Ambos continuavam ofegantes sem se dar conta de que o celular jogado sobre a enorme cama ainda estava na mesma chamada. Do outro lado da linha, Rachel apertava o celular. Tinha feito de tudo para ficar ao lado dela quando Bella o deixou para trás.— Aquela princesinha mimada da máfia não vai tomar o Bryan de mim! — Rachel sussurrou para si e então continuou a prestar atenção nas vozes que vinham do outro lado.— Sim! — Bella balbuciou a resposta.As pernas de Rachel cederam quando ela escutou um som de beijos vindo do outro lado. Ao virar, ela esbarrou na mesa de centro. Desatenta, bateu com o pé.— Ai! — Gritou com a dor lancinante que parecia atingir o âmago de seu ser.No segundo em que recordou da chamada, levou a mão à boca, tremendo que alguém tivesse escutado o seu grito.No luxuoso quarto da mansão em Annecy, o homem relaxado estava com a cabeça repousada sobre os braços enquanto Bella tinha saído da cama para ir ao banheiro.Com as pálpebras fechadas, ele se sentia aliviado p
— A Rachel foi atacada! — Bryan contou. Sem acreditar, Bella continuou observando minuciosamente a secretária que fechava o casaco, que mais parecia um vestido, em torno de seu corpo. — Como isso aconteceu? — Desconfiada, Bella perguntou diretamente para a secretária do noivo. Cabisbaixa, a secretária derramava lágrimas. — Dois homens atacaram ela, querida… — foi Bryan quem respondeu. — Virou o porta-voz da sua assistente, querido? — Desdenhou do noivo ao indagar. — Não seja insensível, Bella… onde está a sua sororidade? Com um olhar comprimido, ela olhava do noivo para a secretária. Embora o sangue em suas veias estivesse fervilhando, Bella não se manifestou. — Sente aqui, Rachel… — Conduziu-a até à aconchegante poltrona do outro lado, onde ajudou Rachel a se acomodar. Revirando os olhos, Bella tocou a testa só para exibir o dedo com o anel de diamantes. Aquele gesto não passou despercebido da secretária que a fitava de soslaio. — Vou chamar um médico para te exami
No ateliê Maison Delacroix, situado Via Montenapoleone em Milão, Justine terminou mais uma reunião e se despediu de sua cliente ilustre. Naquele dia, ela estava animada com os presentes que recebeu de seus clientes e amigos. Não via a hora de encerrar o expediente só para saber a surpresa que o marido tinha preparado para comemorar o seu aniversário.De repente, a assistente pessoal de Justine adentrou com um buquê de flores vermelhas e uma caixa com um enorme laço vermelho. Tinha certeza de que aquele presente era do marido.— Obrigada! — Justine agradeceu. — Por favor, remarque os próximos clientes… preciso dar uma passada no spa antes de encontrar meu marido.— Sim, madame Delacroix! — A secretária resiliente disse antes de se retirar.Justine organizou os croquis que estavam sobre sua mesa e os guardou numa pasta. Seu olhar se fixou no cartão de aniversário que veio com o buquê de flores. O sorriso logo se ampliou quando leu a mensagem: “Prepare-se para uma noite tão perfeita qua
Kevin estava transtornado. O hospital parecia um labirinto de corredores brancos, gélidos e totalmente desertos. A demora por notícias de Justine só o enfurecia. Na sala de espera, Kevin mantinha os punhos cerrados e a mandíbula travada quando viu dois médicos passando por ali sem sequer o notar. Em silêncio, percebia a tensão no ar. A cada minuto sem notícia, ele ficava à mercê das dúvidas que o consumiam. — Vão me deixar plantado aqui por quanto tempo, sem dizer nada? — Berrar foi a única forma de aliviar a angústia. — Com quem tenho que falar para ter notícias da minha esposa? — Ele estava irado, à beira de um ataque, e suas palavras eram como tiros.Os médicos se entreolharam, mas ninguém se aproximou.Foi quando o auxiliar de Kevin surgiu, apressado. A aflição de Miguel só aumentou a irritação de Kevin.— Senhor, não consegui falar com o seu filho. A secretária dele disse que Bryan estava ocupado, mas deixei recado. — O assistente murmurou, tentando acalmá-lo.Os olhos de Kevin
