilaram entre culpa e ressentimento, seu lobo arrependido — I-isso não é verdade!

Não escondi a minha surpresa, ele era bem cara de pau — Então me explique. Não! — cortei a frase, neguei balançando a cabeça me levantando do sofá, parando de frente para o moreno — Não me interessa mais, apenas fique longe de mim. Se não quiser ser o próximo, não tente algo assim de novo.

Desviei do lobo estático, dando de cara com o loiro aguado me olhando paralisado. Franzi o cenho sem saber o que passava pela cabeça daquele imbecil.

— Sério, como eu posso te chamar? Eu realmente preciso de um apelido para máquina mortífera destruidora de almas pecadoras que as leva para o fundo do inferno de gritos agonizantes — senti meus neurônios derreterem depois daquilo. O nível baixo daquele cara, como ele virou beta? Não aguentei e comecei a rir, esquecendo-me da cena alguns minutos atrás. 

— Que tal… Anjo demônio? — sorri de lado achando graça da sua careta. Ele estreitou seus olhos na minha direção, negando com a cabeça como se tivesse uma ideia melhor.

— Certo, vou te chamar de diabinha — ri dando de ombros, não me importando muito com seus apelidos. Resmungando algumas coisas, o loiro deu as costas e foi embora, deixando apenas Willian e eu. Já que a bruxa havia fugido com o rabo entre as pernas. 

Eu ia sair da sala, a presença daquele cara estava influenciando a minha por causa da ligação e eu não gostei nada daquilo. Já estava quase chegando na porta, quando ouvi sua voz banhada em desprezo.

— Ainda não sei o porquê a Deusa Luna nos escolheu como almas gêmeas. O pecado que cometi foi tão grave assim? — sorri dando de ombros, abri os braços como quem não sabia de nada antes de responder.

— Não sei! Mas faço a mesma pergunta — ri, caçoando de sua cara — Deve ter sido algo bem ruim, quando descobrir o que fez me conta! 

E saí, sem ouvir seus chamados, não me importei também. 

Antes, palavras assim poderiam me machucar muito, até mesmo os mínimos gestos. Mas hoje eu não ligo, parece que todos os insultos que ouvi por todos os anos viraram uma forte parede impenetrável, tão resistente, que meras palavrinhas carregadas de desprezo não iria quebrá-la tão fácil.

Não tenho tempo e tampouco sentimentos para me importar com o que as pessoas pensam ou falam de mim.

Apenas mando um foda-se para elas.

Parei de repente quando Willian me chamou da porta. Fitei o moreno por cima do ombro, sorri virando-me, colocando as mãos no bolso da jaqueta que havia surrupiado de cima do sofá. 

Os olhos de Willian estavam nublados e perdidos quando o deixei com as seguintes palavras:

— Faça o que quiser Willian —  ele me olha atentamente — Se está tão incomodado assim, não vejo problemas em rejeitarmos um ao outro. Mesmo porque quem sentiria dor não seria eu e sim você — uh, parece que atingi seu orgulho. 

 — Por que só eu? — alterou-se, indignado — Vai me dizer que não é capaz de sentir dor? Ah, faça-me o favor!

Riu irônico. Realmente, feri seu orgulho.

 — Oh! Eu não, afinal, não sinto nada por você e também… Não sou fraca — uma vez ouvi certo ditado e nunca fez tão sentido como agora, era bem assim:

"Não cutuque a onça com vara curta" 

Willian me olhou com as orbes queimando de raiva. Não minto, achei graça e sensual de certa forma. 

— Por acaso está me chamando de fraco? — oh, ele estava fazendo um enorme esforço para não pular no meu pescoço. E o que eu fiz? Parei? No, no!

— Se a carapuça serviu! — ri voltando a andar quando meu celular começou a tremer, não liguei para Willian rosnando atrás de mim, apenas agarrei o telefone franzindo as sobrancelhas, vendo pela barra de notificação uma mensagem de Maggie.

"Angel, estou com problemas, estão atacando meu clã!"

"São muitos, não sei o que fazer"

Ela tinha mandado há alguns minutos. Quando terminei de ler sua mensagem, senti meu sangue gelar e o coração parou por alguns segundos. Algo escorreu de minhas têmporas. Suor.

Virei-me sentindo meu corpo voltar a funcionar duas vezes mais rápido, meu sangue correu fervendo em minhas veias. Corro para dentro, pelo que me lembre, o quarto em que acordei ficava no segundo andar da casa. 

Abri a porta com violência, a madeira se partiu chocando na parede, o barulho foi alto, em dois segundos Willian entraria pela porta para saber o que havia acontecido. E tudo o que eu menos precisava era daquele imbecil no meu pé. Olhei para as roupas em meu corpo, daquele jeito não dava para ir. 

Fechei os olhos sentindo algo fluir em meu corpo, o poder adormecido recém desperto deixando uma sensação estranha nos meus músculos, mesmo sendo desconfortável no começo, melhorava depois. Quando abri meus olhos novamente, a energia hostil emanava de meus dedos. 

