Eu fui alcançar Cristal, já no quarto dela. Ela trancou a porta, mas acabou abrindo para mim, depois de muito eu insistir. Eu fiz sinal para o Alex esperar um pouco e ele ficou na porta. Cristal segurava o próprio rosto, desorientada. Ela tentava me dizer algo, mas a voz embargada não saía. Só me restou lhe estender os braços e lhe oferecer o meu amor. Ela se refugiou no meu abraço e chorou. Eu esperei que ela se acalmasse, porque eu sabia que ela tinha muitas perguntas a fazer e que não podiam ficar sem respostas. Depois de um tempo, ela parou de chorar e se afastou, secando as lágrimas do rosto, desajeitadamente. Eu a olhei com carinho e lembrei daquela menina inocente que um dia acreditou que eu era um anjo que veio do céu, como sua mãe falou. Eu tinha sido enviada para cuidar dela. Acho que Cecília não mentiu, tirando a parte que eu era um anjo, que ainda por cima veio do céu. Eu tinha vindo mesmo para amá-la como se fosse a minha própria filha! Eu ajeitei os seus cabe
O nosso silêncio falou por nós. Eu e o Alex seguramos firme a mão da Cristal para ela não sair correndo. — Naooooo!!!— ela gritou. Toda a casa ouviu o grito de dor. Minha mãe saiu correndo atrás das crianças que saíram correndo preocupadas. — Voltem aqui, crianças! Eu vou ver o que aconteceu! Filippo foi o primeiro a correr para ver o que estava acontecendo. Giorgia e Aline olharam para cima, curiosas. — É a menina, Cristal?— Giorgia correu na direção das escadas. Andradas arrastou a cadeira para trás, deixando-a cair no chão. Rose Marie ficou confusa, assustada. Mirtes se levantou e ficou parada ao pé da escada, olhando para cima. Em pouco tempo, o quarto foi invadido. Não cabia tanta gente ali dentro. Alex abraçou a filha, desesperado, chorando junto com ela. Eu a segurava também, porque ela sacudia o corpo do jeito que podia, enquanto gritava inconformada. — Por que ela fez isso comigo, por quê? Por que e
Eu sorri sonolenta e me espreguicei. — Está tudo bem, eu já entendi. — Eu te amo, Bella, eu nunca quis te magoar. Você é a mulher da minha vida! Meu corpo estava acordando devagar, enquanto o Alex parecia que não iria dormir nunca mais. Ele queria falar de nós dois, do seu passado, das suas dores. Eu o abracei e deixei que ele desabafasse à vontade. Quem não estava à vontade, era Andradas. Rose Marie queria matar a saudade, logo que entraram no quarto. Ela se despiu rapidamente, enquanto ele olhava surpreso, e começou a abrir a camisa dele. — Não!— ele exclamou se afastando nervoso. — Bebê, você não está com saudades da sua oncinha? Vem cá vem, meu bebê gostoso! — Eu não sou bebê, você sabe! — ele disse agitado. Rose Marie ficou decepcionada. — Bebê, você está fugindo de mim, é isso mesmo? Eu vim de tão longe! Nós vamos nos casar em breve, você está até divorciado! Andradas ficou assustado e deu um passo para trás. — Eu nã
Eu vi no olho da Rose Marie que ela não esperava me encontrar ali. Ela não disfarçou a sua decepção, mas foi por pouco tempo, logo ela sorriu falsamente e indagou: — Você sabe do seu pai? Ele saiu do quarto, dizendo estar preocupado com você e com a sua filha! Alex virou-se para mim, que estava bem atrás dele, com os braços cruzados e a expressão séria. — Não, aqui ele não esteve, não é amor? Eu não vi desde o jantar! Rose Marie sorriu disfarçando o seu mal estar, por ver que eu estava ali, lhe encarando desconfiada. — Ele ficou desesperado, preocupado com os gritos da menina, mas ele não conseguiu entrar no quarto, ele disse que as crianças estavam todas lá e que era melhor conversar com você depois. Alex ficou sem jeito também, era estranho aquela mulher bater a porta do seu quarto tão tarde, mas ele procurou ser gentil. — Não deve ser nada para se preocupar, Rose Marie, vá se deitar, ele deve ter ido tomar um ar, ele faz isso, quando fica ne
