A mão de Bella suava enquanto o silêncio preenchia o espaço. Cada palavra proferida tinha apenas realçado o quão séria era a situação. Numa tentativa frágil de amenizar a situação, ela quebrou o gelo em primeiro lugar.— Me desculpa, eu não tinha ideia… — Sua voz quase sumiu.Ela tentou se aproximar, mas Bryan se afastou, com um olhar desconfiado. Era claro que um mero pedido de desculpas não era o suficiente para acalmá-lo. Com um movimento rápido, ele agarrou a pasta de couro e jogou os documentos lá dentro sem cuidado algum.— Eu não teria gasto tanto tempo se você tivesse escutado o aviso do assistente do meu pai. — Enfezado, ele rebateu.O rosto de Bella se contorceu uma careta, mas antes que ele pudesse dizer algo, ele disparou:— Seus pais sempre te ligam por coisas bobas. Da última vez, você ficou dias procurando sua irmã e, no fim, a sua irmãzinha estava passeando por aí com um carinha qualquer. — Ela caçoou.A ofensa fez Bryan respirar fundo, mas antes que ela continuasse fa
O ar do hospital tinha aquele cheiro típico de limpeza forte e paredes sem vida. Os aparelhos apitavam sem parar, com o vai e vem dos enfermeiros, e um choro distante deixava tudo ainda mais pesado. Com medo da resposta, Giovana abraçou o irmão outra vez, sentindo o tecido do blazer dele molhado por suas lágrimas.— Por favor, diga que minha mãe está bem! — O tom grave denunciava a sua preocupação.O médico, com cara de cansado, mas falando com calma, moveu a cabeça antes de falar:— Estamos administrando o oxigênio por ventilação mecânica para compensar a deficiência de oxigenação provocada pelo cianeto. Além disso, ela recebe antídotos específicos, fluidos intravenosos para estabilizar a pressão arterial e, caso necessário, a ventilação mecânica auxiliará na insuficiência respiratória. Também estamos corrigindo a acidose metabólica com bicarbonato de sódio.Bryan estava tentando entender tudo. Sentiu o estômago embrulhar enquanto assimilava as informações. Queria acreditar que a m
Dentro de um automóvel da polícia, Bryan olhava para as ruas. Seja qual fosse a acusação, ele teria que dar um jeito de não ir para trás das grades. Ele contraiu o olhar quando o veículo chegou a Giambellino e passou em frente ao bar onde teve a briga em que ele perdeu o olho. Logo, o seu olhar se voltou para os trilhos de trem e, então, reconheceu o local. — Por que me trouxeram para Giambellino-Lorenteggio? — O pânico o invadiu. Nenhum dos dois policiais respondeu. O que dirigia parou perto de um prédio com a pintura desgastada e algumas pichações. O policial saltou do veículo e abriu a porta antes de mandar. — Saia! Sem entender, Bryan o encarou. — Sabe de quem sou filho? — Escondendo o receio, ele assumiu uma postura arrogante. Bryan precisou de um esforço hercúleo para se conter enquanto as mãos fechavam e abriam ao lado do corpo. — O senhor Harrison está te esperando no quarto andar. Aquele homem. — O oficial apontou para o rapaz parado na entrada do prédio — vai te leva
— Mamãe, me perdoa! — Giovanna falava com a mulher que respirava com auxílio de aparelhos. — Eu te desobedeci várias vezes e falei coisas que te magoaram… — sussurrou e limpou as lágrimas após fungar.Lembrar da última discussão a fazia se sentir a pior filha do mundo. Esticando a mão, ela tocou o rosto da mãe e aquele negócio que tampava a boca dela. Nunca pensou que sentiria falta de ver a mandíbula de Justine se movendo enquanto lhe dava uma bronca.— Você devia tomar mais cuidado, minha filha! — A voz suave de Justine veio em sua mente.No dia anterior, Giovanna tinha dito coisas terríveis quando sua mãe mexeu em seu celular e viu as conversas que ela mantinha com alguns caras mais velhos. O estopim foi quando encontrou fotos de biquínis nas mensagens trocadas.— O seu pai vai te colocar no orfanato de freiras se continuar com isso.— Não vejo a hora de ir para bem longe de você e do meu pai. Eu não suporto mais essa vida, não suporto vocês! — Em meio à raiva, Giovanna cuspiu as
