Dimitri caminhou pelo quarto e se deitou na cama, respirou profundamente e fechou os olhos. Permaneceu parado em silêncio, os olhos fechados por vários minutos enquanto eu o observava.
— Então? Não quer mais fazer perguntas, princesa? — perguntou, depois do longo silencio.Eu caminhei para perto da janela, tentando manter certa distância entre nós. — Por que está me sequestrando? — Não estou te sequestrando, você está fugindo comigo porque está apaixonada. Eu o encarei frustrada. — Está bem, princesa, não precisa fazer essa cara de triste. Estou raptando você para que se torne minha esposa. — E por que não lutou pela minha mão? Só faltava um homem e você com esse dom que faz com que as pessoas te obedeçam, ele não teria chance. Ainda não é tarde para ganhar minha mão honestamente. — falei, a diplomata em mim se aflorando.Ele se sentou na cama e me encarou. — Se John Chase fosse um cara comum, princesa, com certeza eu não precisaria estar te raptando. Eu me aproximei alguns passos, sentindo que a conversa estava começando a jogar mais perguntas no ar. — Jonh Chase não é páreo para você. Ao menos que ele seja como você. — Ninguém é como ele. — murmurou Dimitri e vi a frustração em seu rosto. — Agora chega de perguntas, eu preciso de um banho. Então, para meu espanto, ele se levantou e começou a retirar suas roupas, eu me virei para a janela e o ouvi sorrir.— Não é nada demais, princesa, não precisa ficar nervosa. Mas quando chegarmos na Ilha do Corvo, a primeira coisa que farei vai ser reivindicar o seu corpo. Ao ouvir aquelas palavras não pude refrear o impulso de me virar e protestar contra ele, mas quando fiz isso, congelei ao vê-lo completamente nu. Seus braços eram fortes e sua pele pálida, ele exibia alguns pelos pelo peitoral, e seu abdômen era repleto de músculos, e logo abaixo de sua cintura, estava seu membro completamente rígido. Abaixei o olhar para seus pés descalços. — E se eu não quiser me casar com alguém tão atrevido quanto você? — Sua outra opção é John, e se você teve a impressão que eu sou atrevido... Bom, lembre-se que na tradição da ilha do Corvo o comandante faz a consumação do casamento diante de todos. Eu estremeci ao assimilar suas palavras.Consumação diante de todos? Com certeza eu não sabia das tradições da Ilha do Corvo, mas isso era absurdo.— Em sua inscrição ele disse que não viveríamos na Ilha do Corvo, e sim em Ankesth, onde ele tem suas terras. — relembrei o que ele havia dito para o rei. — Estou brincando, princesa! — exclamou e riu alto. Em seguida ele saiu do meu campo de visão e pude ouvir o barulho do seu corpo entrando na água. Me virei para a janela pensando nessas descobertas quando vi um homem chegar a cavalo na estalagem. Congelei ao ver John Chase desmontar de um cavalo negro e entrar na pensão. Eu me virei para Dimitri deitado na banheira, e quando seus olhos azuis se encontraram com os meus, ele soube. Imediatamente ele se ergueu da banheira e vestiu as calças, correu para a porta e a bloqueou com o guarda roupa, então se virou para mim. — Feche os olhos. Eu fechei e ele me jogou em seus ombros e correu comigo, mas abri os olhos a tempo de ver ele se lançar pela janela comigo nos ombros e gritei a plenos pulmões. Quando atingimos o chão não foi forma alguma como imaginei. Dimitri conseguiu de alguma forma sobrenatural, cair de pé. Ele me levou para o cavalo de Chase e me jogou em cima dele. Antes que ele subisse no cavalo, uma voz o interrompeu. — Dimitri, seu trapaceiro desgraçado! — exclamou o comandante John Chase. Dimitri se virou para o homem a sua frente e sorriu levantando os braços. — Eu trapaceiro? Um Alfa competindo por uma princesa contra um monte de humanos e eu sou o trapaceiro?!. — acusou Dimitri. John o encarou e eu vi sua expressão suavizar de repente. Ele respirou fundo como se estivesse cansado demais, como se aquela discussão já tivesse acontecido várias vezes no passado. — Irmão, pare de tentar diminuir minha autoridade na Ilha, ou talvez eu ouça os conselhos e decapite você diante de todos. - John Chase disse isso com uma voz mordaz. Dimitri estremeceu um pouco, e então olhou para mim e vi em seu rosto algo mudar. — É tarde demais, eu já possui ela. — declarou com toda a malícia que conseguiu. Eu o olhei escandalizada com sua afirmação falsa, mas novamente ele fechou aquela porta dentro de mim e eu fui incapaz de me defender. John Chase semicerrou os olhos e encarou Dimitri. — Terei que tirar a prova então. Eu estremeci involuntariamente. Tirar a prova? Como assim? Eu queria gritar, falar ao menos, mas era como se eu não estivesse ali. — Minha palavra não basta? — indagou Dimitri. Chase riu com escárnio. — Sua palavra vale bosta. — declarou, então seu olhar cruzou com o meu. — Mas eu