Eu cheguei afobada, até o Nelson estranhou. — Bom dia, doutora!— ele cumprimentou curioso. Eu o cumprimentei rapidamente, mas me sentia ansiosa. Rosana me cumprimentou em tom de surpresa. — Bom dia! Dormiu bem? Parece agitada! Eu me ajeitei na minha mesa e comentei, enquanto abria o sistema do meu computador: — Estou agitada mesmo, muitas coisas acontecendo! Eu debrucei sobre a tela, a minha frente e desabafei: — Ai Rosana, tem horas em que eu tenho vontade de jogar tudo isso aqui para o alto, sabia? Rosana se assustou. — Sério? Não pense nisso, Bella! Você lutou tanto para chegar até aqui, precisa lutar mais ainda agora! Eu senti um carinho tão grande pela Rosana, uma saudade de quando éramos amigas, que não resisti, e arrastei a minha cadeira para lhe abraçar. Rosana sorriu surpresa e até se emocionou. — Bella, pare com isso, você sabe que eu nunca quis o seu mal! Eu reconheço o quanto você merece vencer nessa á
Eduardo olhou para o pai, incrédulo. — Que lado é esse seu que eu não conheço, pai? Parece-me uma pessoa mesquinha, pequena! Maximiliano ficou chocado com as observações do filho. — Está defendendo o Alex? Está contra o seu pai? — Eu quero saber quem é o senhor? Sabe que não tem nenhuma chance com a Bella, mas quer vê-la longe do marido por puro capricho! Maximiliano não tentou se defender. Deixou que o filho desabafasse — A minha mãe falava coisas a seu respeito que eu nunca acreditei! O senhor foi sempre bom pai, bom marido, o seu único defeito era trabalhar demais! O senhor nunca foi mulherengo, o problema estava na minha mãe, ao menos, eu achava que ela não sabia dar valor ao marido que tinha! — Ela sempre gostou de luxo, mas nunca quis trabalhar, nem mesmo aqui, me auxiliando, ainda que fosse como a Rosana, uma telespectadora! Eduardo ficou boquiaberto. — Consegue falar assim de uma funcionária tão dedicada? Uma telespectadora?! M
Andradas ficou visivelmente aborrecido, mal comeu, não via a hora de ver todos saírem da mesa para ir conversar com Giorgia. E foi o que aconteceu. Rose Marie e Mirtes foram conversar na área da piscina, e Andradas chegou na cozinha afobado. — Giorgia, vem comigo até o jardim, pelo amor de Deus, caso contrário, eu vou explodir! Giorgia olhou para Luiza e fez um sinal para que ela esperasse. A mulher muito humilde, só assentiu com a cabeça e foi para a pia lavar a louça. Quando chegaram ao jardim, Andradas começou o interrogatório. — Que história é essa sobre a Aline? Você não acha que eu engoli essa, achou? Fala logo, Giorgia, o que está acontecendo? Quem lhe deu ordens para afastá-la daqui? Tem o dedo da Mirtes nesta história, não tem? — Ela preferiu assim, Zinho, melhor deixar as coisas como estão! — Giorgia respondeu de cara virada. Andradas perdeu a paciência. — Olha pra mim, Giorgia! Giorgia obedeceu. — Eu quero a Aline de vo
Para mim também foi uma semana cheia. Muita correria com dois casos importantes. Eu ficava praticamente quase todo o dia na sala do Maximiliano. Rosana ia almoçar com Eduardo todos os dias e eu já percebia um clima entre eles. Bom, depois do que aconteceu na sala do rapaz, não era para menos! Os dois falavam muito a respeito da confiança que o Maximiliano tinha em mim, principalmente da indiferença com que tratava a Rosana, mas apesar de compartilhar da mesma ideia do Eduardo, ela não demonstrava para mim o quanto aquilo lhe doía, ao contrário, me dava umas ideias para eu usava como argumento! Ela parecia tão experiente! Todos os dias eu chegava cansada em casa e dormia cedo. Muitas vezes, chegamos a almoçar no escritório, para ganhar tempo. Maximiliano estava um tanto atordoado, disse nunca ter pego tantos casos em tão pouco tempo. — Estou achando que depois daquela causa que você ganhou, ficamos com mais prestígio! Eu fiquei lisonjeada.