Romeo reclinou-se na poltrona de couro da ampla suíte e deixou que um sorriso satisfeito desenhasse-se em seus lábios. O brilho do champanhe em sua taça refletia mais um êxito de sua vingança, e a expectativa de uma notícia que selaria o seu triunfo fazia seu peito inflar com antecipação. Ele ansiava pelo veredicto final: a morte da mulher que carregava em suas mãos o sangue de seu pai.Quando seu celular vibrou sobre a mesa de mármore negro, seus olhos estreitaram-se com curiosidade. Ao desbloquear a tela, suas sobrancelhas arquearam-se levemente, refletindo uma mescla de surpresa e interesse. Anexado à mensagem, um convite formal para um evento promovido por Eros Velentzas. Aquele nome não lhe era estranho. Pelo contrário, conhecia bem o peso do sobrenome Velentzas nos círculos empresariais e nos bastidores do submundo. Pelo contrário, conhecia bem o peso do sobrenome Velentzas nos círculos empresariais e nos bastidores do submundo. O magnata grego mantinha negócios nos Estados Un
— Bryan, onde você está? — A mulher grávida perguntou assim que a ligação foi atendida.— Estou numa importante reunião, querida.Inconformada, Bella olhou para a cunhada que estava dormindo na poltrona de uma sala de espera.— Você tem que voltar para o hospital.— Agora, eu não posso, mio amore! — Ele respondeu num tom rude.— O que está acontecendo para te deixar com tanta raiva aí?De repente, os Bella escutaram o ruído de uma serra e um grito distante do outro lado da linha.— Tem alguém gritando?— AH, não é ninguém especial. — Falou com desprezo. — É um filme de máfia que está passando na televisão.O estômago de Bella embrulhou e, em seguida, ela começou a empalidecer. O Xiaomi escorregou das mãos trêmulas, caindo sobre o assento de couro ao lado. O frio que a percorreu não era causado pelo ar condicionado do hospital, mas pela certeza implacável do que acontecia do outro lado da linha.Pegando o celular de volta, levantou-se num ímpeto, como se o movimento repentino fosse di
Sentado em uma das poltronas no convés do iate. Bryan terminou a chamada e então repousou a cabeça no encosto macio enquanto olhava para o céu. Logo, uma nova manhã chegaria e, apesar de ter se livrado de seu algoz, ele teria que voltar ao hospital para ficar perto da noiva e da irmã caçula. Deitando a cabeça um pouco para o lado, — O olhar de Bryan pousou sobre o homem parado que bebia um líquido palha enquanto admirava a imensidão do mar.— Pai, a Giovanna vai surtar quando souber que terá que se casar com o filho do Eros? — Estou mais preocupado com a sua mãe. — Kevin suspirou fundo. — Ela também vai ficar muito zangada quando souber do seu acordo com Eros. — Bryan acrescentou.— Vamos dar um jeito nisso… tenho cinco anos para decidir se quero os Velentzas como nossos aliados ou um dos nossos piores inimigos. — Deu um tapinha nas costas do filho antes de beber o restante do uísque.Horas depois, o sol nascente tingia o céu de matizes douradas quando Kevin, Bryan e Don Gambino pis
O carro continuava se afastando da Marina di Chiavari, porto localizado a leste do Golfo de Gênova. O trajeto até o Hospital San Raffaele, em Milão, seria longo demais para a tristeza que começava a consumir Bryan.— Ela se foi? — Novamente, ele repetiu a pergunta.— Acordou, filho… — em meio às lágrimas, Kevin contou.— Sério? — Bryan suspirou aliviado.— Sim, meu filho! — Confirmou.Ambos fizeram uma pausa enquanto se abraçavam. Tanto o filho quanto o pai almejavam chegar ao hospital para vê-la e ter mais informações sobre o estado de saúde de Justine.— O médico disse que ela está reagindo bem à medicação.— Sério? — Bryan olhou para o pai, e o alívio que tomou conta de seu rosto foi rápido, mas genuíno. Um pequeno sorriso surgiu, quase como se o medo tivesse se dissolvido por um instante, mas logo uma lágrima escorreu por sua bochecha, traindo a onda de emoções que ele não conseguia esconder.— Sim, meu filho! — Kevin confirmou com um sorriso. — Por favor, não fale sobre o acordo