Liam estava nervoso. Não, estava puto. Era essa a verdade. Não com Mia, apesar de estar chateado por ela ter escondido algo dele. Ele já desconfiava, mas não imaginou que fosse aquilo. Freya. O motivo, era Freya. E agora mesmo é que não confiava nela. O que ela queria com aquilo, exatamente? Ficar perto de Mia, se fazer de amiga e o que mais? O que ela queria? Não fazia sentido. Amelia estava certa quando disse que ele deveria ficar de olho para evitar que Freya se aproximasse novamente, e achou que não teria problemas depois de resolver escutar a antiga Maher. Mas pelo jeito estava enganado. Ela se aproximou. E usou o elo mais fraco. Quem ela poderia manipular. E manipular muito bem, principalmente sem memória. O que o irritava profundamente. Oliver contou o corrido no momento em que Amelia acompanhou a rosada até o quarto. Era esse o motivo de querer deixá-lo sozinho com o marido dela. Queria que soubesse do que estava acontecendo. Do que havia acontecido. E se eles não estivessem
— Posso entrar? Mia se virou no momento em que escutou sua voz, e claro que autorizou. Já não se sentia toda envergonhada quando ele entrava em seu quarto, mesmo quando já se encontrava pronta para dormir. Na verdade, se ele não aparecesse seria algo incomum. Ele sempre aparecia para saber como ela estava se sentindo ou apenas para lhe desejar boa noite. Era algo corriqueiro que ela acabou se acostumando. E isso já estava acontecendo há dez dias. — Você deve estar estranhando o motivo de eu ter voltado com Amelia e Oliver. Até porque era para eu estar com os agentes. Eu nem vi quando... eles já não estavam mais perto de mim. Foi estupidez da minha parte. — Eles cometeram um deslize. – Murmurou, pensando que aquele deslize poderia ter custado a segurança dela, mas não estava a fim de falar sobre aquilo com ela. – Já conversei com ambos, não vai voltar a acontecer. Ela balançou a cabeça. — Eu queria... dizer uma coisa... – Pigarreou. Estava decidida a contar. Era o certo a se faze
Ela dormiu. Em seus braços. Mais de dez dias depois, ali estava ela novamente em seus braços. Tranquila e segura e finalmente sem choro. Ela havia chorado tudo que deveria ter desejado chorar naqueles últimos dias. Ela não chorou uma vez desde que soube que perdeu a memória e que sua vida havia mudado completamente. Havia ganhado um noivo, dois filhos, tios, primos, sobrinhos. Era difícil digerir. E mesmo assim ela foi forte. Foi forte quando qualquer um seria exatamente o contrário. Ele achou que o choro não era apenas por Freya, era por tudo que ela estava passando. E ele a compreendia, é claro. Na verdade, estava esperando pelo momento em que ela desabaria. A psicóloga dela havia avisado que chegaria o momento de acontecer. Por vários minutos não moveu um músculo. Deixou-a ali, deitada com a cabeça em seu ombro, calma e serena. Finalmente. O rosto ainda tinha a marca das lágrimas. Mas pelo menos era apenas isso. Marcas. Ela não chorava mais, não sofria mais. Não naquele momento,
— Mia. Como odiou ver aquele sorriso. Falso, como sempre desconfiou que era, e por algum motivo idiota não acreditou que realmente fosse. — Bom dia. Não respondeu. — Eu sei, você deve estar chateada por ontem. Acredita que tive uma reação alérgica? — Reação alérgica? – Repetiu, tentando não se revoltar mais do que já estava. A viu suspirar após confirmar. Um suspiro falso, tinha certeza. — Foi bem ruim, mas estou me sentindo bem melhor hoje. Um novo sorriso irritante apareceu em seus lábios. — Eu sei de tudo. A outra piscou algumas vezes. — Você nunca quis ser minha amiga, só queria se aproximar de mim para me tirar do seu caminho de alguma forma. Porque você ama o Liam. — O que? Claro que não. — Não minta! – Praticamente gritou. – Chega! Você não vai me manipular mais. — Amelia disse alguma coisa, não foi? – Suspirou. – Eu sei que ela é sua amiga, mas ela teve uns problemas com uma amiga minha no passado. Uma amiga minha que era bem cruel. Eu tentava defender a