— Angel!? Mas que diabos aconteceu aqui? — não falei? Ignorei o moreno e o loiro, concentrando-me na energia emanando do meu corpo. Virei para eles, sorrindo resmungando um "até mais", enquanto a fumaça envolveu meu corpo, transportando-me para casa.

Especificando: para o meu quarto secreto.

Corri, tirando o vestido azul, já colocando o uniforme, pegando meu arco e flecha logo em seguida. Enganchei o equipamento nas costas, as adagas presas na minha perna junto com uma pistola de prata com detalhes negros, ajustada para balas de prata e claro, a munição de prata.

Amarrei meus cabelos enquanto a fumaça me envolvia novamente me levando para o império Vampers.

Já estou chegando, Maggie!

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  | WILLIAN |

Eu não estou nem um pouco desesperado.

Eu?

Desesperado? 

Imagina! Estou quase enlouquecendo!

— AH! ELA- PUTA QUE PARIU! — Michelangelo começou a gritar adentrando o quarto e apontando freneticamente para o lugar onde Angel estava antes de simplesmente sumir — ELA SUMIU, PORRA! SUMIU NO MEIO DA FUMAÇA!

E eu pensando que estava surtando. O loiro entrou em pânico.

 — Que merda aconteceu aqui? — ignorei os gritinhos incrédulos do Micky. Apressei-me para entrar no quarto, aproximei do lugar onde ela estava e vi um símbolo estranho desenhado no chão.

Tinha uma estrela dentro de um círculo.

 — Que símbolo é esse? — indaguei me abaixando, o loiro se aproximou para ver também — Micky, tira uma foto e manda para a Sammy.

Ele resmunga assentindo diversa vezes, puxando o celular, tirando a foto e mandando para Sammy, uma bruxa amiga da alcateia. 

Fechei meus olhos, tentando não surtar naquele momento. Normalmente eu não agiria dessa forma, sou bastante controlado, mas parece que tudo saiu dos eixos quando me encontrei com Angel. 

— Mortt! — chamei meu lobo mentalmente — Não sabe onde ela se meteu?

"Não!" negou desesperado. Senti sua ansiedade aumentando e isso não era nada bom. Afinal, tudo que ele sentia, eu sentia também. "Nem sua presença eu sinto mais!"

— Certo — resmunguei baixo fechando os punhos com força, minhas mãos tremiam — Mortt, acalme-se! Se você não se acalmar, não conseguiremos focar em sua presença.

 "Eu sei, ok?! Mas é difícil, antes não tinha uma companheira para me preocupar"

De certa forma, eu o entendia. Foi uma grande mudança, tanto para ele, quanto para mim.

Sempre foi só nós dois, não havia ninguém ocupando o posto de Luna da alcateia, tampouco me prendi a relacionamentos. No entanto, agora eu tenho uma companheira.

Problemática, ainda por cima. Pensei, saindo do quarto com pressa. Poderia começar a busca pela mansão de Angel, será que ela tinha voltado para lá?

Tempo depois, cheguei no lugar isolado, já entrando na casa e siguindo para os quartos do andar de cima tentando sentir seu cheiro.

"Nesse! Merda, arrombe essa porta, Willian!" ouvi meu lobo rosnar quando parei na frente da última porta do corredor, a presença de Angel saia fraca daquele quarto. Não pensei direito, apenas chutei a porta com violência sem saber se estava aberta ou não. 

Quando entrei no quarto, seu aroma parecia ter me socado, tudo tinha seu cheiro e pior, o cheiro de sangue misturado a sua presença. Meu corpo tremeu, merda, seu cheiro era incrível.

Recuperando os sentidos, andei até o centro do quarto, deparando-me com a mesma figura que vi no quarto dela lá em casa.

A estrela dentro do círculo!

"Ela esteve aqui!" Mortt rosnou descontrolado, tentei acalmar seus ânimos, mas fui interrompido com o toque do celular. Era Michelangelo. 

— Micky! — roguei ao deus do fogo para que ao menos o loiro tivesse alguma notícia dela.

— Will! Você não vai acreditar, achei o celular da diabinha no chão do quarto! E tinha uma mensagem lá, parece que ela foi para o Império Vampers — franzi o cenho confuso, o que diabos ela faria no Império Vampiro? Balancei a cabeça não querendo pensar muito sobre e sim em como chegar lá o mais rápido possível.

— Certo! Me encontre lá — transformei-me em lobo e parti em direção ao Império dos Vampiros, pelo que me lembre, ali perto havia um portal para o mundo vampírico. No caminho inteiro pensei sobre o que ela faria lá? Para sair daquele jeito, alguma coisa havia acontecido ou melhor, alguém.

Não quis admitir, mas a ideia de Angel já ter alguém com quem se importasse me incomodou.

  narrado por:

  | ANGEL |

Assim que abri os olhos, deparei-me com a destruição iminente entre lobos e vampiros na entrada do castelo da Imperatriz Vampira. A visão era ampla e agradeci mentalmente por ter parado em cima do telhado da fortaleza de Maggie. 

