POV de Alysson Depois que o Cris ficou doente, parecia que minha relação com Dilan se estreitou de vez. Porque ele era mais presente para o Cris. Naquele final de semana inteiro, passamos dentro de casa, revezando entre a medicação e cuidados do nosso pequeno. Mary Jane e meu pai vieram no sábado almoçar conosco e mandar a gente dormir, pois não pregamos o olho. Eu tentei! Mas a todo momento ouvia o chorinho angustiado de Cris pela babá eletrônica e não consegui! Conversamos, já que Dilan parecia estar na mesma vibe que eu e Mary Jane desistiu e foi embora! Mesmo estando agoniada com o estado do Cris, não pude deixar de notar o comportamento defensivo que meu pai tinha com Mary Jane. Eu não estava acreditando que depois de tanto tempo, eles ainda não conseguiram se entender! Antes de me recolher ao quarto de Cris na noite de sábado, mandei uma mensagem para NM, que por incrível que pareça, não me chamou o dia inteiro. Será que ele ficou chateado por eu ter cancelado nosso encontr
POV de Alysson Eu escondi tudo de novo e saí do quarto angustiada. Entrei na sala e Dilan estava sentado no chão, encostado no sofá e os joelhos dobrados, com Cristopher apoiado neles. Ele fazia pequenas cócegas no bebê, que ria pra ele. Aí ele fazia ainda mais e ria gostoso para o bebê. Tentei não atrapalhar a interação dos dois. Cris não parecia o bebê enjoadinho do final de semana. Talvez os anestésicos próprios pra isso estivessem fazendo efeito nos dentinhos nascendo. E eu nunca vi Dilan tão a vontade, sorrindo tanto. Queria fazer minhas obrigações e me trancar no quarto, para ler a carta de explicação que Melissa deixou para Dilan e entender como uma mãe, que tinha aquela família linda, podia ter deixado tudo o que conquistou durante toda a vida, para um homem que eu nem imaginava quem era, e nada para o filho. Dilan levantou os olhos pra mim, e por um segundo, acho que vi ternura em seu olhar, mas logo ele fechou a cara e até tirou o sorriso que estava para o Cris. — Você
POV de AlyssonEstávamos no quarto do bebê, cercadas pela confusão que só um guarda-roupa desarrumado pode causar. Havia pilhas de roupas pequenas espalhadas pelo chão, cada peça carregando um pouco da história de Melissa. Eu me abaixei para dobrar uma das mantinhas azuis, enquanto Mary Jane, sentada na poltrona de amamentação, parecia perdida nos próprios pensamentos.Ela pegou uma peça minúscula, um macacão amarelo com bordados de ursinho, e passou os dedos pelos tecidos com tanta delicadeza que senti o peso da saudade em cada movimento. Acho que Mary Jane estava lembrando quando a filha escolheu todo o enxoval do Cris. Havia algo naquilo, no cheiro de talco e de tempo parado, que me dava coragem para tocar em assuntos que eu sabia serem espinhosos.— Mary Jane — comecei, escolhendo as palavras com cuidado. — Sobre a compra do Complexo B...Ela levantou os olhos, mas não parou de acariciar o macacão.— Já te disse, Allysson. Não sei nada disso. Esses negócios eram coisa do Dilan e d
POV de AlyssonPassei a semana inteira remoendo aquilo. Sabia que procurar Soraya no complexo se fazia urgente. Escondi todos os documentos que encontrei, assinados por Melissa em meu quarto. E a carta testamento que ela deixou para Dilan, carregava em minha mochila o tempo todo. Eu precisa soltar aquilo. Descarregar, conversar com alguém. Mary Jane já tinha me dito que não se envolvia nos negócios de Dilan e Melissa. Ela saberia pouca coisa. Mas Mary Jane tinha olhos de águia, e era muito verdadeira. Ela jamais iria encobrir qualquer coisa errada que a filha estivesse fazendo, e também não deixaria de notar se Melissa estivesse tendo um caso nos últimos 5 anos! A menos que Melissa mandasse a mãe para as incontáveis viagens que ela fazia, justamente para encobrir o seu caso sórdido! Minha cabeça estava explodindo. Precisava conversar com alguém, mas só conseguiria ir ao complexo no sábado. Dilan tinha voltado a trabalhar, e disse que me levaria pessoalmente para o complexo para fa
