Eu arregalei os olhos e meu coração começou a bater descompassado dentro do meu peito, imediatamente senti o calor subir pelo meu pescoço e queimar em minhas bochechas, mesmo que eu não quisesse faze-lo foi inevitável desviar o olhar para minhas próprias mãos.O comandante Chase havia sido direto comigo de uma maneira que nenhum homem jamais foi, e isso foi completamente desconcertante.Eu me movi na cadeira desconfortável com sua audácia, como ele ousava dizer aquilo?Eu me armei de coragem e autoconfiança e levantei o olhar para encara-lo nos olhos.— Como o senhor ousa insinuar essas coisas tão vulgares?
John me segurou ainda mais firme contra ele, seu olhar estava divertido, estava rindo porque eu estava bêbada.— Me tire daqui. — murmurei, me segurando nele.Ele caminhou comigo pelo salão e por todas as mesas que passamos todos os convidados se levantaram e os homens começaram a comemorar, muitos deles gritaram que era hora da consumação do casamento, e riam satisfeitos. Mesmo estando fora de mim, achei constrangedor. No final do salão Jonh se virou e acenou para o rei e a rainha, todos os olhares estavam sobre nós e havia muitas vozes ao nosso redor. Ele me segurou pela cintura sustentando a maior parte do meu peso e me levou para o corredor.Quando saímos do salão e nos encontramos no corredor vazio, somente com o fundo das vozes e da música que vinha do salão, ele me olhou e ainda me segurando perguntou:— Quer caminhar um pouco no ar da noite? Ou prefere se deitar?— Prefiro me deitar. — considerando que eu nem conseguia andar.Ele assentiu e como se tivesse lido minha mente me e
Eu ainda estava na mira daquele olhar negro e intenso. Eu não sabia dizer se o comandante John Chase conseguia ver em meus olhos, na meia luz do quarto, o horror e a vergonha que agora povoava meus pensamentos e coração, e se ele sabia, o que isso causava nele?Ele respirou fundo.— Não sabe o que dizer, princesa? — perguntou Chase.Eu suspirei diante do inevitável.— Como posso olhar em seus olhos sem ver o sangue que derramou?— E por quem eu derramei esse sangue? — perguntou o comandante.Sua pergunta era completamente injusta, não pedi para que ninguém lutasse pela minha mão.— Como ousa tentar colocar esse sangue em minhas mãos? O senhor matou por poder! — esbravejei para ele.De súbito, suas mãos me empurraram de costas para a cama, seu peso me esmagou sobre ela, eu arfei tentando respirar, mas então sua boca reivindicou a minha novamente. Desta vez com mais agressividade, suas mãos foram para dentro do meu vestido e isso arrancou um grito horrorizado meu, ele faria aquilo mesmo?
Eu tentei me debater contra ele, mas Chase era forte demais.— Pare de tentar sair! Olhe para mim! — berrou e isso me fez paralisar, havia novamente aquela energia de perigo vindo dele, um perigo real, palpável.Eu paralisei e o encarei, sentindo meu rosto ser inundado pelas lágrimas, sua expressão antes era de raiva, mas quando eu o olhei, ela suavizou. Seu aperto nos meus pulsos diminuiu o suficiente para parecer que ele só me tocava ali, então ele baixou sua mão e a sacudiu na frente do meu rosto.Ela estava envolta de uma bandagem de linho branco, ele desamarrou o pano revelando um corte na palma. Um corte profundo o suficiente para... Não pode ser...— O sangue no lençol é da minha mão. — confirmou ele minhas suspeitas.John Chase se levantou de cima de mim e se sentou no sofá, seu olhar ainda sobre mim enquanto ele enrolava novamente o curativo.— Não aconteceu nada ontem, mas isso não significa que pensariam isso. Muito provavelmente suas criadas achariam que você não era pura
