Logo que o dia amanheceu, já estava de pé. Pronta para sair em busca de emprego. Antes de clarear, ouviu o barulho da porta, com certeza Sam voltou para casa cedinho, para não perder o dia de trabalho.Ela sempre foi muito comprometida, mesmo quando ficava doente, não costumava faltar.A caminho da cozinha, passou quarto de Samanta, que estava aberto. Era totalmente diferente do seu, em gosto e pertences. Equanto sua prima era romântica e delicada, o seu gosto era mais sóbrio e sério sem ser impessoal.O seu quarto já era o oposto, era básico apenas com uma cópia de uma pintura de Renoir, era simples e as paredes em amarelo claro conferiam um certo aconchego, os móveis eram rústicos e pequenos e o único detalhe pessoal era uma foto das duas no porta retrato no criado mudo com um abajur simples.Havia várias roupas sobre a cama, sandálias e sapatos muito bonitos e elegantes no chão. Sua prima estava sempre na dúvida do que vestir quando ia sair com aquele novo namorado, era como se ela
Procurar emprego é cansativo e frustrante. Ela rodoy o dia todo procurando uma vaga que cubrisse seus gastos. Mas não encontrou nada que chegasse perto. O único lugar que estava pagando um pouquinho melhor, ficava muito longe da faculdade, e seria impossível chegar lá no horário das aulas.Amélia pegou o cartão do transporte público e guardou na bolsa. Passava das seis e meia da tarde, estava na hora de ir para a lanchonete.Sábado a noite era um dia muito movimentado no estabelecimento. Chegou ao lugar suada, com os cabelos presos em um coque frouxo, e uma mancha na calça jeans. Alguém passou por ela dentro do ônibus e derramou molho de alguma coisa na sua roupa.Cumprimentou algumas pessoas que eram clientes assiduos, e se voltou para os fundos.A cozinha já exalava o cheiro de fritura dos salgados e lanches. Gostava de trabalhar ali, porque não tinha que lidar com o público.O tempo passou rápido. Logo já estava na hora de limpar tudo e encerrar a noite. Levou a última bandeja pa
-Para onde está me levando? Isso é sequestro, sabia?! - protestou ela. Ícaro cerrou o maxilar, evidenciando sua irritação. Lançou um olhar penetrante na direção dela e não disse mais nada. -Pare o carro, eu quero descer! Amélia tentava abrir a porta inutilmente. O cheiro forte de óleo de fritura que ela exalava, deixava a mulher ainda mais constrangida. Não deveria estar perto desse homem de novo. Muito menos assim, suja e cheirando a salgado frito! Que merda de sina era essa, que toda vez que estava mal vestida e nada apresentável, esse riquinho aparecia?! A camiseta azul clara que vestia, estava colada nos seios grandes e nas dobras de gordura de sua barriga. Havia manchas de molho nela, porque o avental que usava na cozinha era pequeno demais para o seu tamanho. Que vergonha! Amélia abraçou a mochila para esconder aquela visão horrível. Seus cabelos estavam presos no costumeiro coque no alto da cabeça, e alguns fios se enroscavam em seus brincos de trio. -Deveria estar em
ÍcaroA pasta sobre sua mesa continha documentos importantes sobre o novo projeto da Acrópole. Estava assinando as páginas que já tinha revisado, quando seu assistente bateu na porta e entrou.- Estava me perguntando onde você se meteu a manhã toda.- Você estava precisando de mim? – Ticiano tirou o celular do bolso, checando sua tela. – Não tem nenhuma chamada perdida.- É porque eu não te liguei. – respomdeu, sem levantar os olhos dos papeis que assinava. – Sente-se.- O complexo da Casa Verano foi concluído com sucesso. A inauguração contarará com um evento grande, eles contam com a sua presença e a do senhor Alberto.Na hora do almoço, sempre repassavam os compromissos para os próximos dias. Era uma maneira eficiente de se preparar para suas reuniões.- A viagem para Dallas está marcada para o dia dezenove, daqui a oito dias, a transação com a Hilse esta na faze final, a sua presença fechará o negócio.- Meu irmão confirmou presença?- O senhor Alberto não irá, disse que não pode
