(PONTO DE VISTA DE DWAYNE)Eu não me lembrava de ter sentido tanto medo quanto quando vi o lustre caindo. Sem pensar, saltei da minha cadeira com uma única missão em mente: salvar Maverick. Felizmente, Jared foi mais rápido. E, pela primeira vez, eu não pensei em quem salvou o garotinho primeiro, nem cogitei qualquer tipo de competição. O que importava naquele momento era que Maverick estava seguro.Eu simplesmente não conseguia imaginar o que teria acontecido se algo tivesse atingido Maverick ou Jared. Por mais que me custasse admitir, Jared ainda era do meu sangue, e isso não mudaria. Eu preferia tê-lo vivo como meu rival declarado do que morto.Enquanto tentávamos assimilar o que havia acabado de acontecer, os pais começaram a se aproximar para oferecer consolo e agradecer aos céus por Maverick e Jared não terem se ferido. Um grupo de funcionários da escola também veio até nós, parecendo preocupados e arrependidos.— Sinto muito, pessoal. — Disse a professora de Maverick, sua voz tr
(PONTO DE VISTA DE DWAYNE)— Toca aqui? — Estendi a mão para Maverick, e ele encostou os nós dos dedos nos meus de leve, puxando-os para trás com um suave “whoosh”, imitando uma explosão. Jared estava no canto. Finalmente, tinha deixado os paramédicos cuidarem dos ferimentos, que, felizmente, não precisaram de nenhuma intervenção médica séria.Meia garrafa de álcool e alguns chumaços de algodão depois, ele já estava pronto para a corrida.O sistema de som público crepitou ao ganhar vida, e todas as cabeças se voltaram para o palco, agora liberado, onde o diretor estava de pé. Seu rosto, geralmente severo, exibia um sorriso tão deslocado — e claramente desconfortável para ele — que mais parecia uma careta do que qualquer outra coisa.Puxei Maverick para mais perto e acariciei seus cabelos com ternura. Os olhos de Jared nos seguiram por um momento, mas logo ele desviou o olhar.— Quero pedir desculpas novamente pelo acidente de mais cedo. Preciso que acreditem em mim quando digo que a es
(PONTO DE VISTA DE DWAYNE)Minhas pernas me levaram na direção para onde eu estava olhando antes, meus olhos involuntariamente vasculhando o local em busca de qualquer sinal do rosto que eu tinha visto. Ele deveria estar longe, pelo menos por um bom tempo. Então não fazia sentido que eu o estivesse vendo aqui, à vista de todos.Talvez fosse só paranoia.Ou talvez fosse apenas minha mente me dando uma desculpa para ficar longe de Jared enquanto ele conquistava o status de herói diante do filho.Desviei de uma família de três pessoas, os pais rindo enquanto amarravam as pernas junto com as da filha pequena. Era um momento simples e bonito — um que eu não tinha direito de interromper. A garotinha riu, cruzando o olhar comigo, e eu lhe pisquei rápido antes de seguir em frente.Então eu o vi de novo.Desta vez, ele estava em movimento, atravessando a multidão.Meu pulso desacelerou em um alerta calculado.Eu não sabia se ele era o cérebro por trás de algo ou apenas mais um peão, mas não ia
(PONTO DE VISTA DE DENZEL)Lambi os lábios, saboreando minha própria satisfação ao observar as engrenagens na cabeça daquele homem girarem.Ele é um homem perigoso.Foi o primeiro pensamento que me atingiu.Há uma diferença imensa entre a forma como homens e mulheres observam outros homens. Uma mulher talvez notasse primeiro o terno preto sob medida, esculpindo seus ombros largos e sua cintura afilada, os ossos da face marcantes e o maxilar bem definido que lhe conferiam um ar quase esculpido.Mas eu? Eu enxerguei a promessa silenciosa de violência por trás de sua postura controlada.Ele era alto, de estrutura magra, mas perigosamente forte — um corpo feito para precisão, não para volume. Aqueles músculos não foram moldados na academia, e sim forjados por um esforço implacável e de alta intensidade. Um físico refinado para eficiência. Para letalidade.Um homem como Jared era um leão ou um tigre: o nobre rei da selva. Mas esse homem era um leopardo. Não o maior predador da natureza, mas
