Ir para a boate com Rodrigo após tudo que aconteceu, foi complicado. Sentia como se estivesse ao lado de um estranho durante todo o trajeto, que evitava me olhar e dizer alguma coisa. Mesmo não querendo pensar sobre o assunto, me via pegando, levantando questionamentos e me irritando cada vez mais com a atitude do Átila. Como na maioria das noites, aquela não era diferente, Rita me ligou. Duas vezes, deixei ir para a caixa-postal, ressentida com ela, acreditando que não teria que ter mencionado para André minha possível gravidez e evitado a todo custo que ele desconfiasse. Isso teria evitado muita coisa, mas ela não se conteve e a situação virou uma bola de neve.- Não vai atender não? - Rodrigo pergunta, quando a insistência de Rita começa a incomodá-lo. Não me sentia bem o suficiente para falar com ela. Nem naquele momento e nem depois.- Não.- Mas é a Rita - diz reparando no nome dela na tela do celular.- É. Eu sei. Ele sust
Átila conseguiu permanecer em minha mente durante o restante do meu expediente. Acabou que o restante das horas passou que nem percebi e quando me dei conta os clientes começaram a ir embora, diminuindo consideravelmente o fluxo de pessoas. Rodrigo continuou em silêncio, fingindo estar concentrado no que término de seu trabalho. No final do expediente, volto para o vestiário, indo direto para meu armário.- Bruna - diz Nádia ao me notar - Como você está? Melhorou? Paro de abrir meu armário, para prestar atenção na cobra em minha frente.- Estou melhorando.- Já foi no médico? Você precisa ir no médico, não pode ficar dando bobeira não.- Não vai ser necessário, já estou melhorando - Volto a ressaltar, me adiantando em mudar de roupa, mesmo com o olhar de Nádia e outras mulheres ali. Minutos mais tarde saio do banheiro em passos largos com meu destino claro em minha mente: a primeira clínica que aparecesse, que pudesse faze
O percurso levou apenas alguns minutos. Ele dirigiu em silêncio, sem dizer mais nada para mim, e usei aquele tempo para me recompor.Estranhamente, pensar na ameaça dele me ajudou a controlar as lágrimas. Minha alegria atônita se transformou em umfrio gelado quando processei o fato de que estava sendo levada para algum lugar e só teria uma chance para pedir ajuda e que ele seria a pessoa que me faria pagar, por algo que nem sabia.Será que perceberiam que eu havia sumido?Estava crente que perceberiam, pelo menos Rodrigo, só não queria que alguém ligasse e colocasse todo meu plano a baixo. Na primeira oportunidade que tivesse, iria fugir ou tentar pedir ajuda. Se conseguisse, tentaria os dois. Ele solta a arma, a colocando sobre o banco dopassageiro na frente, mas isso não diminuiu a ameaça que emanava dele.Ele poderia me matar com as mãos nuas, se quisesse.Quando o carro saiu do centro, vi uma casa branca imensa à distância. Era rodeada de gramados bem cuidados que formavam
Não sei quanto tempo demorei para perceber que o que fosse que estava para acontecer, havia sido adiado, mas logo me acalmei o suficiente para parar de tremer.Ele não havia ido até o fim.Ele não me forçou.Ainda não conseguia acreditar. Havia sentido como o pênis estava rígido. Não havia motivo para que ele demonstrasse alguma misericórdia. Eu não era uma mulher que ele encontrou em umbar, era uma pessoa que havia acabado de tentar feri-lo.Ele deveria ter aproveitado minhas súplicas ridículas e usado a fraqueza que demonstrei para me dobrar completamente.Pelo menos, era o que teria esperado que ele fizesse.Abaixando a cabeça, olhei para minhas pernas nuas, tentando entender por que ele parou. Não parecia ser novato naquela vida, longe disso. Assim como Átila, acreditava que fazia a mesma coisa que ele, que estava com o tráfico até no pescoço. Se não fosse por isso, ele não estaria na casa de Átila naquele dia, muito menos me sequestrado. Pelo menos já sa
