Por um momento, Dominic tenta ignorar a interrupção, mantendo o olhar fixo em Vivienne, como se sua expressão silenciosa exigisse que ela continuasse. Mas a campainha soa novamente, insistente, quebrando o fio de tensão entre eles. Ele solta um suspiro irritado, os ombros se erguendo levemente, enquanto se vira abruptamente. Seus passos firmes ecoam pelo chão, enquanto caminha até a porta, abrindo-a com a confiança de alguém que parece dominar qualquer espaço em que esteja.Do outro lado, o entregador aguarda com um sorriso educado, segurando o café da manhã. Dominic pega os pacotes sem hesitar, seus olhos percorrendo rapidamente a quantidade excessiva. Ele nota o claro exagero no pedido, mas apenas suspira baixinho, mantendo sua compostura.— Obrigado. — Dominic agradece, dispensando o entregador rapidamente, ciente de que o pagamento já foi efetuado pelo aplicativo. Ao se virar, seus olhos encontram os de Vivienne, que o observa em silêncio, quase apreensiva. Ele empurra a porta para
Vivienne se afasta com um suspiro pesado, afundando no sofá como se suas forças tivessem se esgotado. Seus dedos inquietos percorrem os cabelos, cada movimento denunciando o caos em sua mente. Não é apenas um gesto nervoso, é uma tentativa desesperada de arrumar os pensamentos que a atormentam, de encontrar algum tipo de controle em meio à tempestade interna.Dominic a observa por um instante, a tensão evidente em sua postura, enquanto avalia cada detalhe dela. Com passos firmes e silenciosos, ele se aproxima, ajoelhando-se à sua frente, num gesto que reduz qualquer barreira física entre eles.Ele não diz nada de imediato. Sua mão se ergue devagar, os dedos hesitantes antes de finalmente pousarem em seu rosto. O toque é leve, quase reverente, mas carrega uma firmeza que a faz parar, o movimento dos dedos nos cabelos cessando, enquanto o calor da palma dele contra sua pele a fixa por um instante.Os dedos dele deslizam do rosto dela até encontrar sua mão, segurando-a com firmeza, mas s
Vivienne permanece sentada no sofá, os olhos fixos no relógio na parede, mas sem realmente vê-lo. O som dos ponteiros parece distante, quase abafado pela estranha indiferença que toma conta dela. O compromisso de trabalho que certamente perderá não a incomoda, naquele momento, o tempo parece irrelevante.Os minutos se arrastam até que Dominic emerge pela porta. A camisa branca molda sua figura, contrastando com a gravata e o paletó que ele carrega casualmente nas mãos. Com passos firmes, ele se aproxima, parando bem à frente dela. Sem dizer uma palavra, ele se inclina, e seus lábios encontram os dela em um beijo que não pede permissão, é uma afirmação, uma declaração silenciosa, mas inequívoca de posse e desejo.O toque é firme, mas há um cuidado quase imperceptível, como se, mesmo reivindicando-a, ele estivesse ciente da fragilidade que ela tenta esconder. Vivienne sente o calor e a determinação no beijo, e por um momento, toda a sua indiferença se dissolve, substituída por algo mui
Vivienne encerra o banho com um suspiro, sentindo a água quente escorrer pela pele pela última vez antes de se secar e envolver-se no roupão macio. Caminha até o pequeno closet, onde a luz suave do espaço ilumina as peças bem-organizadas.Enquanto seca os cabelos, seus dedos habilidosos modelam os cachos, que logo são presos no coque impecável que se tornou sua marca para o trabalho. Seus olhos percorrem cuidadosamente as roupas formais, até que param em um conjunto branco, uma saia elegante na altura dos joelhos, um blazer estruturado e uma camisa de gola.Ela o escolhe sem hesitar, as palavras de Dominic ainda ecoam em sua mente. Ao segurar o tecido entre os dedos, um sorriso suave surge em seus lábios, traindo o momento de curiosidade e expectativa que a invadiu. A mente começa a desenhar possibilidades, por que branco? O que Dominic está planejando?Mas, antes que os pensamentos possam ir mais longe, Vivienne balança levemente a cabeça, afastando qualquer ideia romântica que ameace
