Mia se sentia nervosa. Era o primeiro encontro dela com Elizabet. A irmãzinha. Conheceu os irmãos, que eram muito gentis, e tratavam ela como uma irmã. Eram brincalhões e tinha o mesmo humor de seu cunhado Killian. E até mesmo de Lucca. Conheceu então as outras crianças, dias depois, e naquele dia, cinco dias depois que voltou para casa, estava prestes a conhecer a irmã mais nova. Era uma sensação bem estranha. Boa, mas estranha. Liam deu a ideia de que era melhor estarem ali, na casa deles, e ela concordou. Seria melhor mesmo. Já estava habituada com aquele lugar, e com as crianças, que começaram a se sentir melhores com aquela nova Mia, e além disso, teria o apoio de quem ela já conhecia. O noivo, um dos cunhados junto a esposa e as filhas e também a irmã de alma e o marido dela. Juntas aos filhos, claro. Mas as crianças estariam brincando no jardim. Seria um almoço principalmente para que as crianças pudessem aproveitar aquele dia lindo. Enquanto isso, ela se entupia com um bacal
— Você está linda. — Obrigada, meu amor. O jeitinho que ela falava era da mesma forma como ela sempre falou, o que de certa forma deixava Thomas mais tranquilo. A mãe estava ali. Mesmo sem memória. — Mamãe, me ajuda. Se virou, encontrando uma Natalie com um biquinho nos lábios. Ela tentava colocar o arco nos cabelos. Se aproximou, pegou de suas mãozinhas e então arrumou como ela desejava, arrumando a franjinha antes de se afastar um pouco e sorrir. — Perfeita. A menina quem sorriu dessa vez. — Nós estamos iguais. A rosada sorriu mais ainda ao escutar aquelas palavras. — Nós estamos, sim. Você ficou muito linda assim. — Sim, ambas estão lindas. – Liam diz. — A mamãe está sempre linda. Ela sentiu que estava corando. Não era apenas seu noivo elogiando-a, o que já fazia com que corasse igual um pimentão vermelho, mas também seu filho. — Obrigada. Aos dois. — O que acham de experimentar da sobremesa? Liam se virou ao escutar a tia de sua noiva. — É nova. Eu prep
— Soube que deu tudo certo nos exames. — Nada que me impeça de ter minha memória de volta. O homem apenas balançou a cabeça. — Essa é a Violet. Você não se lembra, mas se conheceram há alguns dias. — Violet. Liam me contou. É um prazer. — O prazer é meu, querida. O sorriso. Era verdadeiro. Chegava aos olhos. E... Uau! Era incrível. Não era falso, ela conhecia um sorriso falso quando via um. Bem, na maioria das vezes, quando não era uma pessoa lerda. O que acontecia muito, porque ela era lerda desde o nascimento. Sua melhor amiga vivia brincando com essas palavras. — Thomy. Naty. Esse é Archie. – Pigarreou. – Meu pai. As crianças olharam atentamente para ele, que lhes deu um sorriso pequeno e gentil. — Eu já os conhecia. De longe. — Mesmo? – Natalie quem perguntou. — Isso quer dizer que estava por perto? – Thomas questionou. – Acho que era você na sorveteria daquela vez. A mamãe ficou bem nervosa. — Foi o primeiro encontro deles depois de anos. – Violet quem contou
— Elas realmente se parecem. – Haley decidiu se pronunciar. – Como vai, Archie? — Haley. – A cumprimentou. – Ela é a prima da mãe da Mia. – Diz a esposa, que sorriu para a Devlin. – Eu soube que teve dois filhos depois... de Noah e Aurora. — Sim, um casal de gêmeos. Ele balançou a cabeça. — O que acham de... nos sentar? – Ivy chamou. – O almoço está quase pronto. — Quer ajuda? — Não, você é nossa convidada. – Diz a Violet com um sorriso. – Eu cuido disso. Estou finalizando, falta apenas uma salada. — Eu posso fazer isso, minha sogra. — Que bobagem, eu amo cozinhar, você sabe. Bem, ela sabia, mas não sabia. A falta de memória era irritante. — Graças a Deus, os convidados, o que quer dizer que vamos comer. Liam levou a mão livre ao rosto, Mia segurou uma risada e os gêmeos gargalharam, vendo o tio se aproximar parecendo desesperado. — Boa tarde, como vão? Com fome? Porque eu estou. — Killian Kavanagh. – A mãe quase rosnou. — Como podem ver, eu sou irmão desse aqui...
