Sandro só a levou de volta para visitar seus avós, não era um divórcio! Mas ele ainda estava cansado dela.

Laura se recobrou, seu coração estava inchado e amargo. Embora ela quisesse explicar, ao ver Sandro já com os olhos fechados, ela imediatamente não ousou falar mais, com medo de perturbar ele.

Ela permaneceu imóvel em sua posição, ficando um pouco rígida, seu corpo quase entorpecido. Laura tinha pensado demais nas coisas e não conseguiu dormir até a meia-noite.

Na manhã seguinte, quando acordou, Sandro já não estava lá. Laura se levantou e sentou em frente à penteadeira, seus olhos estavam inchados.

Depois de se arrumar um pouco e fazer uma maquiagem leve, Laura desceu as escadas. O motorista Edgar já estava esperando na sala de estar.

- Senhora, o senhor me pediu para esperar aqui pela senhora, assim que a senhora tomar café da manhã, eu a levarei de volta para casa. - Disse Edgar.

Voltar para casa?

Sim, nem mesmo Edgar acreditava que este lugar era sua casa. Eles queriam levar ela de volta para a casa de sua avó no campo, em Bairro Alto.

Laura sabia que Edgar não tinha más intenções, mas seu coração estava cheio de cicatrizes e uma simples palavra descuidada de outra pessoa poderia facilmente ferir ela.

Laura puxou os lábios e disse:

- Não será necessário, vá cuidar dos seus afazeres, eu posso voltar sozinha.

Edgar não se moveu e disse apenas:

- O senhor deu instruções específicas e elas devem ser cumpridas, caso contrário, minha remuneração será reduzida.

Laura franziu a testa, ela também sabia claramente que Sandro tinha dado essas ordens, ele definitivamente queria que Edgar a levasse de volta.

Ela não entendia por que Sandro insistia em mandar ela de volta naquele dia. No passado, Sandro simplesmente não se importava com ela, nem com sua família.

Laura entrou no carro e rapidamente chegaram a Bairro Alto.

Bairro Alto continuava igual desde sua partida, remoto e atrasado. Mesmo estando dentro do carro, ela ainda podia sentir as irregularidades da estrada.

Assim que entraram no vilarejo, o tio Pedro Souza, que estava se gabando para as pessoas, avistou o carro e parou. Quando ele viu quem estava dentro, rapidamente se aproximou com um sorriso no rosto.

- Laura voltou! - Gritou Pedro.

Ao ver o sorriso no rosto do tio e seu olhar interesseiro, Laura se sentiu muito desconfortável:

- Voltei para ver meus avós, eles estão em casa?

- Estão sim, vou com você! - Respondeu Pedro.

Enquanto falava, Pedro abriu a porta do carro e entrou:

- Esse carro é realmente luxuoso, sentar aqui é muito confortável, olha só esse estofado, deve ser couro de verdade!

Pedro falava animadamente enquanto tocava aqui e ali. Laura estava extremamente impaciente, olhou cuidadosamente para Edgar, mas não viu nenhum sinal de desprezo nele, apenas um olhar constrangido.

Pedro não estava nem um pouco preocupado e continuou conversando com Edgar:

- Você deve ganhar um bom dinheiro dirigindo para o marido da minha sobrinha, não é mesmo?

Não se sabia ao certo o que Edgar pensava, ele respondeu de forma indiferente. Suas palavras não demonstravam qualquer emoção e Laura tinha a sensação de que Edgar desprezava Pedro, não apenas ele, mas também ela mesma sentia certa repulsa pela ganância de seu tio.

Muitas vezes, Edgar mostrava respeito superficialmente, mas suas palavras e ações não transmitiam esse respeito:

- O Presidente Sandro sempre foi generoso com sua equipe. Sr. Pedro, para onde devemos ir agora?

- É por ali, vire à direita...

Finalmente, eles chegaram ao destino.

Assim que saíram do carro e Laura viu seus avós, não conseguiu evitar as lágrimas.

Seu avô estava mais magro e sua avó parecia ainda mais envelhecida.

Calculando bem, desde que Laura se casou com Sandro, essa era a primeira vez que ela voltava para casa. Não foi porque ela não quis visitar seus avós, é claro que ela queria! Mas Enzo Souza e Ana Serra não permitiam que ela voltasse, depois que a casaram com a família Lima, esperavam que ela não tivesse mais contato com a família Souza, porque ela tinha o tio Pedro viciado em jogos de azar!

Eles temiam que o dinheiro da família Lima arruinasse Pedro, então ele iria atrás dela e a arruinaria também.

Ana já havia dito que se ela se preocupasse com eles, seu tio a perseguiria pelo resto da vida, exigindo que ela pagasse suas dívidas de jogo!

Ana se preocupava com ela e só queria que ela fosse feliz depois de se casar.

- Por que você não me obedeceu? - Disse Ana.

Ana segurou sua mão, também chorando.

Embora estivesse reclamando, Ana ainda estava muito feliz com o retorno de sua neta.

- Como Sandro tem tratado você? Está tudo bem? Por que você parece mais magra? - Perguntou Ana.

O rosto de Ana expressava preocupação, Laura estava mais pálida do que antes, mas sua pele estava melhor, apesar de ainda estar magra.

Laura enxugou as lágrimas.

- Vovó, estou bem, Sandro tem sido bom comigo, você não precisa se preocupar.

- Você não pode me enganar! Eu consigo ver que você não está feliz, eu consigo ver. - Disse Ana.

Se não fosse por essa preciosa neta ter sido vendida pelo filho irresponsável para a família Lima, isso não teria acontecido...

- Eu me arrependo tanto, é culpa minha por não ter protegido Laura! - Disse Ana.

Ana via claramente que no coração de Sandro simplesmente não tinha espaço para Laura!