Vivienne deixa o celular cair sobre a mesa, o impacto seco acompanhando o súbito empalidecer de seu rosto. Marc, parado próximo à porta, não perde nenhum detalhe da mudança em sua expressão.— Café, certo? — Vivienne murmura, sua voz carregada de uma falsa tranquilidade que mal consegue disfarçar. Seus dedos pegam o celular que continua tocando insistentemente, um som que parece intensificar o nó em sua garganta. — Fique à vontade. — Completa, sem olhar para trás, saindo da sala com passos rápidos, enquanto o som de seus saltos ecoa suavemente pelo apartamento.Marc observa com atenção, os olhos percorrendo a sala, enquanto seus passos silenciosos seguem o rastro dela pelo apartamento. Ele se posiciona próximo à entrada da cozinha, encostando-se de leve na parede, atento ao toque persistente do celular que ecoa pelo ambiente.O som para momentaneamente, mas logo retorna, preenchendo o silêncio com uma insistência irritante. Marc permanece imóvel, os ouvidos atentos, até que a voz de V
O sangue de Vivienne ferve ao observar a postura de Dominic. Aquele ar de posse impregnava cada gesto dele, como se fosse o dono não apenas do espaço, mas também das decisões. Ele sempre agia assim, invadindo seus limites como se tivesse direito, como se ela devesse simplesmente aceitar. Normalmente, isso a irritava, mas hoje era diferente. Hoje, a tensão entre eles atingia um limite perigoso, alimentada por algo mais profundo, o peso do passado, que estava mais presente do que nunca.Com um gesto brusco, quase automático, ela gesticula para Marc sair, sem sequer olhar para ele novamente. A irritação está evidente em cada traço de seu rosto, sua frustração reverbera no ambiente como um aviso silencioso.— Me desculpe o incômodo, senhorita Bettendorf. — Marc murmura, sua voz neutra, mas carregada de formalidade. Ele sai sem questionar, e o som da porta batendo forte atrás dele ecoa pelo apartamento.Vivienne se vira abruptamente, os olhos cravados nas costas largas e imponentes de Domi
Instintivamente, as mãos de Vivienne deslizam para o pescoço de Dominic, puxando-o para mais perto, e seus lábios se unem num beijo que parece selar este momento improvável, mas que carrega a certeza de algo predestinado.— Por que quer fazer isso? — Vivienne pergunta, ofegante, sua testa apoiada contra a dele, enquanto seus olhos buscam respostas que ela ainda teme ouvir. — Principalmente quando ainda guardo tantos segredos. — Continua, a voz embargada, oscilando entre a felicidade que ameaça inundá-la e a apreensão que a mantém presa às dúvidas.— Parece que já deixei meus motivos claros. — Dominic declara, seus dedos deslizando pelo próprio queixo em um gesto que parece tão pensativo quanto deliberado. — Quero você, Vivienne. Não partes escolhidas, mas tudo. Cada pedaço do que você é. — Continua, sua voz, baixa e firme, carrega uma intensidade que faz o coração dela acelerar, incapaz de ignorar a força de suas palavras. Ele a encara, o olhar penetrante prendendo o dela como um laço
Dominic desliza as mãos para os bolsos, o olhar fixo nas portas do elevador, enquanto tenta organizar os pensamentos com uma calma calculada. Um sorriso irônico surge em seus lábios, breve e carregado de significados ocultos. Ele sacode a cabeça devagar, o gesto quase imperceptível, mas suficiente para revelar a irritação que, embora controlada, lateja em seu interior.— Não. — Dominic responde, com a firmeza controlada em sua voz, enquanto se vira completamente para encará-la. — Qualquer assunto com ele pode esperar. Não vou permitir que seu passado interfira no que estamos construindo agora.— Dom. — Vivienne começa, sua voz hesitante, enquanto suas mãos deslizam para o peito dele num gesto conciliador, como se buscasse acalmar a tensão entre os dois. — Você não quer conhecer o meu passado? — Pergunta, a incerteza misturada à necessidade de ser compreendida. As portas do elevador se abrem, mas ela permanece imóvel, sustentando o olhar dele com uma força que não combina com sua hesit