— Uau. — São muito especiais. — Então você não é mãe solteira. Mia não tinha alguma paquera há muito tempo, mas havia percebido as intenções do rapaz — lindo, diga-se de passagem — para com aquelas palavras. Se sentiu um pouco nervosa, porque apesar de ele parecer ser uma boa pessoa, ser pai e parecer amar aquela garotinha ao seu lado, e ser extremamente lindo, ela ainda se lembrava de tudo que havia passado com Samuel e tudo que ele fez, destruindo-a completamente. — Não. – Sorriu fraco ao responder. – Eu não sou. – Olhou para a pequena. – E a mãe dela? Se parece com ela tanto quanto ela se parece com você? — A mãe da Belle faleceu quando ela nasceu. E então Mia se sentiu extremamente envergonhada. — Eu sinto muito, mesmo. — Não, está tudo bem. – Olhou para a filha, que o abraçou nas pernas. – A mãe dela a amava muito, e tenho certeza de que ela está feliz por Belle ser linda e saudável como é. — Papai sempre diz que ela falava muito comigo quando eu estava na barriga dela.
— Vocês vão me dizer o porquê de estarem emburrados? – Conseguiu a atenção de ambos. – E o porquê de você, Thomas, ter tratado aquele rapaz daquela forma? O menino bufou e cruzou os braços, desviando os olhos. — Eu preciso saber o que fiz para receber esse tratamento. — Você conhece aquele homem, Mia? Piscou algumas vezes ao escutar a pergunta da pequena Kavanagh, e ainda que desejasse muito a resposta de sua própria pergunta, resolveu responder: — Eu o conheci hoje. Por que? — Não gostei dele. E nem da filha dele. — O que? – Se surpreendeu, apesar de ter imaginado que fosse esse o problema; imaginar é diferente de ter certeza, afinal de contas. – Por que, querida? — Porque eles querem tirar você de mim, do Thomy e do papai. Okay, primeiro, de onde aquela criança tirou aquilo? E segundo, o papai? Porque o pai dela estava no meio daquela conversa? — Naty, meu amor por você e Thomy não é substituível, querida. E aquele rapaz, bom, nos conhecemos hoje, nem sei se o verei de n
Mia pensava em algo bem divertido e diferente para fazer com as crianças após os deveres. Ela havia pensado muito durante toda a manhã e se lembrou de uma tarde muito divertida que havia tido com a própria mãe no dia do aniversário dela. Ela tinha apenas cinco anos na época, mas se lembrava como se fosse ontem, e sabendo que os pequeninos — e havia procurado saber antes — nunca haviam tido uma experiência como aquela antes, o que para ela era um grande erro, ela decidiu organizar tudo para que fosse tudo perfeito. Comprou guloseimas, incluindo marshmellows, e como não sabia se as crianças tinham barracas, comprou uma bem grande que caberia os três sem problema algum. Ela já imaginava o entusiasmo deles. Tinha certeza de que eles iriam gostar. Que criança não iria se entusiasmar com um acampamento? Ainda mais regado a tantas coisas deliciosas? O sorriso que tinha em seus lábios era tão grande que até despertou a curiosidade dos pequenos quando foi buscá-los na escola; mas ela consegu
Thomas e Natalie tentavam de toda forma ajudar Mia a montar a barraca, mas pequenos como eram, eles sempre acabavam desmontando uma parte. Na primeira vez, o pequeno ficou emburrado enquanto sua irmãzinha se desculpava com a rosada, e então, a mulher conseguiu transformar aquele mal jeito — completamente natural, por serem crianças — em uma brincadeira. Ela corria atrás deles, jogava os pacotinhos de marshmallow em ambos, os jogava com todo o cuidado no mundo na grama verdinha, lhes fazendo cócegas. Havia sido ainda mais divertido quando a barraca quase pronta, desmontou em cima de Thomas, que começou a gritar e enquanto a irmã gargalhava, a rosada se desesperava, tentando tirar o menino lá debaixo. E no fim, os três riram juntos. Quando Liam chegou, imediatamente escutou as risadas, e por isso seguiu para onde vinha aquele som encontrando seus dois filhos e a babá deles no jardim, tentando montar uma barraca. Ficou curioso, mas não deixou que nenhum deles percebessem sua presença.
