A semana para mim foi como de costume, quando eu entrava na imersa, ficaria imersa em todas as responsabilidades diárias. Eram tantos os compromissos que tinha a sensação que não conseguiria resolver metade do que estava programado na agenda que Paty, minha secretaria, me entregava todas as manhas. Era bom, apesar de ser desgastantes. Sempre fui apaixonada pelo meu trabalho, mas não tão apaixonada como era por esse. Não apenas pela satisfação de dirigir minha própria empresa, mas porque essa atribuição preenchia todas as minhas necessidades de realização pessoal.
Na quinta feira, almocei com John num restaurante pertinho da empresa, ele estava tão carinhoso comigo que até me deu vários beijos em públicos, coisa que não era muito a praia dele fazer, eu nunca o culpei, sabia que era a criação da minha amada sogra. E quando digo amada, acreditem, estou no máximo grau de ironia, ele estava curioso sobre o método de Juliana para organizar nosso casamento, mas tenho certeza que não mais que eu. Á noite quando eu ia dormi, me pegava pensando em como seria o sábado, e algumas vezes durante o dia os pensamentos sobre isso também me assombravam. Em alguns deles eu via no rosto dela, não sei por que ao certo, ficava meio ansiosa, inquieta. Provavelmente o casamento faz isso com as pessoas né?
Amor eu posso ir junto no sábado? John perguntou carinhoso.
Ela não me disse nada John, mas somos noivos né? Qual seria o problema? Eu estava meio nervosa esse dia e tentei ao máximo manter-me tranquila.
Bom então eu durmo com você na sexta para ficar mais fácil. Diga a ela que não precisa nos buscar, basta dar o endereço.
Está bem. Fiquei meio irritada com a ideia de ele querer ir junto, mas resolvi ignorar meu mal humor.
Está aborrecida? Fitou-me.
Não John. Só preocupações, ainda tenho muita coisa para fazer hoje e o prazo de entrega é curto. Disfarcei.
Humm... entendo. Bom, então vamos pedir a conta amor?
Por mim tudo bem.
John chamou o garçom e pediu a conta. Ele ainda nem tinha terminado a comida e fiquei com remorso, sabia que ele adorava comer e na certa quis ir embora por minha antipatia do momento.
Pode acabar a comida querido. Minha voz mais doce fez John sorrir. Ele beijou-me com carinho e encarou-me com seus olhos negros.
Tem certeza?
Sim. Retribui com novo beijo. Por dentro ainda estava muito impaciente.
"Porque temos que ter TPM? " Pensei. De volta a empresa, July e eu mergulhamos no trabalho para finalizar um projeto, ela percebeu que eu não estava tranquila como de costume.
Vai me contar o que perturba amiga? Sua voz era suave.
Ah?
Em que mundo você está hein? Riu divertida.
No mundo "falta pouco tempo para muito trabalho". Ri.
Só isso mesmo? Arqueou uma sobrancelha e virei meu olhar para ela.
Acho que sim.
Conversa comigo... para com essa mania de guardar tudo com você pelo menos uma vez ou de vez enquanto né? Um dia você explode!
Toda aquela inquietação já estava me dando nos nervos mesmo. Se eu não falasse ia ter um treco. Respirei fundo e parei de digitar o e-mail que estava fazendo para um fornecedor.
Ju - eu a chamava por esse apelido carinhoso – eu sei lá, estou tão estranha, impaciente... acho que é TPM só pode. Estou inquieta com sábado, essa história toda, e o John ainda que ir junto para piorar. Não tenho menor ideia do que quero para festa de casamento e sei lá, me sinto pressionada eu acho.
Respirei. As palavras saíram uma atrás da outra e quase fiquei sem ar. July apenas ouviu. Quando eu terminei, ela usou sua calma como sempre.
Amiga, tem certeza que está pronta para casar?
Porque essa pergunta agora? Senti minha impaciência crescer novamente.
Não precisa ficar irritada tá?
Eu sei que você acha que me precipitei.
Não é isso.... Quer dizer, não é bem isso, mas deixa para lá vai, porque não liga para Juliana?
Liga para Juliana? Para que? Fiquei nervosa de repente.
