Mia não achou que um dia se sentiria tão feliz como se sentia. Completa. Mesmo com Samuel à espreita, ela não tinha medo de estar começando um relacionamento. Pelo menos não mais. Não tinha o porquê de temer o que estava por vir. Ela só precisava viver o presente e deixar as coisas acontecerem naturalmente. Não estava disposta a sacrificar aquele amor por medo do que Samuel poderia fazer. E sabia que ele tentaria algo. Ele havia prometido fazê-la viver no inferno. Ele prometeu não ir embora até que ela estivesse miserável. Se lembrava bem de quando havia escutado aquelas palavras. Havia sido apenas alguns dias antes de começar a namorar Liam. Ele havia aparecido no mercado por pura coincidência — reparem no deboche — e se não fosse por Liam, não sabia o que ele teria feito já que ele se aproximava com aquele olhar demoníaco nos olhos. Parecia até mesmo possuído. Ela só agradecia pelas crianças não estarem presentes na ocasião. Balançou a cabeça, se negando a pensar naquele miserável.
Pegou a chave que se encontrava ao lado e passou pelo adesivo que lacrava a caixa, abrindo-a finalmente. E ao abrir, encontrou uma boneca de pano; ela estava visivelmente grávida. Era a coisa mais estranha do mundo, apesar de ser bonitinha; estranha porque não entendia o motivo de alguém lhe entregar uma boneca grávida. De repente, seu coração pulou e um grito assustado escapou de seus lábios. A barriga havia estourado completamente. — Mia? Ela sabia que ele havia escutado seu grito, mas não conseguiu nem mesmo se mexer, nem para andar até ele e muito menos para olhar em seus olhos. — Mia, o que houve? Ele então viu uma boneca com a barriga toda destruída. — Ela... estourou... na minha mão. O moreno, percebendo que ela tremia e que as crianças estavam perto até demais, tomou aquela boneca de suas mãos, virando-a para tentar encontrar algo que pudesse lhe dar uma explicação para aquilo ter acontecido. — Papai? Liam então viu algo nas mãos de seu filho. — Estava na caixa, olh
Ah, ele se lembrava da primeira vez que usou aquela coisa. Ele estava revoltado com o pai por causa de algo que no momento não conseguia se lembrar, e um colega do time de basquete o apresentou aquele lugar. E então passou a frequentar, mas não foi por muitos dias. Foram poucos. Menos de três meses. Pois acabou fazendo merda juntando aquela porcaria com bebida e acabou tendo uma convulsão. Sua mãe ficou tão desesperada. Ela implorou, se jogou em cima de si, chorou. Ela queria que ele largasse aquilo. Que nunca mais fizesse aquilo. E por muitos dias foi difícil não voltar a procurar por aquela porcaria. Killian e Lucca trocavam turnos para cuidar dele e evitar que ele fizesse alguma ligação ou dirigisse até aquele lugar afim de comprar. Seu pai ficou tão furioso que por semanas nem mesmo o olhou na cara. Até perceber que a coisa era mais séria do que pensava e passou a ajudar o filho e o sobrinho. Ele fazia o turno da noite. E por várias delas, viu o filho mais novo suando frio, enco
— Quando você me perguntou... se teria problemas na justiça caso fizesse uma besteira, eu não achei que a besteira fosse tão grande assim. Liam se virou, encontrando Finn. — Solte o ruivo. O outro revirou os olhos e retirou o pé, deixando-o se levantar. — Precisava ameaçar? — O que ele fez é crime. — E o que fez também é. – Finn retrucou, olhando para Samuel de maneira fria. – Vamos ver o que um juiz vai dizer quando souber das suas ameaças contra Mia Lafferty. A maioria das mensagens tem assinado seu nome. Acho que não é tão esperto quanto acha que é. O ruivo trincou os dentes enquanto fechava as mãos em punhos. — Aguarde uma intimação. Ela vai chegar. – Pegou no ombro de seu cliente. – Vamos lá, senhor problema. – Chamou já empurrando-o. – Parece até que estou lidando com um outro Gabriel Kavanagh. – Sussurrou para si mesmo enquanto o levava para fora daquele lugar que fedia a maconha. **--** **--** — Meu irmãozinho realmente cresceu, está até namorando. Liam quis rea