O barulho da porta se abrindo confirmou a chegada de Alberto ao seu apartamento. Margarete, sua única funcionária doméstica, recebeu seu irmão e informou onde deveria encontra-lo.Na sala de estar, ouviu a aproximação do outro, mas não se voltou. Seus pensamentos ainda estavam fixos naquela mulher.Amélia, era um nome que combinava com essa versão que ele reencontrou. Era forte, decidida e destemida. Atraente e sedutora, ao mesmo tempo tímida com a própria feminilidade.Estava muito interessado em descobrir, desbravar suas emoções, seus medos e anseios, conhecer e saber de tudo em relação a ela. Amélia também era muito interessante intelectualmente.Ticiano fez um trabalho completo, por isso teve acesso aos documentos acadêmicos dela. Os traços de seus projetos eram únicos, um talento formidável. Não compreendia por que ela não estava sendo disputada entre as empresas que buscavam novos talentos, ainda na faculdade.A sociedade preconceituosa era uma vadia cruel.Na Acrópole, ela pode
AméliaAmélia já tinha amaldiçoado os sapatos de salto uma centena de vezes, infelizmente era necessário aguentar aquele incomodo.Olhou para a fachada do prédio sentindo um misto confuso de emoções. Desde que parou ali na calçada, não conseguia parar de admirar a riqueza de detalhes daquele lugar, o prédio chamava atenção por sua singularidade despretensiosa e elegante desde o exterior.A Acrópole é sinônimo de inovação, requinte e sofisticação.“Por que eu estou aqui?” Se perguntou, pela enésima vez.O motivo que a levou a esse momento, deveria se parecer com uma coincidência feliz. Mas somente uma idiota acreditaria nisso.Na última aula, o professor designado como seu orientador de TCC, pediu que ficasse um pouco mais para conversarem. Imaginou que o assunto seria as últimas modificações em sua tese, mas o que ele disse deixou Amélia sem palavras por um tempo.Segundo ele, o perfil acadêmico dela foi indicado para preencher uma vaga júnior na maior Holding de arquitetura da Améric
Enquanto tentava se recuperar do choque de vê-lo, Amélia percebeu que mesmo estando a vários metros de distância deste homem, podia sentir o seu cheiro inconfundível gravado em sua memória desde que ele a beijou. O magnetismo intenso de Ícaro, quase fez com que saísse correndo como um covarde.O sorriso de canto com aquele ar de prepotência, confirmaram suas suspeitas. Ele tinha armado essa entrevista, por algum motivo sádico.Provavelmente estava rindo de sua ingenuidade de crer que realmente poderia trabalhar na Acrópole.Deveria ser isso o motivo daquele sorriso de canto que deixava esse sem vergonha ainda mais sexy e bonito. Podia ver o divertimento em seu olhar, ela era sua boa da corte no momento. Amélia não conseguia pensar direito, suas mãos transpiravam, sua boca estava seca e aquele maldito perfume que ele emanava parecia adentrar até o seu menor poro fazendo com que seus sentidos parecessem entorpecidos.Para piorar ainda mais sua situação ele continuava a esquadrinhar
A entonação maliciosa maliciosa na voz de Ícaro Darius, trouxe de volta todos os medos dela. A tensão acumulada e a que sentia, formou um misto horrível de emoções no interior de Amélia.Esse era o momento em que deveria ir embora, se saísse sem explodir com esse imbecil, talvez ele a deixasse ir.- Srta. Bastos? - ele também se levantou, como um raio rapidamente se colocou entre ela e a porta de madeira polida de sua sala. Não conseguia entender como alguém podia ser tão grande e rápido daquela maneira. Ícaro Darius era um gigante veloz. Isso é muito injusto, que vantagem poderia ter sobre ele? Se precisasse correr, seria um esforço inútil.- Seja sensato Sr. Darius, e poupe-nos desse constrangimento. Eu vou embora, por favor deixe-me passar.O medo e a frustração impediam Amélia de olhar para ele, focava um ponto da madeira trabalhada da porta atrás daquele homem enorme e diabolicamente atraente.A proximidade dele a paralisava, entorpecendo e confundindo seus sentidos. “Corre, co