Eu olho para ele.
— Eu posso?
— Sim, daqui meia hora na sala de reuniões, já que o Carter não quer se dar o trabalho.
O Sr. Carter dá de ombros.
— Eu li e reli a proposta do jogo dele, mas não entendo nada desse mundo dos games, isso é da sua área, já que toda noite gosta de ficar pregado na frente da televisão, jogando videogame.
— Você é entediante, Carter. Mas deixa comigo, eu cuido do nosso garoto de ouro. Já vejo o nosso novo investimento dando certo, afinal, tem que dar.
Sorrio, feliz pelas esperanças do Breno. Eu cultivo as mesmas.
— Bom, com licença... — digo e viro as costas, saindo da sala do Sr. Carter, sem fitar os seus olhos, ou sequer me render a inclinar a cabeça.
Breno vem atrás. Ele me alcança no hall.
— Está tudo bem, Noely?
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— Sim... temos uma relação boa.— Eu diria amigos, Noely se tornou o meu melhor acerto na empresa.Olho para o Sr. Carter, tentando não me demorar nas suas íris penetrantes.Eles continuam conversando sobre mim, até eu mudar de assunto e começar a perguntar da vida do Klaus, da sua profissão, das suas realizações e de como está indo as suas férias no Brasil. Ele é filho de pai americano e mãe brasileira, por isso sabe falar tão bem o nosso português.Conforme conversa vai, conversa vem, a gente não vê as horas passarem. Nem mesmo o Sr. Carter, que começou a ter muito assunto com o Klaus. Por termos que voltar para a empresa, despeço-me do meu velho amigo, e com um abraço bem apertado, dizendo que nas minhas férias também vou para Cambridge.No fim do almoço, volto a ficar a
— Seu safado — ela resmunga pela primeira vez os seus pensamentos. — Eu não sou igual à sua secretária que o senhor vive comendo na sua sala!— Mas não se imagina sendo ela? Bora colocar mais emoções nessa sua vida.— Você me sol...Avanço e beijo a sua boca, calando-a.Ela perde todos os argumentos. Aprofundo a língua, saboreando do seu gosto único.Que mulher gostosa, foi um custo me afastar dela.Não consigo separar os nossos lábios, nem a Noely, que nega tanto a verdade do seu corpo, do seu desejo. Ela me quer, ou melhor, quer ser bem fodida de novo. E nada agora vai nos impedir.Enfio a mão entre o seu decote, deslizando pela sua barriga. Paro na sua virilha.Ela tenta fechar as pernas, mas o meu joelho não deixa.— Você quer, não quer?Afasto a minha cabeça. Estamos ofegantes.Ela me olha meio zonza e sem ar.— O senhor mesmo me induz a querer — fala, surpreendendo-me ao tocar
— Preciso respirar... — Noely desaba em cima de mim.Passo as mãos no seu rosto, ajudando-a a afastar os fios de cabelo, que grudaram no seu suor.Estamos nus, deitados sobre o tapete.— Depois de ter todos esses bons orgasmos, ainda vai se arrepender do seu chefe?Ela sorri, olhando-me e respirando fundo.— É claro que eu vou.— Então não te satisfiz direito.— É claro que satisfez. Nunca imaginei que sexo pudesse ser tão maravilhoso... para mim.— Mas é claro que é bom, com a pessoa certa, que pense em você — digo e aliso as suas costas.— A maioria dos homens só pensam neles, eles gozam e a parceira tanto faz. Sempre foi assim comigo.— Onde achou esses caras que você transava, Chernobyl?Ela ri de novo, dando um tapinha de leve no meu peito.— Quer insinuar que tenho dedo podre para escolher homem?— Não, você não escolheu, parece que eles escolheram você.— Assim como o senhor?
