— Elas realmente se parecem. – Haley decidiu se pronunciar. – Como vai, Archie? — Haley. – A cumprimentou. – Ela é a prima da mãe da Mia. – Diz a esposa, que sorriu para a Devlin. – Eu soube que teve dois filhos depois... de Noah e Aurora. — Sim, um casal de gêmeos. Ele balançou a cabeça. — O que acham de... nos sentar? – Ivy chamou. – O almoço está quase pronto. — Quer ajuda? — Não, você é nossa convidada. – Diz a Violet com um sorriso. – Eu cuido disso. Estou finalizando, falta apenas uma salada. — Eu posso fazer isso, minha sogra. — Que bobagem, eu amo cozinhar, você sabe. Bem, ela sabia, mas não sabia. A falta de memória era irritante. — Graças a Deus, os convidados, o que quer dizer que vamos comer. Liam levou a mão livre ao rosto, Mia segurou uma risada e os gêmeos gargalharam, vendo o tio se aproximar parecendo desesperado. — Boa tarde, como vão? Com fome? Porque eu estou. — Killian Kavanagh. – A mãe quase rosnou. — Como podem ver, eu sou irmão desse aqui...
— Misericórdia ficar careca. — Eu não fiquei careca. – Retrucou a um dos cunhados, no caso, Lucca. A família acabou rindo, com exceção de Violet e Archie, que ainda não estavam sabendo sobre aquela história. — Ah, você está escutando. Isso é bom. Já fica a dica: olhos sempre abertos. — Se bem que mesmo assim, ele é capaz de pegar todo mundo aqui de surpresa. – Killian diz, fazendo todos que conheciam a criança, concordarem com ele. O menino fez uma cara de quem se achava superior, o que divertiu a seu pai. — O Thomy já assustou você, mamãe, ele não contou isso. A rosada estremeceu. — Me... assustou com o que? — Com uma máscara muito maneira. – Respondeu pela gêmea. — Horripilante, você quer dizer. – Anna retrucou, sendo apoiada por Lana. — Juro que não fui eu que dei. Liam bufou ao escutar o irmão. — Pelo menos dessa vez você não tem culpa. O outro se revoltou, gesticulando. — Como é que eu ia saber que meu dinheiro iria bancar a tal tinta azul? — Foi você? – Mia
Mia tentava a todo custo tentar se esquecer daquela história dolorosa de seus pais. Ela não precisava mexer na ferida. Já havia sido doloroso o bastante escutar tudo dos lábios de Archie O’Grady, e agora tudo que ela precisava era se concentrar na sua família. Thomas, Natalie... Liam. Eles eram o que importava. Havia um motivo para ela ter construído aquela família. Aceitado construir, na verdade. Depois de tudo que passou, decidiu ser feliz, e não iria manchar a memória de sua mãe, porque tinha certeza, ela iria desejar que seguisse em frente. Por isso seguia com sua rotina. Todos os dias. Acordava, preparava o desjejum, levava as crianças a escola, passava a tarde com Liam, os buscava, faziam um passeio juntos — almoçando fora ou não — e após o jantar, colocava os pequenos na cama antes de se deitar em sua própria. Liam havia levado ela aos lugares que ela frequentava antes do acidente. Talvez ele pensasse que ela acabaria se recordando de algo. Era um desejo dele, mas dela também
Liam viu o sorriso nos lábios dela e a surpresa nos olhos de seus filhos. Sim, era uma surpresa, e porque ela já havia feito algo parecido antes. Com panquecas. Logo que começaram a namorar. Ele se lembrava bem. Thomas havia feito uma cena que divertiu a ele, e quase se negou a comer da “carinha feliz” porque não conseguia olhar para ela e comer ela. Lembrava-se de ter rido após escutá-lo dizer ele, o pai, era insensível. Ou algo parecido. Porque disse que comeria. A cena apareceu em sua mente como um filme, e deveria ter acontecido com os gêmeos. — Eu pensei em um rio... – Franziu o cenho. – Mas não tinha uma comida da cor de um rio, então deixei para lá. – Sorriu. – As batatas palhas é o cabelo e o estrogonofe é... Bem, eu não sei o que é, mas vocês podem imaginar o que for. O silêncio reinou, e a rosada ficou confusa. — O que eu fiz de errado? Liam se apressou em responder: — Nada, querida. Ela o olhou. Já estava acostumada com o “querida”. — Os gêmeos estão... acho que s
