Quatro

Sarah

 Aquela manhã estava linda e eu não sabia que ela poderia ficar melhor. Atravessei o jardim em busca do que fazer, literalmente. Nicole havia me dado folga para que eu pudesse fazer o que quisesse, então decidi que iria passar o dia no meu quarto e quem sabe, depois dar uma passada na praia, já que era verão em Catania. Mas ao adentrar à sala, lá de baixo eu avistei a visão do paraíso, embora eu o tenha visto de longe. Olhei para o alto e avistei o senhor Baroni, escorado na mureta da escada e olhando diretamente para mim. Meu coração pareceu entrar num estado de congelamento instantâneo. Minha nossa. Por que será que ele está me olhando desse jeito? Um homem desses a gente só vê em filmes e séries de TV, mas aqui está um e na vida real.

Minha patroa pode se considerar uma mulher de sorte. Será? Isso é, para a sociedade, Sebastian Baroni é um rico empresário, mas para nós, que estamos por dentro do negócio, sabemos que ele é herdeiro de um clã de máfia, quem sabe o maior de Catania.

 Sem querer eu olhei para o alto, afim de observar melhor aquela beleza toda, que minha patroa nem sonhe com esses meus pensamentos, mas sou humana e não tem como não olhar para essa maravilha, sem ficar admirada.

Então ele seguiu me olhando, só que subitamente, ele vida de costas e retorna para o interior, quem sabe de seu quarto, ou, escritório secreto. Mas assim que ele desparece da minha visão, Margot chega por trás, dando-me um baita susto.

— O que você faz parada a í feito uma estátua? — Ah, Margot! – eu digo, com a mão no peito. — Precisava me assustar desse jeito?

— Você está aí feito uma estátua grega. E com uma cara de boba. O que você viu de tão lindo, para ficar assim? – ela pergunta, eu tento disfarçar.

— Nada que venha a ser da sua conta, Margot, vai me desculpar. – respondo. — Mas para matar a sua curiosidade, eu estou pensando no que fazer para passar o dia. A dona Nicole me deu folga hoje e eu acho que vou dormir um pouco e depois vou até a praia.

— Hm, folga é?

 — Sim. Algum problema?

— Problema nenhum! – disse Margot.

— Se eu tivesse de folga hoje, faria questão de te acompanhar, mas não posso.

— Pena mesmo. Vou para o meu quarto!

Peguei o caminho e fui para o quarto aonde eu ficaria enquanto estivesse ali. Por pouco a Margot não me flagra observando e babando pelo senhor Baroni. Mas eu devo enfiar uma coisa na minha cabeça, esse nunca foi e nunca será para mim, nada mais do que uma sombra e um pensamento. Só que outra coisa me passa pela cabeça: como será ser a noiva e futura esposa de um mafioso? Sinceramente, essa é uma coisa na qual eu nem quero pensar e nem muito menos, fazer. Que é me casar com um homem como Sebastian Baroni.

 ***

 Sebastian

Depois que eu tomei o meu café da manhã, retornei para dentro de casa. Subo as escadas, mas sinto vontade de olhar um pouco mais para o império que o desgraçado do meu pai me deixou, e novamente eu avisto a bela que vi no jardim, a mesma a quem pedi ao P**e que me arranjasse um encontro.

Eu a vejo parada e de pé bem no meio da sala, com seus cabelos Chanel liso e olhos arregalados. Simplesmente a mulher mais interessante que vejo em muito tempo. De repente ela olha para cima e ao me avistar, tenta desviar o olhar, mas percebo que ela também olha para mim de maneira especial. Dou um riso de canto de boca e dou meia volta, indo direto para o meu escritório. Será que ela me acha bonitão, como todas as outras pessoas dizem que são? Não sei, mas eu a quero para mim, custe o que custar. Passo pela porta e logo o P**e se junta a mim. Aproveito para fazer uma indagação.

