Capítulo 21Sofia corria pela ampla sala da mansão Castellani, com um de seus brinquedos favoritos nas mãos, mas algo em sua expressão mostrava que ela não estava totalmente distraída com as brincadeiras. Nos últimos dias, a menina vinha observando os rostos sérios das pessoas ao seu redor, os olhares furtivos e os sussurros que nunca chegavam aos seus ouvidos.Amanda, que estava no sofá com alguns papéis da festa de aniversário, levantou os olhos e notou Sofia parada ao pé da escada. A pequena segurava o brinquedo junto ao peito e olhava para Amanda com uma expressão preocupada.— O que foi, Sofia? — perguntou Amanda, tentando soar tranquila.Sofia hesitou por um instante, mas depois caminhou até Amanda, arrastando os pés como se estivesse decidida a dizer algo importante. Ela subiu no sofá e sentou-se ao lado de Amanda, olhando para ela com aqueles olhos grandes e curiosos que pareciam enxergar tudo.— Amanda... tem algo errado?Amanda franziu o cenho, tentando entender a pergunta.
Capítulo 22Victor estava sentado na poltrona de couro em seu escritório, um copo de uísque na mão, enquanto Amanda permanecia de pé ao lado da janela. Ele sabia que precisava falar com ela, não apenas para compartilhar o que havia descoberto sobre Rodrigo. Amanda cruzou os braços, inclinando-se contra o batente da janela.— Você me chamou aqui, Victor. O que é tão importante que não pode esperar?Victor suspirou e deu um gole na bebida antes de começar.— É sobre Rodrigo. Acho que você merece saber o que aconteceu.Ela arqueou as sobrancelhas, surpresa pela menção.— O que tem Rodrigo?Victor hesitou por um momento, escolhendo as palavras com cuidado.— Ele perdeu tudo em um negócio que deu errado. Um investimento arriscado que não saiu como ele esperava.Amanda estreitou os olhos.— E qual é a sua relação com isso?Ele colocou o copo sobre a mesa e se levantou, caminhando até ela.— Rodrigo alega que foi culpa minha, mas não foi. Eu avisei a ele sobre os riscos. Ele não quis ouvir.
Capítulo 23Amanda estava sentada ao lado da cama de sua mãe, segurando sua mão frágil enquanto olhava para ela, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. Victor estava próximo, sentado em uma poltrona, observando Amanda em silêncio. Ele sabia que qualquer palavra seria insuficiente diante da dor que ela estava enfrentando. Amanda estava quebrada por dentro, e ele sentia uma vontade crescente de protegê-la, mesmo sabendo que isso não era algo que ele pudesse consertar.— Ela está sofrendo? — Amanda perguntou de repente, a voz quase um sussurro.Victor se inclinou para frente, os braços apoiados nos joelhos. — Eu não sou médico, Amanda, mas acho que eles estão fazendo tudo para mantê-la confortável.Ela assentiu, mas sua expressão estava distante, como se estivesse travando uma batalha interna. — Eu só queria que ela não tivesse que passar por isso. Ela sempre foi tão forte, sabe? Sempre foi a pessoa que eu procurei quando as coisas ficavam difíceis. Agora... — A voz de Amanda f
Capítulo 24A manhã estava nublada, com uma fina neblina cobrindo a cidade, como se o próprio céu lamentasse a perda de Dona Marlene. O velório foi organizado em uma pequena capela da cidade, e desde as primeiras horas, amigos e vizinhos da família começaram a chegar para prestar suas últimas homenagens.Amanda estava de pé ao lado do caixão, seus olhos fixos no rosto sereno de sua mãe. Embora estivesse vestida de preto, seu semblante estava pálido, refletindo o cansaço e a dor que pareciam pesar sobre seus ombros. Victor permanecia próximo, atento a cada movimento, pronto para apoiá-la sempre que necessário.— Ela era uma mulher incrível — disse uma vizinha idosa ao se aproximar de Amanda, segurando suas mãos com firmeza. — Sempre tão generosa e acolhedora. Sua mãe vai fazer muita falta.Amanda forçou um sorriso fraco e agradeceu em voz baixa. — Obrigada por ter vindo.Os minutos se transformaram em horas enquanto mais pessoas chegavam para se despedir. Entre elas estava Ana Clara,