— Thomas. O pequeno levantou o olhar. — Você não está comendo. Ele abaixou o olhar de novo. — Não é justo. Ninguém conseguiu escutar, mas Mia já prestava atenção nele. E sentia-se não só culpada, mas muito triste por ver a criança triste. — Por que ficar contando se ela não lembra? — Thomas. Aquilo doeu, mas a rosada o entendia. — Eu só quero que volte a normal. Liam fez menção a ir atrás de seu filho, mas Mia fez primeiro, se colocando de pé em um pulo, com o coração doendo por vê-lo tão... quebrado. Era assim. Ele estava quebrado. Sentia falta da outra Mia, e isso era natural. Ela mesma estava sofrendo com aquilo tudo, então como é que uma criança não sofreria? Antes que Thomas chegasse ao primeiro degrau de escada, Mia o puxou, abraçando-o após se colocar de joelhos, ficando em sua altura. Ele não se moveu pelos primeiros segundos, até levar os bracinhos ao redor dela e enterrar o rosto em seu peito. Doeu mais quando escutou um soluço. Ele estava chorando. Podia s
— Mia... — Foi eu que saí de casa sozinha naquele dia. – O cortou. – Se eu tivesse esperado você... nada disso teria acontecido. E agora, Thomas e Natalie não estariam sofrendo. — Você sempre foi uma pessoa que agia... por impulso na maioria das vezes. E você realmente agiu por impulso naquele dia. Mas isso não te faz a culpada pelo acidente. Te faz humana. – Tocou seu rosto, jogando uma mecha dos cabelos dela para trás antes de limpar as lágrimas que caíam. – Você... não é a culpada pelo sofrimento de nenhum de nós. — Se eu pudesse... Se eu pudesse voltar atrás... – Se virou para o noivo, chegando a colocar uma das pernas em cima do banco. – Se eu pudesse... ao menos... – Não conseguia finalizar uma frase. – Está tudo errado. Vocês dizem que vai dar tudo certo, que vai ficar tudo bem, mas não está tudo certo e não vai ficar tudo bem. — Mia, é um dia de cada vez. – Ela balançou a cabeça, mas ele foi mais rápido. – É claro que você não vai se sentir bem todos os dias, ou eu, ou a
O quarto estava com as cortinas fechadas. Tudo estaria escuro se não fosse por um único abajur ao lado da cama. Ele era em formato de um “pokémon”. Na opinião da rosada, o mais fofinho de todos. Charmander. O pequeno contou que ganhou de presente de aniversário. Surpreendentemente, havia sido enviado por Elliot. Foi uma surpresa porque seu filho contou que não conhecia o rapaz na época e que foi entregue só quase uma semana depois que fez sete anos. Sempre que entrava naquele quarto, desde que voltou, enxergava um pouco dos gostos do noivo. Tudo era muito escuro. Cores escuras. Se não fosse por um personagem ou outro de cor mais chamativa, tudo seria preto ou azul marinho. Como era o quarto de Liam quando mais novo, algo que ficou sabendo por sua sogra. Mas não era muito necessário. Naqueles dias que foram se passando começou a observar bastante ao noivo e perceber seus gostos com apenas um olhar. Ou poucas palavras. Era incrível. Se aproximou do garotinho. Devagar, calma, sem tir
Era a primeira vez que saía sozinha desde que sofreu o acidente. Ou no caso, desde que foi liberada do hospital. Mas não estava completamente sozinha. Havia dois agentes com ela. Isso mesmo. Agente. Porque seu noivo se recusava deixar que ela estivesse sem qualquer segurança desde o acidente. E ela compreendia e aceitava sem qualquer problema, apesar de estranho. Estranho. Aquela estava sendo a sua palavra do ano. Mas era isso, estava tendo companhia mesmo que não fosse Liam, e só porque ele precisou resolver algo muito importante na empresa. Ela poderia esperar por ele, mas na verdade, precisava com urgência de algumas peças de roupa. Vestidos, de preferência. São seus preferidos. E por isso decidiu ir ao shopping enquanto o noivo estava no trabalho e as crianças na escola. Era a terceira loja que entrava. E a segunda que comprava algo. Na primeira, apenas duas jardineiras, e porque achou muito lindo no manequim. Mas como estava mesmo procurando por vestidos, procurou pelos que a a