POV: LAUREN
Ele se virou então para Carter, apontando o dedo com indignação, a voz embargada, mas cheia de uma coragem que parecia maior do que ele.
— Eu achei que você protegeria nossa família. Que cuidaria da fada e da minha irmã como cuida de mim! — A voz dele se quebrou em um soluço, mas ele continuou. — Mas só porque elas não têm o seu sangue, você acha que pode jogar as duas fora?! Eu te odeio por isso!
Antes que qualquer um de nós pudesse reagir, Theodor virou-se e saiu correndo, socando a porta do quarto com força antes de se trancar lá dentro. O som reverberou por toda a casa.
Fiquei imóvel, como se meu corpo tivesse sido desligado. Minhas mãos tremiam, meu peito ardia e o silêncio que se instalou foi ensurdecedor. Eu não sabia o que dizer. Não sabia o que faze
POV: HENRYFiquei parado um longo tempo observando o carro se afastar, em completo silêncio. O som dos pneus na estrada parecia distante demais, abafado pela pressão no meu peito. Eu não conseguia me mover, não conseguia pensar em mais nada além da imagem dela indo embora. Lauren. Minha Lauren.Minhas mãos estavam frias, mas mesmo assim passei os dedos pelos cabelos, tentando conter o caos dentro de mim. Deslizei os dedos para o bolso e toquei algo que me fez congelar por um instante. Puxei os sapatinhos de bebê rosa. Aqueles pequenos pedaços de tecido pareciam pesar uma tonelada em minha mão. Me sentei nos degraus da escadaria da mansão, encarando os sapatinhos como se fossem a única coisa que restava da família que quase tive.Eu estava pronto para ser pai. Algo que nunca imaginei desejar, mas ela me transformou. Lauren chegou e bagunçou minhas
POV: HENRY— Mas eu vi no jornal... vi as fotos. — Ele bufou, frustrado, cruzando os braços com força. — A fada assumiu o erro dela... você devia assumir o seu também.— E vou. — Eu suspirei, mordendo a parte interna da bochecha. — Mas não agora. Preciso esfriar a cabeça. De verdade. — Fiz uma pausa e engoli em seco. — Mas eu juro que não a traí, Theo. Armaram para mim, e agora tenho como provar.— Então... a gente pode ir atrás da fada? — Os olhos dele se iluminaram de esperança.Senti um aperto no peito ao ver a pureza daquele pedido. Mas a resposta não era simples.— Não, Theo. Eu posso não ter traído, mas Lauren me traiu de outro jeito. Ela me escondeu coisas... mentiu. Me fez acreditar em um sonho sem me contar tudo. &mda
POV: HENRY— De verdade — ela continuou passando a mão pelos cabelos em frustração —, é tão ruim assim aceitá-la por completo? É isso que te impede? Um detalhe que não muda quem ela é?— Sua amiga mentiu para mim. — Eu falei mais para mim do que para ela, tentando justificar uma dor que eu mesmo já não sabia como explicar. Estava cansado, exausto de repetir isso a mim mesmo e de ouvir Lucian tentando fazer com que eu visse o outro lado.— Mande lembranças. — Eu acrescentei, com amargura na voz, prestes a fechar a porta.Kate se aproximou mais, com os olhos brilhando de indignação.— Amadureça, Sr. Carter. Você é um homem de negócios, certo? Acostumado a ver o todo? Então por que agora só enxerga o que te fere?
POV: HENRY— Mia, querida... — Eu sussurrei, deslizando uma das mãos pelo seu rosto com calma, como se houvesse ternura ali. Ela fechou os olhos por um segundo, acreditando que estava vencendo. Foi quando minha mão deslizou para o pescoço dela, firme. E então apertei.— H-Henry... — Ela arfou, a respiração falhando, os olhos se arregalando enquanto eu a forçava para trás, contra a mesa. Seus braços tentavam empurrar meu peito, mas não tinha força. — Está me machucando!Inclinei-me ainda mais, colando meus lábios perto de sua orelha. A voz saiu baixa, fria como gelo.— Isso... não é nem de longe o que você e aquele desgraçado do James merecem. — Meus dedos apertaram com mais força. — Me drogaram. Me expuseram. Tentaram destruir o que eu tenho co
POV: HENRYMe aproximei um passo, e vi o medo renascer nos olhos dela.— A única mulher que eu amei na vida, que ainda amo, e sempre vou amar, é Lauren Becker. E eu não dou a mínima se o nosso casamento acabou. Meus sentimentos por ela não morreram. E nunca vão morrer. — Eu declarei.Lucian ficou me observando, como se tivesse ouvido algo que ele não esperava. Mia, por outro lado, surtou. Cerrando os punhos, ela avançou feito uma fera descontrolada.— Mentira! — Ela gritou, tentando me atingir. — Mentira!Mas Lucian foi rápido e a segurou, imobilizando seus braços enquanto ela esperneava como uma criança mimada em surto.— Me solta, seu merda! — ela berrava. — Este assunto é entre ele e eu! Saia da minha frente, ou eu juro que destruo a vida d
POV: LAURENTheodor entrou pela porta mais calado do que o normal. Os ombros um pouco caídos, o olhar perdido, e os fones grandes cobrindo suas orelhas davam a ele uma aparência ainda menor do que seus sete anos. Ele me deu um meio abraço rápido, daqueles sem força, como quem faz por educação ou obrigação — e não por carinho, como costumava fazer —, e seguiu direto para a cozinha, onde sabia que minha mãe estaria. Ultimamente, ele parecia buscar mais o colo dela do que o meu. Era como se os dois estivessem se agarrando um ao outro para respirar.— Aconteceu alguma coisa na hora de buscá-lo? — Eu perguntei a Kate, sem disfarçar minha preocupação, enquanto observava meu filho desaparecer pelo corredor.Ela estava inquieta, roía a unha e evitava meu olhar. Um sinal claro de que havia feito algo.&n
POV: LAURENA voz dele falhou na última linha. Seus olhos, tão azuis, se encheram de lágrimas que se acumularam como poças reluzentes na beirinha dos cílios. Ele ergueu o rosto para mim com a respiração acelerada e as bochechas coradas de emoção.— Tem certeza disso, Fada? — Ele gaguejou, com a voz embargada. — Eu... eu ouvi a tia Kate dizer que vocês iam embora... Como eu vou ser irmão mais velho se você não vai estar aqui?Senti o chão vacilar sob meus pés. O medo no olhar dele era como uma faca sendo empurrada devagar contra o meu peito. Doeu. Doeu de um jeito que me fez engolir seco e respirar fundo para não desabar ali mesmo.— A Tia Kate fala demais... — Eu falei com firmeza, lançando um olhar direto para minha amiga, que desviou os olhos e fingiu examinar o teto,
POV: LAUREN— Lauren, desculpa... — Kate murmurou, os olhos baixos, evitando o meu. — Eu preciso ir. Não vou conseguir levar o Theodor de volta hoje.Ela parecia exausta. O rosto estava tenso, os ombros enrijecidos. Aquela ligação tinha mexido com ela mais do que queria admitir.— Ei, tá tudo bem. — Eu segurei sua mão, apertando com carinho. — Eu levo o Theo amanhã. Aviso o Henry. E... se você precisar de qualquer coisa, me liga, a qualquer hora.— Eu sei. — ela respondeu em um tom abafado. Em seguida, me puxou para um abraço apertado, como quem precisava se ancorar em algo antes de desabar. — Mas isso... isso é algo que eu preciso enfrentar sozinha.Assenti, respeitando seu silêncio, embora meu coração apertasse por vê-la tão vulnerável. O