Naqueles minutos que se passaram, diante de uma fogueira improvisada, Mia acabou descobrindo muito sobre seu chefe. Primeiro que apesar das altas loucuras que ele havia feito quando mais jovem, ele nunca havia feito um acampamento antes. Ele havia viajado, claro, para vários lugares, conhecido de tudo, feito escaladas — o que muito a chocou —, mas nunca havia montado uma barraca em um lugar legal em volta de uma fogueira, e disse — mesmo que as palavras tivessem pulado de sua boca — que aquilo havia sido um erro. Ela havia feito vários acampamentos com a mãe quando mais nova, mas só quando o pai viajava, pois ele era — como diziam — um tanto fresco. Mesmo estando apenas elas duas, era divertido. E achou que as crianças — os filhos de seu chefe — também acharia divertido. E havia acertado em cheiro, porque eles estavam tão entusiasmados que dava gosto de ver. Os pequenos haviam comido uns oito marshmellows e se não fosse pelo pai, que os brecou, eles teriam comido muitos mais. E a ros
— E então? – Insistiu; ambas as crianças esperavam pela resposta. — Er... – Levou um tempo para finalmente conseguir responder. – Bem..., sim, acho que sim. Não que eu pense em me casar algum dia, dá um arrepio só de pensar... –Murmurou as últimas palavras, o que deixou o Kavanagh curioso, por ter escutado. – Mas eu não me importaria. É claro que muito provavelmente não seria nada fácil, e eu compreenderia completamente as crianças, afinal, nenhuma vê madrasta com bons olhos, mas, eu não veria um problema contanto que não fosse um problema para eles. E ambos os pequenos sorriram. — Mas por que a pergunta? — Boa pergunta, estou muito curioso. De onde saiu isso, hein? — Só curiosidade. — Só curiosidade? – Não acreditou nenhum pouco. – Thomas. — Ué, é a verdade, papai. Não é, maninha? — Uhum. Você nunca fala muito de você, Mia. — Ah. – Se surpreendeu. – É por isso? Bom, eu... não sou boa em falar sobre mim, sabe. Mas o que quiserem saber, é só perguntar. — Não devia ter dito es
— Liam. O moreno se surpreendeu ao escutar a voz da rosada, mas ainda assim se aliviou enquanto a fitava; ele não achou que ela começaria uma conversa, principalmente depois do constrangimento que seu filho a fez passar em sua frente. — Eu queria te pedir um favor. — Que seria? — Bem, é... um assunto bem complicado. – Suspirou. – Desde que conheci sua mãe, eu... Bem, eu não tenho dormido bem, para ser sincera. Você acha que poderia marcar um encontro entre mim e ela? Liam ficou extremamente curioso. — Para? Antes que a mulher pudesse responder, ambos puderam escutar as vozes de Thomas e Natalie, indicando que ambos se aproximavam. — Eu explico depois. Ele apenas balançou a cabeça antes de fitar aos gêmeos. — Prontos para dormir? — E minha trança? Mia sorriu. — Vamos para dentro da barraca que eu faço suas tranças, querida. A menina sorriu antes de adentrar a barraca espaçosa, sentando-se. A rosada fez o mesmo, mas atrás dela para poder mexer nos cabelos lisos e negros,
A primeira coisa que Thomas fez após acordar e coçar um dos olhos — coisa que ele fazia quase sempre ao despertar — foi ter a certeza de que tanto seu pai quanto a mulher que ele desejava tanto quanto sua irmãzinha para ser sua mãe, ainda se encontrava na barraca junto deles dois. E sorriu ao perceber que sim, e que eles tinham o braço sobre ele e Natalie, quase tocando uma na outra. Ele jamais imaginou que um dia pensaria que seria bom um momento como aquele ou mesmo que um dia planejaria algo para que seu pai se casasse. Ele pensava que todas as mulheres eram como as que ele encontrou naquela vida; as que só se preocupavam e se importavam com o pai dele e nunca com ele e a irmãzinha dele. Tinha medo. E depois que escutou um amiguinho do parque que sempre era levado por seus tios, avós e pai que o pai dele o abandonou depois de se casar de novo, o sentimento só piorou dentro de si. Não havia só o medo, havia também o desejo de jamais deixar que uma mulher se aproximasse de seu pai.