POV de DilanEu estou há dias tentando entender a cabeça de Allysson. Ela foi perfeita na crise de Cris, agiu como uma mãe leoa, cuidou de tudo e nós ficamos mais próximos. Eu fiquei tão assustado, desesperado, vendo meu bebê ardendo em febre. Mas ela estava lá, como uma luz, não me deixando sentir que estava fazendo isso sozinho! Mas na segunda feira, ela mudou totalmente a postura. Mal falava comigo e olhava o Cris com um semblante de pena!Mary Jane chegou e eu disse pra ela o que estava acontecendo, ela resolveu ir conversar com a menina. Quando voltou, com a blusa pink extravagante úmida no ombro, me contou que Allysson chorou. E que fez perguntas estranhas sobre Melissa. Não entendi nada. Debby chegou e eu só pude ir vê-la na terça feira, estava aéreo: — Esse seu namoro escondido, sem revelar pra Allysson quem você é, vai te trazer problemas, Dilan. — Mary Jane disse que ela fez perguntas sobre Melissa e o complexo B. Você consegue ver a ligação? — Não. Mas porque você não
POV de DilanEstava sentado na borda da lareira da casa, olhando as chamas dançarem, mas minha mente estava longe dali. O crepitar do fogo era a única coisa que quebrava o silêncio enquanto eu tentava reunir coragem para dizer o que precisava. Debby estava do outro lado da sala, folheando distraidamente um relatório, mas eu sabia que sua atenção estava em mim. Ela sempre teve essa habilidade quase inquietante de perceber quando algo me incomodava. Respirei fundo e me virei para ela. — Debby, eu descobri algo sobre a Melissa... — comecei, hesitante.Ela levantou os olhos do relatório, colocando-o de lado. Seus olhos azuis perfuraram os meus com intensidade. — O que descobriu? — Ela cruzou as pernas e inclinou-se para frente, a expressão séria.— Allysson fez uma sessão confidências ontem vendada para mim. Disse que a Melissa assinou a compra do Complexo B. Que tem provas de que ela... — as palavras se enroscaram na minha garganta, mas eu precisava dizer — ...de que ela era uma traid
POV de AlyssonEu acordei na cobertura no dia seguinte com NM saindo. Eu pensei em pedir pra ele ficar, pois era uma companhia muito agradável, mas me lembrei de como ele ficou estranho depois que eu contei a ele das coisas loucas que descobri. Talvez eu tenha avançado um sinal entre nós que ele não saberia suportar. Quando ele fechou a porta, eu contei mentalmente cada segundo dos cinco minutos que esperei e então tirei a máscara. E pela primeira vez, comecei a andar pelo apartamento. Tudo era de extremo bom gosto e elegância, e muito limpo também, mostrando que NM era meticuloso. Fiquei lutando com a vontade de olhar dentro do guarda roupas, e encontrar alguma pista de como ele seria no dia a dia e a vontade me venceu! Abri o guarda roupas e encontrei apenas algumas roupas de mulher e fiquei chocada! Tudo que tinha ali, aproximadamente umas seis combinações diferentes, era do meu tamanho e no meu estilo. Mas nada de homem! Nenhuma muda de roupas, o que mostrava que NM não morava
Eu desci sentido a casa do senhor George, resolvi passar por um beco pra cortar caminho, porque estava com pressa. Queria voltar logo pra casa da Soraya e chamar o Jones para nos levar embora. Passei toda a minha vida andando por esses becos do complexo, inclusive a noite. Não tenho medo de transitar dentro da minha comunidade! Mas tudo parecia mais quieto do que antes. Para um sábado, nove horas da manhã, toda a comunidade deveria estar fervilhando. Eu descia apressada em direção à casa do senhor George, tentando ignorar o silêncio estranho que pairava sobre o complexo naquela manhã. Para um sábado, às nove horas, esperava ver crianças correndo pelos becos, vizinhas conversando de janela a janela e o cheiro do café fresco saindo das cozinhas. Mas não, tudo parecia... vazio. Só o som dos meus passos ecoava pelas ruas estreitas. Resolvi cortar caminho pelo beco atrás do mercado do senhor Langley. Não era a primeira vez que passava por ali, e sempre me senti segura andando pelos can