— Você é um milagre, rosadinha. Mia corou com as palavras do cunhado. — Cala a boca, Killian. — Eu bem que avisei que você ficaria de quatro por alguém. – Continuou, sem se importar com a grosseria. — Killian! – A mãe o repreendeu enquanto o pai balançava a cabeça. – Querida, mil perdões pelo que meu filho está fazendo com você, ele sempre foi inconveniente. Liam não conseguiu deixar de deixar uma risada escapar. — A tia Ivy está certa. — Judas. – Retrucou para o primo. — Tudo bem, eu ajudei com as artimanhas dos gêmeos, mas você está envergonhando sua cunhada. – Confessou, sem ao menos perceber. — Eu não acredito nisso, Lucca Kavanagh. O rapaz deu um riso amarelo para a mãe ao vê-la indignada. — Quantos anos você tem, afinal? — A mesma idade que a filha do tio Daniel. – Liam respondeu. — Ei! – Alexis reclamou. — Ignorando esse fato, seja bem-vinda a família. – Andrew diz com um sorriso. — Obrigada. – Agradeceu um tanto envergonhada. — Você ganhou uma nova nora,
Sorriram ao ver a casa com retratos espalhados da família que construíram. Todos tirados pela mãe deles, e por Amélia, e por seus tios quando estavam reunidos. Alguns, em momentos que ela nem mesmo percebia que era fotografada. E havia também as fotos nas quais seu pai estava junto deles. Como uma família. Algumas delas, por insistência de Killian ou Ryan, e até mesmo de Oliver. A campainha tocou quando já estava tudo finalizado, e eles decidiram atender já que eram os únicos dentro de casa naquele momento. Surpresos, encontraram a mulher na qual eles se lembravam bem de quem era. Por causa de uma única fotografia. — Thomas. Natalie. Enquanto um se encontrava extremamente surpreso e um pouco trêmulo, o outro tinha uma feição nada boa e se sentia muito nervoso; enquanto a mulher tinha um sorriso nos lábios; um que era totalmente falso. — Eu sou Lillie. Thomas estava um pouco chocado ao escutar aquele nome. — Talvez não saibam, mas sou a mãe de vocês. — Não é. – Thomas foi c
Já havia estado ali antes. Em uma das vezes, infelizmente, por culpa dele mesmo por ter sido um idiota completo e se metido com coisas pesadas. Havia sido tão sério que quase passou a noite atrás das grades. Havia sido a única vez que havia sido preso. Estava passando por algumas coisas, discutiu com o pai, saiu de casa transtornado e acabou indo chapar com alguns amigos; e não era os mesmos de sempre. Acabou sendo pego. Seu pai e o advogado da família lutaram para que ele pegasse nada mais que trabalho comunitário. E foi o que aconteceu por três meses. Depois disso, houve apenas mais uma vez que usou aquelas porcarias. E prometeu nunca mais usar quando acabou parando em uma UTI. Havia sido bem tenso. Era impossível não se lembrar, principalmente porque estava a família inteira ao seu lado quando despertou. Suspirou longamente. Aquele lugar lhe dava calafrios. E naquele dia, era pelo simples fato de que estava ali por apenas um motivo: a audiência de custódia. Custódia. Ainda s
— Ambos os pequenos sempre chegaram à escola muito bem arrumados, alimentados, eram arteiros, mas muito felizes. Eu e outros dois professores tinham tudo do melhor para falar de ambos. Thomas sempre foi mais desconfiado com tudo e todos, mas nunca destratou ninguém. Um bom garoto, como o pai o criou. Ambos são boas crianças. — E sobre a vida educacional dele? Eles são bons? – O Advogado de Liam perguntou. — Ótimos. Participam sempre das aulas, muito inteligentes. – Deu uma olhada no pai dos gêmeos. – Eu já disse uma vez que eles deveriam pular um ano. — E isso não aconteceu por qual motivo? – O advogado de Lillie questionou. — O sr. Kavanagh achou que não era necessário. — Um erro. — Não interrompa a testemunha. – O juiz diz á Lillie antes de olhar para a testemunha. – Sr. Kavanagh, pode explicar o motivo por favor? — Thomas e Natalie estavam acostumados com as professoras, não queriam se afastar dos amigos, e eu conversei com a psicóloga antes de tomar uma decisão. – Fitou