me contento com a dela. Rapidamente Dimitri se virou para mim e enviou um forte comando dizendo para que eu confirmasse. Eu usei todas as minhas forças para tentar desmenti-lo, mas aquela batalha já estava perdida há muito tempo. Antes que eu abrisse a boca para mentir por ele, o comandante levantou uma mão. — Quando ela estiver longe de sua influência, é claro. Dimitri bufou. — Fique aqui e pegue seu barco pela manhã, pode voltar para Ilha do Corvo. Eu mesmo informo sua desistência do torneio, não seria nenhuma surpresa, já que eu era seu adversário. O comandante John estava zombando de Dimitri, zombando com a verdade. Naquele momento percebi que Dimitri sabia que não o venceria no torneio e por isso usou de artimanhas. O homem que havia me raptado deu uma última olhada em mim e se afastou a passos largos de volta para a estalagem. Quando ele se afastou, eu senti uma corrente se quebrar entre nós. Essa corrente se quebrando foi forte o suficiente para sacudir todo o meu corpo e me fez cair do cavalo. O comandante se moveu em uma velocidade fora do comum e me segurou em seus braços enquanto eu perdia totalmente a consciência.Eu acordei com a luz do sol queimando meu rosto, quando abri os olhos vi que estava sobre o cavalo do comandante, seus braços fortes estavam ao meu redor guiando o animal por uma estrada.— Que bom que acordou princesa. — disse ele atrás de mim.— Para onde estamos indo?— Para o palácio é claro, não se preocupe, ninguém sabe que você fugiu, sua cunhada Hera a rainha encontrou sua carta e interditou o andar do seu quarto dizendo que você pegou uma virose muito contagiosa, e que apenas a criada dela cuidaria de você, é claro que com o sumiço de Dimitri eu presumi que ele tinha sequestrado você, e isso se confirmou quando vi a guarda pessoal da rainha recebendo ordens secretas para sair em uma busca fora do palácio.Então Hera havia acobertado tudo... eu não gostava dela, mas sua atitude inteligente havia me poupado de voltar sobre grande vergonha.Então algo me incomodou.— O que ele fez comigo? ele espetou o polegar na minha nuca e desde então não consegui mais resistir a ele.— Dimitr
Quando retornei ao palácio passei as próximas horas ouvindo o discurso da rainha sobre como meu comportamento devasso poderia custar caro para mim e para a imagem e reputação da família real, que graças a bondade do comandante Chase eu havia retornado sem causar mais danos. Eu poderia tentar contar a ela que na realidade eu havia sido sequestrada, mas era improvável que ela acreditasse, não tinha como explicar o que Dimitri Sidorov havia feito comigo, aquilo pareceria bruxaria, o que só pioraria tudo, ela pensaria que eu havia sido acometida pelo mal e chamaria padres para um exorcismo, o que eu dispenso.Então me contentei em ouvir suas reclamações sem fim.— Eu espero de verdade que você tenha mantido sua honra intacta, porque se não o fez... — ela me encarou parecendo preocupada e furiosa ao mesmo tempo.— Minha honra está intacta. — garanti, desconfortável com o rumo da conversa.Ela me analisou por alguns segundos tentando ver se eu mentia, por fim disse:— Espero que você esteja
Eu me encarei no espelho com o vestido de noiva, ele era longo com uma cauda enorme, todo branco cravejado de pedras preciosas, o decote em formato de coração, e uma tiara cheia de diamantes na minha cabeça, meu cabelo negro caindo como ondas ao meu redor, algumas tranças tinham sido feitas nele. O dia todo o palácio ficou repleto de servos correndo de um lado para o outro, todos ocupados com os preparativos para o casamento da princesa e do comandante Chase, a cerimônia seria realizada no salão da torre sul, era onde ficava a igreja um padre faria a cerimonia, após os dois assinarem o contrato de casamento todos seguiriam para o grande salão onde seria sediada uma grande festa de casamento.Eu realmente não estava preparada para isso, mas que escolha eu tinha?A porta se abriu e a rainha pessoalmente veio me buscar para a torre sul, eu me levantei da cadeira e olhei para ela.— Veio se certificar que eu não irei fugir a caminho da igreja vossa alteza? — alfinetei.— Essa possibilidad
Eu arregalei os olhos e meu coração começou a bater descompassado dentro do meu peito, imediatamente senti o calor subir pelo meu pescoço e queimar em minhas bochechas, mesmo que eu não quisesse faze-lo foi inevitável desviar o olhar para minhas próprias mãos.O comandante Chase havia sido direto comigo de uma maneira que nenhum homem jamais foi, e isso foi completamente desconcertante.Eu me movi na cadeira desconfortável com sua audácia, como ele ousava dizer aquilo?Eu me armei de coragem e autoconfiança e levantei o olhar para encara-lo nos olhos.— Como o senhor ousa insinuar essas coisas tão vulgares?