Acordei com John Chase me sacudindo levemente. Quando abri os olhos percebi que ele estava tenso, olhei ao redor procurando algum sinal que já era de manhã, mas naquele quarto sem janelas era difícil saber.—Já está na hora de ir?— perguntei a ele, mas ele já estava de pé, olhando para a porta.Ele levou um dedo aos lábios, fazendo um sinal claro de silêncio para mim, então caminhou lentamente até a porta, semicerrou os olhos e então alguém arrombou a porta.John Chase foi arremessado para longe, ele se chocou contra a parede do quarto. Quando olhei para a figura na porta, responsável por aquilo, eu gritei. Todo o meu ser gritou, e eu não pude acreditar em meus próprios olhos.Uma criatura gigante estava parada na porta, e era exatamente como as lendas descreviam, enormes olhos vermelhos, com presas gigantes capazes de rasgar qualquer coisa, e garras mais afiadas que espadas. Era alto e musculoso, apesar de ter o corpo coberto de pelos e uma aparência completamente animalesca, ele esta
Os cavalos estavam todos no estábulo. Eu corri até o mais próximo e o puxei e montei, ao subir, apertei minhas pernas e o fiz correr o máximo que podia.Era de madrugada ainda e eu optei por uma estrada que me levaria para Riviera. As terras do Duque Charles Edwards, estava mais próximo que a capital e o Palácio, e ele tinha homens, guerreiros, certamente depois de eu contar minha história, eles protegeriam a princesa.Enquanto eu cavalgava até as primeiras luzes do nascer do sol eu pensei sobre tudo que havia acontecido. Como eu iria contar que havia sido atacada por um lobisomem e que possivelmente havia me casado com uma criatura sobrenatural? O Duque Charles não era nem um pouco supersticioso, na certa acharia que eu estava fugindo do meu marido por futilidade. Homens eram todos iguais!Mas eu podia provar o que estava dizendo...Eu me lembrei da estalagem repleta de soldados despedaçados, bastava eu dizer que havia sido atacada e pedir para que eles enviassem homens em busca de s
Daniel me colocou em seu próprio cavalo e me levou em direção ao casarão, a cavalo foi um trajeto rápido e eu não falei muito, ainda estava em choque por causa do homem que ele havia matado bem na minha frente, eu tentei evocar as lembranças dos verões que passei aqui em Riviera, do Daniel magrelo e vários centímetros menor que eu, aquele Daniel vomitaria só de pensar em matar um homem por um insulto, eu desejava que ele tivesse simplesmente acertado um soco no homem, mas tirar sua vida?E o modo tranquilo que ele havia feito aquilo... era de arrepiar.Quando chegamos na propriedade dos Edwards Daniel desceu do cavalo e logo em seguida me puxou pela cintura me segurando para descer, eu olhei para a enorme construção pintada com a cor verde escuro e detalhes em branco, a casa do duque sempre foi muito impressionante, logo que subimos os degraus da varando os servos vieram ao nosso encontro, quando me viram arregalaram os olhos incapazes de esconder sua surpresa.— Mostrem seu respeito,
Eu me sentei na mesa olhando para o jantar, mas não sentia fome. Me levantei e depois voltei a deitar, rolei de um lado para o outro até finalmente dormir.Eu fiquei isolada no quarto durante três dias, eu havia pedido vinho para uma das servas enquanto ela trazia as refeições e meu pedido foi atendido. Seu nome era Liz, a ruiva da primeira vez.Eu passei esses dias me embriagando para conseguir fechar os olhos sem ver aqueles corpos despedaçados, sem ver aquele lobisomem terrível, e até mesmo aquele guarda que Daniel matou diante de mim. No quarto dia eu acordei e decidi não beber, tomei um banho e me vesti, em seguida fui falar com Daniel sobre uma escolta de volta para o palácio. Ele estava nos estábulos cuidando de seu cavalo, mas também pretendia falar a verdade.Quando me viu entrando nos estábulos se virou para mim imediatamente.— Daniel, precisamos conversar. — falei me aproximando.Eu iria dizer a verdade, mesmo que isso não fizesse o menor sentido. Eu não poderia ser a resp