Capitulo 6

Para meu espanto  tinha dormido toda a noite tranquilamente,a única coisa que me  deixava aborrecida era estar ali uma manhã inteira fechada no quarto, sem fazer nada. Sinceramente já me questionava se alguma vez comiam por ali, passava do meio dia e nem café da manhã me tinham oferecido novamente, estava completamente esfomeada.  Pegando a minha bolsa , verifico que tinha algum  dinheiro  disponível, assim saio, por minha conta e risco , talvez a sorte estivesse do meu lado e  aparecesse  alguma lanchonete perto  por ali, não ia dar o gostinho aquele homem rude de me ver a pedir-lhe comida.

Ao fim de alguns minutos,finalmente tinha encontrado uma, suspirando de alívio entro sem hesitar , notando de imediato  de que me tornava o centro das atenções, mesmo estando poucas pessoas presentes . Acenando num cumprimento tímido mas acompanhado por um sorriso,escolho de imediato uma mesa de frente ao balcão,o que me faz salivar ao ver o que estava exposto na vitrine.

__ O que deseja tomar?-Uma jovem moça declara,um pouco curiosa ,mas  esboçando  um sorriso simpático .

__ Queria uma sanduíche de frango, uma fatia de pizza e um sumo de laranja, por favor. –Falei rapidamente antes que crescesse água  na boca.

__ É só?- A moça questiona  levantando a sobrancelha.

__ Sim, por enquanto. – Sorri-lhe timidamente. Eu sabia que tinha ar de estar completamente faminta devido á ansiedade que mostrava,mas tinha razão para isso, afinal não tinha jantado na noite anterior e nem pela manhã cedo, acho que isso justificava  o  pedido extra. Era sortuda nesse sentido, tinha um bom organismo, queimava calorias mesmo dormindo o que era ótimo para manter a figura quando abusava um pouco na alimentação e eu abusava demais .

__ Trago-lhe já. – A moça declara soltando uma risada baixa,  enquanto se afasta.

Estava a comer a fatia de pizza ,me deliciando com a saciedade que finalmente   se instalava em meu corpo, quando deparo com um homem entroncado na minha frente. Revirando os olhos ao perceber quem era ,eu ignoro sua presença e  gemo ao acabar de uma só dentada meu almoço. Mas apesar do desprezo ,  ele parecia não estar disposto a me deixar sozinha.

Ulisses sentou-se , me encarando de frente, sem deixar de me fitar intensamente, seus braços cruzados mostravam seus músculos tensos e salientes sob a camiseta o que me faz quase engasgar com seu  aspecto sensual de lobo mau. Eu devia estar a entrar em ovulação, só podia. Como era possível sequer  me  sentir atraída por ele  ? Era dominante , arrogante e extremamente rude, tudo o que eu odiava num homem.

__ Posso saber o que estás aqui a fazer? - A  voz de Ulisses soava sombria.

__ Não se vê? - Disse irónica apontando para o meu prato vazio.

__ Porque não vieste almoçar connosco?-  Ulisses declara cerrando os dentes.

__ Não sabia se era convidada ou não... – Afirmei o encarando pela primeira vez nos olhos. Ele tinha um brilho intenso,mas seu olhar recaía nos meus lábios, rapidamente, eu olhei os dele.  Eram grossos, numa boca sensual, o pensamento de que deveria ser excitante sentir seu beijo se fez de imediato e rapidamente baixo os olhos para o meu prato,disfarçando com um clarear de garganta. O   constrangimento  tomava  conta do meu corpo assim como um arrepio dos pés á cabeça. "Droga!" Declaro mentalmente ao  sentir o calor  surgindo em meu rosto, tinha que manter firmeza  perto dele. .

__ Sei que me queres desafiar ! – Ulisses  declara dominante se aproximando mais da mesa e do rosto da Cassandra .  __ Sabes muito bem que és... NOSSA ...convidada, por isso,cuidar de ti , é nossa obrigação.

__ Será mesmo? –  Questiono ironicamente ao fixar  meu olhar no dele  .__ Não me pareceu esta manha.   - Resmungo as palavras ao observar que Ulisses falava pausadamente enfatizando de que eu deveria estar lá, sob sua alçada, seu olhar. Ele queria me vigiar , era isso, prisioneira , não convidada, ele não sabia fazer a distinção, estava claro. Suspirando  resignada simplesmente dou de ombros __ Também não faz mal, acabei de  almoçar.-Eu o encaro com um sorriso de lado.__ Mesmo assim... Obrigada.

__ Isso é o teu almoço? – Ulisses faz uma careta relembrando o que ela tinha no prato  .

__ Sim!  – Olhei-o carrancuda pela crítica .__Parece que foi pequeno-almoço e almoço, visto que ninguém ofereceu e nem me indicaram onde poderia fazer as refeições.