— P**e. E gostaria de saber quando é que você vai marcar o encontro entre mim e a senhorita Milani.

 — Ah, eu estou esperando o momento oportuno, senhor. O que seria hoje, se sua noiva não tivesse me pedido um favor. — respondeu-me o homem mais velho.

— Favor? E que raio de favor seria esse, que implicaria em atrapalhar a minha diversão, P**e? – agora eu fiquei curioso.

— Sua noiva me pediu discrição, senhor, mas acredito que logo mais à noite o senhor saberá! Ai, minha nossa. Certamente será mais uma noite de sexo selvagem com algum fetiche esquisito. Como que a Nicole consegue ser tão tarada? Se bem que eu aprecio muito esse lado fogoso da minha noiva, mas às vezes eu gosto de variar no cardápio. Fizemos amor à noite toda e a maluca ainda inventa mais uma dessas. Pobre do meu amiguinho, que só de pensar no que certamente a minha noiva vai inventar, ele já fica durinho feito uma pedra.

— Tudo bem. Mas quero que você fique de olho na senhorita Milani. Eu quero aquela mulher, P**e, não importa que dia for, mas eu a quero! – digo a ele, com convicção.

 — Pode deixar, senhor. Vou providenciar esse encontro, o mais rápido possível.

***

 Sarah

Como é entediante estar em uma cidade praiana e não poder usufruir de tudo o que ela oferece. Bem que eu gostaria de ir até a praia, mas sozinha, definitivamente não vai rolar. Melhor eu ir procurar o que fazer. Saio do meu quarto e vou atrás da Margot, mas quem encontro é a Marta, a mulher que é a responsável por manter a mansão Baroni em ordem.

 — Procura alguma coisa, senhorita? — ela pergunta.

— Só algo para fazer, dona Marta. — respondo-a. — Minha patroa me deu folga hoje, mas como eu não companhia para sair, achei melhor trabalhar em algo.

 — Ah, sim. Você é uma das companheiras que veio com a senhorita Satine. Venha, que eu vou arranjar algo para você fazer. Segui acompanhando Marta, mas sem saber para onde ela me levaria, até que no corredor onde ficavam os quartos principais da casa, acabamos por nos deparar com... adivinhem quem? Ele mesmo!

— Precisa de alguma coisa, senhor Baroni? – ela perguntou. Caramba, o homem bateu novamente os olhos em mim e mais uma vez eu congelei. Que homem lindo, meu Deus!

— Poderia me providenciar um chá gelado, por favor, Marta. – ele respondeu. — E também aqueles biscoitos que só você sabe preparar. Vou receber visitas hoje e quero oferecer essa iguaria a ela.

— Sim, senhor. – disse Marta.

 — Vamos Sarah, já tem no que me ajudar! Saio acompanhando Sarah, mas dou uma olhada rápida para trás. Minha nossa, o deus grego está olhando para mim. Ou será para a Marta? Vai saber. Só sei que eu devo ficar o mais longe possível desse homem, ou poderei me meter em encrenca sem nem precisar encostar nele. Fomos para a cozinha, onde eu ajudei Marta a preparar o pedido do chefe. Ela é muito caprichosa e prefere que tudo seja feito o mais organizado possível.

— Desde quando você trabalha aqui, Marta? – pergunto-a.

— Eu? Ah, desde que o senhor Baroni, pai do Sebastian, se casou. Por que?

 — Ah, nada. É que você parece gostar muito dele.

— Em que sentido, a senhorita diz isso? Acho que ela não entendeu bem a pergunta.

— Me desculpa, eu acho que me expressei mal. Eu só quis dizer que a senhora parece tê-lo como um filho. – uau, que gafe.

— Bem, ele é sim. – ela agora abre um sorriso, deixando o ambiente mais leve.

— O senhor Sebastian, quando chegou aqui, era um menino assustado, mas com o tempo ele se tornou um grande homem.

