Após obter o número de telefone, Davi não continuou a importunar Laura, permitindo que ela fosse embora.Laura empurrou a porta. Para sua surpresa, além de Walter, a família Rocha também estava ali esperando por ela. Até o Sr. Marcos, já idoso, estava presente.— Ah, Srta. Laura, que mulher maravilhosa! Com esse vestido vermelho, você está ainda mais bonita. Realmente, radiante e elegante! — Elzira se aproximou, tentando pegar no braço de Laura.Laura deu um passo à frente, se posicionando atrás de Walter, evitando o toque de Elzira.— Sra. Elzira, melhor não exagerar nos elogios. Vamos falar sobre como resolver isso? — Laura, ainda irritada, falou com uma voz fria e firme. — Eu e meu irmão viemos de boa vontade para a casa de vocês para parabenizar pelo aniversário, mas fomos repetidamente ameaçados e atacados pela Srta. Alzira. Até me jogaram bebida em cima. Essa é a forma como a casa de vocês trata os convidados? Realmente, estou surpresa.Diante da provocação repetida, mesmo com su
Mas ela não conseguia se acostumar com a falta de limites e não ligava para a vigilância das câmeras.O tremor que a dominava não era por medo de Laura, mas pelo temor de que seu lado ameaçador fosse exposto publicamente.Essa vagabunda, então, estava ali esperando por ela!— Veja as câmeras! — O Sr. Marcos bateu com força a bengala e ordenou.Como chefe da casa, essa situação, independentemente de quem estava certo ou errado, deveria ser resolvida com um simples pedido de desculpas de Alzira. Mas agora, com as coisas nesse estado, se não visualizassem as gravações e esclarecessem tudo, o caso não teria fim.Vendo a atitude firme da outra parte, parecia que tudo aquilo realmente era verdade.Ele, que sempre foi um homem de honra e teve uma carreira pública a vida inteira, jamais se deparara com algo tão humilhante.Agora, ele estava completamente envergonhado por causa de Alzira.— Isso... — Elzira virou os olhos rapidamente. — O sistema de câmeras da nossa casa realmente está quebrado
— Se a câmera não viu, por que eu vi? Davi saiu do quarto onde Laura havia acabado de trocar de roupa. Ele falava com Alzira, mas seus olhos desafiadores estavam fixos em Walter. "Laura? Ela agora se chama Laura?" — Como ele saiu daquele quarto? — Elzira murmurou, desconcertada. Laura estreitou os olhos para Davi, o avisando para não falar bobagens. Davi olhou de volta com desagrado. Será que ela tem tanto medo de Walter suspeitar da relação deles? "Eles têm uma relação tão boa assim? Ela ama tanto o Walter?" Quando Valentina apareceu, ela não fez questão nenhuma de disputar por ele... Davi sentia uma dor imensa no peito, mas seu rosto não mostrava nem um pingo disso. Walter franziu a testa e olhou para Davi com uma expressão indefinida. Davi respondeu com um olhar provocante. E daí que Walter olhou? O homem já é dele. Laura só pode se casar com ele! — Você... O que vai fazer se viu? Você e ela têm um caso, está mentindo para defendê-la! — Alzira apontou para
Por conta da presença de outras pessoas, ele não quis corrigir diretamente sua neta.— Eu não vou. A culpa não é minha, por que ela não disse logo que era irmã do Walter quando entrou! — Alzira respondeu, esticando o pescoço.— Você ainda tem razão? — O Sr. Marcos se levantou, erguendo a bengala como se fosse bater nela.Elzira correu rapidamente para impedi-lo.— Pai, o que é isso? Por que não pode falar isso de forma civilizada? O Davi ainda está aqui.O Sr. Marcos se virou para olhar, pensando que era a nora tentando arranjar desculpas para impedir que ele corrigisse a neta.Ele ficou tão irritado que se esqueceu de que Davi ainda estava presente.Irritado, deixou a bengala cair e, quase sem fôlego, disse:— Davi, me desculpe pela inconveniência.— Sr. Marcos, se cuide. Eu vou embora agora. — Davi disse.— Elzira, vá logo acompanhar o Davi até lá embaixo.— Não precisa, não é a primeira vez que venho aqui.Davi acabava de descer para o primeiro andar quando se deparou com Benedito.