__ Realmente foi um erro nosso.- Ulisses fica tenso ,a fêmea tinha razão, ele tinha sido um péssimo anfitrião .__ A partir de agora farás as refeições comigo e com Bernardo. - Ele a encara  pensativo acrescentando.__ Quando saíres do quarto estás a vontade para usar a casa.

__ Não é preciso, posso fazer aqui todas as minhas refeições.- Eu o confronto de novo .__ Gostei do ambiente e da comida.

__ Não me faças perder a paciência. – Ulisses rosna mesmo sem perceber  ,aquela mulher fazia realmente  ferver seu sangue. 

__ Eu? Nem pensar. - Simplesmente declaro séria.__Não te quero fazer perder nada, nem tempo sequer. – Reclamei ironicamente.__ Por isso,agradeço que vás...agora!!!

__ Vejo-te ao jantar !-Ulisses  declara  bruscamente  seguindo  para a porta da lanchonete. Ele  acena para o balcão , esboçando um sorriso a todos os presentes, evitando  olhar a fêmea que o destabilizava mais do que devia,uma última vez antes de sair do local. 

Eu fiquei em silêncio, encarando suas costas  ,a frase era uma ordem, pelo tom, pelo olhar ,até mesmo pela postura em que se tinha  inclinado  para mim ao declarar aquela frase. Havia uma ameaça latente ou aviso, não sei dizer. 

__ Bem podes esperar sentado...-Mesmo sem notar eu resmungo entre dentes ao  observar  as duas funcionárias se derretendo pela atenção do macho Alpha.  Para elas, ele sorria,  mas para mim  era sempre rude e arrogante. Estava irritada com Ulisses ,mas também com as moças da lanchonete .A que propósito? Estaria com  ciúmes?  Estariam  as minhas hormonas  assim tão agitadas, meu corpo tão  necessitado ? Talvez estivesse a precisar de algum sexo louco e selvagem,sei lá, realmente já não tinha uma relação há muito tempo. De imediato surge a imagem do corpo nu de Ulisses sobre o meu num intenso abraço sensual. Mordendo o lábio, ruborizo,levando o copo de sumo á boca tento refrescar minha garganta ,além do meu corpo quente. "Não, com ele,nem pensar!" Balançando a cabeça como se isso fizesse desaparecer a imagem mental eu  quase grito em direção ao balcão ao pedir um café e uma fatia de bolo de brigadeiro . Tinha que ocupar a minha mente o mais rápido possível, pois começava a tomar conta do meu corpo,o que não era nada  normal. A minha estadia ali  tinha um propósito e não incluía fantasias de sexo  selvagem.  Era bom saber que aquele homem não me podia ver, nem coberta de ouro, ou talvez corresse  o risco de o lobo ser comido pela ovelha.

Tentando esquecer o encontro  anterior ,decido passear pela cidade. Através da dona da mercearia  descobri  que havia muito a visitar ,  no fundo acabava por ser extremamente aliciante viver ali,era um lugar calmo, sem os típicos barulhos da cidade como eu bem podia comprovar.  Apesar de parecer estarem á parte do resto do mundo, eles tinham quase tudo ali naquela pequena cidade, não faltava nada aqueles lobinhos e lobinhas, além da estação de correios, havia um banco , cinema ,e até  uma biblioteca,e eu amava ler.  Logo a minha escolha foi óbvia, de imediato, peguei em  alguns livros com temáticas interessantes. Apesar da biblioteca ser pequena , estava bem equipada. Com computadores e internet, eles não tinham parado no tempo mesmo que o aspecto da cidade pudesse nos  levar acreditar nisso.

As casas eram simples ,construídas com madeira e pareciam antigas,  mas conforto não faltava, pelo que tinha visto onde Ulisses morava. Quando a jovem bibliotecária se aproximou de mim com um sorriso ,de imediato soube  que  me tinha deixado levar pela leitura,como sempre .

__ Já são sete e meia ? – Completamente surpresa observo meu  relógio de pulso. Balançando a cabeça entrego o livro que tinha na mão. __ Me desculpe!

__ Não tem importância!-A moça  declara com sinceridade .__ Será sempre bem-vinda por aqui.

__ Obrigada! – A moça era bem,prestativa e  amigável. Na verdade, estava a começar a perceber que todos eram assim comigo, exceto  um macho arrogante.  Acenando  em despedida, fica a promessa em voltar . __ Até amanha, então!-Não sabia o motivo, mas me sentia bem no meio daquelas pessoas, como se estivesse em casa.  " Que estranho!"

Quando me ia dirigir a mesma lanchonete do almoço, parei no centro veterinário da Liliana,por várias vezes me tinha feito uma descrição do que desejava, e olhando  pelo vidro da porta, percebo que realmente era um espaço amplo e bem equipado, preparado para receber qualquer um que precisasse, não havia balcão nem sala de espera, simples e eficaz. 