— E você. É casada? Ela novamente olha para mim. Acredito estar sendo um pouco invasiva. — Desculpe mais uma vez.

— Não me leve a mal, Sarah! – ela olha para mim, com um olhar sereno. — Eu entendo que você esteja querendo se enturmar, mas existem assuntos dos quais eu prefiro não falar, se é que você me entende!

 — Entendo perfeitamente, dona Marta. E mais uma vez... me desculpe!

 — Não foi nada. Com o tempo a gente vai se conhecendo melhor!

 ***

 Sebastian

Estou à espera dos meus biscoitinhos, também espero que a secretária da minha noiva seja quem venha me servir. Estou muito afim de olhar naqueles olhos novamente e quando eu fico obcecado com algo... sai da frente, pois ninguém consegue me fazer mudar de ideia. Só que quem entra na minha presença é um dos meus ajudantes, como gosto de chamar os meus capangas.

— Giovanni. Posso saber o porquê dessa cara? — o pergunto, sem levantar minha vista, pois estou a assinar alguns papéis.

 — Acho melhor o senhor comparecer à boate da praia, senhor Baroni. Júlio parece estar agindo de forma errada para com seus negócios. – disse ele.

— Como assim?

— Parece que o carregamento chegou da América do Sul, mas o Júlio está alegando que não veio a quantidade que o senhor pediu e nem nos deixar averiguar! – ele responde. Já sei bem aonde isso vai terminar.

— Não diga nada a ele. Eu irei até lá sem que o desgraçado não saiba. Caso ele esteja mesmo querendo me passar as pernas, vou fazer com que se arrependa d dia em nasceu. Giovanni confirma com o olhar e me deixa sozinho novamente. Infelizmente essa é uma questão que sempre estou tendo que lidar, alguns dos maus homens acabam pensando que por eu ser jovem, acha que podem me assar para trás, mas como eu já disse, minha intenção é me tornar ainda mais poderoso do que o meu pai foi, nem que para isso eu tenha que derramar muito sangue, mas eu vou conseguir.

 Enquanto estou aqui pensando no tipo de punição que irei aplicar ao Júlio, caso ele seja mesmo culpado, a maçaneta da porta se move e para a minha surpresa, é ela.

 A minha musa divina, Sarah!

 — Os biscoitos que o senhor pediu, senhor Baroni. – ela diz, de maneira tímida, o que me deixa ainda mais afoito.

 — Onde está a Marta? – eu pergunto, meio seco, mas faço de propósito.

 — Ela está vindo com um chá gelado. – responde, colocando a bandeja sobre a mesa. — Com licença. – e vira-se de costas, fazendo menção em sair.

 — Volte!

 — Senhor! – ela diz, aparentemente com medo de mim.

— Ponha alguns biscoitos numa travessa e me sirva!

— Sim senhor! Acompanho os seus movimentos, todos muito simples. Incrível como ela não possui nenhuma sensualidade, mas é justamente isso que me atrai nela. Por que será que minha mente doente pretende com uma mulher que, apesar de ser muito bela, não possui nenhum jogo sedutor com as outras com as quais eu estou acostumado? Bom, isso eu não sei, só sei que eu estou cada dia que passa mais envolvido or essa mulher e a quero em meus braços.

— Muito obrigado, agora pode se retirar! – falo, assim que ela me serve os biscoitos.

— De nada. – ela diz, quase sem voz.

— O que? – pergunto, só por zoeira.

— De nada! – Agora ela fala mais alto. Notavelmente está muito nervosa. Sarah sai da sala e eu nem ao menos pergunto o seu nome. Gosto de fazer jogo de gato e rato com as minhas presas. Só espero não estar entrando numa roubada, pois são dessas que o meu pai falou em um de seus diários. “As mulheres menos notáveis, são as que mais possuem o poder de dilacerar corações!” Será que ele estava certo? Bom, isso eu só vou saber, depois de averiguar pessoalmente! 

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