p.o.v Kat
Abri os olhos. Eu estava deitada num jardim imenso.
- Kat – minha mãe me chamava – Kat.
Eu olhava para o nada, estava muito em paz para deixar que qualquer coisa me incomodasse.
- Katleia – minha mãe gritava – Katleia, eu sei que você está aqui, não adianta se esconder.
Ela gritava meu nome e ria ao mesmo tempo. Eu tentava me levantar e até mesmo olhar para os lados, mas não conseguia e isso não me desesperava nem um pouco, eu só queria ficar olhando para o céu. Será que eu estava morrendo?
- Achei você – disse minha mãe me puxando com calma para perto dela – está na hora.
Está na minha hora de morrer? Não.
Eu era muito menor que minha mãe. Olhei para minhas mãos e minhas roupas enquanto andávamos. Eu usava um vestido rosa. Passei a m&atild
- Ai meu Deus! – exclamei – O que aconteceu com você?- Eu vou lhe explicar tudo. – ele falava mais baixo e devagar do que costumava fazer. Tragou o cigarro mais uma vez e ficou me olhando.- Estou te ouvindo...- Por favor, não me interrompa – ele pediu e eu assenti - como você já viu, eu já venho passando mal a um tempo. Não apenas aquelas tosses e faltas de ar, mas as vezes eu ficava rouco, sentia umas dores no tórax, as vezes até sangrava quando eu tossia. Então dois dias antes do natal eu comecei a ficar meio gripado, meu pai viu meu estado e me levou para um hospital, eles disseram que era uma pneumonia. Fiquei internado durante todo o feriado e fui liberado dois dias após o ano novo, mas aí não se passaram nem quatro dias e eu comecei a ficar mal de novo, então eles decidiram fazer exames mais complexos e uma semana depois eu fui diagnosticado
- Não fala assim Jasper – eu disse – você tem o seu pai...- O meu pai – ele gritou e se distanciou de mim u pouco rápido demais, o que o fez parar por um tempo, mas ele logo continuou – meu pai nunca quis saber de mim. Acho que ele sempre soube que eu era um fracasso. Ele não era muito próximo quando minha mãe era viva, mas depois que ela morreu ele se tornou ainda mais distante, ele não se importava nem um pouco, então eu comecei a descobrir as coisas sozinho e depois de um tempo a gente começou a brigar. Eu não ficava um dia sem brigar com meu pai até a minha internação. Agora ele está tentando me dar mais atenção, puxar assunto comigo, mas é difícil demais, eu nunca estou disposto o suficiente para conversar com ele, você é a única pessoa que eu me sinto seguro para conversar.- Mas... O Nathan... e
Bati a porta do apartamento de Aline e percebi que eu estava muito cansada. Sentei-me no sofá e deixei as lágrimas caírem. Fiquei em silêncio por um tempo até perceber que Aline estava me observando.- Você está aí há muito tempo? – perguntei, sem olhar para ela.- Desde que você chegou. – respondeu Aline.Olhei para ela. Aline me olhava como se estivesse com pena de mim.- Se você está chorando – disse ela – é porque algo aconteceu. Logo agora que estava indo tudo tão bem...- Foi o Jasper.Ela ficou olhando pra mim e depois perguntou:- O que ele fez dessa vez?- Ele... – agora meus olhos ardiam – ele... ele está doente.- Mas... todo mu
- Esqueça isso, aqui eu não sou professora, sou a Kim e aquele cara ali – ela apontou para o tatuado musculoso – é o Tigre.- Deixa eu adivinhar, ele não é seu namorado.- Ele é meu sexo fixo – revirei os olhos – mas não vamos falar de mim, agora me diz o porque de você estar aqui.Problemas com o namorado?- Não exatamente.- Namorada?- Não – respirei fundo – ela não quer namorar comigo.- Entendi. Paixão não correspondida. Todos nós já passamos por isso, e não tenho como lhe ajudar, isso vai se resolver com o tempo, mas posso fazer algo por você.- O que?- Pagar a sua conta e lhe mandar para casa.
Eu ia para a casa do Jasper depois do almoço. Já estava quase saindo quando vi Aline saindo do banheiro. Seu pescoço estava com um borrão roxo.- O que foi isso? – perguntei.- Ahn... nada. – ela respondeu sem olhar para mim.- Onde você passou a noite?- Eu estava me divertindo, já disse.- Onde, Aline?- Kat...- Onde você passou a noite, Aline? – gritei.- Na boate perto da praia, ok? – berrou Aline – eu conheci umas pessoas lá... eu não me lembro muito bem, mas parece que eu transei com alguém esta noite. Eu acordei perto da casa da sua mãe.- O que? Me explica isso direito.- Eles são amigos. A Ana e o Bob. Eu vi a Kim, vulgo professora
“Katleia?” – ele parecia aflito.- Oi.“Eu preciso te contar uma coisa.”- Pode falar.“O Jasper, ele... ele teve que voltar para o hospital.”- Como assim? São as idas regulares para o tratamento, não é?“Não Kat, ele está internado. O Jasper se sentiu mal e eu tive que trazê-lo. O médico disse que ele não poderá voltar para casa pelo menos por enquanto e parece que ele vai ficar muito tempo aqui porque ele não está nada bem.”- Ele pode receber visitas?“No momento não, mas poderá receber ainda hoje, pode pegar um táxi até aqui, eu pago, estarei de esperando na porta.”- Ta... ta bom, eu já estou indo.- O que aconteceu? – perguntou Aline.- O Jasper foi internado de novo. Eu vou visitá-lo.- Me mande notí
Fiquei sem reação. Acho que deixei o celular cair porque ouvi um barulho vago. Senti meu rosto quente e molhado, então acho que eu estava chorando. Consegui ver Aline com uma expressão preocupada bem na minha frente, mas eu não entendia uma palavra do que ela dizia, eu não queria entender. Ela me tocou e começou a balançar meus ombros, mas eu não conseguia me mexer nem dizer nada. Não sei por quanto tempo fiquei assim, mas depois do que me pareceram horas (embora eu ache que foram apenas segundos), eu ouvi Aline dizer:- Kat, o que foi? Você ta me deixando nervosa, Kat.- Ele... – foi o que consegui dizer naquele momento.- O que? – berrava Aline – Kat!- Ele morreu – eu já não estava mais conseguindo enxergar direito por causa das lágrimas, eu só consegui
E saiu. Ele entrou no carro e deu partida.Fui até Aline que estava num outro canto, mas antes que eu pudesse falar alguma coisa Nathan me parou.- A gente pode se falar rapidinho? – perguntou ele.Olhei para Aline.- Vá – disse ela – eu vou... ver se a sorveteria que tem aqui perto já está aberta. Me liga!Fui andando com Nathan até a frente do cemitério. Ele se sentou no chão e tirou um cigarro do bolso.- Senta aí. – disse ele depois de acendê-lo e dar uma tragada. E eu sentei.- É estranho você estar falando comigo.- Eu sei – ele soltou a fumaça – e é sobre isso que eu quero falar com você.- Estou ouvindo.- Eu quero que você saiba que eu não parei de falar com você por causa do vídeo – afirmou Nathan – mas... todo mundo tinha parado de falar