Capítulo 25Após o velório e o sepultamento de sua mãe, Dona Marlene, ela sentia que o peso das horas se acumulava sobre seus ombros, esmagando-a. Tudo o que queria era encontrar um pouco de paz, um momento em que pudesse respirar sem que a dor sufocasse cada inspiração.Victor estava sempre por perto. Desde o momento em que Dona Marlene havia partido, ele não a deixara sozinha. Amanda sabia que era sua maneira de oferecer apoio, mas parte dela temia que, se ele a soltasse, ela desmoronaria por completo.Quando a noite finalmente trouxe silêncio à casa, Amanda percebeu que não conseguiria permanecer no quarto de hóspedes da mansão Castellani. Sem pensar muito, ela caminhou até a biblioteca, o lugar onde sua mãe passava horas lendo. Cada estante repleta de livros parecia carregada de memórias boas, e Amanda desejava desesperadamente se conectar a elas, ainda que apenas por um momento.Sentada em uma poltrona de couro, abraçando as próprias pernas, Amanda deixou os olhos vagarem pelas p
Capítulo 1Amanda olhou para a cama improvisada no sofá onde Dona Marlene descansava, a pele pálida e os traços abatidos denunciando sua fragilidade. Apesar de tudo, havia ternura em seu olhar, mesmo ao dormir. Amanda ajeitou a coberta com cuidado, tentando ao menos proporcionar conforto onde não podia oferecer soluções.O relógio na parede do pequeno apartamento marcava 7h15 da manhã, mas Amanda já estava acordada há horas. As preocupações pesavam como uma âncora, prendendo-a em um turbilhão de ansiedade. Na mesa da sala, uma pilha de contas acumulava-se como uma montanha intransponível: aluguel atrasado, faturas de água e luz esquecidas no tempo, e os custos exorbitantes do tratamento médico de sua mãe, que recentemente fora diagnosticada com uma doença crônica.— Vai dar certo, mãe. Eu prometo — murmurou, mais para si mesma do que para a mulher adormecida.Amanda suspirou depois de arrumar as cobertas em cima de sua mãe, ela acariciou o rosto de sua querida mãe com o coração pesado
Capítulo 2 Amanda sabia que aquele trabalho era mais do que uma oportunidade financeira; era uma chance de trazer estabilidade para sua vida e ajudar sua mãe. Contudo, ela também sentia o peso de uma responsabilidade que ia além das suas expectativas iniciais.Assim que entrou na sala de estar, a presença imponente de Victor Castellani a recebeu. Ele estava vestido de maneira mais casual do que no dia anterior, com uma camisa azul desabotoada no colarinho e calça social, mas ainda assim mantinha a postura rígida e autoritária que a havia impressionado na entrevista.— Bom dia, Amanda — disse ele, indicando com um gesto que ela se sentasse na poltrona de couro diante dele. — Antes de começarmos oficialmente, preciso que você entenda algumas coisas sobre Sofia.Amanda sentiu a gravidade da situação e assentiu silenciosamente, ajustando-se na poltrona. Victor não parecia do tipo que enrolava para ir direto ao ponto, e sua expressão séria confirmava isso.— Sofia é... complicada — começo
Capítulo 3Amanda respirou fundo antes de cruzar o corredor que levava ao quarto de Sofia. Era seu primeiro dia oficial como babá, e ela estava preparada para enfrentar o que viesse — ou assim pensava."Seja paciente. Seja firme. E, principalmente, não leve para o lado pessoal." Aquelas palavras ecoavam em sua mente, lembrando-se do conselho que Teresa, a governanta, havia dado na noite anterior. Com um leve ajuste em seu suéter e um sorriso treinado no rosto, Amanda bateu suavemente na porta.— Sofia? Posso entrar?O silêncio foi a única resposta. Amanda, porém, já sabia que estava sendo observada. Empurrou a porta com cuidado e encontrou a menina sentada na cama, os pequenos braços cruzados e um olhar que misturava desafio e curiosidade.— Bom dia, Sofia! — disse Amanda, mantendo o sorriso. — Dormiu bem?Sofia arqueou uma sobrancelha, claramente entediada com a pergunta.— Você fala demais.Amanda soltou uma risada curta, tentando quebrar o gelo.— É verdade. Falo muito mesmo, mas s