Acordei antes do despertador tocar.Não era exatamente um feito raro — o sono tem me escapado com frequência nos últimos meses. Mas naquela manhã, havia algo diferente no ar. Talvez fosse o cheiro de café vindo da cozinha, ou o som abafado da voz suave de Isabella cantando baixinho uma música infantil. Ou talvez fosse só essa inquietação que tenho sentido desde que ela chegou — uma presença silenciosa que, aos poucos, tem se infiltrado nos espaços onde antes só existia ausência.Desci as escadas devagar, ainda sem gravata, os botões da camisa meio tortos. A cozinha estava banhada pela luz morna do sol da manhã. Isabella estava de costas, os cabelos presos em um coque improvisado, o avental florido um pouco torto no corpo esguio. Giulia estava sentada à mesa, balançando as perninhas, desenhando algo com lápis de cor.— Bom dia — murmurei, e as duas viraram ao mesmo tempo.Giulia abriu um sorriso largo. Isabella sorriu também, mas de um jeito mais contido, respeitoso. Ainda assim, seus
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