Juliana parecia um anjo, mas nessa altura do campeonato para mim era como um demônio que tirava minha racionalidade, eu não estava pronta para encarar seus olhos esverdeados assim de perto tão cedo, mas não tinha escolha, ela vestia um short jeans e uma blusa de alça vermelha, que deixava seus seios realçados. Quando mais eu tentava entender toda essa atração que ela me fazia sentir, mas encontrava um total vazio como resposta, o que me deixava profundamente irritada.
Quando ela sentou percebi que me olhou de cima a baixo, o que me causou um arrepio na espinha, meu corpo aqueceu como quando pensei nela durante a madrugada, isso era muito perigoso porque agora ela estava ali na minha frente, ao meu alcance e das minhas mãos... "Vamos Annie, como Rick lhe ensinou: razão primeiro, emoção depois! ". Apesar do desejo que senti, me concentrei
Quando meus lábios tocaram os de Juliana meu corpo ardeu em chamas, seus lábios eram macios e doces, como eu imaginei que fossem, o beijo foi singelo, delicado de início. Foram segundos mágicos, até que finalmente descolei minha boca da dela, seu rosto estava rosado, e seus olhos verdes olharam os meus receosos do que viria depois, minhas mãos ainda prendiam a porta e meu quadril ainda segurava seu corpo contra o meu. Annie, não... não faz isso, eu... eu não quero me machucar. Acha que quero fazer isso? Não quer, mas é que vai acabar fazendo cedo ou tarde. As palavras de Juliana me fizeram volta a razão por um instante, ela estava certa, eu era complicada demais para não a machucar, cedo ou tarde,
Era quase noite quando Annie respirou fundo de frente para o espelho, tentando achar coragem para seguir adiante, ela sabia que estava em um caminho perigoso, talvez sem volta. Seus olhos azuis refletiam no espelho, mas não estavam indecifráveis como de costume, eles mostravam a ela um misto de sentimentos, os quais sempre ela relutou em sentir.Chegou a discar o telefone de Juliana algumas vezes, na tentativa de desmarcar o encontro antes que ele acontecesse, mas desligou todas as ligações antes do primeiro toque. John havia acabado de sair dali, passaram o dia juntos e Annie fez um esforço enorme para não lembrar do beijo que havia dado em Juliana, do formigamento em seu corpo, do cheiro dela. Quando beijou John, evitou comparar o gosto dos l&a
Annie colocou seu CD favorito, um mix de músicas de MPB, andavam em direção à zona sul, o perfume meio adocicado de Juliana inebriava o carro, dando a ela enorme vontade de encostar se ao primeiro recuso e agarrar aquela linda mulher ao seu lado, ao invés disso, fez o que sabia melhor – ou pelo menos acreditava que sim – manteve o controle. Tá legal, a terceira coisa que preciso saber é que você adora MPB, certo? Conheço ótimas bandas de casamento, vou fazer uma lista delas e te mando vídeos de todas junto, a maioria tem instrumentos de orquestras e posso agendar uma sessão para que você e John escute –as ao vivo. Apesar de esta nervosa, Juliana decidiu manter o plano de ser profissional e esquecer o que havia ocorrido mais cedo entre elas, era o certo a fazer, rezou para que Annie apenas deixasse as coisas fluírem, pois sabia que res
A noite estava especialmente bonita, o céu repleto de estrelas e lua cheia brilhante davam o tom final a perfeita paisagem celeste. Na cabine, Annie fazia todos os procedimentos para ligar o iate e Juliana ficou olhando o céu, pedindo ajuda aos anjos para esta fazendo a coisa certa, as lembranças de seu passado vinham em sua mente, como um tormento ou quem sabe até um aviso de que quanto mais fundo ela fosse, mas não teria volta. Seus pensamentos interrompidos pelo som do motor do iate, olhou para Annie que sorriu e convidou-a a segurar o volante. Quer pilotar? Não levo jeito para isso! Ah vem logo! É a coisa mais simples do mundo...
Embaladas pela linda noite, Annie e Juliana estavam ficando próximas e cada vez mais conectadas, elas faziam parte de algo único, que parecia está apenas começando. Um sentimento crescia, como uma semente imersa sobre a terra molhada, transformando-se aos poucos para criar raízes e fazer frutos. Annie colocava a mesa com todo cuidado, querendo que cada coisa estivesse em seu lugar, enquanto Juliana estava no convés a imensidão do mar, talvez imersa em pensamentos, ela tentava não pensar, tentava pela primeira vez se permitir ir além da racionalidade. Estava disposta a isso, disposta a ir contra seus conceitos, sua personalidade, disposta ir contra tudo que sempre acreditou, mas sem perder a si mesma no processo. Subiu ao convés e viu Juliana em silenc
Já era madrugada, o céu anil estava repleto de estrelas. Em meio da imensidão do mar, Juliana sentiu alguém cobri lhe os ombros com uma veste quente, que veio muito a calhar, já que ela estava tremendo de frio. O cheiro do perfume de Annie anunciou sua chegada antes mesmo dela colocar lhe o tecido quente por sobre os ombros.Annie posicionou se ao lado de Juliana admirando o sorriso gentil que ela lhe ofereceu enquanto apertava o terço do contra o corpo tentando se aquecer.Como você consegue ficar sem nada? Nem está tremendo Juliana falou com um tom de voz mais alto, pois as ondas estavam um pouco agitadas e faziam barulho ao bater no iate.
Era um dia diferente para Juliana, ela mal dormiu. Mesmo assim resolveu pegar a estrada cedo, não queria desagradar aos pais chegando em cima do horário do almoço. Geralmente não gostava de viajar estando com sono prejudicado, mas fora impossível dormi com sua cabeça fervendo em mil pensamentos. Ela pensava na noite que tiveram com Annie, coisa que não acontecia há muitos anos. Desde de seu divórcio ela prometeu não se envolver mais, e estava aos poucos descumprindo essa promessa por não conseguir resistir a Annie. Hora os momentos da noite viam a sua mente, hora o momento difícil que teria na casa d9s pais após três anos sem sequer falar com eles direito. E nem era culpa dela tudo o que aconteceu, ela foi uma vítima, mas sendo homossexual é difícil ser reconhecida desta forma. As pes
Juliana estava parada em frente a porta de antiga casa, onde viveu toda vida, era cedo, a rua estava calma, a cidade fria e seu coração angustiado, Annie havia ficado no centro da cidade e ela seguiu alguns quilômetros a amis para o bairro do interior de Teresópolis. "Vamos Juliana você consegue" pensava consigo tentando criar coragem. Finalmente apertou a campainha e aguardou uns poucos segundos até que D. Lucia, sua mãe abriu a porta. Ela era uma senhora de 61 anos, robusta, cabelos tingidos de loiro, um rosto doce mais meio amargurado pelas marcas da vida. Juliana tinha seu sorriso e seus olhos, desde pequena todos diziam que ela era a cara de sua mãe. Os olhos castanhos esverdeados ficaram lendo-se por alguns instantes, ambos com receio daquele en