(PONTO DE VISTA DE DENZEL)As engrenagens se encaixaram na minha mente. Eu vinha ignorando um detalhe crucial esse tempo todo. Claro.— Seu sobrinho. O garoto é seu sobrinho! — Apontei, num momento de epifania. — Claro. Jared Smith é seu irmão. Agora você me fez parecer um idiota. — Disse, fazendo um bico exagerado.— Você já era idiota desde o começo. — Dwayne retrucou, com um divertimento misturado a um desprezo seco. — Esse é o seu problema, não o meu. Fique longe de Jared e da família dele.Minha mente estava a mil. Meus lábios se esticaram em um sorriso.— Veja bem, senhor, acho que podemos formar uma boa equipe.Ele ergueu uma sobrancelha.— Eu sei como funciona entre irmãos ricos: brigam a todo custo pelos bens da família. E mesmo que você seja um chefão da máfia, e daí? Ainda há muita riqueza na família Smith, certo? Você está usando uma identidade falsa para competir com ele, o que significa que há um motivo. Seja qual for, eu posso te ajudar.Eu estava embalado agora, sentind
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Os outros pais estavam demorando uma eternidade para se aprontar. O sol estava se pondo, tingindo o céu de um laranja intenso. Jared olhou para o relógio várias vezes, e dava para perceber que ele estava ficando inquieto. Se não fosse pelo envolvimento emocional de Maverick, ele já teria desaparecido.O sistema de som público crepitou e o diretor subiu ao palco. Todos os olhares se voltaram para sua voz estrondosa.— Em poucos instantes, a corrida terá início… Esperem um momento. Gostaria de reconhecer a presença dos nossos maiores patrocinadores… — Disse ele. Mas não precisávamos ouvir o resto da frase.Do nada, o Sr. Langley apareceu, com Tiana pendurada em seu braço. Eles tinham aquela expressão fingida de hipócritas encenando um grande espetáculo para quem quisesse assistir.— O que eles estão fazendo aqui? — Minha mãe perguntou, franzindo a testa com ceticismo. Olhei para Jared, que também estava tendo dificuldade em esconder o desprezo em seu rosto. Tr
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Sentei-me em meu escritório pela primeira vez desde o incidente no hospital e tive que lutar muito para manter minha energia mental elevada. Não pude evitar me sentir um pouco sobrecarregada pela montanha de trabalho que me aguardava no meu primeiro dia de volta. Jared e Dwayne insistiram que eu deixasse o restaurante se virar sozinho sob os cuidados de Stephen e Rebecca. E, embora eles tenham feito seus trabalhos de forma impecável, ainda assim havia uma pilha enorme de papelada para eu assinar. Acontece que as demandas administrativas do restaurante não tiraram férias como eu.Ouvi uma batida na porta e levantei a cabeça dos documentos à minha frente. Stephen entrou, com aquele sorriso bobo de sempre estampado no rosto. Rebecca praticamente empurrou ele para o lado logo em seguida.— Sai da frente, Ste… — Ela começou a dizer, mas parou para observá-lo. Ele tinha congelado no lugar, ainda com o sorriso no rosto, parecendo um mascote. — Ei. Terra chamando St
(PONTO DE VISTA DE JARED)Passei por uma floricultura a caminho do restaurante. Felizmente, a dona da loja era uma senhora simpática de meia-idade. Ela me guiou pela grande loja, mostrando diferentes flores que brotavam de vasos elegantes. O lugar tinha um design inspirado em um jardim infinito. Parecia um passeio pelo paraíso, com todos os aromas e sons. Havia uma estátua de cervo em uma extremidade e, na outra, uma fonte de água onde peixes saltavam para o ar. Um esquilo estava sentado sobre uma estátua de seringueira no canto distante, enquanto um coelhinho espiava para fora de um tronco em outro ponto. Deixei meu deslumbramento pelo lugar disfarçar o fato de que eu não fazia ideia de qual flor escolher para Arielle.— Está tendo dificuldade para decidir o que comprar para ela? — Perguntou a senhora com um sorriso gentil.Assenti, coçando a nuca em embaraço.— Nossa. Eu nem sei qual escolher. Ela ama lavanda, mas quero combiná-la com outra flor bonita. — Confessei.— Bom, ninguém er