Capítulo 33 Mariana Bazzi O carro parecia um touro nervoso nas mãos da doutora Samira. A cada curva errada, a cada freada brusca, eu me agarrava ao painel como se ele fosse me salvar da morte. E ainda assim, nada disso era mais assustador do que o que nos esperava no final da estrada. — Eu nunca dirigi à noite nessa estrada — murmurou ela, estreitando os olhos para o asfalto irregular. — E, honestamente, esse farol está meio... oblíquo? — Você não devia dizer isso em voz alta — respondi entre os dentes. — E, por favor, se alguém olhar demais, diminui. Vai devagar, discreta. Lembra? — Eu sou clínica e terapeuta Mariana, não agente secreta — rebateu, mas logo soltou um suspiro tenso. — Mas... certo. Vou tentar — sorriu pra mim. As mãos dela tremiam no volante, mas não tanto quanto as minhas. Eu mantinha os olhos grudados no retrovisor, como se fosse capaz de detectar a ameaça antes que ela surgisse. O carro escorregava sutilmente na lama à beira da estrada, mas o farol,
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