O vento forte acabou me desequilibrando, mas também trouxe consigo um cheiro podre de carniça.

Kassios!

A adrenalina de antes voltou com força, adicionando uma dose bem grande de ódio, corri pelo telhado, saltando sem me preocupar com o que teria em baixo. 

Durante a queda, puxei meu arco das costas, colocando uma flecha, esticando a corda do arco o mais forte possível. Quando cai em cima de um lobo, disparei a flecha em um lobo escuro que estava atacando uma vampira indefesa.

 Levantei de cima do lobo arregalado, chutando o animal com força, ouvindo-o grunhir de dor. Deixei o carniceiro de lado e corri em direção aos outros lobos. Minha flecha apontava para todos aqueles que tinham o cheiro pobre e fiz questão de mirar bem na cabeça.

Rosnei irritada, sentindo minhas mãos doerem pela patada que levei de uma loba desbotada, partindo para cima de mim. Encarei meu arco que tinha parado longe com o golpe daquela vagabunda. 

Ela grunhiu, balançando a cabeça, como se me chamasse para briga. Oh, não, ela não fez isso.

Dei um sorriso de lado, revirando os olhos quando ela pulou em minha direção, confiante demais, achando que iria arrancar minha cabeça.

Desviei facilmente, socando a cara da loba logo em seguida. Com o corpo preso no chão, manti ela imóvel. 

Ri assistindo as feições da Kassio tornando-se desesperadas quando ergui minha mão esquerda. Uma a uma, minhas garras saltaram para fora. E com um sorriso, avancei, cravando-as em seu rosto, vendo a pelagem caramelo manchada de vermelho. 

A loba grunhiu tentando escapar do meu aperto, mas não deixei, puxando uma flecha ficando em sua jugular. 

Quando fiz menção de levantar, um vampiro me deu um soco, e o desgraçado fez questão de grudar suas unhas nos meus ombros. Tentei me soltar dele e com sucesso, afastei por míseros centímetros para voltar socando ele com força.

Merda! Até os vampiros estão nessa também? Essa porra não está certa, pensei ao socar o rosto daquele branquelo com mais força. O cara cambaleou para trás.

— Você vai morrer, seu nojento traidor! — rosno chutando seu saco, dando um pulo, distribuindo uma sequência de socos em seu rosto, ficando mais intenso a cada golpe. Foram mais de vinte, eu acho, perdi a conta quando passei dos dezenove.

Arranquei sua cabeça, jogando-a longe com um chute. Puta, eu estou muito puta.

Limpei minhas garras negras no pêlo da loba caramelizada jogada no chão e segui caminhando entre os corpos em movimento. Azar daqueles que corriam na minha direção.

Finalmente avisto Maggie de longe, lutando com um lobo bem grande, ela parecia cansada. Pelo que entendi, a batalha tinha começado durante a manhã e já era bem tarde no mundo dos Vampiros. Mesmo estando sempre no escuro, havia uma hora do dia em que eles perdem metade de sua força e os lobos sabiam disso, não foi à toa que os atacou justamente nesse horário.  

Tirei meu arco, sentindo raiva de ver Maggie sendo jogada no chão. Apertei o punho mais forte, ouvi o estalo do alumínio do arco sendo amassado. Algo aconteceu comigo de repente, senti uma energia forte e poderosa seguindo por minhas veias, e quando olhei para meu braço, uma corrente de energia passava pelo meu pulso e corria para flecha, meus olhos arderam.

Mas que merda está acontecendo agora? Aquilo nunca tinha acontecido comigo antes!

A risada grave e sombria de Trevas ecoou na minha cabeça, logo sua voz rouca preencheu meus ouvidos, apenas consegui ouvir ela, mesmo com o barulho de socos e espadas não foi capaz de soar mais alto que a loba. 

"Apenas use! É o seu poder se manifestando" ela disse achando graça do meu leve susto.

— Como diabos eu uso isso? — indaguei ainda andando, meu braço pinicava, mas nada grave.

"Use como achar melhor, sei lá" riu de novo "Dê seus pulos"

 Se era assim, dei de ombros rindo junto a loba. Peguei três flechas de uma vez e puxei, de imediato as flechas ficaram elétricas de magia, surpreendi-me com aquela força perigosa! Aquilo era perigoso e eu gostei da sensação.

 Soltei e as flechas voaram com uma velocidade incrível, atingindo em cheio o lobo que atacava Maggie. E o lobo simplesmente começou a pegar fogo! Fogo com chamas negras. Deixando para me surpreender depois, começo a correr, pulando para pegar impulso, saltando em cima de dois vampiros que estavam atacando um vampiro recém formado, socando suas cabeças que foram parar longe.

— Um, dois, três — pego a pistola, a destravando e atirando em três lobos, diretamente na cabeça, os mesmos caíram no chão mortos. Incrível, até mesmo as armas ficaram com poder de fogo maior. Fui apanhada por alguém, que havia me dado uma rasteira, olhei para cima e vi um ruivo de olhos amarelos.

Fiquei com pena do cara, tão lindo…

Pena que ia morrer.

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