Capítulo 2

Ponto de vista da Isabella

— Não quero comer frutos do mar.

Então, como se uma ideia súbita tivesse ocorrido a ele, Vincent mudou seu tom. — Ah, certo. Você provavelmente não deveria comer sashimi. Eu acabei de lembrar que você é alérgica ou algo assim?

— Desculpe, Isabella. — Rosa me lançou um olhar. — Venho desejando sashimi desde que engravidei. — Acrescentou, dando um leve toque no ombro. — Mas, se você não está a fim de frutos do mar, sempre podemos trocar de restaurante, acho eu.

Vincent hesitou ao me olhar, claramente incerto sobre como proceder. — Bem, que tal irmos e deixar a Rosa escolher o que quiser? Depois, eu te levo ao restaurante que você gosta?

Olhei entre os dois. A insistência de Vincent parecia estranha, e a preocupação forçada de Rosa só me fazia sentir mais vulnerável.

Fiquei em silêncio, minha recusa silenciosa pairando no ar. Ele ia sair comigo agora que lembrava que eu odiava frutos do mar?

Mas enquanto os momentos se passavam, Vincent não disse nada. Seu olhar flutuava entre Rosa e eu, a hesitação estampada em seu rosto.

Minha paciência se esgotou. Sem mais palavras, me virei e chamei um táxi. — Deixa pra lá. Vou voltar para casa e comer.

A voz de Vincent me seguiu, aguda de irritação em vez de preocupação: — Isabella, não faça uma cena. Estamos em público.

Não me preocupei em responder. Em vez disso, abri a porta do carro e, antes de entrar, lancei uma última alfinetada por trás.

— Aproveite o jantar.

Então entrei e bati a porta com força antes que Vincent pudesse dizer mais alguma coisa. O motorista do táxi mal teve tempo de perguntar para onde eu estava indo antes de eu gritar o endereço da mansão. Minhas mãos se fecharam em punhos sobre meu colo, e meu coração batia forte no meu peito, não apenas de raiva, mas de algo mais profundo. Algo mais feio.

Vincent não me seguiu. Ele nem sequer tentou.

Isso deveria ter me dito tudo o que eu precisava saber.

Eu era a esposa grávida de Vincent. Mas desde que ele decidira proteger o bebê de Rosa, meu bebê e eu nos tornamos invisíveis aos olhos dele.

Esse bebê fora uma vez minha esperança, meu sonho, após anos de espera.

Mas agora? Agora, eu não achava que isso fosse mais verdade. Eu tinha cometido um erro.

Nunca deveria ter tido essa criança se soubesse que ela nasceria em uma família assim, uma família onde o pai prestaria mais atenção a outra criança do que ao seu próprio bebê.

Vincent havia voltado à nossa mansão justo quando eu achava que finalmente poderia descansar, com as sobrancelhas franzidas, claramente preocupado com algo.

Ele se ajoelhou na minha frente assim que me viu e, parecendo explicar uma grande causa nobre, disse: — Amor, não fique brava comigo, certo?

Pelo que Vincent me contou, ele também foi surpreendido por Rosa. Ele estava em seu carro, ao celular negociando um acordo de armas com o País C, quando Rosa apareceu, com os olhos vermelhos e inchados de choro.

Ele não teve escolha senão consolá-la. Afinal, eles cresceram juntos: ela era sua amiga de infância, e os pais dela também eram amigos dos pais de Vincent.

Ela lhe dissera que, se os pais dela descobrissem sobre a gravidez, a pressionariam a abortar. Ela queria manter o bebê.

Vincent não poderia deixar que isso acontecesse com ela, então concordou em deixar ela dizer que ele era o pai, pelo menos por enquanto. Aparentemente, quando os pais de Rosa ouviram sobre isso, não ficaram nada chateados.

Afinal, quem não gostaria de um bebê se seu pai fosse Vincent Falcone?

