— Eu sinto muito. — Ela vai se recuperar. Eu tenho certeza de que é uma fase. — Já ouvi tanto nessa doença. Leucemia é sério. — Eu fiquei muito triste. Acabada quando soube, mas eu acredito que ela ficará bem. Mia sorriu, balançando a cabeça. — Sua mãe faleceu, certo? Quando era criança? — Sim, aos meus sete anos. — Eu nem sei o que... seria de mim sem a minha. — Mães são muito importantes na vida de uma criança. Vejo agora ainda mais sendo mãe de Thomas e Natalie. Eles precisam tanto de mim. E eu faço o possível para ser tudo para eles. — Você deve ser uma mãe incrível. Pelo menos eu sempre fiquei encantada com a forma como conseguia lidar com eles. Sempre comentava com Liam que tinha motivos de eles te amarem tanto. Era a forma como você... os apoiava incondicionalmente. Mia ficou pensativa de repente. Ela deveria ter feito parte da vida do Liam por um bom tempo, pela forma como falava com propriedade. Ele havia dito que Freya não fez parte da vida dele, mas parecia s
Escolheu um dos vestidos que ela havia comprado no dia anterior. Ele era verde-água, bem cheio e em formato de coração. Era lindo. Nos pés, saltos platinados. Jogou os cabelos para o lado após finalizar a maquiagem — definida apenas por base, pó, blush e máscara para cílios — e então saiu do quarto. Estava pronta. Pegou sua bolsa, onde havia o talão de cheque que Liam insistiu que ela pegasse e deixou o quarto. Os agentes — ambos — a esperavam dentro do carro. Um deles desceu quando ela apareceu na porta e abriu a de trás para que ela entrasse. Eles já estavam com o endereço. Seguiram até lá em silêncio, como sempre, mas deixando uma música tocar baixinho para que o ambiente ficasse mais confortável. E ela agradecia por isso. Agradeceu ao mesmo que abriu a porta quando estava em casa e seguiu até a porta da casa. Luxuosa, vale ressaltar. Um dos agentes a acompanhou, como ordenado por seu noivo. E realmente se sentiu mais tranquila. Ela não conhecia ninguém ali, então se sentia mais
— Mia. A rosada se virou antes de chegar ao topo da escada. — O que você faz aqui? Era Oliver, e ele estava bem confuso. — Olie? Ele olhou para a mulher ao lado de sua melhor amiga, franzindo o cenho. Algo nela a fazia se lembrar de uma foto. Que foto era mesmo? Ele sabia que já havia visto aquela mulher. Em algum lugar. Era em uma foto. Tinha certeza. Mas de quê? Onde? — Você por aqui? Pensei que era um chá para moças. – Olhou para a mulher ao seu lado, que parecia muito surpresa. – Não é isso, Freya? — Sim, claro que sim. — Eu vim deixar a Amelia. – Viu o momento em que a tal Freya arregalou os olhos. Isso era muito estranho. – Ela participa desses... eventos desde muito nova. — Entendo. — Mas você... é a primeira vez. — Fui convidada pela Freya. – Sorriu. – Eu vim para ajudar. — Mia, você se importa de voltar sozinha? A rosada olhou para Freya no momento em que ela chamou sua atenção. E Oliver fez o mesmo, estanhando mais a mulher. — Não, claro que não. — É qu
— Ah, eu quero te apresentar alguém. Sempre que quiser vir a esses eventos, e eu não puder te acompanhar, ela será uma ótima companhia. Mia ficou curiosa enquanto seguia a ruiva até uma mulher de longos cabelos loiros, sorriso bonito e olhos castanho-claros. Na verdade, diria que era no tom âmbar. Perfeito para o tom de pele dela. A observou bem enquanto se aproximava dela. O sorriso dela era diferente. A fazia pensar nos sorrisos que Freya lhe direcionava. Por que? Ela queria entender o motivo. Freya era uma pessoa gentil, mas sempre que ela sorria, havia algo que não conseguia identificar. — Lucy. Franziu o cenho. Já havia escutado aquele nome antes. Mas onde? — Quero te apresentar uma amiga. Melhor amiga. Mia sorriu ao ver a piscadela de Amelia. — Ela também é a madrinha da Olívia. — Ah, sim, a amiga que você contou que tirou você do buraco. — Também não precisa falar assim. A loira riu. — Agradeço por você ter colocado juízo na cabecinha da nossa amiga aqui, eu ten