Mia arregalou os olhos quando Liam se aproximou com as mãos nos bolsos. Podia ver ele primeiro que as outras duas porque ele estava vindo em sua direção. Calmo. Mas não menos irritado. Ainda assim, não dava para reconhecer que ele estava realmente irritado a não ser que o conhecesse muito bem. E ela o conhecia. Bem o bastante para que qualquer movimento ou palavra que saísse dos lábios de Freya, que ele achasse que fosse suspeito, o faria cometer uma grande besteira. Besteira. — Você está bem? — Bem? – Deu uma risada, passando a mão no rosto. – Não estou no meu melhor momento, agora. Acho que cheguei ao meu pior momento, para ser sincero. — No que eu posso ajudar? A campainha voltou a tocar. — Não. – Liam a parou, segurando seu braço — mas não de forma que pudesse machucá-la —, quando ela fez menção em abrir a porta; passou as mãos nos cabelos, no rosto, começou a andar de um lado para o outro novamente. — Você parece bem nervoso. — Eu tenho motivos para estar nervoso. Ela
Outra lembrança. E essa a deixou muito nervosa. A respiração descompassada, tanto, que pensou se não tivessem percebido que havia algo de errado com ela. Já sabia que Samuel havia voltado meses atrás e que queria se vingar de algo, mas não imaginou que era por Kiara. Que ele a culpou. Isso haviam deixado de contar para ela, e podia até imaginar o motivo. Queriam protegê-la de mais uma dor. E que dor. Como aquele maldito teve coragem de culpá-la pela morte de Kiara? E como ele teve coragem de levantar a mão para ela? Se não fosse por Liam... — O que você quer com isso, Freya? Não conseguia se concentrar na conversa direito, mas podia escutar bem as palavras que saíam dos lábios de seu noivo enquanto uma enxurrada — uma tempestade, talvez — de lembranças invadia sua mente. — Diz de uma vez. — Liam. – A voz quase não saiu. Estava surpresa. E seu corpo inteiro tremia. Aquilo não estava em seus planos. — Você queria sumir com Mia e me fazer acreditar que queria me ajudar? Como acon
— Ei, pequena, hora de acordar. – A ouviu reclamar, ainda que de olhos fechados. – Vamos, hoje é seu primeiro dia de aula, Naty. Imediatamente a vê abrir os olhos, e lhe dar um sorriso. — Mia. E a rosada imaginou que a pequena tivesse reconhecido sua voz. — Você veio mesmo. — Claro, eu prometi ao seu pai. – Diz, sentando-se ao seu lado na cama, enquanto a via se sentar e jogar o edredom para longe de seu corpinho. – Preciso que tome um banho bem rápido, fique cheirosa e se vista para ir à escola. — Ah, não... – Reclamou. — Vai ser legal, pequena, eu prometo. – Lhe sorriu. Ela fez um biquinho. — Só porque está pedindo, Mia. – Diz, se levantando e seguindo para o banho, se virando antes de adentrar. – Me ajuda a arrumar meus cabelos? A rosada imediatamente sorriu com aquele pedido fofo. — É claro. Você se arruma e então me encontra na cozinha com as coisas que quer que eu coloque nele, tudo bem? – A viu balançar a cabeça. – Quer ajuda com o uniforme? — Eu acho que consigo
— Mia? — Oi, querida? — Podemos fazer um pedido? — Qualquer um. – Levou a xícara de chá aos lábios. — Queremos que seja nossa mãe. – Dizem juntos, fazendo a rosada ser pega de surpresa; ela se engasgou com a bebida que tomava. Os gêmeos trocaram um olhar — arregalado, diga-se de passagem —, vendo a mulher a frente deles se levantar em uma rapidez, tentando se recuperar; ela tossia de forma exagerada e mal conseguia respirar. Eles só haviam tomado aquela decisão de falar abertamente, porque Alexis — prima deles — havia dito que era o melhor plano para tentar juntar os pais deles. Ela precisava saber que eles a queria na vida deles para sempre; como mãe, não como a melhor babá do mundo. E quando falaram com Amelia há dois dias atrás quando ela visitou Mia, ela concordou que era uma boa ideia. Se sua prima disse que era a melhor forma e tanto a ruiva quanto um de seus tios — no caso Lucca — concordaram, então eles acharam que não poderia dar errado. Certo? Agora eles começavam a