Ela é sua organizadora esqueceu? Precisa confiar a ela essas coisas não acha? E se você quer saber achei ótima a proposta dela. Você precisa mesmo relaxar, descobrir as coisas que gosta. Quase nunca faz nada. Sempre trabalho e casa. Relaxa um pouco, se não nunca vai descobrir qual o seu casamento dos sonhos!
Pensei em silêncio alguns instantes e vi a lógica nas palavras dela. Esse era maior mal, ser lógica demais.
Está bem! Vou ligar para Juliana mais tarde.
July sorriu satisfeita. Voltamos a trabalhar e o dia passou. Novamente lá estava eu sozinha na empresa. Tudo escuro, apenas minha sala acesa. Olhava para o telefone e pensava se devia ou não ligar. Era estranho. Eu queria, mas ficava inquieta quando pensava que ia ligar para ela. "Droga é ruim demais ter TPM! " Depois de minutos indecisa, disquei o número e ouvi o toque chamando umas cinco vezes.
Annie? Juliana chamou-me pelo meu nome com a voz animada e meu coração de repente acelerou.
Oi.... Como sabe que sou eu? Respondi meio desconcertada.
Ora, você agora é minha cliente VIP. Como não vou gravar seu número?
Silêncio. Que estupidez minha! Corei.
Claro... tem razão.
Está tudo bem? Sua voz era de preocupação.
Está, quer dizer... mais ou menos.
O que houve?
Eu estou meio inquieta com essa coisa toda de organizar casamento. E ... John... meu noive... ele quer ir com a gente.
A última frase saiu meio baixa, como se eu não quisesse pronunciá-la, mas uns segundos de silêncio, tive a sensação que a Juliana pensava em uma resposta.
Bem, não tem problema de ele ir, mas então refaremos os planos e você escolhe um local que vocês gostam de frequentar.
Por que? Disse curiosa.
Juliana riu.
Bem é que o primeiro dia seria mais um programa de meninas, se é que posso dizer assim.
Então vou dizer ao John que não pode ir. Outro dia ele vai.
Tem certeza? Fico ao seu dispor Annie. O que decidir está decidido.
Então me pegue as nove no sábado ok?
Com toda certeza.
Quando desliguei a ligação, aquela sensação de irritação havia sumida. Dei-me conta que a voz da Juliana me acalmava de uma forma diferente. Não sei se pelo tom angelical que a voz dela tinha, ou pelo fato sempre ter uma solução para as coisas até a hora de dormi fiquei pensando nisso.
Há alguns quilômetros dali, Juliana pensava no que sentia. À primeira vista achou-a linda, mas depois não foi apenas isso. Annie a intrigava de um jeito diferente, no fundo, sabia que o certo era ter recusado organizar o casamento, mas foi mais forte que ela. Queria continuar próxima e conhecer melhor aquela mulher tão fascinante.
"Juliana, Juliana... o que você está fazendo? " Pensou antes de cair no sono.
O sol ainda nem havia nascido quando John se despediu de Annie. Haviam feito amor na noite anterior e para ele foi perfeito como sempre. Olhou para ela dormindo tranquila e sorriu. Era muito linda e apesar do jeito meio frio ás vezes, ele estava feliz e ansioso para casar logo, deu um beijo em sua testa, pegou as malas e saiu. Foi para Florianópolis, uma viagem de quatro dias a trabalho. Deixou um bilhete desejando bom dia e boa sorte a noiva. Deu uma última olhada para ela antes de fechar a porta do quarto e o sorriso surgiu novamente. Duas horas depois Annie despertou. Ainda era sete da manhã viu o bilhete deJohne mandou uma mensagem para ele. A noite anterior havia sido boa, ele sempre era muito carinhoso, mas havia algo em seu íntimo que buscava algo a
Annieestava ansiosa, mas ao mesmo tempo tranquila, conversando com aJulianano caminho e teve uma afinidade instantânea com ela. Vocês estão juntos há dois anos então? Sim. Legal! Vejo muitas pessoas que casam muito cedo. Acho arriscado, ás vezes dá certo e as vezes não. Annieriu.Julianaolhou apara ela confusa. Seu pensamento não tem lógica. Explicou. Como não? Riu divertida. Não creio que sucesso no casamento tenha haver com o tempo de relacionamento, é meio fantasioso, ma