Liam estava nervoso. Não, estava puto. Era essa a verdade. Não com Mia, apesar de estar chateado por ela ter escondido algo dele. Ele já desconfiava, mas não imaginou que fosse aquilo. Freya. O motivo, era Freya. E agora mesmo é que não confiava nela. O que ela queria com aquilo, exatamente? Ficar perto de Mia, se fazer de amiga e o que mais? O que ela queria? Não fazia sentido. Amelia estava certa quando disse que ele deveria ficar de olho para evitar que Freya se aproximasse novamente, e achou que não teria problemas depois de resolver escutar a antiga Maher. Mas pelo jeito estava enganado. Ela se aproximou. E usou o elo mais fraco. Quem ela poderia manipular. E manipular muito bem, principalmente sem memória. O que o irritava profundamente. Oliver contou o corrido no momento em que Amelia acompanhou a rosada até o quarto. Era esse o motivo de querer deixá-lo sozinho com o marido dela. Queria que soubesse do que estava acontecendo. Do que havia acontecido. E se eles não estivessem
— Posso entrar? Mia se virou no momento em que escutou sua voz, e claro que autorizou. Já não se sentia toda envergonhada quando ele entrava em seu quarto, mesmo quando já se encontrava pronta para dormir. Na verdade, se ele não aparecesse seria algo incomum. Ele sempre aparecia para saber como ela estava se sentindo ou apenas para lhe desejar boa noite. Era algo corriqueiro que ela acabou se acostumando. E isso já estava acontecendo há dez dias. — Você deve estar estranhando o motivo de eu ter voltado com Amelia e Oliver. Até porque era para eu estar com os agentes. Eu nem vi quando... eles já não estavam mais perto de mim. Foi estupidez da minha parte. — Eles cometeram um deslize. – Murmurou, pensando que aquele deslize poderia ter custado a segurança dela, mas não estava a fim de falar sobre aquilo com ela. – Já conversei com ambos, não vai voltar a acontecer. Ela balançou a cabeça. — Eu queria... dizer uma coisa... – Pigarreou. Estava decidida a contar. Era o certo a se faze
Ela dormiu. Em seus braços. Mais de dez dias depois, ali estava ela novamente em seus braços. Tranquila e segura e finalmente sem choro. Ela havia chorado tudo que deveria ter desejado chorar naqueles últimos dias. Ela não chorou uma vez desde que soube que perdeu a memória e que sua vida havia mudado completamente. Havia ganhado um noivo, dois filhos, tios, primos, sobrinhos. Era difícil digerir. E mesmo assim ela foi forte. Foi forte quando qualquer um seria exatamente o contrário. Ele achou que o choro não era apenas por Freya, era por tudo que ela estava passando. E ele a compreendia, é claro. Na verdade, estava esperando pelo momento em que ela desabaria. A psicóloga dela havia avisado que chegaria o momento de acontecer. Por vários minutos não moveu um músculo. Deixou-a ali, deitada com a cabeça em seu ombro, calma e serena. Finalmente. O rosto ainda tinha a marca das lágrimas. Mas pelo menos era apenas isso. Marcas. Ela não chorava mais, não sofria mais. Não naquele momento,
— Mia. Como odiou ver aquele sorriso. Falso, como sempre desconfiou que era, e por algum motivo idiota não acreditou que realmente fosse. — Bom dia. Não respondeu. — Eu sei, você deve estar chateada por ontem. Acredita que tive uma reação alérgica? — Reação alérgica? – Repetiu, tentando não se revoltar mais do que já estava. A viu suspirar após confirmar. Um suspiro falso, tinha certeza. — Foi bem ruim, mas estou me sentindo bem melhor hoje. Um novo sorriso irritante apareceu em seus lábios. — Eu sei de tudo. A outra piscou algumas vezes. — Você nunca quis ser minha amiga, só queria se aproximar de mim para me tirar do seu caminho de alguma forma. Porque você ama o Liam. — O que? Claro que não. — Não minta! – Praticamente gritou. – Chega! Você não vai me manipular mais. — Amelia disse alguma coisa, não foi? – Suspirou. – Eu sei que ela é sua amiga, mas ela teve uns problemas com uma amiga minha no passado. Uma amiga minha que era bem cruel. Eu tentava defender a