Esboçando um sorriso de imediato percebo que era a cara da Liliana , simples e direta. Tinha saudades dela, imaginava como devia ser difícil afastar-se do seu ambiente, das pessoas que conhecia e o trabalho que adorava. Tudo por causa daquele teimoso e rude homem que não entendia que não havia casamentos arranjados no século XXI. Fiquei carrancuda, toda a tarde sem pensar nele, logo tinha que vir para os meus pensamentos quase na hora de ir para a cama.

Quando o meu estômago começa a roncar, de imediato sigo para a lanchonete, sorrindo para a moça  logo que entro , escolha uma das muitas mesas ainda livres aquela hora. A moça se aproxima  da mesa, retribuindo a simpatia aí me entregar um cardápio,mas levantando uma sobrancelha enquanto me analisava.

__ Ainda fazem hambúrguer no pão? – Perguntei enquanto olhava o relógio. Eram oito horas e estava a escurecer,não sabia até quando estariam a funcionar.

__ Sim, ainda fazemos, só fechamos as dez da noite.- A garçonete prontamente declara. __ Mas tem a certeza que quer jantar aqui?

__ Sim ,claro! -Olhei-a perplexa por uns segundos.__Porque não deveria querer?

__ Por nada. – A moça sorri,  olhando  a sua cliente com curiosa.

__ Então... - Olhando o cardápio,morfo o lábio escolhendo algo que matasse a minha fome até ao outro dia de manhã. __ Queria um hambúrguer com tudo de acompanhamento.Salada , batata frita,arroz  e molhos!- Já com água na boca eu respiro fundo, acrescentando. __  Ah... e um sumo de laranja por favor!

__ Cancela o pedido, Luiza! –  A voz irritada de Ulisses surge rapidamente.

Fiquei alarmada pelo tom , mas depois irritada quando começo a refletir nas palavras de Ulisses. Ele aproximou-se inclinando seu corpo na minha direção, suas mãos , abertas,pousaram estridentemente  na mesa , mostrando  seus dedos largos e fortes. Estávamos ao mesmo nível, olhos nos olhos.

__ Quando é que me começas a levar a sério? – Ulisses  declara impaciente.

__ Sempre te levei a sério. – Ulisses mostrava  um olhar sombrio, mas o tom de voz era  ainda mais. Tentei que a minha voz não tremesse, não pelo medo mas sim pela excitação da proximidade dos lábios dele.

__ Não me parece. – Ulisses aponta para o interior da lanchonete, completamente incrédulo. __ Para estares aqui a jantar!

__ Não percebi. – Mordo o lábio, tentando o encarar sem qualquer emoção.   Talvez a dor da mordida  fizesse esfriar um pouco o meu corpo. O bafo dele era quente e o aroma era de hortelã. Estimulante, instigante e  isso me faz desejar saber  como seria o sabor da língua dele.

Gemi com aquele pensamento e instintivamente minha mão vai á minha  boca. Ele parece surpreso e  de imediato me analisa , seus olhos mudam de cor, brilhando intensos , amarelados assim   que inspira  na minha direção. "Céus !Ele era tão sensual na sua forma lupina. "

__ Eu disse que te esperávamos ao jantar. – Ulisses declara autoritário.

__ Não! Disseste que me vias ao jantar. – Declaro irónica ,mas  ele sorri. Fiquei imediatamente alarmada, ele nunca me tinha sorrido antes.

__ Muito bem. - Ulisses coloca uma postura relaxada,sorrindo amplamente .  __ Como temos problemas de comunicação..-  Ele   se aproxima de Cassandra,a fitando intensamente enquanto declara. __ Pode ser que entendas mais depressa por atos e não me questiones tanto pelas palavras.- Rapidamente ele pega seu pulso a arrastando suavemente para a saída.

__ O que pensas que estás a fazer ?!-  Ofegando completamente abismada por seu ato , forço os meus pés a pararem ,me soltando do aperto dele.  __ Mas  ainda vives no mundo das cavernas, ou quê? – O encaro completamente irritada.

__ Ainda não viste nada. – Ulisses dessa vez a encara sério,a segurando pela cintura,de imediato a coloca sobre seu ombro como se fosse um simples saco de batatas.

__  O quê? ? - Ofego as palavras, sustentando a respiração quando o meu estômago,sem aviso, é pressionado em seus músculos duros. Ulisses me abraça pelas coxas e meu corpo de imediato esquenta . Mesmo ficando sem ar  e ruborizando como um tomate vermelho, continuo  tentando me soltar de seu aperto, mas ele simplesmente sai  em passos largos , ignorando minhas reclamações , me levando com uma estranha facilidade .

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