A festa acabou, e a família Rocha se reuniu na sala de estar do terceiro andar. As empregadas se afastaram, evitando qualquer proximidade. O Sr. Marcos estava sentado no sofá, ocupando o lugar de honra, seus olhos turvos e ferozes observando Alzira, que estava no final da sala. O olhar dele, embora fosse de alguém da família, era frio e distante. Alzira se encolheu, tentando se esconder atrás de sua mãe. O olhar de Benedito estava repleto de desdém e crueldade. — Todo dia sem aprender nada! Até uma pessoa você consegue ofender! O que mais você ainda consegue fazer? — Benedito, fica quieto. — Elzira defendeu a filha. Alzira, apanhada pela repreensão, ficou com medo e, ao mesmo tempo, se sentiu injustiçada, não ousando dizer nada. — Mãe, foi você quem a mimou. Se não fosse por sua culpa, ela não seria assim, sem educação, arrogante, sem limites! — Benedito acusou com raiva. E ainda estava na frente de Davi. Ele havia se esforçado tanto para convidar as pessoas, e agora
Murilo se levantou, seguindo seu pai.— Mãe, eu não quero ir pedir desculpas pessoalmente. Vai ser muito vergonhoso! — Alzira franziu a testa, com uma expressão de total relutância.Murilo, ouvindo a fala da filha, parou e olhou para trás. Apontando para Alzira, ele gritou com raiva:— Se você não for, amanhã eu te dou uma surra!Alzira, assustada com a ameaça do pai, tremeu de medo....O carro chegou de volta a Porto Encantado, e Laura e Walter abriram a porta para entrar em casa.Sérgio e Letícia estavam na sala, abrindo caixas de embalagens. Mais uma montanha de brinquedos.Parece que as duas aproveitaram a ausência de Laura para levar Sérgio para brincar.— Mamãe, isso aqui é da tia... — O namorado da tia comprou esses brinquedos para mim.Sérgio estava prestes a falar, quando Letícia, sem piedade, tapou sua boca.O corpinho pequeno foi abraçado com força por Letícia, que balançava os bracinhos curtos, com os olhos arregalados, mostrando sua insatisfação.A tia estava se aproveita
Depois da dor, Sérgio inclinou a cabeça, brincando com o Ultraman, e, de repente, perguntou:— Mamãe, você se divertiu na festa? Encontrou pessoas estranhas?Durante o jantar, ele ouviu a conversa da tia e do tio Samuel com apenas uma compreensão parcial e conseguiu usar a palavra "estranho" para expressar sua confusão.Laura, com os olhos fixos na novela, deu uma leve piscada.Letícia estava brincando com Sérgio e, de forma furtiva e silenciosa, olhava para a expressão da irmã com um ar de culpa.Walter estava calmo, sem reação, desabotoando a gravata com uma mão.— Não havia pessoas estranhas. A festa foi só com uma turma de empresários e políticos desconhecidos. Não teve nada de diferente das outras festas. — Laura respondeu de maneira indiferente.Ela continuou olhando para a tela, concentrada no dramalhão da novela que estava passando.Era exatamente aquela que Letícia acompanhava.Agora, estava no momento da reunião entre os protagonistas, três anos depois. A cena estava cheia de
Laura pegou uma garrafa de vinho tinto e uma taça, e voltou para o seu quarto. Abriu a janela do chão ao teto, se serviu de uma taça e caminhou até a varanda. Depois de se servir, ficou quieta, apoiada nos cotovelos, encostada na grade da varanda.Porto Encantado ficava não muito longe do centro da cidade, em meio a um conjunto de mansões. As mansões, com sua arquitetura exótica de diferentes países, existiam desde os tempos de guerra, antes da fundação do país, e possuíam uma rica história.A rua se chamava Porto Encantado.Dali, ela podia ver a vista noturna do centro da cidade, com os icônicos edifícios marítimos de Cidade A iluminados à noite.Era a sereia, a qual Laura tanto gostava.A brisa da noite movia seus cabelos, ainda macios após o banho, caindo suavemente nas costas. Ela deu um leve gole no vinho e ficou quieta, observando a paisagem noturna da cidade, que não via há algum tempo.Havia mudanças, mas eram sutis.Como também havia bebido um pouco durante o jantar, estava li