— Isabella, realmente precisava que você confiasse em mim nisso. — Disse ele, fazendo uma longa pausa antes de continuar. — Será como se estivéssemos salvando uma vida juntos. Se eu não ajudar ela, o bebê de Rosa será abortado no momento em que seus pais a levarem para casa.

— Então…? — Eu não deixei que ele terminasse. — Então você decidiu deixar nosso bebê sem pai, é isso? Assim, meu bebê será um bastardo, possivelmente nascido sem um nome, nem uma família para apoiá-la?

Vincent segurou minhas mãos e as pressionou contra os lábios. — Desculpe, Isabella. Só por enquanto. Assim que Rosa der à luz, eu poderei levar nosso bebê para casa e reivindicá-lo como meu.

— Eu não poderia apenas ficar ali e assistir Rosa sofrer.

Eu respirei fundo. — Então, acho que não há necessidade de nosso bebê nascer.

— Não! — Vincent se levantou, seu rosto contorcido de raiva. — Por que você não pode entender? Eu te disse que reivindicarei nosso bebê assim que o de Rosa nascer. Por que você precisa ser tão teimosa? Você não vai desistir de nosso bebê, e eu também vou ajudar com o de Rosa. Negócio fechado.

Então, assim, ele partiu como se nada tivesse acontecido.

No dia seguinte, Vincent enviou uma dúzia de seguranças para cercar a mansão e uma dúzia de empregadas para me ajudar. Eu sabia o que ele estava fazendo: mantendo uma vigilância próxima sobre mim, garantindo que eu não fizesse nada para prejudicar nosso bebê.

Ele estava com medo.

Ele até pegou meu celular, cortando qualquer chance de fuga.

Por que insistir em ter nosso bebê quando ele já havia escolhido o de Rosa?

Vincent realmente achava que eu era uma pessoa tão boba que apenas o deixaria fazer o que quisesse?

Bem, ele que se dane. Eu não era um fantoche e, com certeza, não me sentaria e aceitaria qualquer lixo que ele jogue em meu caminho.

O tempo passou. Eu estava presa ali e, segundo Vincent, eu estava “aproveitando” minha gravidez.

Uma manhã, depois de terminar o café da manhã, ouvi a porta da frente se abrir. Rosa estava ao lado de uma mulher que eu não reconhecia.

Assim que a mulher me viu, começou a disparar sarcasmo: — Alguém está se achando. Por que você ainda se apega ao título de Sra. Falcone, quando claramente está se envolvendo com outro homem? E está grávida... que vergonha.

— Minha pobre menina. — Ela coou. — Você deve ter sofrido tanto, Rosa.

Aquela mulher era a mãe de Rosa? Do que ela estava falando? Eu me envolvendo com outro homem e engravidando?

Eu estava grávida do filho de Vincent. Foi Rosa quem se envolveu e acabou grávida.

Eu observei enquanto mais pessoas as seguiam para dentro, carregando sacolas e caixas. Rosa agia como se fosse a dona do lugar, mandando as empregadas e os trabalhadores enquanto eles ajudavam a mover suas coisas para um dos quartos vazios. Assim que terminou, ela se virou para mim com um sorriso cruel.

— Isabella. — Zombou ela: — você achou que ganhou ao se casar com Vincent, não achou? Olhe para mim agora. Estou aqui, prestes a dormir na cama que ele comprou para esta mansão.

— Você não é nada, Isabella.

Assisti enquanto ela ria, sua voz transbordando malícia. Eu não consegui mais conter a raiva. Marchando em sua direção, passo a passo, dei um tapa em seu rosto com toda a força que consegui reunir.

Ela gritou ao cair no sofá atrás dela.

Justo então, Vincent entrou, testemunhando a cena. Eu não havia terminado com Rosa. Eu tinha tolerado seu sarcasmo por tempo demais, mas isso não significava que ela tinha o direito de continuar me provocando.

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