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Acho que perdi o imortal de vista. Corro há tanto tempo que nem sei mais o caminho de volta para casa. É aí que o desespero começa.
Minhas pequenas pernas, ainda as de uma criança, correm na maior velocidade que conseguem. Antes, tomava cuidado para sempre deixar a trilha em minha vista, porém quando o imortal apareceu correndo atrás de mim mais rápido que um raio, desisti. Apenas corri, corri e corri. Passei por clareiras, um lago estranhamente escuro e uma parte on
✥ · ✥ · ✥ Fanillen não é nada parecida com o que eu imaginava. Não sei o que me fazia pensar assim, mas sempre achei que em todas as partes veria morte e destruição, e não beleza e paz. Em todos os lugares crianças correm umas atrás das outras com gritos e brados de alegria, cada um empunhando seus brinquedos. Comerciantes alegres se movem rapidamente pela cidade, levando suas cestas gigantes cheias de frutas diretamente para suas barracas onde alguns clientes já esperam. Isto poderia muito bem ser considerado um lar para quem vive aqui. Não vejo dor ou tristeza; apenas a alegria daquilo que construíram há vários séculos atrás. A herança que conservam até hoje. O tesouro de Taryan, como eles mesmos falam. O vento frio do início de inverno penetra meus ossos, fazendo-me estremecer. Aperto mais a túnica em minha volta e suspiro
✥ · ✥ · ✥ Paraliso, estremecendo levemente quando a magia rodopia até mim juntamente àquela voz melodiosa e rouca. Senti a ponta de perigo em seu tom; um doce alerta para que eu me achasse estúpida o suficiente para vir até aqui sozinha e começar a sentir o medo. Suas intenções são claras, mas acredito que elas já deveriam saber que eu viria, certo? Afinal, apenas eu poderia ver a caixa e acredito ser a única burra o suficiente para chegar perto delas a esta hora e depois de ter fugido do castelo. Não quero nem saber o que vai acontecer quando eu voltar e caso alguém me encontre. Hesito em responder, achando que se ficar em silêncio durante algum tempo, a pessoa que estiver dentro desta caixa vai acreditar que fui embora e assim posso sair calmamente sem chamar atenção. Até chego a dar um passo para longe da caixa, mas a mesma voz rodopia em meus ouvidos como o vento leve da primave
✥ · ✥ · ✥ Um animal enjaulado. Era isso que eu era. Como se já não bastasse a janela com grades, agora a porta também é segurada trancada através da magia de Korian. Impostor maldito que consegue controlar seu poder a quilômetros de distância e nem fica preocupado com o fato de que eu poderia simplesmente barrar sua magia e fugir daqui. Acredito que ele deve me achar tão estupidamente burra que jamais conseguiria sequer acertar uma chama na madeira. Eu poderia continuar com este pensamento se não tivesse colocado a mão na maçaneta e levado um choque tão grande que meu corpo convulsionou várias vezes antes de finalmente se aquietar e eu poder xingar Korian dos piores nomes que conhecia. E as vezes, jurava que ouvia a risada dele soando pelo corredor. Ou em minha mente, o que ele tem o prazer de fazer em quase todos os momentos
✥ · ✥ · ✥ A música alta do salão me sufoca, mesmo que eu não esteja nele. O teto da pequena biblioteca treme com o impacto dos passos dos semideuses e a música de estourar os tímpanos. O baile feito em favor ao aniversário de um familiar de Korian tem rendido muita movimentação no castelo nos últimos dias. Familiares distantes chegando e tantos preparativos que eu ficava me perguntando se já havia visto tanta gente junta de uma só vez. A decoração dourada e branca ficou absolutamente esplêndida em exposição no salão; as cortinas douradas com pequenos toques floridos em branco e os tapetes brancos com bordado dourado e pequenas flores em tudo. Rosas brancas e outras próprias pintadas para combinar com as cores da decoração foram colocadas em cada corredor do castelo e em toda as entradas e saídas do castelo, sinal de que ou Darion ama demais o aniversaria
✥ · ✥ · ✥ As horas demoraram a passar depois da conversa na sala do trono. Depois da dispensa arrogante que recebi, fiz o favor de deixar para trás o rastro de fuligem que saía dos meus pés no magnifico tapete real que estava no chão. Saí dali não sem antes ver a incredulidade na cara dos dois idiotas antes que a raiva tomasse conta de seus olhos. Mas, nesta hora, eu já estava longe e rindo de suas caras. Fanillen está iluminada nesta noite. Na praça central, bem no meio da cidade e onde há uma bela flor gigante esculpida nas pedras, estão os postes decorados com as pequeninas luzes que se movimentam levemente com o vento. Pura magia envolve este lugar, desde as decorações nas paredes até os instrumentos sendo tocados por ninguém. A noite, apesar de estar sombria e silenciosa, aqui está calma e alegre, com pessoas dançando no meio da flor gigante e rodando entre si com grandes sorri
✥ · ✥ · ✥ Merda. Por que diabos ele tem que aparecer justamente quando eu quero mostrar que nunca vou precisar de sua ajuda? O toque de sarcasmo em sua voz não me passou despercebido. Ele sabe o que eu penso e vai fazer, neste momento em diante, tudo o que pode para que eu precise dele. Desde as coisas mais simples. O babaca adora jogar suas próprias cartas e me deixar com o jogo sujo, apenas esperando uma oportunidade boa na vida para poder revidar. O concreto arranha minha bochecha quando a mão de Deamir se prende à minha nuca, empurrando meu rosto ainda mais. Trinco os dentes com a dor aguda, me perguntando se ele pretende enfiar minha cabeça para dentro do chão. Seu corpo tensionou após ouvir a voz de Korian. O aperto ficou mais forte e a expressão mais rígida. Ameaçado. Deamir, sendo um infil
✥ · ✥ · ✥ A brisa fria e densa do início do inverno enche meu corpo quando aperto o casaco mais junto de meu corpo congelando. O sol já sumiu no meio das nuvens faz tempo, de modo que sobrou apenas a nevasca leve e o frio de cair a ponta do nariz. A vila não está movimentada como antes. A música alegre no meio da praça deu lugar às decorações de inverno e enchem cada centímetro dos postes, bancos e outros ornamentos. A neve já derretida se acumula em vários cantos da pequena cidade, deixando poças e mais poças de água molhando as botas das pessoas. As luzes antes apenas da cor amarela agora estão coloridas em variadas tonalidades natalinas, iluminando os espaços com sua luz. As árvores secas se agigantam sobre a cidade, dando uma aparência bastante assombrosa para quem passa a ver as sombras ao redor. Aperto o casaco mais ao
✥ · ✥ · ✥A raiva tem se acumulado em mim durante longos dias.Desde que Korian partiu para caçar as criaturas soltas na floresta que podem ser ameaçadoras para seu castelo e Reino, tenho estado presa no quarto e vivendo apenas por conta dos bonecos destruídos no qual uso meu poder para lutar. Penso que é a cabeça de Korian e seu pai que estou explodindo ou o corpo que estou partindo em mil pedaços. A frustração me toma em todas as vezes que vou catar a sujeira deixada pela magia e não encontro a real pessoa que queria que estivesse ali.Ele saiu há 4 dias. Enquanto caminhava pelos jardins sendo cuidados, ele tinha me encontrado na sacada do quarto, sentada e apenas apreciando o vento frio em meu rosto. Eu o observava pelas grades, me sentindo mais uma vez um passarinho contido dentro de uma gaiola. De sua gaiola. Uma escrava em confinamento.E ele havia me encarado de volta d