Carter BastosEu olho para o nome da Valentina na tela do meu celular e penso mil vezes em atender, e não atendo.— Que cara é essa?Breno entra no meu quarto, trazendo cerveja gelada.— Valentina não me deixa em paz.— Você transou com ela durante a sua viagem?— Não por falta de tentativas daquela mulher. Não sinto um pingo de tesão.— Sei que me esconde alguma coisa relacionada à sua ex, pois se não tivesse algo, você não estaria ainda se envolvendo, tipo viajando atrás do pai dela.— Estou devendo quatro milhões para a Valentina, só fui para Nova York para finalizar a venda de algumas coisas e pagá-la. Seu pai está intervindo entre nós.— Porra, Carter, quatro milhões? Como assim?— No começo
Carter Bastos— Bom dia, filhos — minha mãe diz, após sentar à mesa com a gente.Ela está bem corada e disposta.Eu e o Breno também reparamos em como se vestiu bonita hoje.— Mão, onde vai vestida assim? — Breno pergunta.— Para a empresa com vocês.— O quê? — falamos juntos, um olhando para o outro.— Sim, eu estou bem melhor da depressão. Minha psiquiatra recomendou que eu fizesse algo útil para me deixar mais ativa. Não posso ficar só em casa, presa e assistindo televisão. E nada melhor do que começar a ficar por dentro da nossa empresa, não acham?— Mãe... a-ach... — até gaguejo, nervoso. — Acho melhor não, você anda tendo algumas recaídas, não está 100% para entrar na ELW.
Noely SartoriSe ele gostou ou não, não irei me preocupar. Sua vida pessoal não me diz respeito. Minha cabeça já está a mil por ter discutido essa manhã com o meu irmão. Não consigo aceitar a aproximação dele, acho que jamais vou.E chega desses pensamentos!Eu ligo o notebook e começo a trabalhar, ou quase, pois meia hora depois a secretária aparece, comunicando o pedido do Sr. Breno, para eu ir até a sua sala. Termino de finalizar o meu arquivo e vou.— Sr. Breno, mandou me chamar? — Abro a porta e dou de cara com ele e a sua mãe.— Sim. Vem, Noely... minha mãe gostaria de te conhecer melhor e entender como está a empresa.Penso no Sr. Carter e olho quase apavorada para o Breno.Ele também parece bem nervoso com a situação.— Po
Que raiva, eu que me arrependo de ter aceitado esse emprego infernal! Posso conseguir trabalho em qualquer outra empresa que eu quiser! Não sou obrigada a suportar esse chefe irritante! Tomara que a ELW se reerga e ele vá embora mesmo!Ainda brava e fora de mim, eu volto ao trabalho contando as horas para ir embora. Nego-me a ver a cara do Sr. Carter, nego-me a escutar a sua voz, ou seria capaz de tacar o meu salto no meio da sua testa!Para a minha tortura, as horas passam vagarosamente, minuto por minuto. Só tenho alívio quando vejo 17h no relógio. E vou embora, sem esbarrar com ninguém.— Filha, aconteceu alguma coisa?Em casa, a minha mãe estranha o meu tamanho estresse para ajudá-la a picar a carne e os legumes para a nossa sopa.— Não.— Não? Faz uma hora que chegou do trabalho e está com essa cara de que mataria alguém.&nb
— Você é um...— Um o quê? — Ele para ao lado do meu carro, enquanto eu fecho o portãozinho.Quando eu viro, esse homem dá um passo sem avisar.— Realmente, estou arrependido pelo que eu disse, você é diferente, eu não tenho o direito de te desrespeitar e sinto que fiz isso, além de ter descontado a minha raiva em você. E agora, sinto-me mais culpado por ter machucado o seu dedo.— Não foi culpa sua, eu que me descuidei — respondo, olhando para o meu ferimento. — E está tudo bem, já aceitei o seu pedido de desculpas. Só não devia ter aceitado o convite da minha mãe.— E por que não? — Ele toca no meu queixo e ergue o meu rosto para fitá-lo. — Por que eu sou o seu chefe? — Sorri debochado.Fuzilo a cara dele.— Por que isso &ea