Já passava do meio dia quando terminaram de preencher as fichas queJulianatinha levado, acabaram demorando demais porque as dúvidas deAnniefaziam Juliana rir e elas acabavam brincando uma com a outra, depois de um tempoAnnieolhava-a diferente, achando sua competência incrível. Ela foi sensível o suficiente para perceber o quão era ela fechada e sugeriu esse método não convencional de reunião para organizar o casamento,Anniese sentia à vontade com ela, diante de toda aquela paisagem e do vento fresco, comeram fruta e tomaram água de coco queJulianatinha levado na sua mochila, foram algumas horas extremamente prazerosas para ambas. Sabe uma coisa que eu amo fazer?Anniedisse sentada na pedra e com o corpo apoiado em se
Maria e Lívia eram muito simpáticas, a finalidade entre as quatro foi instantânea, comiam e conversavam sobra a vida, maria era morena, tinha os olhos castanhos escuros, cabelo enrolado até os ombros, corpo normal, nem magra e nem gorda, e muito, muito extrovertida. Lívia era branca, tinha os cabelos loiros e mais curtos, era magra e meiga, bem mais tímida que sua esposa. Annie nunca tinha conhecido um casal gay tão perto, o máximo que conheceu foi à primeira namoradinha de Bel, mas aquelas duas eram casadas e muito felizes, ficou contente diante delas, tinham gestos sutis uma com a outra, se conheciam apenas pelo olhar e via-se quanto eram apaixonadas, pensou que não tinha essa intimidade com John mesmo estando dois anos com ele.
Juliana andava na sala de seu escritório de um lado para o outro, agitada, ora passava as mãos nos cabelos, ora bufava angustiada, ora soltava o corpo na sua cadeira e fitava o teto branco da sala. Sua inquietude tinha nome: Annie Calil. Desde do dia que ela decidiu levar ela naquele passeio e Annie deitou a cabeça em seu ombro ela não conseguia para de pensar no cheiro que ela tinha, na maciez de seus cabelos negros, no contato do rosto dela em seu ombro e os arrepios que sentiu diante disso. Sonhara com Annie na noite seguintes, já quase fim de semana e ela não tinha coragem de falar com Annie, sequer conseguiu começar a montar seu perfil de noiva, com base em todas as perguntas que fez a ela enquanto riam de suas dúvidas no passeio. Juliana se lembrou de tudo, lembrou-se dela dizendo que sua cor favorita era verde, que adorava o mar e o pôr do sol, que queria apre
As panquecas eram divinas e o almoço rolava descontraído, as três conversavam e risadas rolavam soltas entre uma garfada e outra. Lívia levantou para retirar a mês, Juliana tentou ajuda-la, mas foi impedida por Maria, que a chamou para sala de estar, afim de conversarem. Lívia combinou isso com a esposa, pois pensava que Juliana ficaria mais a vontade de falar com a Maria. Então, Ju, conte me tudo e não me esconda nada! Maria falou rindo com sua sinceridade de sempre, sempre direta ao ponto. Não é nada.... Deixa para lá. Juliana de repente ficou insegura em falar no assunto. Ah pa
July entrou na sala de Annie com a cara de poucos amigos, parecendo que tentava avisa a amiga da tempestade que vinha. Amiga, sua sogra está aí fora para falar com você! Como? Mary nem deu tempo de Annie raciocinar, invadiu a sala, andando altiva como sempre fazia, vestia blusa de onça - usava uma bolsa da mesma estampa - calça social vermelha e sapatos e acessórios amarelos. Annie arregalou os olhos diante da imensidão de cores a sua frente, os cabelos da sogra eram curtos e loiros acesos, o rosto era totalmente esticado com Botox e a maquiagem pesada demais para as nove da manhã. Annie pensou que se o inferno existia talvez a imagem da inoportuna sogra refletia a moda de lá. Bom
Quando Juliana chegou a festa de noivado no Jardim da luxuosa mansão dos Castros teve exata noção quão rica era a família de Mary. Andando pelo enorme tapete vermelho podia ver o requinte e o luxo de cada detalhe, repórteres por toda parte de diversas revistas de fofocas. Alguns a reconhe eram e foram logo entrevista lá. Juliana, Juliana. Uma palavrinha, agora. É verdade que você vai organizar o casamento do ano? Juliana sentiu uma pontada no coração ao pensar em Annie e John no altar, mas escondeu toda angústia com um largo sorriso no rosto e o profissionalismo de sempre. Sim é