— Ei.Uma batida leve na janela atraiu minha atenção.Assustada, olho para cima e vejo a jovem de cabelos escuros de antes, a que achei ser a namorada dele.— Ei — Ela repetiu, encostando o nariz no vidro. — Qual é o seu nome?— Me chamo Bruna — digo, decidindo que não tinha nada a perder conversando com a garota. Pelo menos, desta vez eu não estava nua. — Quem é você?— Bruna — Ela repete, como se estivesse gravando meu nome na memória. — Você é a namorada do Átila — diz aquilo como uma afirmativa, não uma pergunta.Olho para ela em silêncio, sem deixar que meus pensamentos transparecessem. Eu não tinha ideia de quem ela era nem do que queria de mim. E não pretendia dizer nada que pudesse me deixar encrencada.Ela assenti, como se estivesse satisfeita com minha falta de resposta.— Por que ele trouxe você para cá?Em vez de responder, pergunto:— Quem é você? O que quer?Esperei que ela também não respondesse, mas pelo jeito estava errada. — Meu nome é Rose. Trabalho pro chefão daqu
Minutos depois com a van ainda em movimento, decido que precisava por a segunda parte do meu plano em execução. Olho para o senhor de meia idade, sorrindo levemente.- O senhor teria um celular? Ele desvia a atenção da estrada, me olhando rapidamente.- Celular? Tenho sim - Ele se inclina um pouco para a frente, pegando sobre o painel do carro, pegando um pequeno celular de botão - É simples, mais tem crédito. Assinto pegando o aparelho, forçando minha mente a lembrar a sequência de números do celular de André. Sabia que era uma sequência boba, fácil de se lembrar e precisei recitar algumas sequências, até meu cérebro cooperar e me ajudar com a sequência certa. Meu dedo indicador tremia, a medida que apertava os pequenos botões e em seguida pressionava o aparelho contra a orelha, pedindo mentalmente que André não achasse que era alguma operadora ligando para ele. Caiu direto na caixa-postal e isso só me fez ligar novam
Pelo menos duas horas se passaram, até que Kevin voltasse e meu estômago estava dolorosamente vazio quando chegou.De acordo com o relógio na parede, era seis horas da tarde quando a porta da frente se abriu, o que significava que já fazia algum tempo que havia conseguido fugir e sido pega antes mesmo de sair daquele lugar.Apesar da fome, um arrepio de autoconsciência dançou sobre minha pele quando ele se aproximou, andando com o passo atlético e despreocupado de um guerreiro.Como horas antes, ele vestia calça jeans e uma camiseta sem mangas. O corpo dele parecia incrivelmente forte e os músculos bem definidos se flexionavam com cada movimento.Acabei por me lembrar, de um herói eslavo antigo, mas a comparação com um viking provavelmente seria mais adequada.Átila me lembrava claramente um viking e Kevin era irmão dele.— Deixa adivinhar — diz ele, se ajoelhando à minha frente. Os olhos pretos brilharam. — Você está com fome.— Não me importaria de comer — respondo enquanto ele desa
- Vai fazer o que com ela? - O cara em minha frente pergunta de repente, mesmo assim, não consigo desviar a atenção de André. Kevin dá de ombros impaciente.- Deixar viva que não vou. O cara me olha com um sorrisinho no rosto.- A gente bem que poderia se divertir um pouco com ela.- Faz o que quiser. Vou ter que dar fim nela mesmo - diz saindo da sala, me deixando com os dois soldados. Minha mente queria que meu corpo estremecesse com a ideia de ser estuprada diante do corpo do meu irmão, mas não consigo. Me sentia paralisada.Ergo os olhos sentindo o pânico surgir lentamente dentro de mim e um grito rouco sai da minha garganta, um grito que foi instantaneamente abafado por uma mãopesada sobre minha boca.— Quietinha — sussurrou ele enquanto eu me contorciahistericamente, tentando afastá-lo. — Não queremos que outras pessoas apareça aqui, não é?A mão dele sobre minha boca esmagava o maxilar. A outra mão apertava meus pulsos com tanta força que meus ossos