John me segurou ainda mais firme contra ele, seu olhar estava divertido, estava rindo porque eu estava bêbada.— Me tire daqui. — murmurei, me segurando nele.Ele caminhou comigo pelo salão e por todas as mesas que passamos todos os convidados se levantaram e os homens começaram a comemorar, muitos deles gritaram que era hora da consumação do casamento, e riam satisfeitos. Mesmo estando fora de mim, achei constrangedor. No final do salão Jonh se virou e acenou para o rei e a rainha, todos os olhares estavam sobre nós e havia muitas vozes ao nosso redor. Ele me segurou pela cintura sustentando a maior parte do meu peso e me levou para o corredor.Quando saímos do salão e nos encontramos no corredor vazio, somente com o fundo das vozes e da música que vinha do salão, ele me olhou e ainda me segurando perguntou:— Quer caminhar um pouco no ar da noite? Ou prefere se deitar?— Prefiro me deitar. — considerando que eu nem conseguia andar.Ele assentiu e como se tivesse lido minha mente me e
Eu ainda estava na mira daquele olhar negro e intenso. Eu não sabia dizer se o comandante John Chase conseguia ver em meus olhos, na meia luz do quarto, o horror e a vergonha que agora povoava meus pensamentos e coração, e se ele sabia, o que isso causava nele?Ele respirou fundo.— Não sabe o que dizer, princesa? — perguntou Chase.Eu suspirei diante do inevitável.— Como posso olhar em seus olhos sem ver o sangue que derramou?— E por quem eu derramei esse sangue? — perguntou o comandante.Sua pergunta era completamente injusta, não pedi para que ninguém lutasse pela minha mão.— Como ousa tentar colocar esse sangue em minhas mãos? O senhor matou por poder! — esbravejei para ele.De súbito, suas mãos me empurraram de costas para a cama, seu peso me esmagou sobre ela, eu arfei tentando respirar, mas então sua boca reivindicou a minha novamente. Desta vez com mais agressividade, suas mãos foram para dentro do meu vestido e isso arrancou um grito horrorizado meu, ele faria aquilo mesmo?
Eu tentei me debater contra ele, mas Chase era forte demais.— Pare de tentar sair! Olhe para mim! — berrou e isso me fez paralisar, havia novamente aquela energia de perigo vindo dele, um perigo real, palpável.Eu paralisei e o encarei, sentindo meu rosto ser inundado pelas lágrimas, sua expressão antes era de raiva, mas quando eu o olhei, ela suavizou. Seu aperto nos meus pulsos diminuiu o suficiente para parecer que ele só me tocava ali, então ele baixou sua mão e a sacudiu na frente do meu rosto.Ela estava envolta de uma bandagem de linho branco, ele desamarrou o pano revelando um corte na palma. Um corte profundo o suficiente para... Não pode ser...— O sangue no lençol é da minha mão. — confirmou ele minhas suspeitas.John Chase se levantou de cima de mim e se sentou no sofá, seu olhar ainda sobre mim enquanto ele enrolava novamente o curativo.— Não aconteceu nada ontem, mas isso não significa que pensariam isso. Muito provavelmente suas criadas achariam que você não era pura
Acordei com John Chase me sacudindo levemente. Quando abri os olhos percebi que ele estava tenso, olhei ao redor procurando algum sinal que já era de manhã, mas naquele quarto sem janelas era difícil saber.—Já está na hora de ir?— perguntei a ele, mas ele já estava de pé, olhando para a porta.Ele levou um dedo aos lábios, fazendo um sinal claro de silêncio para mim, então caminhou lentamente até a porta, semicerrou os olhos e então alguém arrombou a porta.John Chase foi arremessado para longe, ele se chocou contra a parede do quarto. Quando olhei para a figura na porta, responsável por aquilo, eu gritei. Todo o meu ser gritou, e eu não pude acreditar em meus próprios olhos.Uma criatura gigante estava parada na porta, e era exatamente como as lendas descreviam, enormes olhos vermelhos, com presas gigantes capazes de rasgar qualquer coisa, e garras mais afiadas que espadas. Era alto e musculoso, apesar de ter o corpo coberto de pelos e uma aparência completamente animalesca, ele esta