A mão de Bella suava enquanto o silêncio preenchia o espaço. Cada palavra proferida tinha apenas realçado o quão séria era a situação. Numa tentativa frágil de amenizar a situação, ela quebrou o gelo em primeiro lugar.— Me desculpa, eu não tinha ideia… — Sua voz quase sumiu.Ela tentou se aproximar, mas Bryan se afastou, com um olhar desconfiado. Era claro que um mero pedido de desculpas não era o suficiente para acalmá-lo. Com um movimento rápido, ele agarrou a pasta de couro e jogou os documentos lá dentro sem cuidado algum.— Eu não teria gasto tanto tempo se você tivesse escutado o aviso do assistente do meu pai. — Enfezado, ele rebateu.O rosto de Bella se contorceu uma careta, mas antes que ele pudesse dizer algo, ele disparou:— Seus pais sempre te ligam por coisas bobas. Da última vez, você ficou dias procurando sua irmã e, no fim, a sua irmãzinha estava passeando por aí com um carinha qualquer. — Ela caçoou.A ofensa fez Bryan respirar fundo, mas antes que ela continuasse fa
O ar do hospital tinha aquele cheiro típico de limpeza forte e paredes sem vida. Os aparelhos apitavam sem parar, com o vai e vem dos enfermeiros, e um choro distante deixava tudo ainda mais pesado. Com medo da resposta, Giovana abraçou o irmão outra vez, sentindo o tecido do blazer dele molhado por suas lágrimas.— Por favor, diga que minha mãe está bem! — O tom grave denunciava a sua preocupação.O médico, com cara de cansado, mas falando com calma, moveu a cabeça antes de falar:— Estamos administrando o oxigênio por ventilação mecânica para compensar a deficiência de oxigenação provocada pelo cianeto. Além disso, ela recebe antídotos específicos, fluidos intravenosos para estabilizar a pressão arterial e, caso necessário, a ventilação mecânica auxiliará na insuficiência respiratória. Também estamos corrigindo a acidose metabólica com bicarbonato de sódio.Bryan estava tentando entender tudo. Sentiu o estômago embrulhar enquanto assimilava as informações. Queria acreditar que a m
Dentro de um automóvel da polícia, Bryan olhava para as ruas. Seja qual fosse a acusação, ele teria que dar um jeito de não ir para trás das grades. Ele contraiu o olhar quando o veículo chegou a Giambellino e passou em frente ao bar onde teve a briga em que ele perdeu o olho. Logo, o seu olhar se voltou para os trilhos de trem e, então, reconheceu o local. — Por que me trouxeram para Giambellino-Lorenteggio? — O pânico o invadiu. Nenhum dos dois policiais respondeu. O que dirigia parou perto de um prédio com a pintura desgastada e algumas pichações. O policial saltou do veículo e abriu a porta antes de mandar. — Saia! Sem entender, Bryan o encarou. — Sabe de quem sou filho? — Escondendo o receio, ele assumiu uma postura arrogante. Bryan precisou de um esforço hercúleo para se conter enquanto as mãos fechavam e abriam ao lado do corpo. — O senhor Harrison está te esperando no quarto andar. Aquele homem. — O oficial apontou para o rapaz parado na entrada do prédio — vai te leva
— Mamãe, me perdoa! — Giovanna falava com a mulher que respirava com auxílio de aparelhos. — Eu te desobedeci várias vezes e falei coisas que te magoaram… — sussurrou e limpou as lágrimas após fungar.Lembrar da última discussão a fazia se sentir a pior filha do mundo. Esticando a mão, ela tocou o rosto da mãe e aquele negócio que tampava a boca dela. Nunca pensou que sentiria falta de ver a mandíbula de Justine se movendo enquanto lhe dava uma bronca.— Você devia tomar mais cuidado, minha filha! — A voz suave de Justine veio em sua mente.No dia anterior, Giovanna tinha dito coisas terríveis quando sua mãe mexeu em seu celular e viu as conversas que ela mantinha com alguns caras mais velhos. O estopim foi quando encontrou fotos de biquínis nas mensagens trocadas.— O seu pai vai te colocar no orfanato de freiras se continuar com isso.— Não vejo a hora de ir para bem longe de você e do meu pai. Eu não suporto mais essa vida, não suporto vocês! — Em meio à raiva, Giovanna cuspiu as