— Misericórdia ficar careca. — Eu não fiquei careca. – Retrucou a um dos cunhados, no caso, Lucca. A família acabou rindo, com exceção de Violet e Archie, que ainda não estavam sabendo sobre aquela história. — Ah, você está escutando. Isso é bom. Já fica a dica: olhos sempre abertos. — Se bem que mesmo assim, ele é capaz de pegar todo mundo aqui de surpresa. – Killian diz, fazendo todos que conheciam a criança, concordarem com ele. O menino fez uma cara de quem se achava superior, o que divertiu a seu pai. — O Thomy já assustou você, mamãe, ele não contou isso. A rosada estremeceu. — Me... assustou com o que? — Com uma máscara muito maneira. – Respondeu pela gêmea. — Horripilante, você quer dizer. – Anna retrucou, sendo apoiada por Lana. — Juro que não fui eu que dei. Liam bufou ao escutar o irmão. — Pelo menos dessa vez você não tem culpa. O outro se revoltou, gesticulando. — Como é que eu ia saber que meu dinheiro iria bancar a tal tinta azul? — Foi você? – Mia
Mia tentava a todo custo tentar se esquecer daquela história dolorosa de seus pais. Ela não precisava mexer na ferida. Já havia sido doloroso o bastante escutar tudo dos lábios de Archie O’Grady, e agora tudo que ela precisava era se concentrar na sua família. Thomas, Natalie... Liam. Eles eram o que importava. Havia um motivo para ela ter construído aquela família. Aceitado construir, na verdade. Depois de tudo que passou, decidiu ser feliz, e não iria manchar a memória de sua mãe, porque tinha certeza, ela iria desejar que seguisse em frente. Por isso seguia com sua rotina. Todos os dias. Acordava, preparava o desjejum, levava as crianças a escola, passava a tarde com Liam, os buscava, faziam um passeio juntos — almoçando fora ou não — e após o jantar, colocava os pequenos na cama antes de se deitar em sua própria. Liam havia levado ela aos lugares que ela frequentava antes do acidente. Talvez ele pensasse que ela acabaria se recordando de algo. Era um desejo dele, mas dela também
Liam viu o sorriso nos lábios dela e a surpresa nos olhos de seus filhos. Sim, era uma surpresa, e porque ela já havia feito algo parecido antes. Com panquecas. Logo que começaram a namorar. Ele se lembrava bem. Thomas havia feito uma cena que divertiu a ele, e quase se negou a comer da “carinha feliz” porque não conseguia olhar para ela e comer ela. Lembrava-se de ter rido após escutá-lo dizer ele, o pai, era insensível. Ou algo parecido. Porque disse que comeria. A cena apareceu em sua mente como um filme, e deveria ter acontecido com os gêmeos. — Eu pensei em um rio... – Franziu o cenho. – Mas não tinha uma comida da cor de um rio, então deixei para lá. – Sorriu. – As batatas palhas é o cabelo e o estrogonofe é... Bem, eu não sei o que é, mas vocês podem imaginar o que for. O silêncio reinou, e a rosada ficou confusa. — O que eu fiz de errado? Liam se apressou em responder: — Nada, querida. Ela o olhou. Já estava acostumada com o “querida”. — Os gêmeos estão... acho que s
— Thomas. O pequeno levantou o olhar. — Você não está comendo. Ele abaixou o olhar de novo. — Não é justo. Ninguém conseguiu escutar, mas Mia já prestava atenção nele. E sentia-se não só culpada, mas muito triste por ver a criança triste. — Por que ficar contando se ela não lembra? — Thomas. Aquilo doeu, mas a rosada o entendia. — Eu só quero que volte a normal. Liam fez menção a ir atrás de seu filho, mas Mia fez primeiro, se colocando de pé em um pulo, com o coração doendo por vê-lo tão... quebrado. Era assim. Ele estava quebrado. Sentia falta da outra Mia, e isso era natural. Ela mesma estava sofrendo com aquilo tudo, então como é que uma criança não sofreria? Antes que Thomas chegasse ao primeiro degrau de escada, Mia o puxou, abraçando-o após se colocar de joelhos, ficando em sua altura. Ele não se moveu pelos primeiros segundos, até levar os bracinhos ao redor dela e enterrar o rosto em seu peito. Doeu mais quando escutou um soluço. Ele estava chorando. Podia s